sábado, 4 de janeiro de 2020

[AÇÃO GAMES 035] WAYNE'S WORLD (Super Nintendo, 1993) [#301]



Se você acha que hoje Hollywood está sem ideias originais e adapta qualquer coisa para o cinema por puro desespero e que "antigamente que era bom", desculpe mas você é um idiota. Alias, "desculpe" porra nenhuma, você é um mangolão da porra mesmo, caralho!

Pois saiba você que Hollywood sempre fez isso, e certamente você não estava aqui durante os anos 90 quando a moda era pegar sketches do Saturday Night Live e transforma-los em filmes inteiros. Sim, exatamente isso, pegar quadros que duravam 4 a 5 minutos e transforma-los em filmes de uma hora e meia. O que pode dar errado nisso, né?


Surpreendentemente... bem pouco, na verdade, já que alguns desses filmes foram realmente legais. Graças aos talentos dos comediantes envolvidos no processo (embora subestimada, comédia é mais dificil do que drama afinal) tivemos filmes que são lembrados hoje, tais como...

... The Blues Brothers:


... e você certamente não pode ouvir alguém perguntar "O que é amor?" sem balançar a cabeça para o lado, cortesia de A Night in the Roxbury:


E, claro, aquele que eu considero o melhor dessa leva, o filme que lançou Mike Myers para o mundo: Quanto Mais Idiota Melhor... espera, o que?


... o Brasil tem umas coisas que eu vou te contar, viu. De qualquer forma, Wayne's World é um filme muito legal e tem um humor bastante próprio. Quer dizer, que outro filme se dá ao trabalho de colocar uma participação especial do Alice Cooper apenas para, do nada, sem motivo algum, ele dizer "Did you know Milwaukee—which is Algonquin for ‘The Good Land'— is the only major American city ever to have elected three socialist mayors?". Tudo que eu sei sobre Milwaukee aprendi com Alice Cooper.



É um ótimo filme.

Mas então, que ótimo filme dos anos 90 pode realmente ser chamado assim se não receber um jogo bosta para ganhar um dinheiro fácil nos consoles de 16 bits? Nenhum eu te digo.

Certo, então o problema a ser resolvido aqui é tentar descobrir como diabos você pode transformar um filme como Wayne's World em um videogame. Se você nunca assistiu Wayne's World (you are not worthy) vá e assista. Fez isso?

Ok, agora me explique como você se adaptaria à história de dois idiotas que gostam de videogames e rock transmitindo seu próprio programa de televisão do porão, especialmente considerando que noventa por cento do "enredo" envolve Wayne tentando impressionar Tia Carrere e sacanear a figura do executivo idiota que não faz ideia do produto que ele está executivando eternanizado na figura Rob Lowe.

"I know nothing about video games. I found that riveting". É impressionante quantos jogos foram feitos com base nessas palavras... incluindo esse aqui. 

Pessoalmente, eu teria tentado um jogo do tipo simulação que se concentra na criação e transmissão bem-sucedidas de um episódio do Wayne's World, talvez ganhando dinheiro por melhores equipamentos através de minijogos como o hóquei na rua. Não é brilhante, mas ainda sim é um bocado de pensamento nisso mais do que os caras da Gray Matter colocaram nesse jogo. Eles apenas espremeram um jogo de plataforma ruim e incrivelmente genérico. Antes de chegarmos a isso, porém, vamos ter uma cutscene para nos introduzir ao jogo.


A intro começa com Wayne e Garth discutindo os piores videogames que eles jogaram esta semana. Eu não estou inventando isso. Eles apenas ficam sentados dizendo "esses jogos com certeza foram uma merda", sabendo muito bem que em poucos momentos o jogador será jogado em um dos mais terríveis jogos de plataforma de 16 bits já criados até o momento em que essa cena termina. Só posso supor que os desenvolvedores perceberam que criaram um jogo pavorosamente ruim e incluíram essa cena com uma piscadela de humor para amortecer o golpe. A alternativa é que eles não perceberam a ironia, mas ninguém pode ser tão desligado assim.


A história do jogo é essa - Wayne e Garth foram de alguma forma sugados para arcade, após o que Garth foi sequestrado por Zantar, o Cubo Gelatinoso. Um momento de esperança passou por mim quando percebi que havia pelo menos alguma conexão com o filme - Zantar, o Cubo Gelatinoso, é mencionado no filme pelo proprietário do fliperama Noah Vanderhoff como um jogo que espanta crianças por ser impossível de derrotar. Ok, PELO MENOS eles assistiram o filme.

