Essa é a capa de jogo mais maneira do NES que eu consigo lembrar, se tivesse visto na locadora quando criança alugava certo! |
O jogo de hoje é o Mestre da Espada, um Poke-em-up de 1990 da Athena (a única empresa que eu conheço que lançou CINCO jogos diferentes de boliches para diferentes consoles), e eu direi desde agora que o título não se refere ao herói do jogo.
Nosso herói pode esfaquear sua espada diretamente ou balançá-la sobre a cabeça, e só. Eu não sei vocês, mas isso não parece ser suficiente para ser chamado de "mestre da espada". Não, ele é mais um aprendiz da Espada.Um amador entusiasta da espada, se você preferir. Vamos esperar que a habilidade básica seja suficiente para faze-lo sobreviver a esta esta aventura.
Não há muitos em evidência na tela do título - o logotipo é um pouco art nouveau e está em chamas, mas não está fazendo muito para capturar meu interesse. Podemos apenas esperar que o enredo seja um pouco menos genérico...
... mas acho que estou esperando demais.
Temos um mago malvado conversando com um espelho mágico. Eu não acho que estou fazendo muita suposição sobre a moralidade deste mago, ele está vestindo um manto feito de partes escorpião e as velhas cortinas da minha vó. Você não veria Gandalf ou o Dumbledore vestindo em algo assim. Nah, pensando bem, é exatamente o tipo de coisa que você veria o Dumbledore vestindo sim...
Aqui temos o mago de perto. Ele esta rabugento porque ele comprou seu uniforme online e não percebeu que estava em um site especializado em cosplays de Yu-Gi-Oh. Bem, agora ele vai ter que dominar o mundo vestido de Mago Negro. Parece
que ele está realizando seus encantamentos sombrios com um balde na cabeça, e nem sequer sua mascara de tartaruga ninja favorita pode animá-lo.
Depois de alguns raios e imagens do Mochila de Criança, o que significa que o mago esta lidando com coisas que não vão acabar bem para nenhum dos envolvidos, aparece uma moça (que tem uma chance de noventa e cinco por cento de ser uma princesa), é seqüestrada, então acho que minhas esperanças de um enredo não clichê estão oficialmente mortas.
Bem, não é tão importante. Super Mario Bros. 1 tem o mesmo enredo e é um dos melhores jogos já feitos. Aviso: Sword Master não é tão bom quanto o SMB1. Tenho certeza de que você imaginou isso, mas não queria te dar esperanças por acidente.
De fato os videogames dessa época estão tão viciados nessa coisa que a moça só aparece dois segundos e nós já sabemos tudo que precisamos saber sobre ela. Que seria que ela descobriu que tem um pinto quando fica excitada (vide seu olhar para baixo), se todos os mangas que eu li na vida servem de parametro.
Nosso herói então aponta para o castelo em uma noite tempestuosa e diz "eis que sinto uma princesa pirocuda naquele castelo! Espetarei minha espada em cada homem, animal e homem-animal em meu caminho até ter este falo real em minhas entranhas!".
Quer dizer, eu sei lá. Tem um cavaleiro, apareceu um mago do mal, tem uma guria tonga sequestrada, são onze da noite e ainda estou em conflito existencial pela bosta colossal que fizeram com o Luke no episódio 8 de Star Wars que de outra forma seria um filme perfeitamente apreciavel, o que vocês querem de mim?
Alias porque eu continuo prestando atenção em histórias de jogos de 8 bits quando os proprios produtores claramente pararam de se importar a muito?
Mas enfim, continuando...
E lá vamos nós, com nosso herói fazendo cosplay de Naruto medieval enfrentando um bando de morcegos. Porque se vai ter uma princesa sequestrada, é claro que vai ter que ter um bando de morcegos ou isso não é um jogo de nintendinho!
Eu sei que muitos jogos NES podem ser descritos como andar da esquerda para a direita e bater em coisas, mas essa é uma descrição ainda mais precisa do que o habitual no caso do Sword Master, porque você não pode se virar. Sempre enfrentando seus objetivos com convicção inabalável, esse é o nosso herói.
Por enquanto, no entanto, estou simplesmente usando minha espada para matar esses morcegos que não parecem particularmente investidos em atacar o jogador. Se você ignorá-los, eles voarão perto de você e irão embora, mas eu não comecei a jogar um jogo chamado Sword Master para NÃO bater nas coisas com uma espada. De qualquer forma, eles são morcegos e este é um videogame, então eles são obviamente bastantes malvados, demoníacos e eles certamente não vai ser bom que eles cheguem onde eles querem chegar . Estou apenas salvando algum outro pobre aventureiro de ter que lidar com eles mais tarde.
O interessante sobre esse jogo é que ele é o primeiro (e possivelmente o único) jogo de Nintendinho que usa quatro botões. O A pula, o B ataca, e o A Turbo pula com o dobro de altura. E tem que ser com o botão de turbo, porque apertar rapidamente o A não faz muita coisa. Estranho.
