sábado, 9 de dezembro de 2017

[AÇÃO GAMES 010] PRINCE OF PERSIA (PC, 1989) [#087]


As noites da Arabiaaaaaa, e os dias tambéeeem... é sempre tão quente, que faz com que a gente se sinta tão bem!

Sabe, se eu tenho uma certeza na vida é que quem escreveu a adaptação da música tema de Aladdin com certeza estava em uma sala com ar condicionado. Vem se sentir vem no busão das seis e meia dia 20 de dezembro, seu filho de um limoeiro! Por outro lado, é o mesmo cara que colocou "orgias demais" em  uma música da Disney, então tenho sentimentos mistos a respeito deste cidadão.

O mais legal é que nas versões revisadas a Disney tirou o "cortar sua orelha" mas deixou o "orgias demais". Lindo.

Mas não criem expectativas, porque o jogo de hoje não terá orgia nenhuma. Hoje é dia de clássico no Projeto Mestre Supremo dos Games e esse não é um dos pequenos! Hoje jogaremos Prince of Persia!

Nossa história começa quando o Sultão da Persia está fora do país lutando na guerra e em seu lugar o terrível vizir Jaffar decide que gostou do estofado do trono e quer permanecer no cargo. Como? Simples, casando com a filha solteira e moçoila do Sultão. Seus felizes planos são arruinados quando a moça inexplicavelmente não quer casar com um homem 30 anos mais velho e que tem cara de quem pretende abrir uma rede de pastelarias na Persia


Poxa, a Lily Allen aí se alistou nessa porque a ultima vez que ela viu o fodelão da Persia era o Rodrigo Santoro, não o Hernanes Profeta!



Enfim, ela decide continuar não querendo casar com ele mesmo depois do vizir conjurar uma ampulheta de areia na frente dela. Essas mulheres viu, nunca estão satisfeitas com nada! O que mais um homem pode possivelmente precisar fazer para conseguir uma taca taca la petaca alem de conjurar uma ampulheta?

Diante da incompreensível negativa da princesa, o vizir Hernanes então recorre a única alternativa razoavel: dar uma hora para a princesa se casar com ele, ou do contrário ela vai fazer backvocal com os Mamonas Assassinas. No Super Nintendo são duas horas, porque sobrou uma verba de indenização e o castelo foi ampliado, então ele vai precisar de um tempinho extra para encontrar o quarto da Princesa novamente.

Talvez essa inexplicável relutância tivesse algo haver com Princesa já ter prometido seu dollynho para um misterioso viajante que parou no castelo para perguntar onde ficava o Posto Ipiranga, ao que o vizir reagiu o jogando na masmorra ... até porque 97% do castelo é masmorra, não é como se ele tivesse muita escolha. Sabe, eu não tenho tanta certeza assim que tomar o reino das mãos de um sultão que constrói um palacio desses é a pior coisa que poderia acontecer com a Pérsia realmente.

Poxa, até agora sabemos que o vizir consegue conjurar ampulhetas de areia enquanto o sultão constrói masmorras mortais de 20 andares de altura. Me parece uma escolha bem clara!  #Jaffarmito1018!

De qualquer forma, Jaffar estava na parte em que achava que a princesa já ter um namorado poderia afetar seus planos de casamento, então ele o jogou no calabouço. E então riu malignamente disso por um tempo enquanto torcia seus bigodes.

Poucas coisas serão mais engraçadas no SNES do que esses guardas fazendo fila para esperar a vez de espancar o "principe". Jamais saberemos porque essa cena foi cortada da versão americana do jogo...

Sabe, olhando em retrospecto provavelmente teria sido mais esperto só matar o cara. O vizir sequer ameaça sua execução para chantagear a princesa. Na versão original, ela nem sabe que seu namorado foi capturado e assume que ele está a caminho de salvá-la, dando-lhe ainda mais razões para não se casar com Jaffar. Você realmente precisa de um assistente para te ajudar com os teus planos Jaffs. Estou seriamente considerando a carreira de consultor de vilões, esse povo precisa de mais ajuda do que eles podem perceber percebem (porra Valdemar, como que tu não consegue matar um bebê! UM BEBÊ, a coisa mais morrivel da humanidade, é só deixar ele virado de lado que ele morre sozinho!)

De qualquer forma, seu papel como o forasteiro perdido agora é interferir na politica local do oriente médio (ou seja, certeza que esse cara é americano) e de lambuja tornar-se o novo PRINCIPE DA PÉRSIA!

Essa é a introdução do jogo, e uma coisa que você tem que saber é que Prince of Persia é provavelmente o jogo mais refeito da história dos videogames. Existem versões do jogo para todos os videogames imaginados pelo homem e para cada uma delas os níveis são diferentes! Mesmo em videogames tecnicamente similares como o Mega Drive e o Sega CD. Holy macaroni, Batman, haja vontade de desenhar niveis de masmorras!