Então essa esperança foi extinguida quando eu percebi, ei, Garth foi sequestrado, o que significa que eu não vou jogar como Garth. É uma pena, porque Garth é o melhor. Sinto uma grande afinidade com ele. Temos técnicas de sedução semelhantes, por exemplo.


Aqui estamos, presumivelmente ainda presos dentro de um videogame, porque a cabeça do Mike Myers é pelo menos 70% maior que o normal e há gaitas de foles assassinas em toda parte. a prmeira fase se passa na loja de música do filme, um fato que eu não tinha certeza até notar a placa de "NO STAIRWAY TO HEAVEN" no fundo.

Fato interessante: em Wayne's World, originalmente teria uma cena em que Wayne toca Starway to Heaven na loja de guitarras. Isso não rolou devido a problemas de licenciamento, por isso o vendedor da loja aparece para impedir o Wayne de tocar. O que é ironico, porque o Queen autorizou que fosse utilizada Bohemian Rapsody (Fred Mercury gostou bastante da cena do carro) e isso relançou a banda nos anos 90 - com efeito, toda coisa do Live Aid só rolou porque o Queen era popular novamente devido a esse filme. Podia ter acontecido o mesmo com Led Zeppelin, mas vocês preferiram ser mão de vaca, então se ferra aí trouxão!

E se ferre  você também, vendedor de loja de guitarras!


Oh, então você viu através de meu astuto plano para evitar falar sobre esse jogo, não é? OK, tá bom. Wayne's World é um jogo de plataforma do tipo mais básico, com um botão para pular e outro para dedilhar sua guitarra. Tocar guitarra faz disparar ondas de choque sônicas, e essa é a sua arma então use-a para matar os instrumentos musicais desordeiros que compõem os inimigos do primeiro estágio. Os desenvolvedores conseguiram colocar esses elementos básicos de jogabilidade, bom pra eles. Eles deveriam ter parado por aí. Infelizmente para quem joga esse jogo, eles não o fizeram.


Wayne's World erra muitas coisas, praticamente tudo o que você poderia errar com um jogo de plataforma. Só que o que o torna esse jogo especial é que uma quantidade tão esmagadora dessas falhas é despejada em você dentro de poucos momentos após o início do jogo em um tsunami de merda.

Em primeiro lugar, os controles. Eles são flutuantes, soltos, parecem propositalmente projetados para fazer você dar um passo longe demais e colidir com um inimigo toda vez que você se aproxima de um. Os controles trabalham em conjunto com uma das detecções de colisão mais vagas que eu já vi em um jogo de plataforma. 


Então, se locomover é uma dor, mas não tanto quanto descobrir onde você deveria estar indo, porque todos os níveis do Wayne's World são um labirinto, sem dicas ou marcadores de onde diabos você tem que chegar. Além disso, saltos de fé. Tantos saltos de fé com a tela tão perto da extremidade hidrocefálica de Wayne que você mal consegue ver o que está acontecendo ao seu redor, imagine então no nível inferior. Embora o jogo não tenha buracos, você vai cair cairá para um nível mais baixo, haverá um inimigo lá e isso vai te tirar vida porque você não podia ver a porcaria de para onde estava indo.


Pelo menos você tem sua guitarra para explodir os inimigos, e este ... é ok. É o menos frustrante de todos os elementos de jogabilidade do Wayne's World, mesmo que você não possa usá-lo enquanto se agacha. Se você puder entrar na mesma tela que um inimigo ao cair após um salto de fé, geralmente poderá atirar nele com a guitarra funciona.


Depois de dez minutos passeando pelo labirinto da loja de música, entrei em uma sala indefinida que parecia ser a mesma de todas as outras, exceto que havia Garth nela. Olá Garth! Acho que o jogo acabou, então, Garth é resgatado e todos podemos voltar a estrelar franquias de enorme sucesso sobre ogros rabugentos e adoráveis. Bem, um de nós pode. O outro vai estrelar Pets: A Vida Secreta dos Bichos.


Garth é imediatamente sequestrado por uma grande mão roxa. Depois de sofrer o primeiro estágio, estou inclinado a deixar a mão ficar com ele.


Tudo bem, tudo bem, vou ver como é a segunda fase.


Espera, essa é a mesma fase. Eu estou confuso, eu tinha que ter feito alguma coisa e não fiz, por isso a fase está repetindo? Você tem que achar algum item antes de chegar no final da fase, tipo que nem em EX-MUTANTS?


Não, essa parte é nova.

