quarta-feira, 28 de novembro de 2018

[AÇÃO GAMES 014] Town & Country II: Thrilla's Surfari (NES, 1992) [#171]



A Town & Country é uma das marcas mais conhecidas na comunidade surfista, fabricando pranchas de surf, camisetas, acessórios e skates desde 1971. Basicamente, coisas que a galera super descolada curte, tá ligado bro? A T&C foi bastante popular nos anos 80 com sua linha de mascotes antropomorficos, a Thrilla Krew:

Da boys, bro!


Então, em algum ponto de 1991, dois executivos da T&C tiveram uma séria reunião de negócios (ou seja, escorados em suas pranchas de surf na beira da praia) onde decidiram os rumos administrativos da empresa:

- Dude, sabe o que a gente totalmente devia fazer?
- Não usar mais cueca para ficarmos observando nossas malas balançando enquanto surfamos?
- Cara, a gente totalmente já faz isso!
- Ah é, tinha esquecido... hehe... do que a gente tava falando mesmo?
- Não faço ideia, dude. Mas a gente totalmente devia fazer uns vidjegueimes pra totalmente barbarizar com a galerinha mais nova, ta ligado?
- Totalmente. Mas não foi pra isso que a gente mandou aquela mala de dinheiro pros engravatados da LJN?
- Dude, mas se a gente mandou o dinheiro pra eles... então como que a gente tá fumando ele agora?
- Ah, só. Tava cuca que essas parada não tava dando brisa, mora? Mas se o dinheiro tá aqui, então o que foi que a gente mandou pros caras?
- Que caras?
- Sei lá, hehe...

E foi assim que, de posse do maior carregamento de maconha da história da California, a LJN encomendou a produção de Town & Country II: Thrilla's Surfari. Considerando a qualidade dos seus jogos e que provavelmente eles eram pagos em saquinhos de alfafa (só isso explica), esse definitivamente foi o ponto alto da empresa.

Quanto ao jogo em si, bem... como de costume, vamos abrir contando a complexa narrativa desta obra, afinal quem somos nós sem algum contexto, não é?





Em algum lugar da Africa que não é Wakanda, o vilão derrotado do primeiro jogo faz um pacto com o Loa do vulcão para ter seus poderes imortais restaurados. Infelizmente para Wazula, o cara de vulcão não é descoladão como o Bwonsamdi e quer só alguma branquela chamada Barbi Bikini. O que é estranhamente especifico, cara de vulcão, mas hey, você é a rocha piroclástica aqui, então o que você quiser, dude.




Nosso herói, e motivo de mais adesivos nos anos 80 do que a matematica é capaz de quantificar, Thrilla Gorilla está de boa, surfando suas ondas totalmente maneiras e secando os magumbos colossais de sua namorada na beira da praia...

... espera, o que?


Bem, aparentemente a namorada de Thrilla Gorilla é uma humana que curte sentir o cutuco da banana selvagem da zoofilia, atividade esta que é interrompida quando Wazula a sequestra para entrega-la ao vulcão. Sabe, essa é mais uma daquelas coisas que eram normais nos anos 80 porém quando você pensa sobre isso hoje não tem como deixar de se admirar em quantas coisas erradas existem nesse conceito.



Obviamente que nosso herói não deixará barato, ninguém mexe com magumbete e sai impune! Assim, diante da fúria de mil gorilas, Thrilla parte em sua jornada para...


... alugar um voo charter até o coração da Africa e começar a busca por sua apreciadora de bananas favorita. Olha, eu não sei se vocês sabem mas um voo charter é algo bastante caro, ainda mais um intercontinental, o que realmente me leva a perguntar como um gorila surfista pagou por tudo isso. Ele é patrocinado pela Town & Country, uma ardente defensora da causa do amor interespecies? Será ele secretamente um barão dos diamantes de sangue africanos?

Todas essas perguntas e muito mais... jamais serão respondidas. Qualé, é um jogo de Nintendinho dos anos 90, você realmente não espera questões geopoliticas complexas sendo respondidas aqui, né?

Seja como for, o jogo começa.


Espera, espera, espera aí... eu te conhece de algum lugar, fase. Agora, se ao menos eu pudesse apontar meu dedo e lembrar onde eu já vi um gameplay EXATAMENTE assim...


Oh, uau. Giga motherfucking dancing bear uau.

Então, como eu posso colocar isso? O jogo, Thrilla Surfari, é uma versão muito estendida da fase das motinhos de Battletoads. Porque claro que sim, como não? O que a LJN fez foi checar que jogos as crianças maneiras estavam jogando descoladamente, e descobriu que por algum motivo todas as crianças pareciam adorar um dos piores momentos da história dos vidjegueimes e fizeram um jogo inteiramente só disso.

