A SEGA fez um concurso para criar a capa mais desinteressante possível ou alguma coisa assim? |
Metroid é um dos jogos mais sombrios e solitários já produzidos. Você pega uma figura pequena, estranhamente colorida e a guia através de corredores negros sem fim, uma criação senil que confunde e assusta os jogadores por décadas. Claro, tudo o que a Nintendo fez, a Sega tentaria imitar. Nintendo tinha Super Mario Bros., a Sega tinha Alex Kidd. Nintendo tinha Zelda, Sega tinha Golvellius e Golden Axe Warrior. Nintendo tinha Castlevania, Sega tinha Kenseiden e Vampire: Master of Darkness. E assim continuou. Só que como meras imitações, tentavam reproduzir o seu conteúdo em resultado mas não em essencia.
E foi assim que em 1987 a Sega tentou criar o seu próprio Metroid.
Se o seu plano do mal está armazenado em 5 disquetes no ano 2333, talvez você queira rever seus planos, parça |
Zillion é mais ou menos como se as ideias de Metroid tivessem sido executadas só que sem o mesmo talento. No lugar de um grande mapa bem elaborado, você tem um conjunto de salas aleatórias. No lugar de uma jogabilidade suave e responsiva, você tem controles travados onde você vive batendo no teto por falta de espaço para pular. No lugar de power-ups criativos que te dão novas habilidades de exploração, você ganha tiro mais forte, mais HP e pulo mais alto e só. E assim vai.
Ao
entrar na base subterrânea com seu exército de um homem só, JJ, seu
objetivo é salvar dois dos membros da equipe capturados, coletar 5
disquetes, localizar o computador principal para que você possa inserir o
código de autodestruição, então escapar antes da coisa toda explodir.
Soa simples o suficiente, certo? Certo ... Não realmente.
Essa tela é o que você vai mais ver durante o jogo. Ok, aquela capa pode não ter sido inspiradora, mas ao menos foi honesta |
Em cada
sala que você entrar, você precisa destruir as cápsulas contendo
"letras", as quais você terá que se lembrar e digitar no painel do terminal da
sala. Entrando nas letras certas (felizmente a ordem não importa, ao menos isso), abrirá uma porta ou elevador selado, permitindo que você acesse a próxima sala. Agora, reflita um pouco sobre esse último paragrafo. Especialmente as primeiras seis palavras da primeira frase.Em. Cada. Sala. Que. Você. Entrar.Sim,
é o que você vai fazer para todo o jogo: chega em uma sala, pega as letras, digita no computador, vai para o outro. Ao contrário de Metroid que dá a sensação de ser um grande mapa único a ser explorado, Zillion é um conjunto de salas aleatórias uma atrás da outra. Enfase no aleatório: o jogo é repleto de truques baratos para comer sua vida ou simplesmente programação ruim mesmo.
As
minas são frustrantes de se saltar, uma vez que, com o teto tão perto da
sua cabeça, realmente não há muito espaço na sala para pular sobre elas. Existem
outros incômodos, como a quantidade absurda de barreiras laser, e
torretas automaticas irritantes. Não parece realmente que alguém tinha um proposito maior em mente quando desenhou o jogo, só foi jogando uma sala atrás da outra.
Isso vinha de verdade no manual |
Não existem saves ou passwords, como se não fosse o bastante.
Felizmente, Zillion tem algumas coisas positivas a seu respeito que quase faziam você não odiar seus pais por não terem te dado um Nintendinho. A mais importante é que o manual do jogo vem com um grid para você desenhar o seu próprio mapa - sim, o jogo não providencia nada do tipo - principalmente para marcar o caminho a se fazer. Mais ou menos como Phantasy Star com suas dungeons.
E quer saber? Achei isso muito legal na verdade. Não é prático não ter o mapa no jogo, mas eu totalmente consigo me imaginar nos anos 80 avançando sala por sala e escrevendo o que tem ali, quais os codigos de letras de cada sala, onde ficam as saídas (isso é importante porque no final você só tem 5 minutos para fazer todo caminho de volta depois de ativar a autodestruição da base). Zillion de fato parece um excelente jogo para se ter na época.
Só que hoje não tem como evitar lembrar que o vizinho tinha um jogo muito melhor, mais pensado como todo, mais criativo. Mas se você conseguir ignorar isso e se focar no que o jogo é em si, e comparar com os outros titulos de Master System, vai ver que não é uma coisa tão ruim assim realmente.