[AÇÃO GAMES 014] BACK TO THE FUTURE 2 (Master System, 1992) [#182]

Algum dia, temo que um dia não tão longe assim, civilizações futuras escarvarão os escombros da nossa própria civilização em busca de resposta de quem nós fomos e porque gostávamos tanto de falar em voz alta mesmo que não tivesse alguém ouvindo ao ponto de construirmos duas redes sociais simultaneamente para esse proposito. O que mais intrigará os aliens ou neo-mutantes, no entanto, será o aparente ódio absoluto que nós temos pela trilogia de filmes De Volta para o Futuro.

Eles então pegarão sua máquina do tempo e retornarão até os nossos dias com a finalidade exclusiva de perguntar o porque de tanto ódio. Surpresos, eles descobrirão que não, na verdade nós gostamos de De Volta para o Futuro.

Mais intrigados ainda, eles então perguntarão porque tanto esforço, através de repetidas tentativas, em fazer desta franquia o pior videogame de todos os tempos. Nós não temos uma resposta para isso, mas temos De Volta para o Futuro 2 para Master System.

Como muitos jogos caça-níqueis de Master System, De Volta para o Futuro 2 é na verdade uma coleção de minigames. Como eles conseguiram tornar cada um desses o pior acontecimento em seus respectivos gêneros é algo a ser estudado pela NASA.

A primeira fase é o que mais aproximadamente, tenta ser um jogo de navinha. Enfase no "tenta". Você aperta os botões no controle e torce para que isso tenha alguma influencia sobre controlar Mcfly em seu skate voador. Eu não estou brincando, eu joguei todos os dez minutos que a primeira fase dura e não posso colocar minha mão no fogo sobre o que cada botão do direcional faz.

As vezes apertar para frente faz o personagem avançar na tela, as vezes faz ele ir para cima, as vezes não faz nada. Isso para não dizer quando seu personagem começa a ser sugado em alguma direção aleatória, como se um campo gravitacional houvesse surgido ali.

Não fosse difícil o suficiente jogar contra o seu controle, o jogo tem um problema muito grave neste setor: tocar em seus inimigos faz você perder vida. Ok,normal. O problema é que os gráficos no jogo não correspondem ao hitbox dos obstáculos então em quase totalidade do jogo você vai estar perdendo vida sem estar encostando em nada na tela. Honestamente, não existe diferença nenhuma em jogar esse jogo com o monitor desligado.

Se você conseguir me dizer o que está tirando vida do Mcfly nessa cena, lamento informar que você é o X-Men com os piores poderes ever.

O que é um problema enorme, porque não existe modo de eliminar os inimigos na sua tela. Sua única esperança de se livrar deles é torcer para que eles enrosquem em um glitch no cenário e parem de te acompanhar - o que acontece muito frequentemente. Eu não estou brincando, sua única chance é torcer para os inimigos bugarem.

Um dos botões do controle pula, o outro faz Marty olhar o relógio de pulso. Eu demorei muito para entender porque tinha um botão para ele olhar o relógio, até entender que ele não estava olhando o relógio: aquilo era o "soco" dele. Isso funciona tão bem quanto a descrição sugere.

Como eles conseguiram errar todo e cada simples detalhe do jogo é algo que até desenvolvedores de jogos para celular Nokia Tijolão se apavoram.

Porém, ao contrário do que você possa imaginar esse jogo não é dificil e eu diria que é muito pouco provavel que você não veja a segunda fase. Não porque é possível jogar esse jogo, mas porque se você apertar para baixo e pulo com o jogo pausado ele pula para a próxima fase. Eu descobri isso acidentalmente, nem um código eles se deram ao trabalho de programar!

A segunda fase é um puzzle em que você tem que abrir as portas da casa para que Jane consiga sair sem ser visto. Boa sorte tentando descobrir quem é a Jane. Ah, e o puzzle tem um limite de tempo - porém eles não programaram para acontecer nada quando o tempo termina. A fase apenas reinicia because fuck you, that's why.

Volta aqui seu Marty, o senhor já fez o seu cartão Renner?

Quanto a terceira fase, eu apenas recuso chamar aquilo de "fase de plataforma" pois isso seria uma ofensa a todo e qualquer um que já parou para aprender a programar um jogo na vida. Marty tem que avançar pela rua, e a enfase aqui é avançar porque inimigos aparecem dos dois lados da tela porém os que aparecem na esquerda não conseguem te alcançar se você correr como um louco. Então a coisa aqui é correr com uma horda de inimigos que spawnaram a esquerda correndo atrás de você  a fase acabar ou o jogo bugar de tanto mob acumulado.

Depois disso vem mais um minigame, e apenas porque isso é De Volta para o Futuro, é claro que tinha que ser o pior minigame jamais inventado pelo homem:

Porque não, é claro que não. Apenas fazer um jogo vagamente funcional não seria suficiente. Eles tinham que cavar no lodo dos puzzles para encontrar o mais irritante puzzle já bolado pelo ser humano, o de deslizar pecinhas. Apenas é claro que sim.

Uma vez passado esse suplicio, o jogo encerra te lançando uma fase igual a primeira com todos os seus inúmeros defeitos e nenhuma qualidade. O primeiro e o último níveis são monótonos e frustrantes. A detecção de colisão é terrível, o método de controle é muito pobre e os sprites parecem surgir do nada, não dando a chance de evitá-los, a menos que você memorize exatamente onde eles aparecem. A seção de beat 'em up também é patética

O que temos aqui é o pior jogo que eu já vi na  minha vida. Mesmo os jogos ruins que eu joguei ao menos se dão ao trabalho de relacionar o que aparece na tela com os botões que você aperta, esse não vai tão longe. Minha única real surpresa com esse jogo foi ele não ter sido re-lançado pela Ubisoft como um Assassin's Creed, pq qualquer outra empresa no mundo teria vergonha de lançar esse jogo.

É tão ruim que eu não tenho nem bom humor para zoar esse jogo como se deve, apenas relatar os crimes que acontecem nele já tomou o melhor de mim. Nem testaram o joguim.