sexta-feira, 14 de junho de 2019

[AÇÃO GAMES 023] KUNG FU KID (Master System, 1987) [#234]


Todo mundo está lutando kung-fu, sua mente torna-se rápida como um relampago.
Embora o futuro seja um pouco assustador, é o livro da vida que você está escrevendo.

Sabe, foi pesquisando para escrever o começo desse texto que, apenas depois de trinta anos, eu descobri que a música "Kung Fu Fighting" não é literalmente sobre lutar kung-fu e sim sobre como todo mundo está struggling (sei lá como se diz isso em português, eu juro que estou desaprendendo essa lingua retardada) com a vida. Cada dia você aprende algo novo, hã?

Mas enfim, existe algo intrinsecamente hipnótico no kung-fu. Um estilo de combate que necessariamente é uma filosofia de sabedoria, conhecer verdadeiramente o seu corpo, a sua mente e ser capaz de fazer isso:







Você aprende como arremessar um homem do outro lado da rua com um soco de meia polegada, mas também aprende porque você não deve fazer isso. Kung-Fu é muito legal.

Então, é apenas natural que existam uma infinidade de filmes e jogos sobre o tema. Agora, a pergunta que deve ser feita realmente é: o quão bem um arcade de 1984 consegue transformar isso em um jogo? E a resposta seria: surpreendentemente, bem.



Kung-Fu master é um arcade da Irem bastante simples: seu personagem chuta, dá rasteira e voadeira. Alguns inimigos morrem com um hit, outros com dois. E no final da fase você enfrenta um chefe. Bastante básico, mas então eu preciso lembrar que é um fliperama de 1984. Chutar os bonequinhos é satisfatório e para o que era possível fazer na época, foi um joguinho bastante bem feito - o jogo até mesmo usa bipes eletronicos para imitar o grito do Bruce Lee.





Entretanto não é de Kung Fu Master que eu quero falar hoje e sim de algo que aconteceu três anos depois. O ano agora é 1987, três anos depois (fiz essa conta sozinho) e a Sega está em sua infinda fome de lançar qualquer coisa na esperança de que pela quantidade apenas ALGUMA COISA vá colar e eles consigam enfrentar a Nintendo. Neste momento da história em especial o Mega Drive ainda não tinha sido lançado e o Master System estava tendo sua bunda comida pelo Nintendinho com uma camisinha de cacos de vidro.

Então o que nossa amada empresa faz? Ora, o que! Eles simplesmente copiam Kung Fu Master na cara dura e lançam para o Master System como se eles tivessem feito, e é assim que surge Kung Fu Kid!


Claro, um clone com sérias restrições orçamentarias. Ainda sim, em termos de gameplay o jogo é praticamente o mesmo... salvo uma exceção: agora nosso menino do kung tipo uns seis metros de altura porque é assim que o kung fu rola, e isso torna a voadeira o principal movimento do jogo. Na verdade, o único que você realmente deveria estar usando.

E quando eu digo que é o único movimento que você deveria estar usando, isso não é figura de linguagem:


Ao contrário de muitos jogos da época, Kung-Fu Kid não é particularmente dificil e isso é porque os inimigos tem uma grande dificuldade em companhar a saltitancia do nosso kungfeitico herói. De alguma forma eu duvido que isso seja intencional, e o efeito é que a maior parte desse jogo você vai ter uma horda de caras no estilo "PEGUEM ELE!" correndo atrás de você. Para não dizer que a Sega só fez merda, ao menos o jogo não dá flickering mesmo com toda torcida do Flamengo na tela tentando te pegar - então Kudos onde Kudos são devidos.


Kung Fu Kid pode ser facilmente terminado em dez minutos mesmo com a hit detection terrível. O que também só faz diferença nas lutas contra chefes, no fim das contas, mas a programaçao dos chefes é terrível e eles são repletos de pontos vulneraveis onde você pode ficar atacando eles sem eles poderem te atacar de volta. E, novamente, eu realmente acho que essa não era a intenção da Sega. Apenas acho.



Relação custo/beneficio de lado, estranhamente o jogo não parece injusto porque a maioria dos glitchs e defeitos do jogo na verdade jogam a seu favor, o que é estranho mas pelo menos não irrita. Kung Fu Kid não é um jogo ruim se considerar o ano e o sistema para o qual foi lançado. Na verdade é um jogo bastante bonito e a trilha sonora é bastante decente.

Pode parecer que eu faço bullying com as coisas da Sega, e parece isso pq é verdade. Por outro lado, quando eu elogio é porque é de verdade: esse jogo pode ser muito bonito as vezes.

E, vamos encarar os fatos, se os seus pais não te amavam o suficiente para ter te dado um Nintendinho e sim a opção mais barata (a.k.a. Master System), não tem tanta coisa assim MUITO melhor que isso no console da Sega.