domingo, 23 de dezembro de 2018

[AÇÃO GAMES 013] SPACE SHUTTLE PROJECT (NES, 1992) [#175]



Videojogos (re)nasceram como brinquedos nos anos 80, e desde então fizeram um longo caminho de disputar espaço nas prateleiras com Comandos em Ação a terem lojas dedicadas exclusivamente a eles. Neste meio tempo, e até mesmo hoje, ainda existe uma necessidade esporádica dos gamers em mostrar as suas mães que videojogos não são apenas bobagens para perder tempo, e que podem ser algo construtivo enquanto midia narrativa, ou até mesmo forma de arte.

Hoje, felizmente, nós temos jogos que realmente se propõe a contar uma experiencia humana genuina - como The Last of Us ou Catherine - ou mesmo ensinar uma habilidade útil para a vida - como Quadrilateral Cowboy, que ensina a programar, ou Senua: Hellblade Sacrifice que vai te ensinar mais sobre psicose do que qualquer documentário que você assistirá na vida. Agora, isso é HOJE. Em 1992 nós tinhamos que ser BEM mais criativos do que isso, e é nesse filão que Space Shuttle Project entra.


Pois então, foi aí que caras da Imagineering (responsavel por perolas como os jogos dos Simpsons e adaptação para NES de "O Ataque dos Tomates Assassinos") resolveram ir audaciosamente indo onde nenhum game de NES jamais esteve.

Reconhecidamente, SSP era um jogo tremendamente fácil de convencer seus pais a comprar. Um jogo que se propõe em não a causar um genocidio sem precedentes para permitir que a casta reinante continue oprimindo seu povo ao invés de seu representante legitimo da sua espécie, mas sim em ser um simulador de programa espacial de verdade? Os coroa pira! Com efeito, eu não me recordo de ter visto a palavra NASA estampada tantas vezes em um jogo até hoje.

Mas se os pais certamente adoram esse jogo, e quanto ao público alvo? Hmm, isso é mais debatível.


Quando eu vi o jogo na Ação Games, eu imaginei que SSP seria algum tipo de simulador, certo? Administrar recursos, atribuir tarefas, lidar com as probabilidades de fracasso, coisas do tipo que você esperaria em um "NASA Simulator 92". Eu não tinha muita certeza de como eles fariam isso com o hardware do NES, mas depois de jogar Nightshade eu me tornei otimista a respeito de tudo que cabe naquela caixinha cinza. E, bem, de qualquer forma é uma proposta bem interessante, seria incrível se de alguma forma eles puxassem realizar isso...

... ou, é claro, eles podiam apenas colocar uma coleção de minigames de apertar o botão certo na hora certa. Pode ser feito desse jeito também. SSP, saiba você, é muito menos um "Space Flight Simulator" e bem mais aqueles joguinhos de olimpiadas de apertar botões na hora certa para executar as tarefas, tipo Track and Field.

Vamos dar uma olhada mais de perto em como isso funciona, exatamente.


Logo que você começa o jogo, você tem a opção de colocar o seu nome - como muitos jogos. Porém aqui isso não é uma simples formalidade: quando você coloca o seu nome o jogo gera um código e designa uma nave. Se você errar colocar esse código e a nave certa, perde uma vida. Sim, é totalmente possível ter Game Over na tela de colocar o NOME! Chupa essa, Cuphead!

Porque se você não consegue nem colocar o código de acesso direito, é porque claramente você é um espião comunista! Bela tentativa, camarada Vladvostock, bela tentativa...


Ok, isso realmente foi criativo. Porém, começando o jogo de verdade, ele inicia te passando uma lista de coisas a fazer em cada estágio da missão. Por algum motivo eu acreditei na Ação Games e achei que realmente tinha que decorar (ou anotar) todas essas coisas. Sim, eu sei, mais de treze edições e eu já deveria ter aprendido alguma coisa aqui, não?


A verdade é que os minigames que compõe a missão são bastante simples e intuitivos, então não há necessidade para panico.

No primeiro, você tem que ativar as chaves em ordem (a chave a ser acionada da vez brilha colorido, apesar do screenshot ter saído no exato instante em que ela estava preta ¬¬), e quando você ativa as chaves os pistões verdes de oxygenio e hydrogenio começam a bombear, bloqueando o caminho do seu elevador. Uau, que design bem bosta, heim NASA? Não é a toa que os russos colocaram um cachorro no espaço primeiro que vocês... mas de qualquer forma, após ativar os pistões você tem que descer todo o elevador e pegar um por um os membros da sua tripulação (pq aparentemente a NASA também constrói elevadores com capacidade de carga maxima de 70kg, então sua equipe de missão será composta por uma equipe de lolis ou algo do tipo... o que totalmente é um jogo que eu pagaria para jogar... caham...).

