quarta-feira, 29 de setembro de 2021

[MEGA DRIVE] BLOODSHOT (Janeiro de 1995) [#765]


Chegando agora a review número 760, tenho que dizer que a esse ponto os jogos mediocres parecem estar se fundindo em uma grande massa única de mediocridade. O jogo de hoje, exemplo, eu tenho a grande, grande sensação de que já vi esse jogo antes.

Quer dizer, nas reviews Bloodshot (ou "Battle Frenzy" especificamente na Alemanha, porque eles temem que ter um jogo com Blood no titulo vai fazer as crianças virarem nazistas ou algo assim) é citado como o mérito técnico de ter um FPS rodando no Mega Drive, mesmo que o jogo em si não seja lá essas coisas.


Beleza, tudo muito bom, tudo muito bem. O problema é que isso já foi feito quase um ano antes em ZERO TOLERANCE. Já existe um FPS beeeeeeeem marromenos pro Mega Drive que merece mais mérito por existir dentro das limitações do console do que pela qualidade dele, então pq eu estou lendo os mesmos comentários de novo?

Bem, a resposta mais obvia é que poucos tem o meu infindo e fantabuloso conhecimento gamer, e apenas não estão cientes de que ZERO TOLERANCE. Porque quando você tira o mérito de "uau, eles conseguiram fazer esse jogo rodar no Mega Drive", esse Bloodshot... não tem muita coisa realmente.

Quer dizer, é um FPS rodando no limitado hardware do Mega Drive, parabéns. Já foi feito quase um ano antes, mas okay, parabéns. Porém colocando isso de lado, o que realmente resta sobre Bloodshot? Não muita coisa realmente.


Como um soldado de elite do Comando da Frota Estelar da Federação Terrestre (quem mais poderia ser, né?), Seu cérebro foi implantado com o chip “Battle Frenzy”, que lhe dá “superforça, reflexos relâmpago e um desejo insaciável de matar”. O manual segue descrevendo essa condição como "bloodshot". Sua missão, como acontece com muitos jogos desse tipo, é despachar indiscriminadamente legiões de robôs alienígenas em uma nave espacial alienígena. Sempre um bom plano.

O jogo em si, bem, certamente ele não é DOOM, mas também certamente é mais bonito e mais detalhado que ZERO TOLERANCE. Pra começar você joga com pelo menos 4/5 da tela aqui, tem um mapa atualizado em tempo real (graças) e o jogo flui bem mais rápido que seu antecessor de um ano atrás também. Então eu suponho que é o mais perto que dá pra chegar de ter DOOM rodando no Mega Drive sem nenhum acessório.


O que não quer dizer necessariamente uma coisa boa, porque enquanto esse jogo faz o máximo que pode para ser o DOOM do Mega Drive, o resultado é menos divertido do que você poderia imaginar. Pra começar, esse é um daqueles jogos que todas as fases parecem absolutamente iguais e que você não consegue dizer em que nível está só de olhar, sempre um favorito da galera.

Não ajuda muito que o level design seja... bem, basicamente as fases são uma sequencia de corredores. Nada de grandes mapas para encontrar a saída, não. Apenas siga em linha mais ou menos reta (com um ou outro desvio aqui e acolá, mas dá tudo no mesmo) até o final da fase, destrua o ... sei lá que diabos é aquilo, um gerador eu acho... e volte correndo pelo caminho que veio antes que o timer termine. Enxague e repita doze vezes, yay.

Este é um mapa de uma fase do jogo. Como dá pra ver, é bem linear exceto por uma bifurcação que não dá em nada. Todo o jogo é assim.

Mas okay, um FPS de corredores ainda poderia ser algo digno de nota (quer dizer, Call of Duty tá aí a anos, né?), não fosse o fato que o seu personagem é muito troncho de controlar. Ele vira devagar, enrosca nas paredes como se sua vida dependesse disso e desviar dos tiros inimigos é uma profissão de fé que simplesmente não vale o esforço nesses corredores apertados.

Imagine, se puder, todos os principais problemas de KILEAK THE BLOOD do Playstation e os transponha para o hardware limitado do Mega Drive. Isso parece a receita da diversão pra vc? Pois é, foi o que eu imaginei.

O resultado disso é que Bloodshot é um jogo tão meh que ninguém nunca se deu ao trabalho de lança-lo nos Estados Unidos, mesmo sendo um FPS bonito em fotos de revista (o tipo de coisa que a Sega adora). No máximo ele ficou um mês disponível para download no Sega Channel, mas meio que foi isso. Definitivamente não se perdeu grande coisa.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 016