quarta-feira, 9 de outubro de 2019

[AÇÃO GAMES 018] HOOK (SNES, 1992) [#271]



Existe uma categoria de filme muito especifico que eu costumo chamar de "filme do The Rock". A ideia é basicamente colocar o The Rock lá e tacar qualquer ideia que vai ficar, no minimo, assistivel. Não importa o quão idiota seja a ideia, não importa o quão inassitivel seria com qualquer outro elenco (sim, "Um Espião e Meio", estou olhando para você). Se tem o The Rock, vai na fé.

Bem, saiba você que nos anos 90 nós tinhamos algo parecido que eram os filmes do Robbin Williams. Ele tinha essa mesma magia de pegar as ideias que seriam a coisa mais "vai passar no Domingo Maior e ninguém vai ver" e transformar em filmes que você totalmente alugaria na locadora.

Como quando um executivo da Tristar Pictures propos um filme sobre o Peter Pan... mas o Peter sendo um tiozão workaholic na casa dos 40 que tem que reaprender a ser o Pedro Pão. O que seria uma ideia fadada ao executivo jogado pela janela ou ser estrelada pelo Will Farrel, não fosse contar com um dos melhores casts que o dinheiro pode comprar com Steven Spielberg, Dustin Hoffmann, Julia Roberts e Maggie Smith.


Sim, esse é o filme que o mestre Shifu sequestrou os netos da professora Mcgonnagal e agora a Uma Linda Mulher tem que ensinar o Peter Pan de 40 anos de idade a voar. É um filme bem doido quando você pensa por esse angulo...


De qualquer jeito, como é o destino inexoravel de todos os hits do verão daquela época, Hook virou videojogo para todos os consoles conhecidos pelo homem. A versão de NES eu já comentei aqui, então vamos falar sobre a versão de Super Nintendo que é um jogo 900% melhor... e ainda sim é ruim, o que só mostra o quão problematico é aquele jogo.

A boa noticia é que o jogo de SNES concerta quase todos os problemas do Nintendinho. O ataque do seu personagem agora é decente e você  não tem dificuldade em atacar os inimigos sem ser atingido (quão merda um jogo tem que ser para algo básico assim ser uma vantagem?), as fases não são labirinticas e você não fica mais rodando pelo mapa como o pião da casa própria.



Os gráficos são muito bonitos, lembrando os sprites grandes e vistosos que se consagraram nos RPGs da Squaresoft. Esse jogo até seria divertido de se jogar não fosse um problema, e um único problema apenas: ele se passa na lua.

Não, sério, seu personagem é tão lento que você literalmente tem que andar saltitando pelo mapa para conseguir se mover mais rapido do que meio quilometro por hora! Igual aos astronautas correndo na Lua!


Tudo é tão devagar nesse jogo que a sensação que dá é que você está tentando rodar um jogo muito pesado em um computador quinze anos defasado, só que isso não é computador, é um maldito Super Nintendo! Você deveria apenas ser capaz de plugar a fita e se divertir, então porque eu não estou me divertindo? Porqueeeeeee?!?!



Não fosse esse "pequeno" problema, Hook seria um jogo realmente divertido com fases bem desenhadas para um jogo de plataforma e batalhas com chefes que envolvem estratégias diferentes. Era só ter desligado o bullet time, porque não tem condições você conseguir apreciar o jogo quando entre pular e aterrissar dá tempo de ir fazer um miojo!

A mecanica para voar com o pó de pirlimpimpim seria um grande acréscimo realmente único a esse jogo, não fosse o fato que você é tão lento que antes de chegar em qualquer lugar a barra de mana já acabou.

Mas claro, só falar sobre como esse jogo é frustrantemente lento não pode te dar a dimensão exata dos problemas aqui enfrentados. Então porque apenas falar quando eu posso mostrar? Não, melhor que isso, vou mostrar um speedrun desse jogo! Olhe como um jogador profissional lida com esse gameplay tortuguitico!


... espera, o que? Como é que é? Não, não pode estar certo isso, ele deve estar usando algum tipo de cheat, tenho certeza. Deixa eu ver no manual, não pode ser uma coisa dessas...


Oh.

Apenas, oh.

[Produção, trilha 34, por favor.]



Eu não acredito nisso. Eu realmente não acredito. Eu joguei o jogo todo com a velocidade do Rubinho Barrichelo com a perna quebrada e... tinha um botão para correr? Tinha um maldito botão para correr e eu nunca tentei apenas segurar Y? Era só isso?

Eu... eu... eu falhei. Eu falhei com os videogames. Quem é este estranho que eu vejo diante do espelho e não consigo mais reconhecer?


Vou encerrar esse texto aqui. Eu não consigo mais enxergar através das minhas lágrimas.



MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 077 (Setembro de 2000)