quarta-feira, 5 de junho de 2019

[AÇÃO GAMES 016] SPACE FOOTBALL: ONE ON ONE (SNES, 1992) [#230]



Existem alguns jogos com uma proposta tão bizarra que a única reação humanamente adequada a tal é soltar um bom e velho:



Exemplo de caso: em 2008, a Psyonix lançou um jogo para PS3 chamado "Supersonic Acrobatic Rocket-Powered Battle-Cars", o qual ninguém deu a mínima porque esse nome é uma bosta. Em 2015 eles lançaram uma versão bem melhorada desse jogo (com um nome muito melhorado também): Rocket League.

O resultado foram milhões de jogos vendidos, porque Rocket League é simplesmente futebol com carros. Uma das ideias mais idiotas e geniais ao mesmo tempo que você verá. Mas ok, a este ponto você deve estar pensando "Certo, é inusitado, mas isso não é uma ideia tão estranha assim, não ao ponto de justificar o meme do começo do texto".

CERTO, É INUSITADO, MAS ISSO NÃO É UMA IDEIA TÃO ESTRANHA ASSIM, NÃO A PONTO DE JUSTIFICAR O MEM... NANI?!?

Pois bem, e se eu te dissesse que 25 anos antes o SNES não apenas teve o seu próprio Liga Foguete, porém um Liga Foguete futurista (visualmente, o jogo parece muito F-Zero) e de futebol americano com um pouco de quadribol? 




Vamos ver como isso funciona: Space Football coloca carrinhos estilo F-Zero em uma arena com o objetivo de pegar a bola e levá-la até a area para marcar um touchdown. Isso é mais dificil do que parece porque a bola fica vagueando aleatoriamente pelo mapa em um padrão imprevisível e é difícil caça-la, quanto mais pega-la. É basicamente como o pomo de ouro do quadribol.

Uma vez que você pegou a bola, no entanto, seus problemas não acabaram. Os carros futuristas só podem segurar a bola por alguns segundos antes de ter que soltá-la, o que é algo que eu gostei. Tem um cálculo de risco/recompensa que você tem que fazer fazer antes de pegar a bola. Estou perto o suficiente do meu objetivo para marcar um touchdown? Se eu pegar e ela escapar, a bola vai em direção ao meu gol ou ao do meu adversário?

Isso poderia ser bem divertido ... se o jogo não fosse um lixo.

Se você apertar START na tela de título, o jogo começa uma partida e Yoda te ajuda se você nunca jogou antes. Felizmente, o botão SELECT traz este menu útil do tipo de opções. Meu Deus, que tela visualmente poluída isso é! Bem, escondida entre todos esses ícones e texto, você pode encontrar a frase "A FOR HELP". Se você está estiver sentindo particularmente esperto, você pode interpretar essas palavras como dizer "Pressione o botão 'A' no Super Nintendo para chegar à tela de ajuda."

Entendeu como é que joga? Bem, essa é toda explicação que você vai ter (em um menu bem escondido), então te vira!

Space Football usa as habilidades do Mode 7 no Super Nintendo para emular uma arena 3D em que você pode ir para qualquer direção, o que pode ter sido impressionante em 1992. Porém em 2018 (ou em qualquer época), o jogo é de uma bagunça visual que não é agradável de se ver nem um pouco. Mesmo em 1992, já que esse jogo flopou nas vendas e provavelmente você nunca tinha ouvido falar nele (nem eu tinha ouvido falar, mesmo sendo um mestre supremo dos games).

O problema aqui é que o jogo é uma bagunça de sprites piscando na sua cara de uma forma desagradável e apenas entender onde você está na arena já é um grande desafio. Pegar a bola então... para piorar, o jogo tem vários bugs e a bola às vezes desaparece dos lados da tela quando você está tentando interceptá-la. Mas só até chegar até a bola em primeiro lugar é difícil porque o espaço é, e estou usando um termo generoso aqui, difícil pra caralho.

Se essa tela parece dificil de entender, imagine em movimento e com rotação de 360 graus.


Como é dificil entender o layout da arena onde você está, é dificil prever para onde a bola vai quando ela quica nas paredes (isso quando não buga nela). O que significa que 90% do tempo do jogo será apenas dois bobalhões dirigindo em circulos atrás da bola e torcendo para que, na improbabilidade de captura-la, seja perto o suficiente da area para marcar um ponto.

Ah, eu quase esqueci de mencionar que o jogo dá ao jogador a habilidade de atirar mísseis contra o oponente. Você pode se perguntar como diabos alguém esqueceria que dá para disparar MISSEIS em um jogo de esporte, mas isso só prova o quão problemático é esse jogo.

Aproveitando a semelhança desse jogo com ser apanhador no quadribol, eu gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer algo que eu aposto que todo mundo na internet já disse: "Gols" dão a sua equipe, o que, cinco pontos? Dez pontos? No entanto, pegar o pomo de ouro lhe dá CENTO E CINQUENTA pontos e imediatamente termina o jogo? Todo membro da equipe que não está envolvido na captura do Pomo (ou protegendo a pessoa que está pegando o pomo) é mais inútil que assento ejetor em um helicoptero.


Os tiros são esqueciveis porque eles quase não causam dano, são difíceis de serem mirados corretamente e é impossível saber se você acertou, porque não há nenhum feedback. O inimigo não pisca, não faz barulho, nada. Tudo que dá para ver é a barra de vida dele diminuir um décimo,  se você estiver contando pixels. 

Eu não sei porque isso está no jogo, porque eles são inúteis. São tão inuteus que eu não posso dizer que Space Football seria melhor sem essa mecânica porque ela realmente não faz diferença nenhuma. Em teoria, você pode abater o outro jogador e vencer acabando com a energia dele, mas com a dificuldade que é para acertar e o dano minimo que isso causa, os 500 segundos que duram cada partida não é suficiente. 

O objetivo do jogo é pegar a bola e levar até o gol para marcar um ponto... bem, um dos dois gols. Com a imagem parada assim parece obvio que o seu é o gol que está brilhando laranja e não o cinza, mas acredite, com tudo girando no jogo e você só tendo 4 segundos antes da bola escapar das suas mãos, não é tão simples assim diferenciar.


Space Football: One on One desaponta porque esta poderia ser uma idéia decente para um jogo. Certamente é uma ideia original, e eu tendo a aplaudir tentativas de fazer algo diferente. Porém o SNES não é poderoso o suficiente para executa-la e não há complexidade suficiente no jogo para torná-lo interessante: o modo campanha tem 32 partidas, depois da terceira você não vai mais estar aguentando de tédio.

Antes de encerrar, contudo, eu gostaria de deixar registrado o quão bem a Ação Games descreveu o jogo em apenas uma linha: mistura de futebol americano com pega-pega espacial (já que quando um dos jogadores está com a bola, o outro tem que correr na direção dele e torcer para que um tiro o faça derrubar a bola, enquanto o que está com a bola tem que fugir disso). Acho que é a melhor sintese que já vi nessa revista em 16 edições, será que a mudança de layout na edição 16 realmente significa o começo de um novo tempo?