sexta-feira, 27 de outubro de 2017

[AÇÃO GAMES 009] PIT FIGHTER (Arcade, 1990 / SNES, 1992) [#084]



Um dia, em meados dos anos 90, você estava lá, voltando do colégio, quando uma coisa na tela chamou sua atenção. Algo que você nunca havia visto antes, algo que você sequer julgava ser possível fazerem! Mas estava lá! O sangue, o realismo, a violência… tudo!



Obviamente você ficou obcecado por aquilo, quem não ficaria? Você juntava as moedas que, por acaso, caiam na sua mão, para gastar com aquilo, e cada nanossegundo era um júbilo.

Well, o tempo passou e você cresceu, nunca mais tocando no assunto a não ser em memórias saudosas. Até que um dia, depois de adulto, você decide voltar aquilo e … NOSSA SENHORA DA QUERUPITA, COMO ESSA MERDA ERA RUIM! Mas puta que me pariu em mertiolate flambante, o que você tinha na cabeça para gostar de uma coisa tão hedionda, porca e mal feita desse jeito – mesmo para os padrões da época?

Claro que eu poderia estar falando de Cavaleiros do Zodíaco, mas, ao invés disso, vou falar hoje de um fenômeno cultural mais antigo e (por incrível que pareça) pior ainda. PIT FIGHTER.


Obviamente, se você passou perto de um fliperama no começo dos anos 90 não tem como esquecer aquele jogo com gráficos incríveis, onde os personagens eram pessoas de verdade! Uau, que tipo de bruxaria era essa?

Quer dizer, numa época que o top de linha dos fliperamas (centenas de vezes mais poderosos que os videogames domésticos) era capaz de produzir apenas isso:


Aliens, fliperama de 1990

Não é de se admirar que as pessoas tenham ficado de queixo caído para isso:


 Ãh, pelo bem do meu argumento, vamos focar nos gráficos e não na coreografia incrível, ok?

A Atari de fato teve uma ideia tão simples, mas ao mesmo tempo tão inteligente, que é de admirar que ninguém tivesse pensado nisso ainda. Como eles colocaram “atores reais” em um jogo? De uma forma muito elegante: antes do 3D, jogos de videogame usavam frames de animação (chamados de sprites), exatamente igual ao que os desenhos animados faziam para dar a sensação de movimento. Esses frames eram desenhados no computador, e assim você tinha o jogo do Mario, por exemplo.
Esses são os sprites usados em Super Mario Bros.



O que a Atari se ligou foi o seguinte: esses sprites não PRECISAVAM ser desenhos, precisavam? Assim ela tirou várias fotografias de atores reais e as digitalizou, dando, assim, a impressão de que o jogo processava imagens de atores reais! Puta merda, que ideia boa!



Alguns anos depois, a mesma ideia foi usada no Super Nintendo quando modelaram personagens em 3D nos computadores, pegaram imagens desses moldes e converteram em sprites de animação. É assim que o Super Nintendo roda jogos aparentemente modelados em 3D, como Donkey Kong Country, Super Mario RPG e Killer Instinct. Foi uma sacada assaz genial.

Infelizmente para todos os envolvidos, as ideais geniais da Atari acabaram por aí, porque o jogo é mais ruim que encoxar a mãe no tanque, misericórdia, como esse jogo é ruim. Imagine o seguinte: um beat ‘em up como Final Fight ou Cadillac and Dinosaurs, certo? Sabe, aquele tipo de jogo que você anda pelas fases e soca pessoas ou monstros?





 Se você ficar parado perto da galera, alguém sai de lá para atacar nossos heróis com escoliose

Okay, agora retire as fases disso. Você anda apenas pela mesma tela socando os mesmos 8 inimigos repetidamente. E também tire as diferenças entre os personagens. Sim, eu sei. É ruim, mas calma que piora. Adicione então os piores controles imaginados pelo homem – e estou falando sério, há um lag de resposta que quase chega a um segundo inteiro. Você usa esses controles pavorosos para jogar um dos jogos mais repetitivos já criados, já que não existe estratégia alguma aqui. Os botões que você aperta na primeira fase são exatamente os mesmos que você aperta até a última, sem alteração nenhuma, quase meia hora depois…

… não que você vá chegar lá se não tiver pelo menos dez fichas e dedos de platina. Porque, como todos os jogos da época em que os “videogames eram feitos com o coração e não para arrancar dinheiro“, Pit Fighter foi feito para deixar você jogar 45 segundos, e então arrancar todas suas moedas para dar lugar para o próximo entrar na máquina. A dificuldade de um jogo que já não é absolutamente nada divertido é desleal.

Mas, bem, o que poderia ficar pior, você se pergunta?



Oh boy…

Bem, aparentemente os caras da Tengen se perguntaram. Porque a empresa que adaptou um arcade, que já era um desastre tão grande que deve ter sido instalado em Chernobyl para mostrar às pessoas que existem coisas piores, conseguiu o milagre de piorar o jogo no Super Nintendo. Te juro.

