quinta-feira, 8 de março de 2018

[AÇÃO GAMES 005] WORLD GAMES (Master System, 1986) [#130]



A Epyx era uma empresa com um único objetivo em mente: nos dar opções de jogos em qualquer situação. É inverno? Então podemos jogar o Winter Games deles. Opa, ficou verão? Nada tema, Summer Games! Ih, agora você está na California? California Games, como não?

No entanto, eventualmente eles começaram a fazer as contas e perceberam que esse modelo de negócios não ia dar certo. Quer dizer, existem muitas situações possíveis na vida, talvez eles não conseguissem abranger todas elas. Foi então que uma ideia genial ocorreu em nossos grandes designers: fazer o jogo definitivo da série Games! Um jogo que servisse para qualquer situação!

E foi assim que nasceu World Games, pois bastava você estar em um mundo! Infelizmente a Epyx faliu (sim, também estou surpreso que isso aconteceu!) antes do lançamento da Estação Espacial Internacional, do contrário já teriamos um Universal Games a este ponto.

De qualquer forma, World Games tem uma ideia interessante: pegar um esporte tradicional porém inusitado de cada país e fazer um VIDJEGAME sobre isso. Infelizmente a outra ideia que eles tiveram foi colocar os piores controles da história da humanidade nesse jogo.

Hora de viajar pelo mundo conhecendo os piores esportes já concebidos pelo homem para por em um videogame!




No jogo original para Commodore 64 haviam 8 esportes, mas Arceus sorriu para mim e na versão de Master System existem apenas 4 formas de tortura. É claro que eu ficarei com essa! Então sem mais delongas, hora de cultura e controles muito ruins!

SALTO SOBRE OS BARRIS (Alemanha)



Se você sempre se perguntou o que Fritz, Frida e Froelich faziam nas manhãs geladas do século 18, saiba que era alinhar uma fila de barris de cerveja e tentar pular sobre eles patinando. Daí para ter inventado a fissão nuclear, esse é um povo que realmente subiu na vida.

De todos os minigames neste jogo, o de pular sobre os barris é o que funciona melhor. Primeiro, você escolhe sobre quantos barris quer pular entre 3 e 20. Você tem três tentativas para saltar uma marca maior do que o seu adversário... embora você possa jogar isso sozinho, então você já vence apenas pulando três barris.


Colocando para frente e para trás no controle você movimenta as pernas do seu patinador, o objetivo é pegar velocidade para saltar sobre os barris ou fazer Hans quebrar todos os dentes na queda, caso você ainda esteja entalado com o 7x1.

Os controles são mais ou menos responsivos, e você quase tem uma sensação de que está no controle das pernas loucas do seu alemão voador. O que é bem mais do que poderemos dizer dos outros esportes nesse jogo...

EQUILIBRIO SOBRE A TORA (Canada)



Quando não estão derrubando sequoias com o olhar, o passatempo dos lenhadores canadenses é subir em uma tora boiando no rio e fazer ela rolar até o coleguinha cair na água - vale até inverter o sentido da tora para pegar o outro de surpresa.

Enquanto canadenses voadores são uma boa visão para todos os envolvidos, no jogo isso não funciona tão bem assim. Ou nada bem, na verdade. O manual diz que apertar o botão 1 faz o tronco girar para frente e apertar o botão 2 faz ele girar para trás... o que não é verdade.

Apertar para frente e para trás no direcional (isso o manual não diz) faz você mexer os pés como no salto sobre barris, e embaixo da tela tem uma barra de equilibrio que mostra para que lado você está perdendo o equilibrio. Na teoria.

Na pratica, nada faz muito sentido aqui. A velocidade ou a frequencia com que você mexe os pés não tem uma relação discernível com o seu equilibrio, e de forma alguma você se sente no controle de qualquer coisa aqui. Você só aperta para frente e para trás, torce para seu lenhador não cair e que o adversário caia primeiro.


Supostamente os botões 1 e 2 mudam o sentido da rolagem do tronco, mas não tem uma forma direta de observar isso. Talvez funcione, talvez não, e mesmo quando muda os efeitos são imprevisíveis.

Se a descrição que eu dei desse jogo parece vaga e qualquer coisa pode ser qualquer coisa, ótimo. É exatamente essa a sensação de jogar esse esporte.

Quem cai na água vira comida de tubarão, muito comum nos rios canadenses (sim, tem essa animação no jogo)

RODEIO (EUA)



América! Fuck yeah! A terra do Mcdonnalds e da Microsoft presenteou o mundo com mais do que Donald Trump, tem também a incrível aventura de tentar ficar montado em um touro pelo maior tempo possível. O que é sempre muito satisfatório de se assistir quando o touro ganha.


Neste minigame o objetivo é permanecer o maior tempo possível sobre seu alazão, e se você faz a menor ideia de como faz isso então você é uma pessoa melhor que eu. Eu literalmente usei todas as combinações de botões possiveis: tentei apertar os botões no sentido que o touro estava indo, no sentido contrário, tentei dar uma cabeçada no controle... nada pareceu fazer a menor diferença no final. Eu tentei repetidas vezes com savestate inclusive, e nada.

O que eu posso dizer é que, não importa o que você aperte nesse jogo, não faz a menor diferença.

ARREMESSO DE POSTE (Escócia)




Nas highlands escocesas existem dois passatempos nacionais: ficar bebado vestindo quilt (o que causa péssimas visões a todos os envolvidos), e arremessar postes quando veem um. BECAUSE SCOTLAND, MA OE WHIT UR YE LOOKIN', BRUH?

Supostamente esse jogo deveria funcionar como o da patinação, com a diferença de que ao invés de saltar o botão faz você arremessar o tronco, certo? Deus, não poderia estar mais errado. Meu melhor palpite é que um escocês saltou sobre o código de programação do jogo gritando "Pela Rocha do Javali!".


Apertar para frente e para trás tem alguma relação com você mover seu personagem, porém não é possível estabelecer qual. Não há uma frequência, correlação ou qualquer coisa que faça você sentir que está no mínimo controle do personagem.

Então também tem o tronco que inclina e cai com muita pouca relação com o que o seu personagem está fazendo. A velocidade com que você se move, ou não se move, nada disso influencia de uma forma observavel como o tronco inclina. Ele meio que faz o que dá vontade e você tem que torcer pelo melhor enquanto apenas vagamente controla o seu personagem.



Sério, quão ruins são os controles desse jogo? Bem, o uso das palavras "controles pobres" provavelmente é generoso. Muitas vezes, parece que você não tem controle nenhum nos Jogos Mundiais. Eu realmente queria que fosse um exagero. 

O conceito de Jogos Mundiais é bastante simples. Em execução, no entanto, é tudo menos simples. Os controles são uma bagunça absoluta. Os controles são fáceis de descobrir, mas impossiveis de executar. Apenas as vezes você ganha e às vezes você não. Não existe um padrão, uma relação direta entre o que você aperta e o que seu personagem faz na tela. É quase tão ruim quanto Dark Castle do Mega Drive. 

O único aspecto redimindo os Jogos Mundiais pode ser que como título de dois jogadores signifique que você pode ter um par de minutos você pode dar uma boa risada com um amigo, vendo quem consegue ganhar na pura sorte (o que é mais do que você pode dizer sobre Dark Castle). Mas o humor encontrado na ironia do jogo só pode até certo ponto. Com alguns dos controles mais abismosos e desconcertantes no histórico de videogames, os Jogos Mundiais da NES servem como pouco além de uma pegadinha para pregar em seus amigos.