quarta-feira, 2 de outubro de 2019

[AÇÃO GAMES 018] DINOCITY (SNES, 1992) [#269]

Eu sei que normalmente eu começo o post pela capa do jogo, mas esse aqui é especial. Imagine que estamos no coração dos anos 90 e seu chefe te pede para produzir a capa mais radical que você puder. A capa mais irada, mais pampa, mais as vera que você puder fazer. E  todas as outras girias dos anos 90 que você conseguir pensar, caso você seja um giriomaniaco.

Mas bem, de qualquer forma, a capa que você faz sob esta premissa só pode ser uma, é claro:


Nossa, essa capa é puro anos 90 destilados em uma única imagem, um eco do passado congelado no tempo, um grão de areia perdido para sempre nas praias da eternidade.

O jogo é mais ou menos.


Por incrível que pareça, a Ação Games fez um bom resumo desse jogo porque ele realmente tenta muito ser Super Mario World, porém a Irem Software não tem o talento ou a falta de ódio pela raça humana necessária para chegar nisso.

Isso porque esse jogo é dificil, tipo filhadaputamente dificil que até com savestate você vai ter que refazer cada tela dezenas de vezes. Você pode achar que isso é terrivelmente cruel, fazer um jogo tão dificil assim onde você vai ter que pular e desviar de inimigos por pixels de distancia em pleno ar enquanto plataformas desaparecem embaixo de você o tempo todo, porém não totalmente inesperado. Afinal a Irem é a empresa que ficou famosa por R-Type, e se você já jogou um desses jogos de navinha deles sabem que a misantropia para com o seu publico é grande


Achou que eu estava brincando?
Então, sim, Dino City é um jogo DAQUELES...

A ideia central do jogo é pegar a gimmick do Yoshi de Super Mario World e fazer o jogo centrado nisso. O que não é uma ideia ruim, a coisa da montaria-dinossauro ser o tema do jogo poderia dar bom... não fosse um pequeno detalhe: o jogo apenas esqueceu de implementar isso no design das fases.

A coisa de DinoCity é que você controla Timmy e seu dinossauro Rex ou Jamie e sua dinossaura Tops. Como é comum nos videojogos e na vida, jogar com o menino é o modo dificil e ser mulher é o modo fácil. Um toque rápido no L ou no R faz com que a criança desmonte ou monte no dinossauro.



Isso é útil para chegar em lugares que o dinossauro não alcança já que a criança literalmente sobe na cabeça do dinossauro, então isso dá possibilidades de puzzles, certo? Bem... não. Melhor dizendo, daria se o jogo não completamente ignorasse isso.

Sem exagero, não existe nenhum motivo para você jamais deixar o dinossauro já que "lugares que o dinossauro não alcança" não faz tanta diferença no jogo assim já que você não pode deixar o dinossauro para trás e avançar na tela.



O que, enquanto pode ser mais ético para com seu dinoamigo, tranca a exploração. Adicione a isso que o humano não consegue matar os inimigos - o ataque dele só paralisa - e realmente não tem nenhum motivo para sair de cima do dinossauro em momento algum salvo três ou quatro puzzles no jogo inteiro que requerem que o humano ative um botão ou uma plataforma ou algo assim.

Pode me chamar de maluco se quiser, mas quando a mecanica que você bolou para diferenciar o seu jogo dos outros 8 bilhões de jogos de plataforma não é utilizada, bem, isso é a definição de um problema, não?

Tecnicamente o jogo é muito bom. Não é um jogo com o padrão Nintendo de qualidade, mas é muito bonito com personagens grandes que respondem muito bem - felizmente o jogo é dificil por ser dificil mesmo, não porque o jogo tem controles hediondos. Os cenários são particularmente bonitos, com algumas fases tendo transições do dia para a noite que são realmente de encher os olhos.


Quanto a história, Dino City é um bastante estranho porque na verdade é um jogo licenciado de um filme para televisão chamado Adventures in Dinosaur City que nem fez tanto sucesso assim. Porque eles se deram ao trabalho de pagar os direitos de um filme que ninguém era tão fã assim é um mistério para mim, mas é o que foi feito.



A história envolve um trio de adolescentes, chamado Timmy, Jamie, e Mick (que é o amigo latino do grupo e não foi portado para o jogo), que gostam de assistir seu programa de TV favorito sobre dinossauros antropomórficos. Querendo vê-los em uma tela melhor, Timmy, o mais novo dos três, sugere que eles tentam vê-lo na tela de seu pai em seu laboratório. No momento em que a TV é ligada, um vórtice suga os três para a tela da TV eles vão parar dentro do seu show favorito. 

Ao entrar nesse novo mundo, o trio se depara com dois dinossauros que lutam pela liberdade em Dino City e tentam fazer uma revolução contra o vilão, o Mr. Big e seus capangas homem das cavernas. E Cyndi. Porque é claro que tem que ter uma Cindy, obvio.


Chame-me de sonhador se quiser, mas eu almejo o dia em que teremos uma Cindy com o rosto da versão americana com os magumbos da versão japonesa.
Honestamente, eu vi o trailer do filme e parece tão ruim quanto divertido, então suponho que não seja a pior coisa para se assistir na Sessão da Tarde, mas divago.

O que talvez você não saiba sobre esse jogo é que ele também ajudou centenas de crianças a terem uma educação de qualidade melhor. Doido, hã?

Tudo começou quando o Jon Tron fez um video sobre esse jogo e Jão Trão sendo Jão Trão, é claro que ele termina cantando Firework da Kate Perry. Como se houvesse outra forma de falar sobre Dino City, dã.


Os fãs realmente adoraram, e passaram a pedir ao Jão que fizesse uma versão completa da música. O que ele teve a ideia de fazer como um evento de caridade para a Teachers of America - que é uma ONG que contrata professores de qualidade de escola particular para dar aulas para crianças de escolas publicas ou sem escola nenhuma. O resultado é que o evento arrecadou mais de 25 mil trumps e como prometido, ele gravou uma versão completa da música


Então muitas crianças tiveram uma educação de qualidade e uma chance melhor na vida por causa de um jogo quebradamente dificil de capa radical lançado em 1992. Mundo doido, hã?