Mas nada disso importa pois um vil esqueleto se aproxima! Ele
se aproxima bastante devagar, na verdade, a musculatura magica fornecida pelo necromante que o animou é de uma qualidade altamente questionavel. Sim, eu sei que o necromante provavelmente vai dizer "faz melhor então", e de fato eu realmente não sei como animar uma ossada, mas isso não muda o fato de que ele anda a 0,5km/h.
Dois dias depois, quando ele chegar até mim, ele finalmente pode começar a tentar me atacar com o pedaço de pão que ele foi armado. Sabe, eu realmente não acho que esse necromante fazia muita ideia do que estava fazendo...
Aí você pode me perguntar porque eu tenho que esperar ele vir até mim e não ir até ele simplesmente gritando LEROOOOOOOOOOOYYYY JEEEEEENNKIIIIIINSSSSSSS como é o dever legal de todo bom guerreiro. Bem, isso acontece por causa da forma que esse jogo foi programado: se você se aproximar de um inimigo ele salta para longe de você, e vai recuando até sair do seu alcance e mesmo da tela.
A única forma de atingir um inimigo é pular e cair bem na frente dele quando ele estiver atacando, porque já que ele não pode fazer duas animações ao mesmo tempo então ele estará vulneravel.
Repita comigo: pulão (e se você não tiver um controle com botão de turbo, como O NINTENDO ORIGINAL NÃO TINHA, sentou na graxa, espartano!)..
... e cair na frente do inimigo quando ele estiver no sprite de animação vulneravel.
Desnecessário dizer que isso é tão lento, e divertido, quanto soa. Agora quer saber a má noticia? ISSO É O JOGO. Quer dizer, todo ele!
Tirando os lobos e morcegos, todo e cada inimigo que você enfrenta nesse jogo na verdade é um duelo de ficar esperando ele vir para o meio da tela, ficar saltitando, torcer para cair no frame de animação certo e dar um golpe. TODO E CADA INIMIGO!
Sério, quem, mas apenas me diz quem em seu juizo perfeito em um sabado a tarde estava jogando Prince of Persia e disse: "quer saber? Esses combates com os guardinhas são a melhor parte do jogo! Acho que vou tirar essa coisa de plataforma e fazer um jogo que é uma sequencia dessas lutas uma atrás da outra!"
Isso aconteceu, e esse jogo é Sword Master!
Porque isso aconteceu? Como a seleção natural explica uma raça que evolui para DELIBERADAMENTE fazer uma coisa dessas? Puta que pariu, esse jogo vai me desconverter do ateísmo, porque só a existencia de um deus (particularmente filho da puta) explica a existencia desse jogo.
É difícil ter que escolher o que eu mais gosto nesse texto, mas se eu tivesse que apontar seria como o comentário sobre o som totalmente não bate com a nota |
É claro que, como não poderia deixar de ser, a hit detection desse jogo é altamente zoada e você acertar ou ser acertado as vezes é mais questão de sorte do que timing, embora na maior parte do tempo é sorte E timing.
Alguns inimigos, principalmente os últimos chefes, tambem disparam projeteis que você precisa bloquear com o seu escudo, mas isso não muda muito a mecanica do jogo. Bloqueia, pula para cair dentro do alcance da sua espada, torça para que ele esteja ocupado com a animação senão ele foge de você. Enxague e repita para TODO E CADA INIMIGO DO JOGO.
Eu ia dizer o quanto o jogo é visualmente inspirado em Castlevania (se você ver as fotos parece um jogo da série da Konami) para vender mais por causa das revistas (anos 90, lembra? Sem YouTube, só fotinhos nas revistas) e que a partir da terceira fase você pode trocar seu personagem, exatamente como Castlevania III... por outros personagens que são fotocopiados de Castlevania também.
Se você sempre sonhou em ver a Sypha como um tiozão de meia idade enfrendo o Godzilla, esse é o jogo pra você |
Tipo tem o maguinho de manto branco que dispara bolas de fogo (ou seja, igual a Sypha), mas que não muda muito a mecanica porque os inimigos só defendem seus projeteis e você tem que fazer mesmo é o bait e attack do Prince of Persia. Para todo e cada adversário do jogo, acredito que eu não tenha estressado esse ponto o suficiente.
E a magia gasta mana de qualquer forma, que nesse jogo aparece como "EXP". Quer dizer, de fato você ganha experiencia matando inimigos e se encher aquela segunda barrinha sua barra de life sobe, mas é essa mesma barra que você gasta. Porque a experiencia e a mana são a mesma coisa? Because fuck you, that's why!
Enfim, sei lá cara... porque alguém faz um jogo assim? Quando você encontrar alguém que negue que o holocausto aconteceu, apenas mostre esse jogo. Ele prova que a nossa espécie é realmente capaz de absolutamente qualquer coisa.
Suponho que possa funcionar para quem achava aqueles mini-duelinhos de Prince of Persia o máximo e sempre quis um jogo só disso, mas... QUEM DIABO ACHAVA ISSO?
Na moral... sem mais,
flw vlw