Então, sim, essa é a segunda fase. É igual a primeira, mas com alguns detalhes de fundo ligeiramente diferentes, e as plataformas em outra posição. Wayne tem que lutar pela loja de música em busca de Garth. Você encontra Garth em outra seção retangular do nível que se parece com todas as outras seções retangulares do nível. Garth é agarrado mais uma vez pela mão roxa. De sua parte, Garth parece estar tendo tudo isso com bom humor, o que é mais do que se pode dizer para mim.


A terceira fase... é igual as outras, exceto que agora tem um violoncelo que está tentando me matar. Não, sério, o que está acontecendo aqui? Porque eu estou jogando a mesma fase ruim três vezes? Eu já esperava que esse jogo fosse ruim, mas nada do tipo "jogar a mesma fase de novo três vezes ruim", puta merda.

E eu ainda estou tentando entender a lógica por trás do conceito deste jogo e não estou indo muito longe. Então Wayne está preso dentro de arcade, mas este arcade é baseado na loja de música que ele costuma visitar na vida real, ou o jogo está montando desafios arrancados diretamente da psique de Wayne? E Zantar, o Cubo Gelatinoso, realmente quer sequestrar Garth por algum motivo. Pelo menos isso faz algum sentido - com seus longos cabelos loiros e um comportamento tímido e delicado, Garth não está tão longe de ser uma princesa de videogame. Zantar trabalha com o que ele consegue, eu suponho... 


Então na quarta fase, QUARTA, eu encontrei um chefe. Eu não faço ideia do que é isso, mas tenho certeza que é um chefe. Ele voa pela tela, atirando em você, embora sua principal estratégia seja simplesmente pairar nas proximidades e esperar que os controles lentos de Wayne façam com que vocês dois colidam. É uma estratégia decente, mas no final consegui prevalecer subindo para o topo dessa pilha de fálica e dedilhando-me o mais forte possível. De repente, a ideia de que tudo isso vem da psique de Wayne se tornou mais perturbadora.


A cada quatro fases o jogo dá cutscenes como essa, que definitivamente foram escritas por um executivo que apenas ouviu falar de Wayne's World através da sessão de comentários do Facebook. O dialogo que se segue, sem mentira, é o seguinte:

Wayne: Overall, I thought the bagpipes sucked haggis and that the kazoos were the dweebiest of my many adversaries!
Garth: Well, then, what took you so long to find me?
W: Because you’re a dweeb!
G: Yeah?? Well, you’re dweebesque!
W: You’re majorly dweebish!
G: You’re in-the-style-of-the-dweeb!
W: You’re a dweebathon!
G: You’re dweeblike!
W: You’re a dweebarama!
G: You have simulated dweeb-look!
W: You’re a dweeboid!
G: You’re dweeb-ed!
W: You’re a dweebtition!
G: You’re bedweebed! You’re dweeb squared!
W: You’re dweebtitious! You’re dweeb infinity!
G: You’re just dweeby.
W: Buds?
G: Buds.
Sem mentira. Mas como isso pode ficar pior? Ora, porque é claro que eles tem uma equipe trabalhando dia e noite em ideias para piorar as coisas! E como piorar mais senão do que colocando a pior rendição de Bohemian Rapsody jamais executada?


Pelo menos esse jogo é do Super Nintendo, imagino que a versão de Mega Drive foi cancelada porque essa atrocidade naquele chip de som lixento deve ter matado alguém.

Mas sério, o que é que eles estavam tentando conseguir aqui? Quer dizer, não é que eu esteja sem palavras, as palavras estão lá, é apenas que não consigo descobrir como combiná-las de maneira a expressar adequadamente o verdadeiro horror dessa abominação. Fico apenas com fragmentos, fragmentos de frases, coisas como "sacrílego" e "ponto mais baixo musical da humanidade" e "os sons de duas impressoras matriciais que copulam furiosamente no topo de um castelo inflável que está murchando". 

Eu descobri porque essa cena existe, no entanto. Foi um truque astuto da parte de Gray Matter, porque, em comparação com isso, o que quer que venha a seguir parecerá o derramamento elisiano de uma divindade amável e generosa.


Wayne está agora em uma versão distorcida da loja de donuts, completa com o  Donut Men que está tentando matar você. O Sr. Donut Man de Garth no filme parecia muito mais apetitoso do que esses. Estes têm pernas que parecem mais pulmões desoxigenados do que um doce frito.

Mas ok, pelo menos posso torcer para que "mundo" não siga o padrão - encontre Garth, Garth será seqüestrado novamente, faça outro estágio que parece quase idêntico aos estágios anteriores deste mundo, repita até encontrar o chefe/sua vontade de viver ser completamente drenada.


A quem eu estou querendo enganar?

