A primeira coisa que eu preciso dizer sobre este jogo, antes de falar qualquer outra coisa, antes mesmo de explicar sobre o que isso é, é que embora o jogo seja japonês e nunca tenha sido lançado fora do Japão, ainda sim de alguma forma o título desse jogo foi mal traduzido.
O narrador fala na abertura "MegatuDE 2096", e isso faz sentido no espirito dos anos 90: uma MEGA ATITUDE, MEGATUDE, SEU COROA because anos 90. Porém o nome do jogo saiu como Megatudo... o que é um nome maneiro para uma loja de 1,99, mas questionável para um jogo de luta. Seja como for, Tudão da Massa já começou errando o próprio nome e isso sempre é um sinal excelente para se ter em um jogo, né?
Fun Fact: esse jogo tem um FAQ escrito no Gamefaqs em 1996. Literalmente quando a internet era tudo mato ainda. |
De qualquer forma, este é mais um jogo da leva de jogos de luta 3D que lavou o PS1 nessa época e eu tenho passado os ultimos dias falando a respeito. A boa noticia é que, ao contrário do habitual, esse não é um daqueles jogos sem nada de especial sobre os quais é até falar a respeito de tão não especiais que eles são.
Não, aqui realmente tem algo a ser dito e isso basicamente pq todos os personagens são robôs gigantes. Normalmente personagens humanos 3D nessa época do PS1 não são muito bonitos porque o PS1 não tem capacidade de renderizar partes o suficiente para apresentar uma pessoa bem representada, mas robos são conceitualmente quadrados e duros - então a coisa funciona. Com efeito, todos os modelos aqui parecem exatamente como garage kits não pintados, o que eu suponho que seja a intenção pq vender uns bonequinhos é algo que os japoneses curtem muito.
Apesar disso, tem alguma coisa em Megatudo 2096 que parece incrivelmente baixo orçamento, especialmente na apresentação da tela de título e nos menus.
Outra coisa a favor desse jogo é que ele tenta fazer algumas coisas únicas mecanicamente: em vez dos personagens darem sidesteps comuns e mundanos, o jogo aproveita o fato de seus personagens serem robôs e usa propulsores a jato para fazer com que os personagens voem em alta velocidade não apenas para frente e pra trás, mas também para o fundo ou para frente da tela.
Um dos ataques especiais é esse que você vira um caça totalmente Macross-style, realmente maneiro |
E no que isso é útil? Bem, o que acontece é que os mechas possuem duas armas: um espada (ou algo que o valha) e uma arma de projeteis. Então vc pode deslizar por aí metralhando aloucadamente, embora como as regras de anime ditam metralhadoras apenas causam danos superficiais a integridadedo inimigo.
Mecanicamente isso quer dizer que apertando bolinha você alterna entre a espada ou a arma, sendo que a arma causa muito pouco dano com seus tiros. Só que tem um truque aqui: os ataques especiais nesse jogo não são hadoukens ou algo que o valha, e sim que os comandos especiais fazem é invocar canhões laser animesisticos para aí sim tirar uma boa energia do seu oponente. É uma ideia original, tenho que dizer, transformar os golpes especiais em utilizar armas animezisticas dos mechas.
De qualquer forma, a jogabilidade de Megatudo é rápida e divertida - muito ajudado pq não tem problemas tecnicos (muitos jogos de PS1 apanham na taxa de quadros devido a baixa memória do console). Os designs dos robôs parecem muito legais e definitivamente têm um estilo Gundam-like. Como bonus, o manual tem duas páginas para cada personagem e, embora o texto esteja em japonês, as imagens dos robôs e seus pilotos são bem legais.
No geral, este é um bom jogo divertido - e talvez tão importante quanto, esse é um jogo de luta que passa a sensação de ser realmente diferente. Em mundo ideal ele teria recebido uma continuação para adicionar história, finais, melhorar os controles e câmera mais polida. Se bem que eu sei que é pedir demais uma continuação melhorada de um jogo que sequer foi lançado fora do Japão. É uma pena que não tenha acontecido.
Adicionalmente, os roboes tem nomes muito legais como "Giga Baunilha", "Hell Bride" ou "Barba Yaga" |
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 026 (Maio de 1996)
Edição 034 (Janeiro de 1997)