E claro, como não poderia deixar de ser temos aberturas diferentes também.

No Mega Drive a história é contada com uma animação que tenta ser realista ...




 ... e que por algum motivo parece que o Jaffar vai começar a cantar um hit de sofrencia olhando a princesa. O legal da abertura do Mega Drive é que aparece umas 3 imagens do Jaffar, 2 do principe e 2 da princesa... E EM CADA UMA DELAS ELES PARECEM SER PESSOAS DIFERENTES!

Bem, pelo menos a penultima imagem que aparece da princesa é a coisa mais bonita que você verá desenhada em toda história do Mega Drive. A menos que você seja um loser sem vida social que se apaixona por toda mulher que você visualizar na sua mente, nesse caso tenho más noticias para você.

Hahahahahaha mas que loser hahahaha... haha ... ha... ha... ha... * começa a chorar compulsivamente*


Já no SEGA CD a coisa muda completamente de figura e a abertura é FULL ANIME! Because anime fuck yeah!




Aí você estar pensando: o que seria melhor do que uma abertura em anime? Ora, é claro que os americanos tinham a resposta: anime sendo dublado  como se fosse um filme pornô! Não, sério, escuta só esse dublagem e me diz se não parece que a qualquer momento o principe vai dizer "parece que esse encanamento precisa ser conferido" antes de rasgar a camisa

Que foi? Eu não assistir tantos pornôs quanto vocês acham que eu assisti, tá bom? Sério, apenas assista essa abertura, é a melhor dublagem do Jaffar falando enquanto come farofa que você ouvirá em toda sua vida.

Mas enfim, a abertura do Sega CD tem a pior dublagem que eu já ouvi na vida, e com certeza é a minha segunda abertura favorita desse jogo, afinal onde mais você tem um herói que pode dizer "Vou acabar com suas ambições para sempre!" enquanto segura uma pedra ensanguentada que acabou de acabar com as ambições do guardinha morto ao fundo?

O primeiro lugar, caso queira saber, vai para a abertura do Nintendinho onde não tem intro nenhuma, só uma tela de password. Se você colocar o password errado, o Principe ajoelha e morre. Sim, esse é um jogo onde você pode morrer na tela de menu, e você achando que Demon's Souls era grande coisa por te matar no tutorial!


Quando eu digo que esse é o jogo mais adaptado de todos os tempos, não é brincadeira. Ele saiu para todos os consoles que podia sair, tendo mais versões do que a série de videos adultos "Elas gostam mesmo é de sentar". Ambas também usam os mesmos atores, a julgar pela intro do Sega CD.



Achou que eu tava brincando?

Mas enfim, Principe da Persia que não contem nenhum principe realmente e muito provavelmente não se passa na Persia (atualmente o Irão, como dirião nossos patricios portugueses) continha algo muito importante para a época e talvez o principal motivo de toda popularidade do jogo: O ROTOSCÓPIO!

Ó MEU DEUS, NÃO O ROTOSCÓPIO, TUDO MENOS O ROTOSCÓPIO!

Mas... o que é a rotoscopia?

Bem, rotoscopia é, alem de uma palavra muito legal de se dizer, a tecnica de filmar uma pessoa então transcrever quadro por quadro as imagens da filmagem para desenhos. Isso permite animações muito mais realistas repletas de detalhes da movimentação humana que um desenhista não pensaria por conta própria.

Os estúdios Disney tornaram essa tecnica popular em seus longa metragens, filmando atrizes então desenhando o que filmaram. Dava um trabalho do cão, mas era o mais perto que se podia ter de captura de movimentos naquela época.

Como essa tecnica é muito trabalhosa de ser feita (o que significa "cara"), não é de se admirar que os estúdios tendessem a reaproveitar o maximo de movimentos possiveis. Que era o que a Disney fez com bastante frequencia até.


E agora você sabe o porque disso, e saber é metade da batalha! Alguns estudios menores também usavam a rotoscopia para dar uma impressão de qualidade a animações que não possuiam nenhuma, e você vê bastante disso nos desenhos pavorosos da Filmanimation dos anos 80.

Essa tecnica foi usada em bem poucos games (já que orçamento e tempo eram luxos que os jogos não tinham em comparação a Disney ou um estúdio sendo bancado pela Mattel), e a maioria deles é o mais absoluto lixo de qualquer maneira.

Sério, estou falando de perolas do calibre de Lester, the Unlikely e Blackthorne (até onde minhas memórias de infancia vão, também conhecido como "o único jogo ruim da Blizzard de todos os tempos", mas posso estar enganado, saberei quando chegar a hora)!


Para a época, era visualmente impressionante o quanto os movimentos do "principe" eram realistas. Como ele escalava, como o corpo dele tinha peso quando ele mudava de direção no meio da corrida, tudo isso era de um nível de detalhe sem precedentes em 1989.

