quarta-feira, 19 de junho de 2019

[AÇÃO GAMES 016] MAGICAL TALULUTO-KUN (Mega Drive, 1992) [#236]



Nossa história de hoje começa no Japão, o que significa que a viagem será doida. Entre 1988 e 1992, Tatsuya Egawa publicou um manga na Shonen Jump chamado "Magical Taluluto-kun". Se o nome não é familiar a você, Egawa é o autor que criou Golden Boy. Ou seja, isso:


ESPERA, ELE DESENHOU UM PENES NA MÃO DO CARA APENAS PARA...

Sim. Esse é Tatsuya Egawa.

OH GOD...

Então, Magical Taluluto-kun é sobre um loser que um dia acaba encontrando um pequeno  mago dentro de um livro que seu pai ilustrava (esse sendo o mágico Taluluto-kun) e esse mago agora concede desejos a ele. É praticamente a versão japonesa de Padrinhos Mágicos japonesa, se a Wanda e o Cosmo tivessem 3 anos de idade e o Timmy Turner fosse um baita pervertido. Prepare-se para altas confusões e putarias maiores ainda!

OH GOD²...


Sendo uma criança, Taluluto sente muita falta da sua mãe então todo peito que dá mole ele aproveita para matar a saudade dando uma mamadinha. Essa cena é da abertura do anime, alias.

OH GOD³!!!

É. Taluluto-kun foi um grande sucesso na época, além de ser publicado por quatro anos na Shonen Jump teve um anime com 87 episódios e três longa metragens, além de 5 jogos de videogame.

OH GOD eu não sei mais como fazer numerozinhos pequenos


Aqui tem algumas cenas de Magical Taluluto-kun. Não tema, você não precisa entender japones para apreciar a genialidade da obra.

OH GOD MAXIMUM INFINITE POWER

Entretanto, nenhum desse material jamais veio para o ocidente. Nem oficialmente, nem através de fansubs, nem scans do manga, nem nada. Não existe nada sobre Magical Taluluto-kun na internet, exceto posts (sem resposta) de gente perguntando onde encontrar algo traduzido desse anime.


Eu sei, voz imaginária que só existe na minha cabeça e eu gosto de chamar de Jorge, eu sei. Bem, enquanto não há nada que se possa fazer a respeito da falta de informações a respeito do anime, vamos então falar sobre o jogo de Mega Drive, lançado em 1992 e produzido pela Game Freak.

Sim, aqueeeeeela Game Freak, mais conhecida por um jogo de Game Boy completamente obscuro e que provavelmente você nunca ouviu falar nada a respeito...


Magical Taluluto-kun foi o terceiro jogo criado pela Game Freak, um dos dois únicos lançados no Mega Drive e não só o jogo é dirigido por Ken Sugimori (que é o character designer de Pokemon), como em vários momentos do jogo você ouve músicas que seriam reaproveitadas na série de monstrinhos de bolso alguns anos depois. A música da batalha contra o chefe final, por exemplo, é a famosa música de batalha de Pokémon (o que eu tenho certeza porque esse é o toque do meu celular), mas você ouve a música tema de Pallet ou a música que toca nos Centros Pokémon direto também.

Isso sendo dito, vamos ver mais de perto como são as aventuras deste mago pecorrucho e atrapalhado. Own!



A primeira coisa que chama atenção é o quão bonito esse jogo é. Na verdade, acho que é o jogo de Mega Drive mais bonito que eu já vi até hoje. O personagem é grande na tela, o uso de cores é ótimo, tudo parece fofo e adoravel.  Tem como ficar mais kawaii do que isso, gente?



Na verdade, tem. O ataque de Taluluto é dar uma tacapada com o seu cetro mágico, que tem um alcance ridiculamente curto e é muito dificil acertar alguma coisa ele. Felizmente, esse não é o principal uso do ataque e sim dar vida a objetos inanimados (como essa lixeira plástica, na foto) e arremessa-la como arma.

Pela cara da lixeira, ela parece conciente do seu destino de dar de cara com um punk peludo verde, o que significa que ela é um ser com consciencia. Esse é um jogo fofinho no qual sua principal forma de ataque é dar vida a objetos inanimados apenas para impor a eles uma breve existencia de sofrimento e violencia. Hm, ainda está mais light que o Antigo Testamento, eu suponho...


Eu não faço ideia do que são esses caras verdes, mas realmente gostei como objetos diferentes reagem de formas diferentes a serem usados como armas. Enquanto a lixeira é tipo "oh não! ouch!", o extintor de incendio tem uma atitude bem mais "cai dentro, seus fodetios!". Adicionalmente, atirar um objeto em linha reta e ve-lo fazer strike nos inimigos em fila é altamente satisfatório.

De qualquer forma, o jogo é bastante simples. Você segue em linha reta usando os objetos como arma (ou seu cajado curto na falta desses) para eliminar os inimigos que aparecem nos corredores da escola, tais como...


 ... um carrinho desgovernado de resíduos químicos da turma 6-1?


... o Kyuubei quando ele era um adolescente gordinho e sofria bullying na escola de capirotos.


