Em 2000, era normal — quase esperado — que boa parte dos jogos japoneses nunca saíssem do Japão. As publishers frequentemente acreditavam que o custo da localização não compensaria: esses títulos pareciam muito específicos, muito imersos na cultura local para venderem o suficiente no exterior... o que era verdade na época. Também é verdade agora que a cultura japonesa está muito mais inserida na vida global do que há mais de vinte anos — você certamente vai ter bem mais facilidade para encontrar um público hoje disposto a pagar por um gacha com garotas-cavalo do que na era do PS2.
Dito isso, a maioria dos jogos que ficaram no Japão não são tragédias pelas quais devemos chorar. Mais frequentemente sim do que não, eram mais curiosidades esquisitas do que experiencias para levar para toda sua vida — pense bem mais em ROOMMANIA #203 do que em WONDER PROJECT J. Ainda assim, de vez em quando, um jogo verdadeiramente notável ficava sem tradução, um crime que só encontraria justiça décadas quando uma tradução feita por um fã mostraria ao resto do mundo tudo o que perdemos. Aconcágua é um desses casos.
[ESPERA UM MINUTO, EU JÁ VI VOCÊ JOGAR ESTE JOGO. É OKAY E TAL, MAS EU DIFICILMENTE O CHAMARIA DE "OBRA-PRIMA".]
E não é, nem de longe, Jorge. O que torna Aconcágua memorável não é o roteiro ou os puzzles. O verdadeiro presente que nos foi negado por décadas não é a jogabilidade, mas sim o fato que esse jogo tem o melhor nome de personagem da história dos videogames: PACHAMAMA. Isso mesmo, tem uma personagem literalmente chamada PACHAMAMA neste jogo, e por anos nos foi negada essa glória. PACHAMAMA, Jorge!
[...OK, ESTOU REVOGANDO SEUS DIREITOS DE ASSITIR RICK AND MORTY AGORA MESMO — ESTE TIPO DE HUMOR CLARAMENTE TE AFETANDO.]