Alguns anos depois essa também foi a arte da capa da versão europeia do jogo |
Ok gente, eu tenho confessar uma coisa que vai soar como uma revelação chocante para todos vocês, mas sinto que a este ponto que precisamos estar completamente claros a respeito disso: a Sega me diverte. Não da forma que você possa estar imaginando, entretanto. As pataquadas da Sega me divertem, seu fracasso me entretem, suas lágrimas me dão forças e sua dor é meu viver.
QUE REVELAÇÃO SURPREENDENTE...
Mês após mês nessa retrospectiva fazendo as pioras escolhas possíveis ao ponto que você não consegue imaginar como eles possivelmente poderiam topear a escolha ruim do mês anterior... e eles vão e conseguem. De alguma forma. É um tipo de arte, na real. Minha relação com a Sega não é outra senão essa:
ESSE TEXTO TEM ALGUM PONTO?
Eu sempre tenho, Jorge. Sempre tenho. Então, um fato notório e sabido é que nossos colegas Seguinhas são criaturas infelizes de dor e sofrimento que nunca tiveram a oportunidade de jogar um Mega Man no conforto do seu lar. Sério cara, o quão triste é isso? Que tipo de qualidade de ser humano se desenvolve sem a disciplina e a retidão de carater ensinada por um bombardeiro azul e oito robôs malignos do mal que odeiam o bem?
Pense sobre isso, sério. Quando o primeiro Mega Man foi lançado para o Nintendinho em 1987, seus contrapartes Seguinhas tinham... ISSO no Master System:
O horror! Ó! O horror! Meus olhos queimam!
VOCÊ SABE QUE ALEX KIDD IN HIGH TECH WORLD NÃO É UM JOGO RUIM REALMENTE
O horror! Eu te digo! E pior ainda, no ano seguinte quando a Capcom lançou a sequencia com mais chefes, mais power ups, jogabilidade melhor e gráficos muito melhores... tudo que a Sega tinha a oferecer aos seus fieis fãs era... isso:
HÃ, GOLVELLIUS TAMBÉM NÃO É UM JOGO RUIM. CLARO QUE ESSA CAPA DE ROMANCE ERÓTICO PARA DONAS DE CASA NÃO AJUDA, MAS O JOGO...
Tenebrosidade! É o que eu te digo, Jorge! Trevas e dor! E então quando saiu o chocolatante, megalindico e bonifero MEGA MAN 3, tudo que a Sega tinha a oferecer as suas pobres vitimas era... isso!
...
Ué, não vai falar nada? Que "esse jogo nem era tão ruim assim" nem nada do tipo?
NÃO CARA, LAKERS VS CELTICS AND THE NBA PLAYOFFS É RUIM DE DOER MESMO. É AQUELE JOGO DE BASQUETE QUE O JOGO NÃO MOSTRA QUAL JOGADOR DA QUADRA VOCÊ ESTÁ CONTROLANDO, AÍ FICA DIFICIL DEFENDER MESMO...
Pois é, mas o meu ponto é que nunca teve um Mega Man para o Mega Drive - o que faz do Nintendinho um console melhor que o Mega Drive em uma analise isenta e imparcial - e eu não vou sequer humilhar a Sega falando de MEGA MAN X. Um jogo tão bom, tão inacreditavel, tão espetaculindo que ele fez até mesmo a capa da Ação Games ficar legal quando a Ação Games nessa época era conhecida pelas colagens toscas na capa! Esse é o poder de MEGA MAN X!
AH VAI, AS CAPAS DA AÇÃO GAMES NEM ERAM TÃO...
... ESQUECE O QUE EU DISSE.
Mas então, suponho que eu tenha deixado claro meu ponto que nunca ter saído um Mega Man para os consoles da Sega era uma grande coisa contra a Segoleta, como qualquer gamemaníaco pode te dizer. E por isso mesmo é uma grande coisa maior ainda quando em 1994 finalmente saiu... e é uma grande coisa mais maior gigantesca ainda que a Sega conseguiu a façanha de cagar com isso também! Quando eu digo que eles elevam a varzea a um estado de arte, eu não estou brincando.
Tenho que dizer que esperava que o poder que você ganha do GUTSMAN fosse algo assim. Desapontado. |
Porque veja, acho que não é realmente preciso explicar o quanto fazer um videogame bem sucedido é dificil. Esse é um negócio complexo com muitas variantes, e se você tiver muitos recursos e se dedicar inteiramente a fazer UM sistema funcionar ainda sim não é garantido que vai dar certo. Muito provavelmente não vai, na verdade.
