sexta-feira, 20 de agosto de 2021

[PC] KILEAK: The DNA Imperative (ou "Kileak: The Blood" no Japão) [Janeiro de 1995] [#748]

Esse jogo é tão do começo da vida do Playstation que ainda usa a caixa vertical, uma raridade

O 3DO não tem um dia de paz. Não faz nem uma semana que eu falei aqui sobre IRON ANGEL OF THE APOCALYPSE, um jogo que até é bem intencionado mas apanha severamente para as limitaçoes tecnicas do console apresentando um gameplay absurdamente travado que só consegue rodar numa janela pequena. Apenas para refrescar a memória, IAotA é isso:

Esse framerate engasgando, véi...

Bem, mas pq eu estou falando desse jogo? Pq como eu disse, nem uma semana depois eu jogo um jogo que é basicamente o mesmo jogo só que no Playstation: você joga como um robozão em um dungeon crawler de tiro em primeira pessoa. Só que tem uma diferença, no PS1 o jogo roda assim:


Jogo rodando macio em tela cheia, nem parece que o jogo vai implodir o console, que satisfação aspira!


Então embora os dois jogos não tenham nenhuma relação oficial, Kileak é um tapa na cara do 3DO fazendo com folga o que é basicamente o mesmo jogo no 3DO com muita facilidade no PS1.

AH, PELO MENOS É UMA COISA BOA QUE ESSE JOGO SEJA BOM ENTÃO

Hã, o que? Ah, não, não, não. Oh, não, definitivamente não. Nada poderia ser mais longe disso. A parte de hardware do Playstation responde magnificamente bem, verdade, mas o jogo em si é uma das maiores aberrações que eu já vi na minha vida em termos de escolhas de design.

Mas vamos começar do começo...


Uau, quero dizer realmente do começo, o jogo abre com espermatozoides nadando e você não pode voltar muito mais pro começo do que isso, tenho que dar isso a eles. De qualquer forma, a história é que em uma base no polo sul um cientista investigava uma antiga forma de vida fossilizada e decidiu ir super evil, com direito a criar seu exercito de mutantes com base no DNA e usar um missil para espalhar o DNA mutante pelo planeta. Coisa básica de supervilão... que no manual do jogo explica que tem haver com planos dos descendentes dos nazistas tentando criar uma raça superior ou algo assim. Nazistas, mutantes, gotcha, não precisa dizer mais nada, estou a caminho!

Hmm, isso saiu menos melhor que eu o esperado, eu suponho, mas ao menos o jogo tenta explicar porque você está sozinho tentando impedir o apocalipse e não com uma equipe, então kudos pelo esforço. Infelizmente, isso meio que vai ser a ultima coisa boa que eu tenho a falar desse jogo, entretanto.

Veja, O Anjo de Ferro do Apocalipse é um jogo que roda de forma mediocre por causa das limitações do 3DO, mas não é um jogo deliberadamente pavoroso. É um jogo medíocre mal executado, mas o que ele tenta fazer é ser um dungeon crawler bem meh.

Já Kileak não, é um jogo tenebroso que é bem executado graças ao Playstation. Mas o que faz Kileak ser tão terrível assim? Algumas coisas. Em primeiro lugar, esse jogo é um dungeon crawler que você não tem espaço para desviar. O que quer dizer que quando aparece um inimigo não tem nada, e eu digo absolutamente NADA, que você possa fazer para desviar dos tiros. Não, sério, não tem como manobrar pros lados, então sua ÚNICA opção é ser uma esponja de tiros e torcer para os inimigos droparem itens de cura. Show de bola, guys.


Mas calma que piora. Porque não satisfeitos em fazer desse jogo um ESPONJA DE TIRO SIMULATOR, eles decidiram adicionar um limite de tempo! Mas não apenas qualquer limite de tempo e sim um bastante especial. Isso porque sua armadura tem uma barra de energia que vai gastando com o tempo (a porcentagem na tela), ao chegar a zero sua vida termina.

Espalhados na fase existem carregadores de eletricidade que recarregam o "tempo" da sua armadura, só que o problema é que existem apenas um ou muito raramente dois por fase, então você tem que ficar regularmente fazendo backtracking ida e volta e ida e volta ida e volta do ponto de recarga ao ponto da fase que você está explorando.

Para adicionar ofensa a injuria, existem dois tipos de arma: as com munição contada que você recupera pela fase (normalmente as mais fortes e que você tem que guarda para os chefes) e as que você vai usar na maior parte do tempo, as que gastam a energia da sua armadura. Então como você vai estar na maior parte do tempo gastando sua energia da armadura como munição, dalhe ida e volta até o ponto de recarga. Isso soa realmente divertido, hã?


Agora o que torna esse jogo realmente especial, e por "especial" eu quero dizer INJOGAVEL E SE VOCÊ GOSTA DISSO VC É GORDO E ADOTADO, é que... acreditem ou não... o jogo não recarrega sua vida de uma fase para outra. Hã, isso é um incoveniente, mas é só morrer e então recomeçar a fase com sua vida cheia, certo?

Certo... exceto que você tem apenas uma vida. Entre uma fase e outra você pode salvar o jogo, mas ele salva com o tanto de HP que você tinha. Então se vc terminou uma fase com 13 pontos de vida (de 100), então você começa a outra fase com 13 pontos de vida. Se antes de achar um pack de vida tiver um inimigo no corredor, acabou pra vc. Simples assim. Como não tem espaço pra manobrar e evitar levar tiro, o jogo terminou e não tem mais como prosseguir.

O subtitulo japonês "The Blood" é muito mais legal, mas essa capa parece que foi feita no photoshop pelo sobrinho de alguém

Existem apenas duas coisas que você pode fazer: recarregar um save de uma fase anterior e jogar tudo de novo (ou mesmo começar de novo), ou ter um pouco de amor próprio e parar de jogar essa merda. Se isso tudo ainda fosse o preço a se pagar por jogar um puuuuuuta jogaço imperdível, mas é um dungeon crawler que todas as fases parecem iguais e você nem consegue entender o que são os inimigos.

E apenas para adicionar ofensa a injúria, esse é um daqueles jogos que tem que jogar com o som desligado. Não porque o som do Playstation seja ruim, pelo contrário, mas porque esses porcos lamacentos decidiram que quando sua vida baixasse de 30 pontos ia tocar um alarme irritante que não desliga até você (se) pegar mais vida. E só pra vc deixar de ser trouxa, também uma voz ao estilo Cybermorph começa a avisar que sua munição tá acabando... as duas coisas juntas! ELES QUEREM ME ENLOUQUECER! SÓ PODE!


Pra ter uma ideia do quão esse jogo é terrível, a revista oficial Playstation Magazine na sua primeira edição deu nota 4/10 pra esse jogo. 4/10 numa publicação oficial que é basicamente destinada a fazer publicidade do seu console, isso é o quão terrível esse jogo é. E com isso a promotoria encerra.

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Edição 015


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Edição 004