A maneira como o jogo funciona é que seu oponente têm um medidor de vida que diminui quando você dá um golpe. Até aí, normal. A primeira coisa que eu notei é que o meu inimigo, Executioner, tem mais vida do que eu. Isso também seria normal… se eu pudesse ter uma chance de acertá-lo. Quando a luta começa, o seu lutador faz uma animação cumprimentando o oponente, o oponente não – então ele já começa te moendo na porrada, e quando você pode assumir o controle do boneco ele já esta sendo pisoteado no chão.



Não é raro o jogo acabar antes que você possa fazer qualquer coisa. Oh, não que ter uma chance de apertar os botões adiante alguma coisa. Se os controles do arcade são ruins (e são hediondos!), os controles do SNES configuram como violação dos direitos humanos. Não é só o atraso de SEGUNDOS entre apertar o botão e o personagem fazer alguma coisa (o que nunca acontece para o jogo, onde os inimigos continuam te moendo na porrada como se fossem uma cruza do Mércurio com o Flash), eu juro que o botão de soco e chute trocam aleatoriamente de lugar! Flamenco flamejante, é de verdade isso!

Então, basta dizer, Pit Fighter faz de você sua vadia em 15 segundos. Quando você morre, seu corpo se transforma em algum tipo de estátua e, em seguida, Executioner fica fazendo um tipo de T-bag primitivo em você.

Ah, e o jogo acabou. Isso é importante. Toda vez que você perde uma luta, volta para a tela do título.

 


A versão de Mega Drive é a melhor adaptação do jogo, e anos luz melhor que a de Super Nintendo. Mas como o AVGN sempre diz, isso é apenas dizer que a bosta que eu caguei ontem é melhor que a bosta que eu caguei semana passada. Continua sendo bosta igual.
Mas tudo bem, eu me recuso a desistir. Escolhendo um lutador diferente, eu enfrento o Executioner novamente, e eu realmente fui melhor apenas triturando sem TENTAR colocar um pensamento lógico aí. “Melhor” não quer dizer que eu venci, apenas que acertei um ou dois golpes nele.

A coisa mais engraçada de tudo é que eu passei a metade da luta de costas para o meu oponente e ainda acertei ele. Do mesmo modo, estar na frente do inimigo e o braço do seu personagem passar pelo corpo dele e causar dano são duas coisas que o jogo não vê necessariamente como relacionadas. Eu nem vou dizer que a hit detection desse jogo é quebrada, porque ela é não-existente. Simples assim.



Ao ver esse vídeo você pode se perguntar “mas por que o jogador não está ao menos apertando os botões ou tentando jogar?”. Simples: ELE ESTÁ! Pit Fighter é ruim assim!

Eventualmente você pode vencer uma luta, embora isso seja pouco provável. Você sabe que isso aconteceu porque as coisas mudam de cor. Só. Ao começar o próximo round, no entanto, eu percebi uma coisa estranha: eu tenho a mesma quantidade de vida que eu tinha no final da minha última luta! Eu duro cerca de dez segundos antes de ver a tela de GAME OVER e voltar para o inicio.

Isso mesmo … Você não recupera a sua vida entre as lutas! Cara, nem o arcade, que literalmente ganha dinheiro por tomar suas vidas, fez isso. Mas como é que pode uma porra dessas, Bátima?

E a música não é melhor, com o mesmo loop ad-infinitum de 20 segundos. Se meus ouvidos pudessem cometer suicídio, eles fariam.



Com isso eu já tive o suficiente. Depois de passar uma hora jogando este lixo, sinto que posso fazer um veredicto. Eu sei que este foi um dos primeiros títulos do SNES de um arcade que já era muito ruim, mas não há DESCULPAS para isso! Os controles são quebrados, a animação é quebrada, a jogabilidade é quebrada, e a progressão é um deboche. Não há uma única coisa neste jogo que funcione sequer mediocremente! Eu nunca falei tão sério em toda minha vida!



Honestamente, eu não estou nem puto com esse jogo, estou admirado. Não dá pra acreditar que esse jogo tão ruim realmente exista. É um fenômeno que esse jogo consiga fazer alguma coisa quando você liga o Super Nintendo! Quer dizer, como? Por que esse jogo existe? Quem achou que… Sério, eu não sei… Eu realmente não sinto raiva, eu… honestamente, não estou sentindo o lado direito do meu corpo. Pit Fighter é o pior jogo que já joguei, e … e … gente, não estou me sentindo bem…
Olá pessoas, eu sou o médico particular do C. Infelizmente, ele entrou em choque séptico devido à exposição excessiva a Pit Fighter. Ele está descansando e está bem, mas não pode terminar esse review porque foi advertido de que fazer isso cancelaria seu plano de saúde. Mas estou confiante de que ele retornará a vocês em breve com uma review de um jogo bem melhor!

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