Sabe o que me deixa chateado quando eu jogo esses jogos antigos da Ação Games? Não, não é os jogos serem ruins, com isso eu posso lidar e até me divirto as vezes - exceto se forem jogos de Amiga, saporra tinha que ser thaneada para foda existencia. O que realmente me chateia na verdade é quando um jogo podia ser genuinamente bom, chega tão perto disso e então caga tudo com pequenas coisinhas que poderiam ter sido resolvidas facilmente.
Como Cool Spot, por exemplo. Podia ter sido realmente grande, mas não foi.
Bem, nossa história começa com a mais eficiente propaganda em um videogame de todos os tempos. Isso porque eu nunca vi na vida uma garrafa de 7up, não faço ideia de que gosto tem (segundo a internet, lembra um pouco a nossa soda limonada, mais parecida com a Schweppes), e não vi um único comercial dessa coisa, mas eu conheço a marca única e totalmente experimentaria única e exclusivamente por causa desse jogo.
Durante os anos 90, os anos 90 sendo os anos 90, todas as empresas achavam que precisavam de um mascote cool e descolado, ultra maneiro para fisgar todos os jovens ultradinamicos da parada, tá ligado?
Eu já falei disso quando joguei CHESTER CHEETAH: TOO COOL TO FOOL, e a marca de refrigerantes 7-Up não era exceção. No caso, seu mascote era o descolado e sempre maneiro Cool Spot. Pois é.
É o que, meu amigo?
Sério, eu juro pra vocês que eu não entendo os anos 90 e eu estava lá do começo ao fim. Mas enfim, nessa época não era surpreendente algumas empresas transformarem seus mascotes em jogos como o já citado Chester Cheetah da Elma Chips, Yo! Noid da Domino Pizza, ou Ronald Mcdonald sendo um cuzão e aprisionando crianças em um mundo de lixo tóxico... sério, até hoje eu não entendo Mick & Mack as Global Gladiators
Neste caso, a Virgin se baseou em um comercial especifico para fazer o jogo, sendo este:
Sim, eu sei o que você está pensando. Eu tinha dito que nunca tinha visto um comercial de 7Up na vida, e do nada achei exatamente o comercial no qual esse jogo foi baseado. É, eu também acho que seria o X-Men com o pior poder mutante ever.
Enfim, Cool Spot, o famoso Pinta Maneira, pinta na parada sempre muito descolado ostentando toda sua coolicidade de ser o cara da uncola... seja lá o que isso signifique.
E sabe o que realmente? Cool Spot realmente é um carinha cool. Ele não tenta demais, como o Chester Cheetah, não, ele apenas fica na dele, ali, sendo cool, porque é isso que caras descolados fazem. Mas e aí, qual é do Pinta Maneiro aqui?
Um fato curioso é que na Europa o jogo foi editado, porque a 7-Up já tinha outro mascote e eles não queriam confundir as coisas ou alguma coisa assim. Na versão europeia do jogo, o Pinta Maneira apenas surfa uma garra de SOS totalmente não cool. Ou spot.
Bom, agora que já nos preparamos emocionalmente para o jogo, basta apenas sabe o que fazer nele, certo? Quanto a isso, nada tema pois a Virjona joga na tela durante exatamente 5 segundos tudo que você precisa saber sobre o jogo!
Uau, informação demais... 5 segundos definitivamente não são o suficiente...
Mas enfim, essa tela poluida a parte, Cool Spot não é um jogo complicado: você precisa achar um numero minimo de moedinhas que são basicamente o personagem que você joga só que sem óculos escuros, depois achar a jaula do seu parça maneiro, atirar nela e celebrarem o quanto vocês são cools
A primeira coisa que chama atenção nesse jogo é o quanto ele é bonito e bem animado! Quer dizer, por muitos anos eu achei que fosse stop motion ou alguma coisa assim, porque esse jogo é realmente maneiro de se olhar.
Nosso amigo Pinta Maneira também tem uma quantidade bastante generosa de quadros de animação a sua disposição, todas elas repletas de atitude a maneirice. Quando você erra o pulo, por exemplo, Pinta Maneira dá de boca no chão e isso sempre é algo muito divertido de se assistir.
