sábado, 14 de novembro de 2020

[JAGUAR] ALIEN VS PREDATOR (Outubro de 1994) [#554]



Se me permitem, eu gostaria de iniciar o texto de hoje citando uma canção do grande filosofo moderno, o Oogie Boogie do Estranho mundo de Jack:

"Well, well, well... what have we here? 
Atari Jaguar, huh? Oh, I'm really scared 
So you're the one everybody's talkin' about, ha, ha 
You're jokin', you're jokin' 
I can't believe my eyes 
You're jokin me, you gotta be 
This can't be the right console 
His controls are awkward, his graphics are ugly, I don't know which is worse 
I might just split a seam now 
If I don't die laughing first"

Então temos aqui algo raro, bastante raro de fato: um jogo exclusivo do famoso Atari Jaguar!

O FAMOSO... QUEM?


AH, ESSE "FAMOSO"

Pois é, então aperte os cintos porque a jornada de hoje será... a bumpy one. Nossa história de hoje começa no nefasto, sinistro, tenebroso ano de 1983 quando a indústria de videogames estava tão morta quanto uma invasão a Rússia durante o inverno. O lado bom é que enquanto a humanidade enfrentava o ano mais sombrio da sua história, pelo menos dali pra frente as coisas só podiam melhorar - como de fato melhoraram. A Nintendo reconstruiu a indústria de games nos anos seguintes e, mais importante que isso, eu nasci logo em seguida. As coisas só iam melhorar.

Mas... o que foi feito da Atari? Que fim obscuro e sinistro ele levou? Essa é a história de hoje. Logo após o crash dos videogames, a Atari (o que restou dela) foi comprada por Jack Tramiel. Agora, Jack Tramiel era um homem muito, muito dificil de trabalhar. Quer dizer, ele é um judeu polones do começo dos anos 30, e você sabe no que isso acaba dando. Ele foi prisioneiro durante anos em um campo de concentração e seu pai e sua mãe morreram literalmente ser torturado por nazistas. Isso definitivamente mexe com a cabeça de alguém - guarde essa informação, ela será importante mais para frente.

Se tinha tudo isso de console clonado um do outro em 1983, imagina o que tinha de jogo merda copiado um do outro apinhando as prateleiras ao ponto que o publico disse "ah é tudo merda igual, foda-se essa merda"

Porém se tinha outra coisa que Tramiel era, seria ser um homem de negócios com uma boa visão de mercado. Embora ele não soubesse nada sobre videogames em particular (verdade seja dita, nos anos 80 NINGUÉM sabia muito bem quais eram as regras desse mercado), ele sabia que havia dinheiro a ser feito de uma grande marca caída. Não tanto quanto antigamente, mas definitivamente algum dinheiro.

Então vamos lá, digamos que você é um homem de negócios no final dos anos 80 tentando entrar  nessa coisa de vidiyagueims, o que você faz? Vê o que a concorrencia está fazendo para aprender como funciona. E o que foi que Trammiel viu?


Hã... aparentemente todo mundo estava nessa pira de bits, a Nintendo tinha um console de 8 bits (o Nintendinho original), aí a Sega lançou um videogame superior de 16 bits - ao ponto que escreveu "16-BIT" na frente do console. Tudo era sobre bits, aparentemente. Bit pra lá, bit pra cá... 

Sendo um homem bastante prático, Tramiel então perguntou aos seus rapazes na Atari: a) o que, exatamente, são bits? b) Porque não fazemos um console de 32 bits, se isso é o que aparentemente importa?

War... war has changed...

Então, bit é uma unidade de informação e o número é quantas unidades de informação um processador consegue trabalhar ao mesmo tempo. 8 bits quer dizer que um processador trabalha com 8 unidades de informação ao mesmo tempo, 16 bits significa que são unidades de informação e por aí vai. Então quanto mais bits melhor, certo?

Na verdade, não. Pense em processamento de bits como portas em um carro. Um carro com quatro portas é melhor que um com duas portas? Você pode colocar 14 portas em um fusquinha, se vc quiser, não é isso que vai fazer ele andar mais rápido, manobrar melhor ou transportar mais gente. Para algumas situações especificas faz diferença, mas para o uso geral de um carro praticamente não.

Os computadores de hoje em dia, por exemplo, usam uma arquitetura de 64 bits porque realmente não precisa mais que isso - e por computadores eu digo inclusive o PS5 e o XBOX Series Hadouken ou qualquer que seja o nome. Videogames não são nada senão computadores dedicados a uma única função, mas não menos computadores por conta disso - logo ter trocentos milhões de bits não faz muita diferença porque ele executa poucos tipos de tarefas simultaneas.