No caso, Jordan Mechner filmou seu irmão e transformou esses movimentos em sprites de animação - o que foi um resultado fluidamente impressionante.



Outra coisa que eu gosto bastante nesse jogo é o level design das fases. Embora não seja funcional como castelo (sério, como o vizir vai na cozinha tomar água?), a arquitetura propicia um desafio muito bem desenhado. Seu objetivo em cada fase é achar o botão que abre a porta para o próximo andar e sair, mas para fazer isso Prince of Persia se assemelha muito mais a um puzzle do que um jogo de ação.

Não é raro você encontrar um botão que abre um portão que não tem como você chegar a tempo antes que ele feche, apenas para você descobrir que tem que subir a fase toda apenas para derrubar uma lage em cima do botão que o manterá pressionado. De modo geral, eu gosto dos desafios desenhados no jogo e a coisa de descobrir onde você tem que ir e como chegar lá é bastante interessante.

Em um dos plot twists mais impressionantes da história dos videogames, a Ação Games deduziu que o Jaffar é que esta tentando escapar da masmorra. E que Vizier é, por algum motivo, nome próprio. Ou seja, eles compram as drogas dele no m esmo lugar que o Booker T.
Ação Games ajudando com os portões é praticamente o Guia do Mochileiro da Galaxia


Isso vai parecer estranho de se dizer, mas sabe o que Prince o Persia parece? Tomb Raider. O original, do PS1. A sensação de jogar o jogo é bastante similar, guardadas as devidas proporções e os magumbos da Lara Croft.

Tomb Raider é o que eu chamo de "jogo de ação matemático", porque a essencia do jogo é contar seus passos para conseguir dar o salto preciso - que inclusive tem a sua unidade de medida padrão, que é o "salto de três passos para trás" da Larinha.

O principe opera sob essa mesma teoria, embora não se possa dizer que sob a mesma pratica já que Prince of Persia foi um jogo desenhado para ser jogado com um teclado. Não um joystick, mas especificamente um teclado de 1989.

O quão bom isso pode ser?

Prince of Persia é um jogo que te exige movimentos absolutamente precisos, então te dá um par de luvas de boxe para faze-los. Não há movimento preciso aqui. Você não tem total controle sobre a corrida do personagem e não pode fazê-lo parar quando quiser. Metade das vezes você morre porque ele acabou correndo porque não parou onde você mandou ele parar. Porque que graça tem salvar a princesa se não for usando um par de patins, não é mesmo?

Prince of Persia resumido em um GIF
 Escalar é ainda mais frustrante. Os movimentos do Príncipe são ridiculamente limitados, então ele só pode saltar para cima quando não está se movendo, e para escalar você tem que estar no pixel correto - o que, graças aos seus pezões que calçam 72, você nunca vai estar. Quando você considera a precisão de falta de movimento acima mencionada, a tarefa é dolorosa. 
 
Outra parte muito irritante é o movimento lagado. Todas as ações que você faz são seguidas por uma animação lenta e deliberada que faz você se sentir como se estivesse assistindo o jogo em câmera lenta. Não há urgência no movimento e as animações se sentem letárgicas, roubando o jogo de uma sensação de energia e atrapalhando muito o timing dos seus pulos. 90% das vezes que você morrer (mortes desnecessariamente redundantes, como cair de colocar espinhos no fundo de um poço que te mataria só pela queda) será culpa do jogo. 


Não obstante, cada fase precisa ser jogada no minimo duas vezes. A primeira para saber o que você tem que fazer, a segunda para fazer dentro do tempo de duas horas. Isso, supondo é claro, que você tenha decifrado os controles lentos e faça todos os saltos pixelmente precisos sem morrer. DICA: você não vai.

 
E eu não vou nem começar a falar do combate mais tedioso já bolado por uma mente humana. Claro, esperar a abertura do seu oponente em um duelo de esgrima é uma abordagem interessante, mas precisava ser TÃO lento? Os inimigos precisavam ter TANTA vida?

Porque o problema nem é que é dificil e sim no quão artificialmente demorada a coisa toda é!

Na pratica o que acontece é que uma vez que você descobre  que tem que fazer, Prince of Persia se torna um grande Quick Time Event. Na maior parte do tempo Prince of Persia parece muito mais com Dragon Lair do que com Mario, saiba você.

Então, se você gosta de um jogo que dê ênfase ao aprendizado repetitivo do layout das armadilhas, para então contorna-las de uma maneira tão rápida quanto possível usando os controles menos responsivos dos anos 80, então este jogo é para você!

VERSÃO PARA SNES
Edição 016




EDIÇÃO 019

 

VERSÃO PARA NINTENDINHO
EDIÇÃO 032


VERSÃO PARA MASTER SYSTEM
EDIÇÃO 047



VERSÃO PARA MEGA DRIVE
EDIÇÃO 056


Edição 136 (Fevereiro de 1999)




VERSÃO PARA MEGA DRIVE
Edição 001