Bom, se vale de alguma coisa, admito que o mundo dos cafés seja o menos frustrantemente desse jogo. Os estágios são um pouco mais abertos, há menos (mas ainda abundantes) saltos de fé e é um pouco mais óbvio para onde você está indo.

O que você notará após qualquer tempo gasto jogando o Wayne's World é o quão incrivelmente lento esse jogo é. Não os movimentos de Wayne, porque ele consegue se sair bem, mas se você quiser permanecer vivo precisa avançar lentamente, muito lentamente, tentando atrair os inimigos para o alcance da sua guitarra, porque é muito, muito fácil perder toda a sua vida quando você não consegue ver onde estão os inimigos e a mecânica do jogo parece determinada em levá-lo a uma morte precoce através da auto-mutilação devido a frustração. 


O chefe é um donut-cobra recheado com xarope de vômito, um conceito interessante que é quase genérico o suficiente para ser bem implementado, mas que acaba se transformando no padrão "desvie de seus ataques e atire". Pode parecer preguiça da minha parte descrever dessa maneira, mas isso é tudo o que há para dizer sobre qualquer um dos chefes deste jogo - apenas evite-os. Eles querem se esfregar em você, não fuja disso e você acaba vencendo. É tipo pegar trem no Japão sendo mulher, eu suponho. 


Esse sou eu, lembrando que mal cheguei na metade do jogo


O mundo três acontece dentro da boate, por que não? Já estamos ficando sem locais do filme. Rola da mesma forma que todos os outros níveis, mas seu progresso é dificultado pela ex-namorada de Wayne, Stacy, e pelo fato de que cada centímetro quadrado de chão neste local maldito é coberto por pirotecnia cronometrada.


Viu?

E sabe como eu estava reclamando sobre o jogo ser muito lento antes? Bem, você pode ficar chocado ao saber que cobrir todas as superfícies disponíveis com jatos de fogo que você precisa esperar para diminuir antes de poder progredir não fez muito para acelerar o fluxo da jogabilidade. Enquanto esperava, pelo que pareceram umas nove horas, por uma chama se acender o suficiente para eu passar por ela sem sofrer danos, comecei a me perguntar sobre os grandes homens e mulheres da história e o que eles haviam feito com suas vidas. Coisas melhores do que estar jogando Wayne's World, eu suponho.


Talvez todo o propósito do jogo seja esse, me fazer atingir a iluminação através da dor. Senão, porque mais os trocadilhos com os Beatles, como esse besouro com um penteado dos Beatles ou o submarino amarelo que continua tentando matar Wayne. Vê o que eles fizeram aqui?)

Outra arma que o jogo usa em sua jornada para te auto iluminar é a trituração implacável dos clipes de voz, forçando você a questionar quanto você realmente precisa de seus ouvidos, quero dizer, realmente, você não seria melhor apenas arrancá-los com as próprias mãos e enfiar a cartilagem mole nos canais auditivos? A voz da Stacy gritando "Oi Wayne!" cada vez que você se aproxima dela é ruim o suficiente, mas pelo menos é só nessa fase. O mesmo não pode ser dito da verdadeira dor  que vem do fato de que cada vez que você coleta um power-up, Wayne diz "excelent!" e cada hit o faz dizer "NOT!".


Sério, esse jogo é tão ruim que você pode, literalmente, pausar o jogo em qualquer tela e apontar alguma coisa no design que não faz o menor sentido. Como esse bar, por exemplo. Como você pode ver, Wayne está de pé no bar. O bar é uma plataforma. Isso é bastante simples. 

Depois, tem o banquinho, que quando pulado age como uma mola e impulsiona Wayne para o alto. você precisa pular no banquinho para chegar a uma plataforma superior. Consegue ver qual é o problema? É isso mesmo, a o espaço que você precisa pular entre o bar e o banco é extremamente estreito e você quase certamente continuará terminando no bar até que a detecção de acerto volúvel do jogo declare "suficientemente perto" e o banco o atire para cima. Por quê? Por que alguém projetaria dessa maneira? É tão inútil, tão desconcertante, desnecessariamente estranho, tão completamente uma merda que parece ter sido feito com o único objetivo de deixar o jogador puto da cara. Se esse foi o objetivo, definitivamente está funcionando.


Após três longas, exaustivas e crués fases, o chefe é... o Elvis... só que depois ele se revela ser um Terminator... ok, acho que vocês me perderam aqui, caras. A única coisa que eu consigo imaginar é que o executivo que fez esse jogo apenas ouviu uma descrição do filme como "tem alguma coisa com música e referencias, como a cena que aparece o Exterminador do Futuro".