Agent USA, um jogo feito para o computador IBM 5150 - que usava uma arquitetura de 16 bits em 1984

Ao ouvir essa explicação dos seus tecnicos, Tramiel coçou a cabeça pensativo:

- Então... vocês estão me dizendo que isso não faz real diferença?
- Não, chefe, não é isso que faz um videogame ser melhor ou pior realmente.
- Ok, próxima pergunta então... essas crianças que compram videogames, e os idiotas que escrevem nas revistas... eles fazem a menor ideia do que sejam bits?
- Absolutamente não. Posso te garantir que ninguém faz a remota ideia do que isso seja.
- Hmmm, interessante...

Tramiel podia não entender muito sobre videogames, mas ele entendia sobre negócios e viu uma oportunidade aí. Se esse pessoal dos games achava que bits eram importantes (mesmo que não fossem)... então ele daria bits a eles. Ah, eles teriam seus malditos bits, como teriam...

Ação Games 005 - Setembro de 1991


O projeto inicial da Atari era lançar o Atari Panther em 1991, o primeiro videogame de 32 bits do mundo! Na verdade, como processadores de 32 bits era muito caros na época, ele teria dois processadores de 16bit - um exclusivo para o som e um exclusivo para o video - porque 16+16=32.

Tinha diferença entre um único processador de 16 bits fazendo tudo, como o Super Nintendo e o Mega Drive usavam, do que dois processadores de 16 bits fazendo cada um metade das coisas? Nenhuma. Mas para o marketing, há, para o Marketing era toda diferença do mundo BECAUSE BITS BITCH!

E assim começa a saga do Projeto Panther!

PANTHER? NÃO ERA JAGUAR? VOCÊ É UMA DAQUELAS PESSOAS HORRÍVEIS QUE ACHA QUE GATOS SÃO TODOS IGUAIS?

Calma que a gente já chega lá.




A ideia era lançar o Panther em 1991, porém logo Tremiel percebeu um problema terrível: a aquela altura, as outras empresas já estariam próximas a lançar consoles 32 bits de verdade, de modo que o seu truque para "vencer" a guerra dos bits não adiantaria nada. Assim sendo, a Atari começou a trabalhar em segredo no sucessor do Panther, um videogame de 64 bits e agora eu quero ver alguém segurar essa manga!

Só que quando 1991 chegou, a tecnologia de chips havia avançado mais rápido do que eles estimaram inicialmente. Pelas novas projeções, o sucessor do Panther estaria pronto em 1993, então fazia pouco sentido lançar um console que seria retirado do mercado dois anos depois, quem seria idiota o suficiente para lançar dois consoles para competir um com o outro? 



Assim o Panther subiu no telhado e os recursos foram direcionados ao Atari Jaguar, o primeiro console de 64 bits do mundo!

MAS ISSO NÃO ATRASOU O PROJETO DOIS ANOS?

Sim, o Jaguar foi lançado apenas em 1993.

E A ATARI TINHA DINHEIRO PARA AGUENTAR MAIS DOIS ANOS DE DESENVOLVIMENTO SEM VENDER NADA?

Então... não. E esse foi o começo do fim do Jaguar. Olhando em retrospectiva, o Jaguar claramente foi lançado antes da hora - pelo menos um ano antes de quando estaria pronto. Em primeiro lugar, é só ver o acabamento incompleto que o videogame tem.

ATÉ QUE PARECE UM CONSOLE BONITO...

É mesmo? Vamos olhar de trás então...


E vamos olhar mais de perto ainda...


SIM, O CONSOLE TEM A PLACA DE AUDIO E VIDEO EXPOSTA!!! Nomeie um, mas UM aparelho eletronico no mundo que tem os circuitos expostos! Diga só UM!!! Puta que o pariu, que coia de varzea, na Torquato Tapajós não passava uma merda dessas! E aí ficam os contatos expostos pegando poeira, chuva, Cheetos, alface...

CARA, O QUE TU FAZ COM TEUS VIDEOGAMES, EXATAMENTE?

Hã... isso não é relevante agora. Porém outra coisa que eu gostaria de ressaltar nesse conceito genial e bem acabado, a entrada de cartucho da porcaria:


Tá, aí você está se perguntando o que é que isso tem de mais. Ora, o que é que tem de mais? É o que tem de menos! Vamo ver como é no Super Nintendo e no Mega Drive:


O console não tem uma misera portinha plástica na entrada de cartucho para não ficar pegando poeira e molho de chipotle que causa sangramento na sua cueca!