 ... e, honestamente, não vou nem tentar fingir que eu faço ideia de que porra é essa coisa. Suponho que no contexto do anime faça sentido, mas de alguma forma isso me dá mais medo ainda. Mas de qualquer forma, eu dizia que o jogo se resume a seguir em frente desviando dessas coisas estranhas e...


,,, MINHA MÃE MOLHADINHA DO CÉU, um maluco surge atirando na escola com um helicoptero! Uau, imagino o quanto esse cara deve estar cheio das suas merdas para pegar um HELICOPTERO e metralhar uma escola por sua causa, Taluluto!

Entretanto esse maníaco do helicoptero não é o chefe da primeira fase. Essa honra cabe a...


... esse maluco de camisa de radiação, que achou que era um bom momento para pegar um cesto de bolas de futebol e dar bicudas na cara de uma criança de 3 anos de idade enquanto a poucos metros dali um maluco está passando fogo no colégio com um ELIOCOPRO!. O Japão nunca falha em me surpreender, nunca. 

Um pequeno pedaço de trívia para você: o desenho desse cara, hoje, seria considerado racista no Japão. Isso porque esse traço de personagem com cara de troglodita, com labios bem largos, é tradicionalmente usado para representar os ainu, um povo que vive no norte do Japão (em Hokkaido, onde o Jaspion escondia todos seus aliados de voltarem a aparecer na série e receberem cache novamente Satan Goss). Os japoneses da ilha principal que forma o Japão consideram os ainu grossos, burros e preguiçosos (não muito diferente de como os Estados Unidos pensam dos estados do sul, ou o que os brasileiros pensam do nordeste). 

Então sempre que você ver um personagem com esses traços assim em um anime, saiba que muito provavelmente esse é um personagem do norte do país.


A segunda fase se passa no mundo da magia, ou alguma porcaria assim. Sei apenas que tem as nuvens mais felizes que eu já vi, e o gimmick dessa fase é que tem uns inimigos tanque que você pode usar seu cajado mágico e transforma-lo em um canhão que dispara automaticamente bolas vermelhas. Taluluto agora virou o Mega Man e nenhuma força nesse universo pode para-lo!


Exceto talvez a ponte mais preguiçosamente construída na história do Japão. Felizmente, eu descobri que Taluluto também tem asas de morcego, por alguma razão, e que pode planar se você apertar o botão de pulo novamente no ar. Eu devia ter desconfiado que esse moleque é parte capiroto, todos sempre são.



De qualquer forma, Taluluto entra em algum tipo de templo e aqui o truque é usar seu pauzinho mágico para alegrar os tijolos da parede. O que, considerando que esse é um jogo baseado em um manga de um dos autores mais pervertidos do Japão, acaba sendo menos perturbador do que a descrição evoca.


Tipo essa personagem que esqueceu de vestir qualquer tipo de calças. Nós demos sorte com a coisa do tijolo, acredite.


Ou esse bloco que está todo "oh meu deus, ele me pegou! Taluluto-kun realmente me pegou!" e o outro está tipo "hmpf, eu nem queria mesmo...". Uau, esse jogo está começando a ficar progressivamente mais e mais estranho...


A chefe da fase do templo é essa sacerdotiza (você sabe pelo chapéu) de maio tão socado que o fígado dela deve ter marquinha de bronzeamento. E salto alto, obviamente, because Japan. Você a derrota arremessando estatuas de buda nela, que parecem bastante felizes com a ideia fazendo uma cara de "oh yeah, baby...". Vish...


Bem, parece que aquela não e a chefe da fase porque depois disso tem mais uma sessão de plataforma e você luta contra a verdadeira chefe. Pelo que eu entendi, ela é outra maga como Taluluto que também realiza desejos só que gosta dele ou algo assim. E também parece ter três anos de idade. Porém, não precisa segurar sua respiração aqui, nada inapropriado acontece. Eu acho.

De qualquer forma, depois de ser derrotada, Talulete-chan passa a ser disponível como ataque especial, eliminando todos os inimigos da tela. 


A terceira fase se passa em uma floresta e é repleta de morcegos porque, eu juro por Deus, um dia eu ainda vou descobrir uma lei que contratualmente obrigava os jogos a terem uma cota de 25 morcegos por jogo na era dos 16 bits. Ou apenas porque era o inimigo voador (ou seja, não esta preso a nenhuma regra de movimentação) mais simples que você pode colocar em um jogo para apimentar o gameplay um pouco, pode ser isso também.


E, claro, nós temos essas arvores que parecem estar dizendo "isso garotinho, vem cá com sua varinha mágica, vem". Não aparece na imagem parada, mas ela fica mexendo os braços de um jeito bem creepy, acredite. Começo a entender porque esse anime nunca saiu do Japão.


E nessa fase enfrentamos o Dracula que dispara morcegos em você e é derrotado levando maçazadas na fuça. Imagino que o documento de desenvolvimento desse jogo deve ter sido uma das coisas mais incríveis de serem lidas ever.


