domingo, 24 de março de 2019

[AÇÃO GAMES 021] COBRA COMMAND (Sega CD, 1993) [#199]



Quando Dragon's Lair revolucionou os arcades em 1983 lançando a ideia de um desenho animado interativo, era apenas questão de tempo até outras empresas tentarem embarcar no sucesso e lançar os seus próprios papa-fichas baseado em um desenho animado de 20 minutos.

E não muito tempo.

Isso porque em 1984 a Data East já tinha sua bala na agulha, fazendo um shooter on rails em que você atiraria em algum lugar da tela na animação e se errasse o tiro o jogo te comia uma vida. Não muito diferente do que eu já joguei em Space Pirates, só que ao invés de imagens filmadas de um tiozão com uma fantasia barata dois numeros menor, temos uma animação frenética do helicóptero de combate LX-3FX

Ah, Capitão Talon, quantas crianças largaram as drogas devido a sua mensagem de vilão do jogo dizendo que vencedores não usam drogas... nenhuma, eu acho.
Então, temos Cobra Command.


Entretanto, como arcades de Laser Disc são uma desgraça de emular, falarei hoje do seu primo menos abastado, a versão de Sega CD. Vê, muitas das criticas que se pode fazer hoje ao acessório para rodar CDs no Mega Drive é que os jogos saiam com uma resolução de qualidade de vídeo de RMVB e menos frames que um episódio de Saintia Sho.

Cobra Command, no entanto... prova que tudo isso é completamente verdadeiro.


Isso é problemático porque a imagem é particularmente mal definida e borrada MESMO para o Sega CD naquela época. Outros jogos transportavam videos para o Mega Drive sem parecer que foram recompilados 8 vezes, como Time Gal e Road Avenger

Lançado apenas dois meses depois, Time Gal não tem imagens estouradaças como um anime de 20 minutos compilado em Real Media para ter só 6MB... não que eu tenha baixado muitos desses com conexão discada, claro...


Cobra Command coloca jogadores desafortunados para dentro do cockpit do LX-3FX, um helicóptero ficticio de combate cujo nome surgiu de uma cabeçada no teclado.Você controla uma mira na tela enquanto a animação rola, e ocasionalmente o jogo pede para você colocar o cursor para o lado direito da tela, ou para cima, ou para baixo, como se você estivesse pilotando a nave. O que é uma forma criativa de dar uma sensação menos de estar assistindo algo pré gravado e mais de estar no controle de alguma coisa que você não está.

Nesse sentido a animação faz algumas coisas legais, já que seu helicóptero dá rasantes muito louco nos mais variados cenários possíveis: desde voar desviando de prédios até entre as arvores da Amazonia e qualidade da animação - no pouco que o Sega CD te permite ver, isso é.


Na fase da Ilha da Pascoa você voa entre os moai, na do oriente médio entre (e as vezes dentro) de uma refinaria de petroleo e coisas assim, o que mais frequentemente sim do que não vai te fazer se perguntar se esse piloto seria demitido se ele só, não sei, voasse um pouco mais alto e atirasse de cima para baixo nas coisas como um helicoptero normal, mas enfim...

Então eu diria que eu não tenho um problema com a animação desse jogo, exatamente. Meu problema vai mais em... jogar o jogo. Vê, quando um inimigo aparece você tem apenas uma fração de segundo para levar o cursor até ele e meter bala. Embora o espaço de pixels seja favoravelmente desajeitado (você não precisa atirar no quadradinho dele, perto já é bom o suficiente), a janela de tempo é ridiculamente curta.

E por ridiculamente curta eu quero dizer que mesmo jogando com savestate teve casos que eu precisei de quase dez tentativas em um único inimigo!

Meu Deus, Jorge! Você é o único piloto de helicoptero que eu já ouvi falar na minha vida que morreu batendo em um SUBMARINO, pelo amor do Nego do Borel!

Sua ÚNICA chance de vencer esse jogo é decorar onde os inimigos aparecem e posicionar sua mira antes dele estarem lá. Eu não estou brincando, se Dragon's Lair exigia que você decorasse os comandos mais do que reagisse ao que está na tela, Cobra Command não faz nada diferente com a mira do jogo.

Outro esforço para adicionar variedade ao jogo que a Data East fez foi conceder a vários oponentes a habilidade super heróica de ser imune a metralhadora. Isso importa por que você tem apenas duas armas: a metralhadora e o missil. 

Como a metranca não é eficaz contra bunkers ou tanques, vale mais a penas usar apenas os mísseis porque eles tem munição infinita, funcionam contra qualquer oponente, disparam tão rápido quanto a metralhadora e exigem menos precisão. Em outras palavras, eles são superiores às balas em todos os sentidos. Então o jogo tem apenas DUAS armas, e uma delas é completamente inútil!

Dando um rolê no Grand Canyon because America Fuck Yeah!
Cobra Command realmente tem animações legais de voar maneiramente nos lugares mais exóticos da Terra, mas que se perde em um rail shooter que exige precisão pixométricas, duas armas sendo que uma é inútil e os gráficos meio que se perdem na resolução limitadíssima do Sega CD