Quando nosso amigo PM morre, ele também acontece de ter uma das animações de chutar o balde mais legais dos 16 bits:
Então, damn, esse jogo é realmente bonito. Mas não adiantaria nada parecer cool, se nosso amigo cool não tivesse movimentos cools para coolicizar pela vida. Estalando os dedos, como um Thanos em miniatura, Cool Spot dispara bolhas de 7-Up em qualquer direção que você quiser.
Andando por aí todo descolado, sendo maneiro o dia inteiro |
Sabe, eu não tenho certeza de propagandear seu produto alimenticio como uma arma da morte capaz de matar tudo que toca é a melhor escolha, mas posso dizer que disparar para qualquer lado certamente algo bem prático e dinamico. Adicionalmente, PM pode disparar uma rajada dessas coisas indefinidamente e isso é definitivamente maneiro.
Tome essa agua gaseificada uncola da morte, adoravel Stuwart Little de pijama! |
Então o jogo é muito bonito e seu ataque não é uma merda. Ok, até aqui tudo indo muito bem. O level design são fases labirinticas e eu pessoalmente odeio isso, mas então eu não posso ter contra o jogo meus gostos pessoais. Deixando o que eu acho desse genero de lado, tenho que admitir que as fases são bastante grandes, bem desenhadas e com vários caminhos a seguir, coisas a explorar e etc.
Então, é, esse é um jogo muito bonito, com movimentos bacanas e level design legal. Então se ele é uma oportunidade desperdiçada, como eu disse no começo do texto, onde está o problema aqui?
Bem, então... vamos começar pelas coisas pequenas.
Sua vida é representada pelo rosto de Spot, que se desprende lentamente da tela enquanto você sofre dano até que caia completamente. É um toque visual interessante, mas também significa que é um pouco difícil avaliar exatamente quanta energia você tem e, portanto, quão paranóico você deveria estar com o dano que pode sofrer.
Outra coisa que me incomoda é que a dificuldade padrão no Super Nintendo é você ter que coletar 90% dos spots na fase. Você pode mudar para 60% colocando no easy, mas como muitos jogos dessa época terminam na 4a fase se você jogar no easy, isso é algo que ninguém fazia. E cara, coletar 90% dos colecionaveis com o tempo que o jogo te dá é muito absurdamente impossível.
O jogo já obtusamente dificil do jeito que é, mas ter que jogar correndo como um mameluco em chamas acaba completamente com a sua diversão. E pressa é algo que você não pode ter aqui, porque os controles são ultra sensíveis e qualquer toquezinho o Cool Spot dispara como se estivessem vendendo ingressos para Sasha Grey vs Mia Khalifa.
É legal que seu personagem pule 15 metros de altura a cada pulo. É menos legal que seja muito fácil perder o controle de onde ele vai parar. Isso do super pulo do Pinta Maneira, inclusive, contribui com o pior e mais estragador de diversão problema que esse jogo tem: saltos de fé.
A camera é muito zoomada no nosso maneirinho amigo, e adicionado aos pulões que ele dá, você nunca vê para onde está indo. Nunca MESMO. Quando você pula só pode ter fé que vai cair em uma plataforma ou agarrar alguma coisa, e não em um buraco ou em cima de um inimigo. Muito frequentemente é o segundo caso mais do que o primeiro.
Mais tempo do que a sanidade de qualquer um recomenda, você passará encarando telas como essa. Quer dizer, uau, daqui eu vou pra onde? Eu pulo no colo da tua mãe, aquela vadia intergalactica? Sério, não dá pra jogar desse jeito!
E isso não era dificil de resolver, caceta! Afasta a camera um pouco, tira esse limite de tempo idiota e pronto, já fica um jogo altamente delicinha! Só isso!
Cara, a trilha sonora é composta por Tommy Talarico (posteriormente criador do Video Games Live), os efeitos sonoros são muito fofinhos e o programador principal é David Perry, que depois faria os jogos de jogos Earthworm Jim, que mantinham a animação de alta qualidade de Cool Spot, só que muito, muito mais divertido.
É um jogo ok, eu suponho, mas que poderia ter sido realmente divertido. E isso é verdadeiramente triste.