terça-feira, 4 de outubro de 2022

[#994][Out/96] MEGATUDO 2096

A primeira coisa que eu preciso dizer sobre este jogo, antes de falar qualquer outra coisa, antes mesmo de explicar sobre o que isso é, é que embora o jogo seja japonês e nunca tenha sido lançado fora do Japão, ainda sim de alguma forma o título desse jogo foi mal traduzido.

O narrador fala na abertura "MegatuDE 2096", e isso faz sentido no espirito dos anos 90: uma MEGA ATITUDE, MEGATUDE, SEU COROA because anos 90. Porém o nome do jogo saiu como Megatudo... o que é um nome maneiro para uma loja de 1,99, mas questionável para um jogo de luta. Seja como for, Tudão da Massa já começou errando o próprio nome e isso sempre é um sinal excelente para se ter em um jogo, né?

Ai meus sais...

Fun Fact: esse jogo tem um FAQ escrito no Gamefaqs em 1996. Literalmente quando a internet era tudo mato ainda.

De qualquer forma, este é mais um jogo da leva de jogos de luta 3D que lavou o PS1 nessa época e eu tenho passado os ultimos dias falando a respeito. A boa noticia é que, ao contrário do habitual, esse não é um daqueles jogos sem nada de especial sobre os quais é até falar a respeito de tão não especiais que eles são. 

Não, aqui realmente tem algo a ser dito e isso basicamente pq todos os personagens são robôs gigantes. Normalmente personagens humanos 3D nessa época do PS1 não são muito bonitos porque o PS1 não tem capacidade de renderizar partes o suficiente para apresentar uma pessoa bem representada, mas robos são conceitualmente quadrados e duros - então a coisa funciona. Com efeito, todos os modelos aqui parecem exatamente como garage kits não pintados, o que eu suponho que seja a intenção pq vender uns bonequinhos é algo que os japoneses curtem muito. 

Apesar disso, tem alguma coisa em Megatudo 2096 que parece incrivelmente baixo orçamento, especialmente na apresentação da tela de título e nos menus.

Outra coisa a favor desse jogo é que ele tenta fazer algumas coisas únicas mecanicamente: em vez dos personagens darem sidesteps comuns e mundanos, o jogo aproveita o fato de seus personagens serem robôs e usa propulsores a jato para fazer com que os personagens voem em alta velocidade não apenas para frente e pra trás, mas também para o fundo ou para frente da tela.

Um dos ataques especiais é esse que você vira um caça totalmente Macross-style, realmente maneiro

E no que isso é útil? Bem, o que acontece é que os mechas possuem duas armas: um espada (ou algo que o valha) e uma arma de projeteis. Então vc pode deslizar por aí metralhando aloucadamente, embora como as regras de anime ditam metralhadoras apenas causam danos superficiais a integridadedo inimigo.

Mecanicamente isso quer dizer que apertando bolinha você alterna entre a espada ou a arma, sendo que a arma causa muito pouco dano com seus tiros. Só que tem um truque aqui: os ataques especiais nesse jogo não são hadoukens ou algo que o valha, e sim que os comandos especiais fazem é invocar canhões laser animesisticos para aí sim tirar uma boa energia do seu oponente. É uma ideia original, tenho que dizer, transformar os golpes especiais em utilizar armas animezisticas dos mechas.


De qualquer forma, a jogabilidade de Megatudo é rápida e divertida - muito ajudado pq não tem problemas tecnicos (muitos jogos de PS1 apanham na taxa de quadros devido a baixa memória do console). Os designs dos robôs parecem muito legais e definitivamente têm um estilo Gundam-like. Como bonus, o manual tem duas páginas para cada personagem e, embora o texto esteja em japonês, as imagens dos robôs e seus pilotos são bem legais. 

No geral, este é um bom jogo divertido - e talvez tão importante quanto, esse é um jogo de luta que passa a sensação de ser realmente diferente. Em mundo ideal ele teria recebido uma continuação para adicionar história, finais, melhorar os controles e câmera mais polida. Se bem que eu sei que é pedir demais uma continuação melhorada de um jogo que sequer foi lançado fora do Japão. É uma pena que não tenha acontecido.

Adicionalmente, os roboes tem nomes muito legais como "Giga Baunilha", "Hell Bride" ou "Barba Yaga"

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER

Edição 026 (Maio de 1996)

Edição 034 (Janeiro de 1997)