E no final de 94 a Sega não estava tentando manter vivo UM sistema, não. Eles estava embretados dando suporte a SEIS sistemas que exisgiam jogos exclusivos e conversões para cada um: Sega CD, 32X, Mega Drive, Saturno, Game Gear e Sega CD 32X). SEIS. Um jogo que era lançado para rodar no Sega CD 32X precisaria de um port para rodar no Sega CD normal, um lançamento exclusivo do 32X não rodaria no Mega Drive normal. Então do ponto de vista pratico de sistemas, a Sega estava atracada com SEIS sistemas, sendo que na América do Sul e na Europa o Master System ainda era suportado então nesses lugares eram SETE.
Quem nunca fez isso quando criança, amirite?
... QUANDO CRIANÇA, É?
Eu não tenho culpa se não desinventaram os moletons, tá bom?
Sério cara, pensa nisso: a Sony estava suando em bicas pra fazer UM sistema operacional dar certo, a Nintendo que era a líder do mercado até então dava suporte a dois (Super Nintendo e Game Boy)... mas a Sega que fazia patetice semana sim outra também estava abraçada com SEIS sistemas.
E aí o que a Sega faz, já estando até o pescoço administrando o que já tinha? Ora, é claro que vai e cria mais uma plataforma! Sim, mais uma plataforma que exigia jogos exclusivos próprios, ports próprios e toda uma infraestrutura própria. Se isso não é a definição de insanidade, eu não sei mais o que seria.
Nossas cameras captam uma imagem exclusiva dos funcionários da Sega no final de 1994 |
Como quase tudo que a Sega fazia, a ideia do Sega Channel não era ruim per se. Na verdade era uma ideia muito inteligente e bem a frente do seu tempo, só que eles não tinham o know-how, o pessoal ou mesmo a tecnologia na epoca não era suficiente para fazer a coisa funcionar. Mas a ideia em si era boa: os cabos de TV a cabo basicamente transmitem dados para os receptores. Ora, o que a Sega se ligou foi que esses dados não precisavam ser necessariamente de imagens de televisão, eles podiam ser jogos.
Em um tempo que a internet ainda engatinhava nos seus primeiros passos, já havia um sistema consolidado de distribuição de dados, tudo que precisava era um receptor para converter isso em jogos. Então a Sega criou um sistema que era tipo um prototipo do que hoje nós conhecemos como o Game Pass, um sistema que utilizava a estrutura de transmissão de dados da TV a cabo para você poder baixar jogos em um cartucho em branco especialmente preparado para isso.
Além dos jogos completos, o Sega Channel oferecia outras opções para os assinantes, como o dicas, noticias e o Test Drive: jogar demos de jogos já lançados ou que estavam por sair por tempo limitado. Assim como acontece hoje com demos, o jogo vinha com um temporizador que resetava o game após o seu término – jogos de ação duravam 20 minutos enquanto que jogos de RPG ofereciam até 30 minutos. Não é muito diferente de como as demos funcionam hoje, Resident Evil 7 por exemplo teve uma demo que você podia jogar uma hora do jogo.
Como eu disse, a ideia foi realmente boa para a época, o preço era acessível (U$14,99 por mês com uma taxa de ativação de U$25,00 - o que ainda era menos do que um jogo) para uma biblioteca de aproximadamente 50 jogos todo mês. Era um bom negócio.
O que era menos bom é o problema que eu citei que a Sega estava absolutamente estafada com tudo que estava fazendo ao mesmo tempo. Então a Sega literalmente não tinha recursos para divulgar o serviço como ele precisaria ser divulgado, para investir em servidores melhores para ampliar o serviço, tudo isso faltava.
Por exemplo, o departamento de marketing da Sega tinha uma quantidade limitada de dinheiro. Essa quantidade limitada tinha que ser dividida entre Sega CD, 32X, Mega Drive, Saturno, Game Gear, Sega CD 32X... e agora o Sega Channel!
O mesmo vale para títulos exclusivos, você só tem recursos para desenvolver um determinado numero de jogos que vão querer fazer as crianças comprarem o seu sistema, e agora você tem SETE deles para suportar! É claro que isso não vai dar certo, você está criando competição interna quando a competição externa já é dificil o suficiente!
E entre as tentativas de vender o Sega Channel, alguns jogos japoneses tiveram seu lançamento americano cancelado para servirem como chamariz de vendas para o SC. Um deles, por exemplo, é o PULSEMAN da Game Freak que nos Estados Unidos foi lançado apenas no Sega Channel. Porém de todos, o maior e mais importante sem duvida foi esse Mega Man The Willy Wars.
Por anos, na verdade por quase uma decada já, os fãs da Sega estavam implorando por uma versão do bombardeiro azul para o seu console. Em 1994 a Capcom finalmente fez o tão sonhado remake dos três primeiros jogos do Mega Man com gráficos melhorados para o Mega Drive, bem ao estilo do que a Nintendo fez com SUPER MARIO ALL-STARS.