E é isso o minigame: ativar os pistões e descer e subir o elevador desviando dos pistões que batem no seu elevador e te fazem perder tempo, um tempo que é bem contado para concluir o minigame.


Eu não entendi realmente porque o onibus espacial tem um elevador que é operado manualmente e pode bater nos pistões de oxigenio e hidrogenio. Se tem algo que você não quer que um objeto de metal bata e arrebente a tubulação é... bem, eu ia dizer oxigenio pq é inflamavel, mas acho que é seguro dizer que ninguem quer que tubulação  nenhuma nunca seja arrebentada por um elevador, não importa o que ela esteja sendo tubulando. É. Eu sei que a NASA estava cortando orçamento nos anos 90, mas eu não achei que fosse tanto...


Mais uma vez, uma lista de instruções com as quais você realmente não precisa se preocupar. De verdade. Obrigado pela dica furada, Ação Games!

 

Antes de começar a segunda fase, tem uma animação surpreendentemente bem animada do
lançamento, com uma voz digitalizada fazendo a clássica contagem da NASA. Mas passado esse momento legal, o "jogo" de verdade começa: uma série de mini games de apertar botões. Eu sei que todo videogame pode ser quebrado em uma série de apertar botões, mas neste caso é LITERALMENTE isso que eu estou dizendo.


Primeiro você tem que girar o foguete... pertando B quando a barrinha estiver no marcador azul claro...


... então acelerar, que é usar o direcional para fazer a seta de baixo acompanhar a de cima...


... então é hora de separar o foguete de impulso (Solid Rocket Booster Separation), o que é uma forma elegante de dizer apertar o B quando a barrinha estiver no azul claro de novo...


... "acelerar" mais uma vez...


... dar uma corrigida no angulo usando a barra azul clara...


... separar o foguete principal, vocês já sabem como...


... alinhar as setinhas para corrigir o angulo mais uma vez...


... e voila, você está em órbita! Easy breezy peazy, huh?

Nas missões seguintes mais quick time events são adicionados (como ficar alternando entre apertar A e B, ou acompanhar uma linha senoide com o direcional), mas nunca foge muito disso. O mesmo vale para o procedimento de reentrada que tem alguns micro games exclusivos, mas nada muito radicalmente diferente também. E meio que isso é o jogo, na verdade.

A parte de decolagem e reentrada é basicamente igual em todas as missões - só muda a quantidade e dificuldade dos joguinhos - o que realmente muda são suas missões quando você está no espaço. Sim, pq ao contrário do que você pode pensar a NASA não gasta milhões para mandar coisas para o espaço apenas porque estava entediada, você tem trabalho a fazer por lá! Quando você está no espaço, você precisa jogar uma espécie de Frogger em gravidade zero para completar sua missão antes de voltar a nave e se deleitar com os braços de todas as novinhas sedentas por nerds espaciais.

Na primeira missão você tem que colocar um satélite em órbita, desviando dos outros milhões de satélites que já estão lá ...


... uau, são realmente muitos satélites, de repente Wall-e parece realmente acurado...  de qualquer jeito, a segunda missão é sobre levar peças da sua nave para construir uma estação espacial...


... desviando de satélites que estão passando. Cara, a gente realmente tem um problema com lixo espacial, não tem?


Na terceira missão precisamos levar peças da nave para consertar um satélite desviando de bolas de cereal de chocolate (ou isso, ou temos um sério problema de cabras espaciais), na quarta desviar de mais satélites para salvar um cosmonauta russo perdido e por aí vai. Não é mais complexo do que você veria em qualquer joguinho em flash, realmente e... agora sim, isso é tudo que já para jogar no jogo.


Usar o direcional para manter as imagens alinhadas é um dos mini games exclusivos de reentrada

Quick Time Events de decolagem, missão do frogger espacial, quick time events de reentrada, enxague e repita por seis missões. Mas hey, veja o lado bom: terminando o jogo você tem uma imagem digitalizada em 8 bits do presidente George Bush pai.


O melhor presente de aniversário que qualquer garoto poderia querer ou o que, hã?