segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

[PC] BENEATH A STEEL SKY (Março de 1994)[#605]



Toda nova mídia que nasce sofre um grande período de preconceito do público já acostumado com como as coisas eram antigamente, dado que o ser humano detesta mudanças (o que evolutivamente faz sentido, na natureza qualquer coisa diferente que acontece provavelmente é só uma nova forma de te matar). Hoje é relativamente aceito que os videogames são capazes de contar grandes histórias quando se propõe a isso, mas durante muito tempo essa ideia pareceu absurda (ainda parece se você for um colunista da Folha de São Paulo). Antes dele o cinema enfrentou o mesmo preconceito por ser uma "bobajada para os burrões que tinham preguiça de ler, a verdadeira cultura" e algum dia até mesmo escrever coisas no papel deve ter sido visto atravessado porque "todo mundo sabia" que contar histórias de verdade era apenas tradição oral. Alias pensando bem, em algum ponto até mesmo falar deve ter sido mal visto porque é assim que o ser humano rola.

Isso é verdade para todas as formas de mídia, e definitivamente para os quadrinhos não foi exceção. Nos anos 80 quadrinhos eram apenas uma bobagenzinha para preencher tirinhas de jornal de domingo ou para tirar dinheiro de crianças (seres incapazes de apreciar cultura "de verdade"), "todo mundo sabia disso". Ainda mais porque durante os anos 60 e 70 o governo americano deu aquela boa e velha canetada de governo "para proteger as nossas crianças" e a censura comeu solta, fazendo com que os quadrinhos tivessem que ser mais... retardados. 

domingo, 3 de janeiro de 2021

[MEGA DRIVE] TURMA DA MONICA NA TERRA DOS MONSTROS (ou Wonder Boy in Monster World, nos EUA e Wonderboy V no Japão) [Agosto de 1994][#604]


Em setembro de 1994 a quarta geração de consoles já havia passado da juventude e começava a sentir os primeiros sinais da idade chegando. Todos os amigos da faculdade tinham se mudado ou estavam ocupados demais com suas vidas, subir um lance de escadas tirava mais folego do que costumava tirar e os jovens de hoje em dia parecem cada dia mais barulhentos. E também algumas franquias que existem desde, bem, o inicio dos videogames modernos começaram a ter sua última edição, como é o caso de Wonder Boy.

Agora, Wonder Boy é um caso particularmente interessante porque é um jogo intimamente associado a própria essencia da Sega e reflete tudo que essa empresa foi - no seu melhor, e no seu pior. 

sábado, 2 de janeiro de 2021

[3DO] TWISTED: The Game Show (Dezembro de 1993)[#603]




O ano é 1993 e você é um dos relativamente poucos, mas orgulhosos novos proprietários de um 3DO. A primeira coisa que você provavelmente vai querer fazer é encontrar alguns jogos para mostrar para todos os seus amigos. Infelizmente, estamos falando do 3DO e você está sem opções. Tem sempre o jogo de corrida que vem com o 3DO, Crash N ’Burn, com seus gráficos 3D e seus carros grandes na tela, certamente não é a pior opção, mas infelizmente é um jogo single player. Talvez você esteja procurando por algo mais adequado para exibir os recursos do sistema. Talvez você até prefira que seus amigos joguem com você. Uma tarefa difícil, mas você não tem mais muitas opções.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

[MEGA DRIVE] DUNE: Battle for Arrakis (Agosto de 1993)[#602]



"I must not fear. 
Fear is the mind-killer. 
Fear is the little-death that brings total obliteration. 
I will face my fear. 
I will permit it to pass over me and through me. 
And when it has gone past I will turn the inner eye to see its path. 
Where the fear has gone there will be nothing. 
Only I will remain."

Existem obras boas, existem obras que são as melhores de seu genero, existem obras que mudam o mundo para sempre... e então existe Duna. Duna não é apenas um livro espetacular, ou mesmo o melhor livro que eu já li. Não, Duna é... algo além disso, é algo especial que mesmo a visão interior não consegue enxergar claramente a explicação na neblina cinzenta das encruzilhadas do tempo. Duna é... algo mais.

