Então, a Super Scope 6...
Quando criança, eu costumava sentar e pensar comigo mesmo "você sabe o que tornaria este jogo mais divertido? Se eu tivesse que equilibrar um pedaço de cano no meu ombro e apertar os olhos enquanto eu jogo". O que poderia ser mais divertido que isso?
Bem, descobriu-se que praticamente qualquer coisa era mais divertida do que isso, e a Nintendo se livrou do Super Scope em alguma masmorra escura, provavelmente no mesmo lugar onde jogaram o Virtual Boy e os VHS do filme do Super Mario.
Um dos problemas da Super Scope 6 (não me pergunte o que foi feito dos 5 modelos anteriores), além do desconforto físico e do fato de alguém certamente ia passar e empurrar a mira contra o seu olho só de sacanagem, era que quase não existiam jogos para ele. Por isso falaremos deste raro momento na história dos videojogos: Battle Clash.
Esse jogo é um jogo sobre atirar em robôs, algo que eu sempre posso respeitar. Como era de se esperar, os robos também atiram de volta em você - bastante justo, eu suponho. Então tem robôs em quem você atira e também robôs que atiram em você. Tiroteio de robôs com tiros. E se parece que eu estou enrolando aqui, é porque estou mesmo. Isso porque se há uma história para Battle Clash, o jogo não se digna a compartilhá-la com você.
O que eu consegui pegar ao jogar o modo "história" é que eu tenho que atirar em alguns robôs com meu robô porque outro robô uma vez matou o robô do meu pai e ele está sendo malvado em seu robô. Ou alguma coisa assim envolvendo robôs. Eu já disse que tem robôs?
Seja qual for o motivo, você luta contra os chefes robôs, um de cada vez, usando o Superescopo. A jogabilidade em si é muito simples: quando você não está atirando, uma barra de energia é preenchida. Quando estiver cheia, você pode disparar um "Bolt de Energia", que geralmente é a única maneira de danificar seu inimigo. Se você atirar quando sua barra não estiver cheia, você dispara um pequeno tiro que você pode usar para abater as balas do inimigo. Tudo é bem simples.
As coisas se tornam um pouco mais bizarras pelo fato de que toda batalha parece acontecer enquanto os robôs acima mencionados estão deslizando paralelamente um ao outro a centenas de quilômetros por hora. Eu entendo que talvez meu oponente queira tentar fugir, talvez abrir algum espaço entre nós e tentar uma estratégia diferente, mas quando eu posso facilmente equiparar sua velocidade e direção, você pensaria que eles tentariam outra coisa ao invés de simplesmente desperdiçar combustível robótico gigante, o que eu suponho ser caro principalmente se governo for o acionista majoritário da Petrobot.
O que eu sugeriria aos robos fazerem é ficar parados e me deixar atirar neles: o resultado seria o mesmo, só que eles não gastariam combustível. Pensando bem acho que não faz diferença, o combustível explode junto com o robô mesmo... ou talvez apenas seja assim que as coisas são feitas no futuro, com cada conflito decidido por dois robôs correndo lado a lado, esperando suas armas recarregarem. O futuro realmente é um país estrangeiro, parafraseando o grande autor L.P. Hartley (admita, você esperava que eu fosse falar de robôs de novo ao invés de citar um autor que você nunca ouviu falar, não é?)
Mas pensando bem, isso parece muito divertido. Eu mudei de idéia sobre a futilidade das lutas envolvendo robôs correndo para o lado: quando eu estiver no comando, vou decretar que todas as batalhas devem ser travadas dessa maneira. No improvável evento de que as gigantescas máquinas de guerra mecânicas não sejam comuns quando eu estiver no poder, os robôs serão substituídos por homens com patins e foguetes laterais nas costas. Isso certamente tornara os conflitos no Oriente Médio mais divertidos.
Ok, já passei muito tempo sem falar de robôs, então vamos ver os robôs desse jogo. Because robôs.
GARAM
Se o seu robô gigante vai se basear em um animal, certifique-se de evitar as escolhas mais óbvias, como tigres e águias, e escolher a aparência baseada em um sapo. Um platelminto também é uma boa escolha. Deus, aqueles olhos estão penetrando na minha alma. O roteiro está se escrevendo enquanto falamos ... na minha mente! Você pode realmente tirar as pernas dele, e seu torso apenas fica lá, parecendo desolado e jogando uma explosão ocasional de plasma em você.
Eu não sei porque o piloto dele é o Dente de Sabre, mas suponho que na época filmes de super-heróis não eram coisa da moda então o arquiinimigo do Logan tinha que pagar as contas de alguma forma, eu suponho.