Bem, de fato, o filme tem muito sobre música, e o T1000 faz participação em uma cena.


Eu só posso imaginar que é por isso que tem um Elvis Terminator nesse jogo, sério. Isso e porque a Grey Matter queria muito colocar um chefe dizendo "Mmm, rosquinhas de geléia, mmm, rosquinhas de geléia" em um loop infinito durante toda a luta. É uma necessidade... peculiar, eu diria. Sei lá, meu cérebro desistiu de tentar entender o pensamento por trás das decisões dos programadores deste jogo. É como se tivesse sido criado por uma raça alienígena que só conhecia os videogames através de interceptar os comerciais de videogames dos anos 90.


Minha prova para a teoria do T1000 é porque a próxima cutscene é justamente essa cena reeditada em toda magia de 16 bits do SNES. O que significa que eles vão ferrar com a coisa toda, não vão? Bem, ao menos não tem como ser pior que o Bohemian Rapsody que ouvimos antes...

... ou tem? 


Ok, não é tão ruim quanto aquele Bohemian Rapsody, mas... por que?


Os mais astutos dentre vocês devem ter notado que este não é Robert Patrick. É o Garth. O agente de Robert Patrick deveria ser elogiado por mantê-lo bem longe desse pedaço de lixo, mas mais uma vez você fica se perguntando por que - por que, se você sabia que não ia obter permissão para usar a imagem do T1000, você seguiu em frente mesmo assim e não usa alguma outra cena do filme em que a piada não se baseia inteiramente na aparência inesperada de Robert Patrick? Por que, sério?

Receio não poder responder a isso. Estou tão confuso quanto você.


Tudo bem então, aqui está o mundo final. Parece ser o bairro do Wayne, ou pelo menos uma versão distorcida e onírica, onde Salvador Dali fez o planejamento urbano e Barbie decorou todas as casas.

Felizmente, este mundo é muito mais curto do que os outros, e a este ponto você já se tornou se tornar fluente com a lógica bizarra do jogo Wayne's World para ter problemas aqui. Novamente, o fato de que eu REALMENTE deveria estar fazendo alguma coisa com a minha vida volta para me assombrar. 



Porém se você REALMENTE acha que entende a lógica desse jogo, Wayne's World volta para te derrubar do seu cavalo hubrico. Vê aquela árvore? A que está claramente em primeiro plano? Sim, você não pode passar por ela. Eu não tenho idéia do por que não, e a este ponto eu já desisti de me importar.


Depois do que pareceu ter sido uma era geológica, mas durou apenas algumas horas, Wayne finalmente alcança Zantar, o Cubo Gelatinoso. Ele nem é um cubo. Nem nisso a Grey Matter conseguiu acertar.

É uma batalha simples - o único movimento de Zantar é pular de um lado da tela para o outro, chovendo ocasionalmente bolas de gosma - e tudo que você precisa fazer é ser paciente e atirar em Zantar quando ele abrir os olhos. Faça isso algumas vezes e Garth será salvo e podemos esquecer que tudo isso aconteceu.


Jesus, Garth, o que exatamente Zantar fez com você? Quer saber, não responda isso. Já tive angústia mental suficiente por um dia.

Então esse é o mundo de Wayne. O final consiste em Wayne e Garth passando por algumas listas de "dez melhores", incluindo "coisas que fazem você querer vomitar" (esse jogo) e "dez melhores garotas" (nenhuma lista que não tenha a menina Ciri não é digna desse nome).

Mas enfim, graças aos céus que acabou. Há uma razão pela qual o Wayne's World aparece regularmente nas listas dos "piores jogos de todos os tempos", e essa razão é porque ele é realmente ruim. Abissalmente ruim, pior ainda do que a maioria dos jogos de plataforma licenciados e isso é dizer alguma coisa. 

Não tem uma única coisa que se salve nesse jogo - os gráficos são desorganizados e feios, os barulhos que produzem - me nego a chamá-lo de "música" - são de alguma forma simultaneamente punitivos e esquecíveis, os controles são escorregadios, saltos cegos representam oitenta por cento da jogabilidade e o restante se perde nos estágios desnecessariamente confusos. Acima de tudo, é Wayne's World, um filme muito legal, então vê-lo abusado dessa maneira é bem ruim. Retroativamente me fez gostar menos dos filmes? Não, claro que não - se isso pudesse acontecer, eu jamais jogaria Mario na vida novamente. Mas a dor está lá, da mesma forma.

Ok, considerações finais. Garth, como esse jogo fez você se sentir?


Sentimento compreensível.

Wayne, algo a dizer sobre esse jogo?


Bem dito, meu bom homem, bem dito.