OK, ISSO É REAMENTE MAIS INFORMAÇÃO DO QUE EU ESTAVA PREPARADO...

Porém isso é nada, mas nada, absolutamente NADA comparado a ABOMINAÇÃO que é o controle do Jaguar. Quer dizer, sério, olha, apenas olha ISSO:


Eu nem sei por onde começar! Pelo plástico barato que claramente trava depois de ser apertado três vezes? Pelo controle tão pesado que faz a Microsoft babar de inveja até hoje? Pela ideia genial de colocar um teclado numérico que o jogador tem que tirar os olhos da tela e procurar botões em um teclado! Ou quem sabe essa empunhadura que o botão C é incrívelmente desconfortável de apertar e você tem que ficar girando o dedo como um pirocoptero insano?!

Mas como, sério, COMO alguém olhou isso e achou que era uma boa ideia?! E se você não achava que era possível, calma que piora! Isso porque alguns jogos vinham com um papelzinho para colocar o sobre o teclado numérico para você saber o que os números fazem


O problema é que isso vinha com o jogo num papel comum, então em poucos jogos já tinha desgastado - ainda mais em lugares quentes que as pessoas soam mais, eu nunca tinha visto um console pensado exclusivamente para o Canada!

Só Geniuses! Puta merda!

Ação Games 010 - Fevereiro de 1992


Então você tinha um hardware cheio de problemas estruturais, que quebrava super fácil porque o projeto foi rushado (o video do AVGN que ele tenta fazer um Jaguar funcionar e não tem como consertar é bem real) e o material foi usado o mais barato possível para competir com o preço do SNES e do Mega Drive. Mas tá, digamos que você comprou a bomba relógio porque são 64 BITS! DO THE MATH!

Então, o que os 64 bits te oferecem no lançamento? Afinal 64 bits É O FUTURO, certo? CERTO?


Espera, isso... isso é um jogo que poderia ter saído no Super Nintendo ou no Mega Drive! Onde está o futuro? Onde está o poder dos 64 bits? ONDE ESTÁ O DO THE MATH?!?


Espera, eu conheço esse jogo! Isso não "é como se fosse um jogo de Mega Drive", isso é literalmente um jogo de Mega Drive! THE HUMANS eu joguei isso e é um dos bem ruins! Eles acham que iam enganar alguém só mudando o nome para "Evolution Dino Dudes"? Nossa, o quão pior essa lineup de lançamento do console - que tem apenas três jogos - pode ficar?!

Imagino que não muito...


WHERE DID YOU LEARN TO FLY, MOTHERFUCKER?!?

Cara, é impressionante! O Atari Jaguar foi lançado com apenas três jogos e um é um port de um jogo horrível que já saiu para Mega Drive, outro é um port de um arcade de 1988 e o terceiro é um dos jogos mais irritantes de todos os tempos. Qualquer um que já tenha testemunhado o horror de CYBERMORPH será assombrado pelo som de "where did you learn to fly" até o fim de seus dias!

Como isso pode ter possivelmente acontecido? Então...


Lembra do truque da Atari de enganar todo mundo com gambiarras de fazer qualquer coisa para poder dizer que tem um videogame de 64 bits? Então, isso veio com um preço. Tecnicamente, o Jaguar é um console de 64 bits porque o chip AUXILIAR de processamento de video é de 64 bits. O chip de video e o de som de verdade são dois chips de 32 bits e o processador de tarefas do console é de 16 bits.

Parece meio confuso (e é, olha a gambiarra que eles fizeram), então imagine que o videogame é um prédio. O pedreiro que vai por a mão na massa é um chip de 64 bits. Ou seja, ele recebe ordens e executa, recebe e executa. Importa quantos bits ele processa ao mesmo tempo? Não realmente, porque ele não toma decisão nenhuma.

Os dois mestres de obras são os chips de 32 bits, e eles que mandam nos pedreiros comuns. Nesse aspecto os chips do Jaguar são realmente bons e robustos, de longe o melhor aspecto do console. Problema: eles são dois. Programar para dois nucleos de processamento, um só para o audio e outro só para o video é uma coisa muito complicada e a maior parte dos desenvolvedores evita isso se puder.

A esquerda, Star Fox do Super Nintendo. A direita, Cybermorph do Jaguar. O jogo do console de 16 bits é MUITO mais bonito, DO THE MATH!


