segunda-feira, 5 de abril de 2021

[ARCADE] ARMORED WARRIORS (Ou "POWERED GEAR" no Japão) [Outubro de 1994] [#670]



Vamos direto ao assunto porque aqui é um blog sofre eficiencia, e assim sendo nossa história de hoje começa...

Eita preula Capcom, segura o cavaquinho minha filha! Eu sei que arcades não ganham fichas pelo tempo que eles ficam parados, mas socar 16 linhas em dez segundos já é sacanagem também! 

Você poderia até imaginar que eles estão querente esconder algo passando esse texto tão rápido... no que você estaria certo já que a história desse jogo é uma crítica a política externa dos US and A. Então o revisor da Capcom da América provavelmente fez o texto passar rapidão pra não acontecer isso na casa dele:


Compreensível. Seja como for, a história aqui é que no ano 2281 a Terra e o planeta Raya assinaram um cessar fogo pondo fim a uma antiga guerra entre os dois. Não muito depois disso uma força alienigina tomou conta de Raya, de modo que a Terra enviou forças especiais para trazer "liberdade" a Raya... o que quer dizer ter um governo fantoche e secretamente governar aquela birosca. Parece com algo que você já ouviu falar?

De qualquer forma, você joga com um dos quatro pilotos dessa "força de liberdade" enviada para trazer paz e democracia a Raya...


O tradicional personagem "equilibrado" dos beat'm ups, nosso primeiro "herói" é o protagonista de anime da porra toda que por um erro de digitação da tradução americana não foi colocado como tendo 14 anos. Quer dizer, estamos falando de um país onde é obrigatório por lei o protagonista do anime shonen ter 14 anos e ESSE cara tem 15 anos:


Adicionalmente seu nome de guerra é "Assadura", o que sempre o faz ser um must have como personagem selecionavel.

Para alegria dos fanfiqueiros de plantão, "Justiça" é nosso bishounen obrigatório com seu mecha de longo alcance mas dano delicado. Façam o que quiserem com essa informação, apenas digo que os fanfics se escrevem sozinhos a este ponto.


Um beat'm up não é um beat'm up se não tiver o obrigatório cara lento e forte que tem agarrões, e é aqui onde entra o canadense mais badass desde... hã... mais foda desde que... hmm, acho que a Robin Scherbatzky foi a última canadense foda que vimos, não?


E por fim,  mas não menos importante, nossa hibrido francesa/rayana chamada de Sirenia - antecipando Borderlands em pelo menos dez anos. Alias eu reparei que os beat'm ups da Capcom são os lugares videogames dos anos 90 que as mulheres estão mais vestidas, eu já tinha observado isso em ALIEN VS PREDATOR.

Hã, incomum para a época...

Esse jogo é um tipo de "sucessor espiritual" do excelente ALIEN VS PREDATOR, Armored Warriors usa as mesmas mecanicas básicas daquele jogo só que refina elas um pouco mais - por exemplo o botão para disparar sua arma de fogo foi mantido, mas agora ela funciona por mais tempo e existe toda uma gama de power ups interessantes para ela dropados com bastante abundancia.

Os sprites na tela são tão vistosos e coloridos quanto você esperaria de um beat'm up da Capcom, e são muito bem animados. Os backgrounds sempre são muito detalhados e variados, o que para um jogo sobre mechas, você poderia pensar que as fases meio que pareceriam sempre iguais mas a Capcom conseguiu juntar uma grande variedade tanto de cenários quanto de inimigos. Quando combinados com a grande quantidade de armamento que podem empunhar (tanto modificando seu ataque quanto modificando seu tiro), meio que sempre tem algo novo ou interessante acontecendo na tela.

Como esse braço elétrico que te dá socos com UNLIMITED PAUAAAAAAAAAA

A combinação de power ups, tanto do braço quanto da metralhadora, é a coisa mais interessante desse jogo e o que faz ele se destacar dos outros beat'm ups feitos pela Capcom com essa mesma engine como THE PUNISHER e o já citado ALIEN VS PREDATOR.

Um mecha cyberflamespider from hell, Australiapunk 2077

Usar a mesma engine dos outros jogos também garante que temos um beat'm up com o padrão Capcom de qualidade: controles que respondem bem, dificuldade jogavel (para um arcade desenhado para comer fichas, isso é) e ritmo rápido. Tão rápido, na verdade, que isso explica esse jogo nunca ter sido portado para consoles domésticos: tem sempre muita, muita coisa na tela e o jogo nunca dá slowdown mesmo você as vezes sequer conseguindo ver o que está fazendo...


... que é o único real defeito desse jogo e que impede que eu tenha gostado dele mais do que eu efetivamente gostei. Esse jogo é muito, muito poluído visualmente e em grande parte do tempo você não vê nem o seu personagem direito, quanto mais os power ups jogados no chão e bem frequentemente passa a sensação de que qualquer coisa é qualquer coisa porque você não vê muito bem o que está fazendo mesmo.

Armored Warriors é um beat 'em up muito mais frenético que outros jogos do mesmo gênero já que estamos constantemente nos movendo, batendo, atirando e explodindo coisas. E enquanto eu entendo o apelo disso - certamente foi uma escolha de design, não um erro de programação - não é realmente muito a minha coisa. Eu gosto dos meus jogos com menos fogo na bacurinha, obrigado.


Mas como eu sempre digo, nessa época a Capcom não saberia fazer jogos ruins mesmo que tentasse faze-los, e isso era especialmente verdade para beat'm ups. Se o que você quer é subir em um robozão da porra e socar outros robozões da porra enquanto soldadinhos humanos minusculos fogem em desespero, esse é o seu jogo (onde KING OF MONSTERS 2: The Next Thing falhou miseravelmente em se-lo).

E, sejamos honestos, quem é que não quer isso, não é?

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 009