Por mais que eu me divirta zoando a SEGA, que felizmente dá munição de sobra para isso, uma coisa que eu jamais poderei dizer é que no campo dos arcades eles não sabiam muito bem o que estavam fazendo. A SEGA entendia que se você estava pagando por jogatina (não para ter o jogo, e sim apenas para jogar uma partida), ora, alguma coisa eles tinham que fazer para justificar esse dinheiro gasto.
Isso significa que, sempre que podia, a SEGA tentava trazer uma experiencia única aos usuarios dos seus arcades de modo que eles saíssem felizes e voltassem com mais dinheiro. Golden Axe era sua oportunidade de jogar uma versão game de Conan, o Barbaro. Outrun era sua oportunidade de relaxar num domingo de sol com sua trophy-namorada e sua Ferrari Spider. Enfim, o importante era trazer algo novo para a mesa.
E essa empresa que tem uma visão tão inteligente sobre o que arcades devem ser, é a mesma empresa que decidiu adiantar o lançamento do seu videogame em 7 meses e só "esqueceu" de avisar aos lojistas e aos desenvolvedores de jogos disso. Vai entender a SEGA.
Bem, isto posto, o que EXATAMENTE F1 Exhaust Note trás de novo para a mesa que qualquer outro jogo de corrida já não tivesse trago antes? Bem, algumas coisas.
Em primeiro lugar, foi o segundo arcade de corrida multiplayer da SEGA (o primeiro foi GP Rider, que é basicamente o mesmo jogo que esse só que com motos), o que significa que as máquinas de F1 EN vinham em pares e o modo mais divertido de joga-las era chamar um parça e ficar fechando a frente dele porque huehuehuebr.
Agora, o grande destaque mesmo era a parte técnica do jogo. Como de costume com a SEGA, a tecnologia por trás do jogo impressiona mais do que o jogo em si. O gráficos são impressionantes com os carros ocupando quase metade da tela, porém sem que isso atrapalhe realmente a jogabilidade.
A pixel arte dos carros também é perfeita e extremamente fiel aos modelos de F1 de 1990. Embora o jogo não tenha licenças, é bastante claro que os carros do jogo são a Mclaren para o player 1 e a Willians para o player 2 (os dois grandes carros daquele ano, dirigidos por Ayrton Senna e Nigel Mansel, respectivamente). Não apenas isso, mas o jogo também mantém uma taxa de frames constante apesar de trabalhar com sprites tão grande na tela e isso é realmente impressionante. Mesmo hoje não tem como não parar para dar uma olhada quando você vê um jogo de corrida com carros tão grandes, tão detalhados e tão bem desenhados na tela, imagine então em 1991.
Como se trata de um jogo não licenciado, o jogo não usa nenhum circuito real e sim um próprio criado pela SEGA, embora esse lembre muito uma mistura do circuito de Imola com Interlagos. Este, infelizmente, é o único circuito do jogo.
A trilha sonora também é bastante boa, com o jogo misturando o ronco bastante único dos carros de Formula 1 com rock'n roll o tempo todo. Em todos os aspectos tecnicos, F1 Exhaust Note é o melhor que podia ser feito em um arcade de 1991, não era fisicamente possível lançar um jogo com melhores gráficos ou som do que esse - e esse é o grande ponto de venda do arcade.
O gameplay em si não é nada particularmente espetacular, no entanto, e não tem tanto assim que você possa fazer para se diferenciar dos tantos arcades de corrida que já existiam na época. Quer dizer, a física do jogo é interessante e fechar os seus oponentes é satisfatório, porém não é nada realmente digno de entrar para a história, tanto que hoje pouca gente lembra dele.
Porém, não acho que seja isso que a SEGA estivesse buscando. O que ela queria era algo mais "hey crianço, que tal gastar suas fichas em um jogo ok porém com os melhore gráficos que podem existir?", e nisso ela obteve o mais completo sucesso.