Estão felizes agora? Vocês estão felizes? Vocês que mantiveram essa desgraça de jogo no Top Ten das revistas por tanto tempo agora estão colhendo os frutos das suas ações inconsequentes:


Parabéns, agora vocês conseguiram a fase das motinhos transformada em um jogo inteiro por ninguém menos do que a LJN! Estão felizes agora?

Parafraseando as celebres palavras do pensador moderno, Capitão Nascimento: "A culpa disso aqui é sua, quem fez esse jogo foi VOCÊ! VOCÊ é quem financia essa merda!".

Pelos bigodes do Mestre Karin, meus piores pesadelos se tornaram realidade e não há nada que eu possa fazer a respeito senão atravessar esse lamaçal de merda e dor com estoicidade e palavras chiques. É o que eu farei, porque é o meu destino, é minha missão. Eu tenho que jogar esses jogos não porque eu quero, mas porque é o que eu nasci para fazer. É o que...



... ah, foda-se essa merda. Vou só usar game genie mesmo.

E, bem, caso você esteja se perguntando se existe alguma variação de gameplay nesse jogo, infelizmente existe. Como a LJN conseguiu vir com algo pior que a versão estentida do Turbo Tunnel é algo que apenas os cientistas das civilizações futuras poderão responder, o que eu posso garantir é que eles conseguiram isso.


Em primeiro lugar, temos essas batalhas com chefes onde Thrilla não cogita por um instante abandonar seu skate enquanto enfrenta aberrações que acabaram de escapar de Uldir. Sério, gente, o quanto de drogas você precisa consumir para criar um chefe assim E, mais importante ainda, controles tão ruins quanto?

Mas nada tema, pois saiba que sua recompensa por vencer tais batalhas contra a própria sanidade são cutscenes usando os mascotes da Town & Country contendo os melhores dialogos que os videogames jamais foram capazes de produzir até então:





Se até hoje os videogames não são respeitados enquanto forma de expressão humana, lembre desta cena. Eles totalmente mereceram.

De qualquer jeito, o outro tipo de gameplay que existe no jogo são as fases de "descer a cachoeira com sua prancha de surf", que é meio auto-explicativa. Thrilla tem uma das ideias mais suicidas ja concebidas por qualquer primata em qualquer tempo e o resultado é que você tem que desviar de pedras a um bazilhão de quilometros por hora.



O último estilo de gameplay que existe nesse jogo são as fases de "shark riding", cujo conceito radical é inversamente proporcional a precariedade dos controles. Controlar seu tubarão é horrível e o tiro de banana (não pergunte) sai em direções aleatórias, então boa sorte tentando se livrar de toda fauna marinha que decidiu que, por algum motivo, odeia um gorila descolado montado em um tubarão.


Ah, sim, as fases de shark riding também costumam terminar em uma batalha contra um tubarão cracudo que cospe lixo em você, como pneus e privadas. E não, eu não estou inventando nada disso, não acho que eu seja tão criativo para inventar essas coisas mesmo que eu quisesse.




Pois é.

Então, você pode se perguntar como pode ficar melhor que isso e felizmente não demora muito para saber: a próxima cutscene já entrega o serviço.




Espera, como assim "deserto"? Você está propondo que Thrilla vai andar de skate na areia do deserto, não é?


É. Sabe, eu realmente me pergunto onde eu errei tanto para minha vida ter chego a este ponto. Prossigamos.




Quê?

O quê?!



O QUÊ?!?



O QUE?!?!?!

Bem, e o jogo é basicamente isso. Repete a fase do Turbo Tunnel ad infinitum, intercalando por fases piores ainda de água (porque é claro que ia ter fase da água, né) e batalhas contra chefes tão pouco responsivas quanto. Depois de andar de skate no deserto, Thrilla eventualmente vai para uma última fase onde surfa na lava (o que me leva a acreditar que essas pranchas da Town & Country são realmente fodas) e resgata sua gata peituda das garras de um Wazula abençoado com as graças do Loa vulcão para curtir pegar um sol com ela na cobertura do seu apê. Sim, isso faz tanto sentido quanto soa.






Mas não é nada disso com o que eu quero encerrar esse review. O que eu quero encerrar é com a maior perola que o consumo de drogas já concebeu sobre uma mente humana. Quero encerrar com a cutscene onde Thrilla Gorilla encontra o Surf Cat.





Pois é. A raça humana chegou ao seu ápice em 1992. Pra mim chega.