É tipo você escrever as paginas pares da sua tese no computador de casa, e as impares no computador da faculdade e ter que ficar arranjando formas de uma complementar a outra - quando escrever no mesmo lugar seria tão mais fácil. O que a maioria das empresas acabou fazendo foi ignorar um dos processadores e escrever o código para rodar todo só no de video. O jogo teria metade do poder de processamento que poderia, mas pelo menos você não teria uma úlcera programando.

E por fim, a cereja do bolo, é que o processador central do Jaguar era um processador simples de 16 bits, não muito melhor que o do Super Nintendo realmente. Então se o Jaguar parece com um Super Nintendo que se alguma forma consegue fazer gráficos melhorzinhos... é porque isso é exatamente o que ele é.

Lista de jogos anunciados para o Jaguar, marcados os que foram cancelados e jamais viram a luz do dia. Os amarelos foram lançados, mas para outros consoles

Como você pode imaginar, as desenvolvedoras não estavam animadas em programar para o Jaguar porque esse DO THE MATH era uma bagunça, e as que faziam não tiravam muito mais do que seria possível tirar de um Super Nintendo. Enquanto os jogadores podem não entender nada sobre programação, eles podiam entender que o eles estavam vendo era o que eles já tinham em casa. Seja lá o que bits fizessem em um videogame, eles podiam ver que esses aqui não tavam fazendo nada de especial.

Normalmente quando uma empresa tem um hardware novo, ela mesma faz alguns jogos que exijam bastante do console como case para as saber como orientar as third parties desenvolvendo jogos para o videogame dela. No começo da vida de um console é muito comum as desenvolvedoras ligarem para a Nintendo, Sony ou Microsoft e perguntar como é que faz tal coisa no hardware deles. E costuma ajudar que você saiba responder essa pergunta, essa é uma das vantagens das empresas investirem em desenvolvimento de jogos do próprio console (além de ter um titulo exclusivo bacanudo para chamar de seu), porque se você não conhecer o seu hardware ninguém mais vai ter esse trabalho por você.


A Atari... não tinha um grande histórico de desenvolvimento de jogos. Verdade seja dita, a Atari não sabia praticamente nada sobre programar jogos porque ela não mexia com isso faz uns dez anos. Então quando as third parties tinham aquelas dúvidas que surgem apenas quando você coloca a mão na massa e perguntava para a Atari como fazia isso funcionar no console deles, a resposta era "hã... então... boa pergunta...". Dificil trabalhar nessas condições, para não falar que era caro: a Atari cobrava mais do que que a Nintendo e a Sega, algumas fontes diziam que ela queria ficar com até metade do preço de venda de cada jogo publicado no seu aparelho.

Isso resultou, para surpresa de absolutamente ninguém, uma biblioteca total de pouco mais de apenas  50 títulos lançados ao longo de seus três anos de existência e mesmo assim ela foi basicamente composta por ports de títulos 16-bits, clandestinamente rodando praticamente inteiros no processador de 16 bits, fazendo todos os outros processadores da máquina o par de dissipadores de calor mais caro da década de 90.

O que é que era esse marketing da Atari tb, pqp...

Mas sabe do que essa história precisa? Do que o Jaguar realmente precisa a este ponto? Isso do mesmo... MAS CALMA QUE PIORA! Aha, você achou que não tinha como, né?

Então... piora. Porque se você sabe de alguma coisa sobre imprensa de videogames, já faz uma boa ideia de como as coisas funcionam...


Se isso é assim hoje, imagine então nos anos 90 quando as revistas tinham monopolio sobre as reviews de jogos? Assim sendo, a EGM - a maior revista dos Estados Unidos então - chamou a Atari para conversar e explicar "as regras do jogo". Você sabe, eles podiam ganhar alguns Jaguar para a redação poder trabalhar... jogos em primeira mão... e alguns contratos de publicidade talvez ajudasse a notoriedade do console, sabe do que eu estou falando?

O bom e velho "me ajuda a te ajudar", "quem quer rir tem que fazer rir" e coisas que a gente entende tão bem. Era assim que a banda tocava com a Sega, com a Nintendo, e se a Atari quisesse uma cobertura "justa" do seu console... tinha que dar uma ajudinha.



Só que o que a EGM não contava é que, como eu disse, no começo do texto o velho Tremiel era um homem muito dificil e quando ele se viu sendo extorquido por um bando de colegiais que tinham uma revista de videogames ele perdeu a sua merda e as coisas ficaram bem pouco... civilizadas, para dizer o minimo.

