quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

[AÇÃO GAMES 021] SUPER STAR WARS (SNES, 1992) [#302]

 

Normalmente os jogos baseados em filmes são uma desgraça por motivos bem faceis de entender: mais frequentemente sim do que não, eles são apenas uma peça de publicidade para promover o nome do filme e ser lançado junto com o mesmo. Os desenvolvedores então tem apenas uma janela de pouquíssimos meses para entregar... alguma coisa.E a grande verdade é que não faz nenhuma diferença, porque as crianças vão comprar pelo nome do filme, de qualquer jeito.

Tanto que a moda de jogos de filmes como peça publicitaria terminou quando os jogos se tornaram grandes e complexos demais para poderem ser feitos de qualquer jeito.

E, da mesma maneira, os jogos de Star Wars tendem a ser um tanto melhores que os seus pares justamente por isso. Como todos os filmes já foram lançados antes mesmo dos videogames nascerem (Return of the Jedi é de 1983), não existe esse desespero de lançar de qualquer jeito apenas vai porque vai. Adicionalmente, a Lucas Arts (uma empresa fundada pelo George Lucas para cuidar dos jogos das suas marcas) é conhecida pelo polimento e carinho com seus jogos.

Infelizmente, o que eles não são conhecidos é pelos jogos de plataforma.

De um ponto de vista criativo, Super Star Wars faz todas as escolhas certas. A trilha sonora é tirada diretamente do filme em edições muito boas e tem várias falas dos personagens digitalizadas.

 
De igual modo, a escolha das cenas a serem adaptadas é muito boa e o jogo tem uma noção muito, muito boa do que adaptar e do que permitir liberdade criativa.

Por exemplo, na primeira fase que se passa em Tatooíne o chefe é o Sarlacc.


"Ah, mas o Sarlacc só aparece no terceiro filme, ele nem está no episódio IV!", diria alguém mais preciosista.

NÃO, EU TO DE BOA.

Ah, ok. Ainda sim, é um toque legal. Ou então a segunda é dentro do Sand Crawler dos jawas, e é desnecessário dizer que tanto essa cena não está no filme, como os jawas sequer são hostis. Liberdades criativas nas horas certas, eu te digo.

Outra coisa muito legal nesse jogo é que alem do Luquinhas Andacéu, outros personagens são desbloqueados em momentos dramaticamente apropriados da narrativa. Assim, a partir da cena da cantina de Mos Eisley você pode jogar com Chewbacca e logo depois com Han Guardinhainventouseusobrenomelol. Mesmo a escolha dos chefes é muito boa, sendo um festival de referencias não tão óbvias a franquia.

Assim, além do já citado Sarlacc, um dos chefes fase é esse cara:


Tá, e daí? Quem é esse cara que você não lembra de ter visto nos filmes?


Uau, isso é um nível de referência bem profundo. Do tipo "nem eu tinha pego de primeira" profundo.

Adicionalmente a isso, o jogo tem um sistema de power-ups para seus blasters que mantém as coisas interessantes, assim como a possibilidade de coletar itens para aumentar sua barra de vida e, como se não fosse suficiente, uma certa variedade com fases de navezinha (seja com o speeder em Tatooíne, seja com a X-Wing na Estrela da Morte).



Então, como eu disse, de um ponto de vista criativo "Super Star Wars" faz todas as escolhas certas para adaptar o filme de 1979 para Super Nintendo. Na teoria, o jogo é perfeito.

Na prática, a teoria é outra.


Basta apenas alguns segundos de jogo na primeira fase e eu já fui lembrado por que nunca gostei do Super Star Wars tanto quanto eu queria ter gostado  quando era mais novo - o nível de dificuldade. Inimigos estão sempre voando de todos os ângulos possíveis, pulando em seu personagem e te empurrando pela tela, simplesmente chegar a qualquer lugar é uma tarefa árdua.

Talvez "dificuldade" não seja a palavra certa, na verdade. É mais como uma sensação constante de pressão. Você nunca consegue um momento de descanso, nenhuma chance de se orientar, e isso acaba sendo extremamente cansativo.



Muitos desses problemas poderiam ter sido evitados. Se os inimigos tivessem que atacá-lo (disparando alguma coisa, que seja) em vez de tentar te causar dano por meio de colisões, isso ajudaria muito a tornar as coisas mais agradáveis. Ou tem o fato de que para um jogo que você provavelmente descreveria como um run-n-gun, você não pode correr e atirar ao mesmo tempo, forçando você a ficar quieto enquanto você atira e no Super Star Wars parado rapidamente significa morrer.

Sua saúde está sendo constantemente drenada por algum inimigo encostando em você e você não consegue revidar em tantos inimigos ao mesmo tempo. Os criadores tentaram tornar a experiencia menos dolorosa fazendo com que QUASE TODOS inimigos deem energia ao serem derrotados e MESMO ASSIM o jogo é impossivelmente dificil.


Mas se sobreviver as hordas de inimigos encoxadores que spawnam infinitamente amontando em você é muito dificil, os chefes beiram o ridiculo. Eles são enormes e eles ou seus ataques ocupam quase toda tela, sendo que a única forma de derrota-los é achar o conjunto de pixels onde os ataques deles não alcançam e ficar paradinho atirando. É uma coisa ridicula.


Eu tenho sentimentos mistos sobre Super Star Wars. Em um nível, eu sei exatamente o que é: um jogo de plataforma de ação não especialmente agradável que tem algumas idéias decentes e seções de veículos divertidas, mas é quebrado por um nível de dificuldade injogavel, jogabilidade rígida e desajeitada. Muito bonito para um jogo SNES licenciado de 1992, também. 

Guerra nas Estrelas, apesar de todos os esforços da Disney em fazer com que não nos importemos mais com isso, definitivamente tem um efeito em mim e eu sinto que talvez eu esteja dando uma folga por ser Star Wars, mas ao mesmo tempo eu também sinto que eu fiquei mais desapontado e frustrado por isso, justamente porque é Star Wars e parece um desperdício. Em conclusão, Super Star Wars é um jogo de muitos contrastes. E não tem uma cena no compactador de lixo com um chefe lá? Nota 1/10, praticamente injogavel.