sexta-feira, 9 de agosto de 2019

[AÇÃO GAMES 025] F1 ROC: Race of Champions (ou Exhaust Heat no Japão) [#253]


 Ok, antes de começarmos tem uma coisa que eu preciso esclarecer: até onde me consta, o "ROC" do titulo F1 ROC é a abreviação de "Race of Champions". Então o nome do jogo na verdade é F1 Race of Champions: Race of Champions? Quer dizer, quê?! Em que planeta isso faz o menor sentido?! 

Aff, mas enfim, vamos começar...

Na época do Super Nintendo, fazer um jogo era relativamente barato. Estimasse que a produção de um jogo de SNES custava algo entre 50 e 300 mil dolares. O que certamente não é um dinheiro que eu tenho guardado embaixo do colchão nesse momento, mas também não é inconcebível imaginar que uma pessoa sozinha pudesse bancar um jogo.

Claro que hoje isso é possível se estivermos falando de um jogo indie, mas um jogo AAA esta fora do alcance dos meros mortais.

Isso acabou gerando o incrível fenomeno de "ir na onda" de jogos de sucesso porque o negócio era atirar tudo na parede e ver o que colava. Sonic fez sucesso? Vamos atirar um clone com uma figura licenciada e ver se dá certo (daí nasce o jogo do Papa-Léguas). Lemmings fez sucesso? Vamos tentar algo parecido usando os Simpsons porque toda edição da Ação Games tem que ter um jogo dos Simpsons (e assim surge Krusty Super Fun House). E assim por diante.

Então quando F-Zero lançou, mostrando como o uso do mode-7 do Super Nintendo poderia revolucionar os jogos de corrida em um cenário futurista com carros que pareciam se mover a 400 km/h...


... alguém foi lá e pensou "hmm, talvez dê certo a gente copiar esse jogo porém usando a Formula 1 no lugar de carros futuristas".  Esse alguém seria a SETA, mais conhecida por ter cometido a abominação que é o jogo do Mágico de Oz no Super Nintendo. Não há cartão de visitas melhor do que ter um episódio do AVGN sobre o seu jogo, é o que eu sempre digo.


QUANDO FOI QUE VOCÊ DISSE ISSO?

Eu não... quer dizer... apenas... apenas, tá bom, ok? Hmm? Aham, continuando, então a Seta teve a ideia de adaptar F-Zero como um jogo de Formula 1

OH, MAS ENTÃO ELES TINHAM A LICENÇA DA F1, ISSO JÁ É ALGUMA COISA!

Err... então, a respeito disso...


... algumas "adaptações" foram feitas. Ayrton Senna virou A. Seta, Nigel Mansel virou N.J. Myden, e de alguma forma Maurício Gugelmin virou M. Flaerty apenas porque foda-se, ninguém liga para Mauríio Gugelmin. O fato é que eles pachorrearam os nomes dos pilotos e sairam correndo porque é assim que os anos 90 rolavam.

Aqui você assume o papel de dono de equipe e do piloto. Você começa o jogo com pouco dinheiro e ganhará mais com as corridas - obviamente, quanto melhor você for, mais você ganhará. Não é possível modificar nada estéticamente no seu carro, mas é possível comprar peças melhores como motor, suspensão, pneus, bico do carro e aerofolio traseiro e... nitro. Espera, a Formula 1 tinha nitro em 1992? Eu não acho que tem nem hoje, mas enfim, onde houve espaço para melhoras é a oportunidade de um homem, é o que eu sempre digo.

NOVAMENTE, VOCÊ NUNCA DISSE...

Jorge, apenas... tá bom, ok? Só ok, hm? Mas enfim, o curioso é que ao comprar o motor seu carro anda mais rápido, dã, no shit Sherlock...

A animação de desmontar o carro pra instalar o motor novo todo é bem maneira, na verdade
 
...  mas as outras peças são... menos intuitivas no que elas melhoram...


 Hmm, aparentemente comprar uma suspensão hard faz aumentar a setinha de CD e Brake mas diminui a setinha do grip. Isso é... bom... eu acho? Sério, eu não faço a menor ideia do que esses upgrades significam, suponho que comprar o mais caro seja melhor e era isso.

Bater o seu carro também diminui a quantidade de dinheiro que você recebe, já que o carro de F1 tem que passar pelo Martelinho de Ouro antes de poder ser tunado. Faz sentido pra mim. De qualquer forma, chega de perfumaria e vamos falar do jogo em si. 

Você pode optar por uma corrida de teste, que lhe dá duas voltas para se familiarizar com a pista, ou pular direto para a corrida. O que é a única opção real, testes são para comedores de quiche e academicos de semiótica comparativa. Aqui você deve primeiro qualificar para a corrida antes de tomar o seu lugar no grid e correr entre oito carros. Cada temporada consiste em 16 corridas com base no que na época eram as corridas reais no calendário da F1, mas por algum motivo as pistas são fora da ordem certa do campeonato.


Eu não sei porque as corridas são fora da ordem, mas por algum motivo isso me incomodou mais do que eu achei que iria. Monaco como penultima corrida do ano? Enfim...

Quanto a corrida em si, bem, como eu disse ela é o que se pode esperar de alguém tentando recriar F-Zero sem o mesmo empenho ou talento que a Nintendo. O resultado é, surpreendentemente, um F-Zero do homem pobre. Oh, a surpresa.


Você não sente que seu carro está indo a um bazilhão de quilometros por hora, como é esperado da F1, mas não é um jogo de corrida necessariamente ruim. Pode ser uma versão aguada de um jogo que eu já não considero o melhor que o SNES tem a ofercer, mas isso não quer dizer que é ruim. 

A unica coisa que realmente me incomoda é que é muito fácil você ficar completamente fora do corrida com um único erro, bastando uma curva mal feita para você acabar no muro.

AH, MAS É ASSIM QUE FUNCIONA NA F1!

Oh, então AGORA nós estamos sendo realistas? Não com nitro equipado nos carros, não com Monaco como penultima corrida e não com Ayrton Seta, mas AGORA virou importante o jogo ser ultra realista? C'MON!


Adicionalmente, encostar em qualquer carro faz o seu carro (e apenas o seu) rodar como se fosse o pião judeu da casa própria. Because fuck you, that's why.

Porém se tem algo que eu não posso reclamar desse jogo é da sua longevidade: F1 Roc não foi feito para ser vencido em uma única temporada, e provavelmente você não terá dinheiro suficiente para comprar as peças para disputar o titulo no primeiro ano, então o objetivo do jogo é que você jogue várias e várias temporadas.

O que pode não parecer o melhor uso do seu tempo, mas então, estamos em 1992. O que de muito melhor havia para fazer realmente?


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 086 (Maio de 2001)