O resultado foi a EGM declarou guerra aberta a tudo que saia no Jaguar e produtos da Atari, não tendo a menor vergonha de pisar no que podia - merecesse ou não. Verdade que muita coisa que saia para o Jaguar merecia, mas mesmo quando não era o caso a EGM pegava muito, muito pesado com a Atari. 

Por exemplo, na versão de Rygar para o Lynx (o portátil da Atari), a EGM o descreveu como: "Chunky and junky, like all games for this turd handheld. Instead, turn that Lynx into a snowboard for your cat.". A maior revista de games do país ter jurado jamais nunca, em hipotese alguma, dizer uma única coisa boa a respeito do Jaguar foi o prego em um caixão que já estava semitampado.



Mas isso quer dizer que não tem nada, absolutamente nada de bom para o Jaguar? Então... até tem, mas não é muita coisa. E um desses raros caso é justamente esse exclusivo de hoje, Alien vs Predator. Originalmente esse deveria ser um titulo de lançamento do Jaguar, mas pelos motivos citados acabou atrasando e saiu apenas um ano depois. O que é uma pena, teria tido melhor sorte o console se esse fosse um título de lançamento.

Pq?



A primeira vista, Alien vs Predator parece um clone de Doom que se passa em um único mapa - ao invés de fases que parecem diferentes umas das outras. A segunda vista, também porque é isso que ele é. Mas isso não é tudo que ele é.

Nossa história quando a colonia espacial de treinamento militar Golgotha adoca uma nave a deriva, com a tripulação desaparecida e repleta de uns vasos que todo mundo adora meter a cara para ver o que tem dentro. Como se a desgraça não fosse pouca, um predador decide que é o cenário perfeiro para fazer o que quer que seja que os Predadores fazem para se divertir (jogar gamão ou algo assim)

O ponto é que em Alien vs Predador você pode jogar como o xenomorfo, como o Predador ou como um Marine que estava em detenção por insubordinação e é isso que torna esse jogo diferente, porque os três personagens tem mecanicas diferentes entre si.



O marine é mais ou menos como seu FPS tradicional: você tem armas, precisa pegar medkits para se curar e pode usar alguns itens como computadores que baixam o mapa da fase e detector de movimentos. Essa parte do jogo é que mais pode ser chamada de "clone de Doom", mas é uma bastante funcional: as armas atiram bem, a munição não é tão tacanha embora não abundante e seu personagem se move ok.

É uma versão de Super Nintendo de Doom, verdade, mas não é ruim. O jogo tem o problema da falta de variedade de inimigos (são apenas aliens e um outro predador), mas o curioso é que quando os aliens morrem eles deixam uma poça de ácido - então você tem que atrair os aliens pra matar eles fora dos corredores senão você fica passando em cima do ácido e tomando dano. Seu objetivo é acionar a autodestruição da estação e sair fora. Preferencialmente nessa ordem.



Jogar com o Alien é diferente: ele não tem ataques a distancia, o que torna sua expectativa de vida bastante baixa. Para compensar isso ele tem uma mecanica exclusiva: você pode infectar soldados e depois de alguns minutos eles servem como "vida extra". Nesse jogo você tem apenas uma vida para terminar o jogo, a exceção do alien que se você morrer com um infectado maturado você pode continuar jogando como o próximo alien. Você pode ter até três "vidas extras" engatilhadas enquanto procura pela rainha alien

Quando está no modo invisivel a imagem muda para a visão de calor do Predador, como no filme, e volta ao normal quando você está visivel

O Predador tem uma mecanica curiosa, para dizer o minimo: você começa apenas com o ataque corpo-a-corpo, mas tem a habilidade de tornar invisivel. Só que se você matar humanos invisivel você perde honra, e você precisa ganhar honra caçando humanos para desbloquear as outras armas do Predador (a lança, o canhão de ombro, etc). 

Isso é importante mais pra frente os aliens cagam pra sua invisibilidade, e vc vai precisar de todo arsenal que puder reunir para enfrentar os xenomorfos. 

Os três papeizinhos que vinham para colocar no teclado numérico

AvP é um jogo inteligente, que passa através das mecanicas de gameplay o feeling de cada uma das espécies e eu queria que mais obras adaptadas tivessem esse interesse de transformar os pontos definidores do material de origem em mecanicas de jogo. Não é atoa que a Rebellion é uma das poucas developers dessa época que ainda existe hoje, sendo responsavel pela famosa série Sniper Elite

Alien vs Predator merecia mais do que ser exclusivo desse console, assim como o Jaguar não merecia um jogo como esse. Até onde me consta, esse é o único exclusivo realmente bom do console

MATERIA NA SUPER GAME POWER
Edição 003