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| Essa é uma capa americana de Shining Force com um número desapontadoramente baixo de coxas de homão de fora |
Okay, eis aqui algo interessante para vocês biscoitinhos espertos pensarem a respeito: um jogo deve ser julgado pelo sistema que ele existe? A resposta parece bastante obvia a principio ("sim, dã, você não pode julgar um jogo de PS5 e de Master System pelos mesmos critérios"), mas não é tão simples assim. Porque e se eu te perguntar: o CONCEITO de um jogo deve ser julgado pelo sistema que ele existe? Aqui é que as coisas ficam complicadas.
Exemplo em caso: eu já falei o bastante aqui sobre SHINING FORCE: The Legacy of Great Intention e SHINING FORCE 2. Então me diga o que você acha dessa ideia: pegar Shining Force, tirar toda a parte de exploração, cidades, personagens secretos e toda esse jazz deixando apenas o combate. Uma série de 25 combates um atrás do outro, pá pá pá, e é isso o jogo inteiro. Isso parece uma boa ideia pra vc?
Por mais que eu goste de RPGs Táticos, e o de Shing Force é particularmente divertido, eu sou inclinado a dizer que provavelmente não seja a melhor das ideias. Quer dizer, por menos que isso eu já gostei muito menos do segundo SF do que o primeiro e ele é apenas inferior em elenco/exploração de cidades e não os elimina completamente. Então pular essas coisas inteiramente e fazer um RPG apenas de combate é uma coisa ruim, certo?
Hã, não necessariamente. Porque é aí que entra a coisa de considerar o sistema quando analisar um jogo: Shining Force Gaiden, que é como foi chamado esse projeto, é um jogo de Game Gear e isso é totalmente okay. De verdade. Imagine que você está na fila do banco, ou se escondendo no banheiro porque chegou visita na sala enquanto você bombardeava Hiroshima e vc vai ter que cumprimentar as pessoas se voltar para o seu quarto (evento puramente fictício que jamais aconteceu, hã, definitivamente nunca aconteceu, é). Enfim, em situações rotineiras como essas nos anos 90 ter um joguinho que é uma sequencia de combates e nada mais... não é a pior coisa do mundo. Diabos, eu diria que funciona perfeitamente ao seu proposito, é um bom passatempo e não a grande experiencia videogamistica das quais podemos ter grandes expectativas.
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| Disse todo anime ever antes de mandar crianças fazerem o serviço |
Então para um jogo de Game Gear, é, totalmente okay.
ESPERA, EU ACHEI QUE VOCÊ NÃO FALAVA SOBRE JOGOS DE PORTATEIS AQUI
Oh, eu não falo. Acontece que Shining Force Gaiden do Game Gear foi lançado para o Sega CD em 1995. E então novamente voltamos ao ponto que eu levantei no começo do texto: enquanto a ideia de Shining Force Gaiden é totalmente okay para funcionar num portátil em partidas rápidas, isso parece muito menos atraente para jogar na sua sala tendo pago 60 dinheiros gringos em um jogo.
Tanto que a própria Sega estava ciente disso, porque ela fez o que pode para adoçar o pacote: Shining Force CD inclui os dois jogos de Game Gear e adiciona alguns toques legais como o nomes dos personagens que você dá no primeiro jogo são mantidos para o segundo (o que pode não parecer grande coisa hoje onde, mas na época esse tipo de interação era o que tinhamos).
Shining Force CD refaz dois dos três títulos de Game Gear da série e o faz muito bem. Os retratinhos dos personagens falando durante os diálogos foram inteiramente refeitos e estão muito bonitos, além desse ser um dos jogos mais longos do gênero: além de reproduzir os dois jogos originais, ainda adiciona um novo capítulo liberado depois de completar os jogos anteriores, e ainda uma luta de chefe especial desbloqueado quando você termina esse capitulo também - mais ou menos como a Capcom fez com MEGA MAN: THE WILY WARS para o Mega Drive.
A Sega pode ser acusada de muitas, muuuuuitas coisas nessa vida, mas tomar o seu dinheiro sem esforço nenhum com esse jogo não pode ser uma delas. Como eu disse, eles fizeram o melhor que puderam para fazer o negócio valer a pena para o jogador (numa época em que jogos tipo "Collection" não eram comuns) e isso é legal.
Do ponto de vista técnico eu não tenho muito o que reclamar, é o que você poderia esperar de um jogo de game gear upgradeado para rodar no Sega CD, exceto que talvez uma coisinha que me incomoda sim: o jogo ocupa TODO o save de memória interna do console, o que significa que para jogar esse jogo você tem que apagar todos os seus outros saves da memória do console, o que definitivamente não é nada legal. Tudo bem que é um Sega CD então não é como se tivesse lá graaaaaandes coisas salvas em primeiro lugar, mas ainda sim cara não é legal. Not cool.
De qualquer forma, eu acho que esse Shining Force CD é uma boa coisa. Enquanto apenas portar um jogo que foi pensado apenas para você matar o tempo de bobeira seria pouco, a Sega colocou dois jogos e extras que justificam o seu uso em um console doméstico. Não é a melhor ever, claro, mas é bom o suficiente - o que é mais do que pode ser dito da imensa maioria dos jogos de Sega CD, saiba você.
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Edição 061
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Edição 003
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