Existem 80 jogos de beat'm up no Super Nintendo e no Super Famicom. 80 jogos onde tudo que você pode fazer é socar coisas, pular sem que isso tenha muita importancia e seguir para a próxima area onde você soca mais coisas ainda, as vezes usando um golpe especial aqui e ali.
Então porque, exatamente, as pessoas são unanimes em dizer que esse festival de socar e seguir em frente em especifico é a melhor experiencia que você terá jogando um Super NES nesse genero? O que é que separa esse beat'm up dos 79 outros? O que o faz melhor?
Bem, em primeiro lugar, Turtles in Time foi lançado nos arcades em 1991. Como muitos jogos, ele recebeu um port para Super Nintendo. Porém como quase nenhum jogo, a versão de Super NES é MELHOR que a versão do fliperama. O do SNES tem mais fases, mais chefes e golpes especiais que não tem no arcade.
Huh, taí algo que você não vê todo dia...
Ok, isso é bom e tal, mas o que realmente faz esse jogo o melhor de sua era, discutivelmente um dos melhores de todos os tempos no seu genero?
Bem, grande parte disso é que ele conserta um dos maiores problemas que me incomodam em Beat'm ups. Se você for ver meus textos sobre os jogos desse genero, frequentemente eu reclamo que o jogo é terrivelmente lento porque é muito fácil atirar os inimigos para fora da tela e então tudo que você pode fazer é esperar eles voltarem. Pior que isso, mais frequentemente sim do que não, os inimigos te atacam de fora da tela e você tem que ficar lutando com algo que você mal pode interagir.
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| Apenas esperando o inimigo voltar e torcendo para que ele não me ataque de um lugar de onde eu não posso revidar, nada demais |
Em TMNT IV, a Konami decidiu apenas... não fazer isso.
Quando um inimigo é jogado para fora da tela, a primeira coisa que ele faz é voltar para o jogo caminhando e SÓ ENTÃO continuar sua programação de combate, seja ela qual for. Isso não apenas evita infinitos momentos de frustração que só fazem com que você acabe não gostando do jogo sem saber porque, como o torna muito mais dinamico, fluído e divertido de se jogar!
Porém essa não é a única coisa que a Konami acertou a respeito desse jogo ("Konami" e "acertou" na mesma frase, taí algo que você não vê mais hoje em dia). A estrutura desse jogo é muito boa. Você chega no Technodrome, e por consequencia no último chefe, logo na terceira fase. Aí então ele te joga de volta no passado e você tem que lutar seu caminho de volta ao presente porque... derrotar chefes te faz viajar no tempo, eu suponho... deve ter um episódio de Doctor Who sobre isso, eu acho...
Enfim, meu ponto é aqui que isso é interessante, mantém as coisas imprevisiveis e interessantes. Você nunca sabe qual será o próximo período de tempo que você visitará, o que vai ver que armadilhas no cenário você vai enfrentar.
Vamos comparar agora como os outros beat'm ups funcionam:
Na primeira fase de Streets of Rage, você está socando punks nas ruas da cidade enquanto um dos jogadores pega a personagem que se veste como uma prostituta de filme dos anos 80 porque é assim que nós rolavamos
Na quinta fase... você ainda estava na mesma cidade, apenas em outro lugar dela. É, meh.
"Turteles nos Tempos", por outro lado, sempre tem algo diferente para ver. Em um momento você pode estar sendo esmagado por bolas de canhão na época das grandes navegações, desviando de tabuas soltas que podem dar na sua cara ...
... e daqui a pouco você vai estar em Nova York ano que vem... cara, vai ter umas reformas loucas em NY até 2020, huh?
Sim, a versão de Super Nintendo é realmente mais legal que a do fliperama. Lide com isso.
Outra coisa que a Konami acertou violentamente foi o seguinte: "se a gente está fazendo um jogo baseado no desenho animado, a gente não podia, sei lá, usar os inimigos do cartoon?". Parece uma ideia bastante obvia, certo? Bem, você surpreenderia em ver quantos jogos falham em perceber algo tão óbvio.
Claro, Tartarugas Ninja 3 do Nintendinho tinha vilões como o Groundchuck... que aparece em um episódio da terceira temporada... o que é ótimo, mas porque não usar os caras que todas as crianças iriam reconhecer? Personagens que aparecem em vários episódios e até tem um arco de personagem, como o Rei Rato, ou Baxter Stockman, por exemplo...
... ou quem sabe os monstros mutantes do filme Tartarugas Ninja 2?
Poxa gente, é isso! É só isso que a gente quer que vocês façam! Não é difícil! A gente só quer que alguém chegue na porcaria do estúdio de produção do jogo e diga "hey caras, e se a gente não cagasse a porra toda?". É só isso que a gente pede que vocês façam de vez em quando, e Tartarugas Ninja 4 faz todas as coisas certas.
É como se os caras da Konami tivessem feito o dever de casa e descoberto que Tartarujas Ninja era só um desenho para crianças de... bem, tartarugas que são ninjas. Não tem nada de sério, dark ou trevoso nisso, é para ser divertido e cartunesco... e bem, esse jogo é divertido e cartunesco!
Esse jogo faz praticamente tudo certo. A variedade de movimentos, os cenários são variados e criativos, lutas com os chefes, as tartarugas ninja, a música é espetacular, as vozes digitalizadas são ótimas (aposto que você ouviu "Big Apple, 3 AM"), bater nos robos do Clã do Pé são muito gostosos de se espancar, o uso do mode 7 do Super Nintendo é algo que sequer os arcades faziam ideia de como reproduzir, enfim, é um baita jogo e olha que eu nem gosto de beat'm ups!
E, se tudo mais falhar, ainda tem a história do jogo. No jogo anterior, Krang e o Destruidor tinham roubado a ilha inteira de Manhattan! Oh não, como a ameaça desse jogo poderia possivelmente superar isso? O que eles potencialmente poderiam fazer de mais vilanesco do que isso?
O QUE ?!?
Ele... apenas agarrou a Estátua da Liberdade e saiu correndo? E essa é a história, toda ela?
Jesus no pogobol flamejante, isso é tão tosco, tão imbecil, tão... Tartarugas Ninja! Cowabunga!
CONTINUAÇÃO NA EDIÇÃO 18