Alias não apenas isso, como criou conteúdo adicional para o jogo! Terminando os três jogos originais você desbloqueia um novo jogo com três novos chefes em três novas fases, e um castelo do Dr. Willy final! E melhor ainda é que no começo de cada fase você pode escolher 8 power ups de qualquer um dos três jogos anteriores para levar, o que é muito, muito legal!
Então Willy Wars é finalmente tudo que os fãs de Mega Drive sempre sonharam e mais ainda do que eles podiam esperar, que coisa estupenda, fenomenal, plessiossaurica... SE você morar numa região atendida pelo Sega Channel, SE você ouviu falar desse jogo, SE você ainda não investiu em um dos outro CINCO sistemas da Sega e ainda está investindo no Mega Drive original a ponto de pagar uma assinatura mensal pra jogos dele... é um bocado de "SE", não é?
Porque é isso que acontece quando você tenta fazer tudo ao mesmo tempo, você torna impossível algo já seria muito dificil de ter sucesso se você tentasse uma coisa só. O jogo não tem culpa disso, é claro, mas não tem como não dissociar que mais uma vez a Sega pegou algo realmente especial... e atirou na grande máquina de triturar ideias que é a Sega.
Mas falando um pouco do jogo em si, assim que eu coloquei o jogo eu fui direto para o jogo de Mega Man que eu cresci jogando, Mega Man 3, e fui direto para a fase que eu mais lembrava: Snake Man. Já joguei essa fase acho que umas cem vezes na vida e na versão de Mega Drive parecia uma fase nova.
O layout era o mesmo, mas o feeling é diferente. Não só porque os gráficos tomaram um banho de loja de de 8 bits para 16 bits, mas os gráficos do jogo tem uma cara de Mega Drive. É difícil de explicar, mas é aquele tipo de visual retrô com cores estouradaças e personagens de linhas grossas que você raramente confundiria com um jogo do Super Nintendo. Certamente não se parece com Mega Man 7 ou Mega Man X, por exemplo.
Eu acho essa abertura muito bonitinha, nem parece algo que você veria no Mega Drive Super Sasuke |
E quer saber? Eu gostei bastante. Eu pude experimentar um dos meus níveis favoritos em jogos de uma nova perspectiva. Foi ótimo, embora os controles pareçam estranhos. O Mega Man controla de forma um pouco diferente do que no original, mais duro do que no NES. Você tem que apertar o botão com mais força pra ele andar, especialmente no Mega Man 1 - mas como eu nunca joguei o 1 e 2 antes não sei dizer é assim mesmo.
Porém no 3 pelo menos eu posso afirmar que os controles estão mais duros e manobrar seu boneco é mais travado. Imagino que porque a Capcom não tem muita familiaridade em trabalhar com consoles da Sega, então a programação não ficou tão fluida assim. Mas ainda sim é bom, porque Mega Man é que nem pizza né: até quando é ruim é bom. Não que esse jogo seja ruim, pelo contrário.
Foi ótimo ver a fase do Snake Man com mais detalhes. No original, parecia apenas algum tipo de ... dentro de alguma coisa. Era verde, isso eu posso afirmar. Wily Wars dá a fase mais personalidade com detalhes de background como cercas de arame quebradas e outros floreios que tornam o nível mais industrial.
O que me leva a penar no que eu devo fazer agora. Normalmente eu analisaria todos os mestres robos e faria alguns comentários na tentativa de ser engraçado, mas acho que vou fazer outra coisa na real. Como essa é uma edição especial comemorativa ao legado do Mega Homem, vou fazer algo diferente: vou analisar todas as capas de Mega Man do Nintendinho! O que isso tem haver com o jogo aqui? Bem pouco, mas danesse pq esse é o meu blog e eu faço o que eu quiser porra!
MEGA MAN (1987)
Okay, primeiro eu quero que você dê uma boa olhada na capa japonesa do jogo. Não é adorável? Nosso menino-robô azul sapequinha de meteu em uma enrascada com os 6 chefes do jogo (nesse primeiro jogo são 6 e não 8) e a ilustração deles na capa é uma boa adaptação de como eles parecem no jogo.
Porém isso não serviria para impressionar os meninos americanos, serviria? Claro que não, eu te digo! Por isso uma nova capa foi desenhada para a versão ocidental do jogo, uma com mais ATITUDE, SEU COROA!
O resultado é que não há força nesta Terra ou em qualquer outra que me faça acreditar que o seguinte dialogo não aconteceu:
Como zueira pouca é bobagem, a Capcom abraçou a piada e o "Bad Box Art Mega Man" se tornou um personagem fazendo participações especiais em jogos da empresa, como em Street Fighter x Tekken |
Edição 063