Porque veja, existem livros que depois de lançados mudaram o cenário literario, mudaram as regras de como a literatura funciona. Duna é um desses livros, mas então existem outros livros que também mudaram a literatura em seu tempo como Senhor dos Anéis ou Harry Potter. Eu realmente acho Duna o melhor livro que eu já li na vida, mas essa é apenas a minha opinião e como tal é subjetiva. 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

[SUPER NINTENDO] EEK! THE CAT (Agosto de 1994)[#601]


E então finalmente aconteceu. Senhoras, senhores, senhorio, felinosnãoreconhecerás, chegou o dia que todos esperamos: 31 de dezembro de 2020, o malfadado ano que tudo que podia dar errado deu. Verdade que não tivemos uma guerra mundial, mas a esse ponto eu tenho medo de falar isso em voz alta porque faltam algumas horas pro ano terminar e eu não duvido de nada desse ano. 

Verdade seja dita, para mim o ano foi no máximo inconveniente e eu estou bastante bem realmente. Mas eu sei que para muita, muita gente foi um ano tenebroso que será lembrado apenas como "podemos não falar mais sobre essa ano? Tipo nunca?". Embora o ano novo seja apenas uma data simbolica, creio que precisamos muito usar um simbolo de positividade e esperança nesse momento - e nenhum simbolo pode trazer mais esperança do que "2020 terminou".

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

[SUPER NINTENDO] SUPER GODZILLA (Julho de 1994)[#600]

 

Como eu disse no texto sobre DUNE: The Battle for Arrakis, a coisa que eu mais aprecio a respeito da ficção é essa habilidade de usar uma situação fantasiosa falar sobre temas complicados da natureza humana através de metaforas ou mesmo diretamente, que de outra forma seriam muito espinhosos para se falar sobre.

Por exemplo, você pode reparar que os japoneses raramente falam sobre a segunda guerra mundial. É muito raro, pra não dizer quase inexistente, você encontrar mangas, animes, filmes ou livros japoneses sobre esse evento na história da humanidade. E suponho que todo mundo consiga imaginar as razões.


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

[JAGUAR] KASUMI NINJA (Dezembro de 1994)[#599]



Antes de começar, eu queria apenas apreciar como um jogo que tem como gráficos imagens digitalizadas e que certamente quer usar isso como ponto de venda... tem uma capa desenhada em cartoon. E mal desenhada ainda por cima, gente feia do caralho. Alguém na Atari aí não andou doando the math, heim?

Enfim, o texto de hoje é uma homenagem a uma pessoa muito especial na história dos videogames: Luiz Renato de Curitiba, PR. Quem é Luiz Renato, você pergunta? Ora, é o herói que na edição 64 da Ação Games (de agosto de 1994) mandou essa carta apaixonada defendendo o glorioso Atari Jaguar:


Luiz Renato, esse apaixonado defensor do Atari Jaguar conseguiu ser tão sem noção que levou uma bela e vigorosa jantada da Ação Games. Normalmente eles não fazem esse tipo de resposta nos dedos do leitor, mas foi uma bostejada tão vigorosa que a patada foi bonita:

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

[SEGA CD] POWERMONGER (originalmente lançado no Amiga em 1990)[#598]


 Em 1992 algumas pessoas já haviam visto o potencial dos jogos 3D para os videogames... exceto a Sega, é claro... e tentaram fazer isso acontecer. Claro que o hardware disponível na época não era sequer perto do necessário e tivemos experiencias tenebrosas nível RACE DRIVIN. Uma das pessoas que ficou fascinadas por essa possibilidade foi o megalomaniaco e mitomaniaco dos games, Peter Mollyneux que estava em sua cruzada de fazer o jogo mais realista em níveis de complexidade que ninguém mais pensou.

Peter queria fazer um jogo 3D em 1992, mas meio que não tinha como isso funcionar com o equipamento da época. O mais perto disso que ele pode fazer foi pegar seu jogo pré-existente, o god simulator (em que você literalmente é Deus) POPULOUS e fazer uma versão simplficada dele: uma que o foco fosse apenas o combate. E como você já pode imaginar, "simples" não é uma palavra que Peter Molyneux realmente trabalha bem. Or at all.