SCARAB
Ok, qual é a coisa dos robôs do futuro com sapos? Bem, seja como for temos... um... sapo faraó, eu acho? Enfim, a complicação dessa luta é que você não pode danificar o Scarab até atingir o ponto fraco dele. E onde é dito ponto fraco? Ora, entre as pernas dele. Na virilha. Suas ameixas robotizadas. Atire em suas mecha-bolas de sapo faraó!
Taí algo que eu nunca achei que fosse dizer.
LORCA
O piloto do Lorca parece um personagem saído de Hokuto no Ken. Pouca gente lembra de Hokuto no Ken hoje, mas taí um manga que conseguia competir em homoeroticidade com Jojo com o bonus de se passar em um cenário pós-apocaliptico.
Quanto ao robô dele, tem metralhadoras nos peitos. Eu realmente posso respeitar o que esse jogo faz. Supostamente deveria ter uma metralhadora de pinto, mas suponho que um erro de design a fez parecer uma umbigotralhadora.
ARTEMIS
Se um dia Hollywood fizer uma versão de Cavaleiros do Zodíaco, a armadura de Andromeda será EXATAMENTE assim. Podem me cobrar depois. Ah, e nessa fase os robos ficando indo para cima e para baixo e não para os lados - é por variações incríveis de gameplay assim que eu jogo Battle Clash.
SCHNEIDER
Nenhuma série sobre robos gigantes dos anos 90 está realmente completa sem um cientista maligno alemão, o que automaticamente nos faz o associarmos ao nazismo. Porque se você usa monoculo, tem um nome alemão é um cientista louco, é claro que você é nazista. Faz muito sentido na minha cabeça. Por outro lado, o projeto do robô dele teve sérios cortes de orçamento e parece que ele teve que terminar depois de fazer o busto, colocando umas perninhas improvisadas para sustentar. Talvez ele seja brasileiro também.
IVAN
Bem, você não pode legalmente fazer um jogo com um elenco diverso nos anos 90 e não incluir o estereotipicamente russo grande, grosso e não tão brilhante assim. Por outro lado, nessa luta nenhum robo voa para lado nenhum da tela, Ivan fica apenas parado provavelmente bebendo vodca dentro do seu mecha.
Porque é assim que as coisas rolam na mecha-mãe Russia.
EDDIE
Um misterioso homem mascarado parece desafiá-lo! Qual é o nome desse nobre estranho? Certamente algo elegante, mesmo real. Ah não, espera, ele se chama Eddie.
Seu robô é do tipo ninja furtivo, com traços que lembram um louva-deus, que pode se teletransportar e criar cópias falsas para distraí-lo (assim como os louva-deuses são conhecidos por faze-lo). Quando você o derrota, Eddie diz que acha que ele sofreu uma lavagem cerebral e reage com verdadeira indiferença. Aparentemente, perder o controle de sua mente e ser forçado a cometer más ações é algo que simplesmente não o incomoda, e esse é o tipo de apatia com a qual eu posso me relacionar.
BARON
Meu favorito do grupo, Baron é pilotado por outro misterioso homem mascarado. Eles não sabem que vão arruinar a mística se todos usarem máscaras? Pelo menos o robô dele parece legal, muito reminiscente de animes como Escaflowne. Eu teria colocado uma capa nele, daria a ousadia necessária usar uma peça de vestuário que não tem nenhuma utilidade prática e até atrapalha no combate.
THANATOS
O chefe final. No começo, ele parece um samurai robô. Até agora, bastante padrão. Mas se eu sei algo nessa vida sobre obras japonesas, é que se você atirar nele por um tempo ele vai se transformar em alguma coisa.
... ok, definitivamente ele virou alguma coisa. Enfase no "alguma coisa". Honestamente, estou olhando para isso e não tenho a mínima ideia do que está acontecendo. São duas cabeças nas pernas da frente? Ou ele é um robo-alien de duas cabeças usando pantufas? Talvez todos aqueles pontos vermelhos sejam olhos e seja algum tipo de aranha espacial. Seja o que for, ele logo é despachado pelo poder do Super Scope, e o jogo acabou. O fim.
E quando eu digo, fim, é fim mesmo: o jogo apenas termina, não tem nem uma tela de "The End" nem nada. Provavelmente gastaram o orçamento do encerramento colocando mais espinhos nesse chefe, sei lá.
Para um shooting rails, Battle Clash não é ruim. É curto. Realmente curto, dura menos que as minhas Resoluções de Ano Novo de assistir animes de lolis, mas mesmo assim não posso recomendá-lo a você. Se eu fizesse isso, você poderia se sentir compelido a testá-lo. Isso significaria que você teria que usar uma Super Scope e isso, meus amigos, é algo que eu não infligiria a ninguém.
Talvez as pessoas que fazem questão de ter fila preferencial para embarcar nos voos como não fossemos todos sair ao mesmo tempo todos juntos, mas fora esses mentecaptos, mais ninguém.