Após derrotar o Drácula, Taluluto-kun salta de nuvem feliz em nuvem feliz desviando das cabeças de girafas que se erguem como se alguém acabou de fazer um exame de prostata surpresa nelas lá embaixo. E essa oficialmente é a frase mais estranha que eu já escrevi em 555 artigos nesse blog até agora. Estou impressionado.


Claro que nenhuma fase sobre girafas sofrendo toques retais repentinos estaria completa sem cordões de macacos descendo do céu para tentar apanhar o menino voador de 3 anos de idade. Fica pior a cada momento, e eu não estou inventando nada disso, as imagens estão aí!


Depois desta lisérgica viagem, voltamos a sessão de plataforma onde Taluluto agora enfrenta... agora enfrenta... eu não faço a menor ideia do que é isso, nem sei porque estou tentando ainda...


Continuando o estágio 3, que apesar de mudar totalmente ainda é a mesma fase, ele começa com... algum tipo de mão com rosto que é formado por vários pernis assados de desenho animado voadores. Sério gente, descrever esse jogo é uma das coisas mais estranhas que eu já fiz por aqui.

Nesta fase Taluluto ainda tem que enfrentar...


... a bola de lava mais feliz de todos os tempos...


... uma erupção vulcanica fálica que fica estocando para cima de uma forma bastante perturbadora...


... e carinhas que parecem os fetos de Binding of Isaac enquanto um vulcão pra lá de chapado fica com uma cara de "he... hehe... he...". Senhoras e senhores, agora é oficial: Deus nos abandonou.


Eu não vou mais nem tentar. Mas bem, o que pode ser pior que isso, né? Como esse jogo possivelmente pode ir além de tudo que já nos apresentou e me impressionar com um chefe de fase?


Mas espere, o que é aquilo ao fundo? É um passaro? É um avião? Não, é o ...


... O SUPER CAPIROTO!


QUE DISPARA LASERS DOS OLHOS!


QUE SOCA BOLAS EM VOCÊ, E VOCÊ TEM QUE ROUBAS AS BOLAS DO SUPER CAPIROTO ANTES QUE ELE DE UM SOCÃO NAS PROPRIAS BOLAS!



Ai gente, não dá. Sério, não tem como, é demais pra mim. Super Capiroto with lasers não dá. É por momentos assim que eu jogo esses jogos, puta merda... deixa eu tentar respirar aqui, vamo que vamo então...


Respira... a quarta (e última) fase se passa na cidade... e começa com ... um passarinho verde ... cagando lixo em cima de você. Não cocô, ele está literalmente cagando lixo com a sua bunda... olha a cara dele... é demais, esse jogo é demais pra mim...


... aí o Taluluto... que nome idiota... agarra um poste e arremessa nos morcegos... um poste... eu não to conseguindo respirar de tanto rir, esse jogo é a coisa mais estúpida na história da humanidade. Que obra prima, puta merda Game Freak, santa puta merda...


Nossa presepada... ai... é interrompida pelo maluco do helicoptero novamente, que por acaso parece muito o Vegetta lésbica. Enfim, mova suas asas loucas, Taluluto-kun, voe por sua vida e por seu chapéu ridiculo de Teemo!


Até que o Vegetta lésbica, no calor da perseguição bate em um prédio e esse é o fim de seus dias de metralhar ambientes urbanos. Eliminada essa ameaça, Taluluto parte para a ultima dungeon do jogo.


Que por acaso parece a versão maligna da escola do começo do jogo. Isso é um palacio cognitivo e Taluluto é um Phantom Thief no mais inesperado crossover de todos os tempos? As respostas...

... jamais virão, porque tudo que eu sei falar em japones é omae wa ore shindeiru.


Um caroço no chão, o que será que acontece se eu usar o cetro mágico nele?


NANI?!?

... eu errei o timing dessa piada? Completamente. Mas vou me dar créditos por tentar mesmo assim.


O penultimo chefe desse jogo são essas estatuas bastante desinspiradas perto de tudo que já aconteceu até aqui. Suponho que a essa altura o jogo tenha sido terminado pelo estagiario porque os funcionários da Game Freak estão em coma canábico e foram fazer outras coisas, como desenhar o pokémon Jynx. Certeza que aquela monstruosidade foi bolada durante essa época.


A batalha final é contra o arqui-inimigo de Taluluto com a mocinha ao fundo de calcinha e sutiã não ocultoss por um vestido transparente. Estou triste que esse jogo esteja terminando - não é um jogo longo afinal, mas imagino que o organismo dos desenvolvedores não suportaria mais drogas do que eles já tomaram até então.


Como prova disso, o final do jogo é apenas um dialogo entre Taluluto-kun e o Vegetta lésbica. Créditos rolam e...


Bem, esse foi Magical Taluluto-kun, um jogo obscuro que mesmo quem jogou quando era criança não sabe o nome já que ele nunca foi lançado no ocidente e a capa é toda em japones. Um jogo bem feitinho, com gráficos excelentes e que eu ri pra caralho, provando que a Game Freak realmente estava destinada a grandes coisas...