O texto da capa é muito bom, pena que foi alterado pela Tec Toy na versão BR |
Uma das coisas mais difíceis de ser criança nos anos 80 foi ter ganho um Master System ao invés de um dos clones do Nintendinho. De toda a biblioteca dos jogos daquela época aclamadas até hoje (Megaman, Metroid, Castlevania, Mario, Tartarugas Ninja, Final Fantasy, etc), nada disso saiu para o Master System. Ao invés disso os donos de Master tinham que se agarrar a dois ou três títulos que podiam "competir". A saber é Phantasy Star, Alex Kidd in Miracle World e Psycho Fox.
Vamos falar sobre esse último hoje.
O jogo tem um sistema de warp zones como Mario também |
Psycho Fox usa muitas ideias de Mario e Alex Kidd, mas ao mesmo tempo tem algumas ideias realmente boas, isso tem de ser dito. Para falar a verdade, tão boas que foram reaproveitadas em Sonic. Sim, Psycho Fox inspirou Sonic, viva com isso.
Mas vamos começar do começo: Psycho Fox é um jogo de plataforma em que você pode usar um item para alternar entre 4 personagens. Saca Mario 2? Então, tipo isso só que você pode mudar o personagem no meio da fase.
Assim como Mario 2, cada personagem tem sua própria característica: o Tigre é mais rápido, o Macaco salta mais alto, o hipopotamo é lento mas quebra paredes e Psycho Fox é o padrão. Isso dá uma variedade muito interessante ao jogo... em teoria. Na prática vale mais a pena pegar um e ir com ele até o fim porque trocar através do menu de pausa é um saco. Considerando então que no Master System o botão de pause fica no console e não no controle (sério, SEGA, o que vocês estavam pensando?).
O design das fases é muito interessante: assim como os jogos do Sonic, ele é divido em níveis. Ir por cima é mais fácil, por baixo é mais difícil e pelo meio é... bem, pelo meio. Realmente é um level design muito bem pensado... em teoria. Na prática ele não funciona muito bem porque o que acontece é que você passa metade do jogo sem ver para onde estar indo. Não é raro você cair na água ou na cara de um inimigo e morrer.
Se Sonic conseguiu fazer isso de uma maneira fluída porque foi feito para o Mega Drive e com energia infinita, aqui o mesmo não pode ser dito e corre sem ver para onde está indo morrendo ao primeiro contato. Parece algo que vai dar certo? Pois é.
Falando em morrer, o jogo tem um sistema de energia/combate muito interessante. Você pode matar os inimigos pulando neles (como Mario) ou socando eles (como Alex Kidd) só que o soco da raposa psiquica e sua gangue é muito melhor que o do menino Alex (os que foram resenhados aqui, pelo menos). Existe ainda um terceiro tipo de ataque é o passarinho Bird Fly, que é o power up que você encontra pelo jogo.
O Bird Fly serve para duas coisas: usa-lo como arma, você o arremessa e ele volta, e como vida extra. Se você for atingido enquanto está com o Bird Fly você simplesmente perde ele se for atingido ao invés de morrer. É um sistema interessante... em teoria. Na prática... ok, isso é legal também na prática.
Psycho Fox é um misto de ideias boas e ruins, e seria de fato um excelente jogo de plataforma, não fosse um pequeno, minisculo, quase imperceptível detalhe: ele é horrível de se jogar. Tipo fisicamente doloroso mesmo.
Tá se sentindo em forma, magrão? Porque aqui você vai levantar muito para ir até o videogame pausar para usar os itens e trocar de personagem... mais uma vez, vsf SEGA! |
Isso porque os criadores decidiram adicionar uma física de momentum aos saltos. Tá, e daí? Muitos jogos de plataforma fazem isso e é muito bom: pegue embalo para pular mais longe. Cool. Só que aqui não: o momentum é tudo no jogo. Se você não pegar embalo você simplesmente não sai do lugar pulando!
Sabe aqueles sonhos que o seu corpo é estremamnete pesado e não responde como deveria? Como se tivesse uma supergravidade prendendo ele no chão? Eu tenho esse tipo de sonho frequentemente e é horrível. Psycho Fox é uma versão em videogame disso, e não é menos horrível em videogame do que é nos sonhos. Sério, o jogo errou enormemente a física da movimentação e transformou toda a experiencia em um sofrimento arrastado.
O que é uma pena porque de outra forma Psycho Fox conseguiu misturar Mario com Alex Kidd (muitas vezes melhor que o original) e adicionar suas próprias ideias. Teria tudo para ser um grande jogo, não tivesse cagado no mais básico do básico que um jogo pode fazer.
Ah sim, e antes de terminar: que porra foi esse final, heim?
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 017
Edição 017