Como o próprio Peter descreveu para as revistas da época quando estava promovendo Powermonger, "PowerMonger é essencialmente um jogo de guerra. Mas, ao contrário dos tradicionais jogos de tabuleiro ou de computador desse gênero, criamos algo que existe em tempo real, onde você pode fazer quase tudo o que quiser."

Em um Amiga, em 1992? De alguma forma eu tenho um mal pressentimento sobre isso.

domingo, 27 de dezembro de 2020

[SNES/MEGA DRIVE] DOUBLE DRAGON V: The Shadow Falls (Agosto de 1994) [#597]


Em 1994, os grandes executivos ocidentais ainda não haviam realmente "entendido" os videogames, mas entenderam uma coisa mais relevante ainda para os seus negócios: por algum motivo, as crianças se importavam com aquela merda. 

Quer dizer, verdadeiramente se importavam com aquilo, com aqueles personagens e tudo mais. E por se importar eu quero dizer que estavam dispostos a colocar dinheiro em camisetas, bonecos e spin-offs em outras mídias. Enquanto os executivos não realmente entendiam sentimentos (como é da natureza dos executivos), eles entendiam que havia uma oportunidade a ser explorada aí.

Assim começou a grande corrida do ouro para tirar o máximo de dinheiro das crianças no menor espaço de tempo possível, o que nos levou a trágica série de adaptações cinematográficas de 1994. Tirando o filme do Mortal Kombat, que é okay para a época, todo mundo lembra dos desastres conhecidos como Street Fighter e Super Mario. Quer dizer, o filme do Street Fighter não é TÃO ruim apenas porque o Raul Julia compreendeu a bizonhice que ele tinha se metido e entregou uma atuação brilhantemente insana como M. Bison. Não que tenha algo haver com os jogos, mas é de longe uma das melhores coisas daquela década.


Já o filme do Mario, não. É só sofrimento e dor mesmo. Dor.

sábado, 26 de dezembro de 2020

[SUPER NINTENDO] YU YU HAKUSHO: Tokubetsu Hen (Dezembro de 1994) [#596]


 De todos os animes shonen que eu já assisti na vida, o que é bastante coisa, eu acredito que minha luta favorita de todas é a luta do Gai contra o Madara em Naruto Shippuden. Veja, aquele ponto Madara era praticamente um deus, estava cheatado com todos os jutsus, olhos, bijuus e o diabo todo que pudesse existir. Por outro lado, Gai é apenas... well, um guy. 

Ele não é o escolhido de nada, não tem o bijuu do chacra infinito dentro dele, não é filho de nenhuma lenda, não tem o olho mágico do caralho, não tem porra nenhuma de especial. Ele só um cara que se recusou a desistir quando todo mundo disse que era impossivel, quando todo mundo ria abertamente na cara dele por ele ser só um cara tentando em um mundo onde existem ninjas literalmente com poderes divinos.


O resultado é que ele destruiu o Madara na porrada. Mas dibuliu com ele MESMO. Claro, o Madara não morreu porque como eu disse ele tava com mais cheat que eu jogando Ninja Gaiden emulador, mas o que foi bom porque aconteceu algo mais legal e importante ainda: Madara Uchiha, o ninja mais marrento e arrogante ever, declarou que o Gai, aquele simples Maito Gai que não é de nenhum clã fodelão nem nada, é o ninja mais forte que ele já encontrou em todos os tempos.

E isso não tem preço. E por que eu estou falando isso? Porque eu, o mestre supremo dos games, do alto do meu poder de debulhador de 585 jogos até então, mesmo sem ter me derrotado eu te declaro ó humilde Yu Yu Hakusho: Tokubetsu Hen o jogo de luta mais criativo jamais lançado! Rejubilai-vos em sua glória, pequeno jogo tie-in de anime lançado em 1994 e que nunca deixou o Japão!

Mas porque eu acho esse jogo tão criativo assim? Me permita te mostrar uma cena da luta: