Para nossa review número 777, um número tão bonito e garboso, vamos fazer algo especial: uma review raíz como nos velhos tempos. Comentar a abertura, falar dos personagens, como nos faz tempo que eu não faço. Ou seja, senta que lá vem história!
O ano é 2043. As principais cidades em todo o mundo foram devastadas pela guerra nuclear. Quando a cidade de Chrono Grande recebeu o banho do chuveiro nuclear, você pode imaginar que isso não realmente catapultou o desenvolvimento socio-cultural da cidade.
Entre uma horda de mutantes, ciborgues e vendedores de refricervejaagua, a aplicação da lei foi pro espaço e Chrono Grande (nenhuma relação com a Ariana) se tornou uma terra sem lei. No meio do caos, um governo militar especial foi formado de emergencia (vulgo gorpi) e como saida eles escolheram alguns individuos dotados ( ͡° ͜ʖ ͡°) para recrutar com a missão de botar ordem na porra toda. E por "botar ordem" eu quero dizer socar cada um dos mutantes/ciborgues/eleitores do Cabo Daciolo individualmente. Cada. Um. Deles.
Essa iniciativa foi chamada de "os varredores da cidade", o que prova que sempre devemos combater golpes militares sob o risco de vivermos com nomes de operações bem pouco inspiradas. Seja como for, nossos heróis são:
Okay, tenho que dizer que tenho que aplaudir a proposta desse jogo. Supostamente os "City Sweepers" deveriam ser "undercover cops", tanto que esse é o nome do jogo. Nosso primeiro candidato, entretanto... é um judoca/vagabundo. Eu entendo o cast porque é um jogo dos anos 90 e todo mundo quer ter o seu próprio Ryu, mas mais importante é que de todas as pessoas do mundo eu não esperaria que esse meliante que tem cara de quem luta em uma rinha nos fundos do bar por um martelinho de cachaça seria um policial disfarçado.
Execução 10/10.
Nosso segundo "Varredor da cidade" é o ... número 19? Espera, o que aconteceu com os outros 18 City Sweepers? Eu vou querer realmente saber? Seja como for, Matt Gables é o obrigatório cara lento e forte de todo beat'm up.
Sabe, com essa premissa de um futuro pós-apocaliptico de mutantes e criminalidade infinda você poderia imaginar que não haveria espaço na sociedade para o drama de um atleta banido do esporte por uma acusação falsa de atacar alguém. Pra vc ver como nunca tem como adivinhar como os apocalipses serão realmente. Bem, seja como for depois de ser injustamente acusado de atacar alguém Matteuzão da Massa foi selecionado para justamente atacar infindos alguéns, porque é assim que 2043 rola.
Então nosso amigo esmagador de bolas flamejantes parte em... espera, o que? O apelido dele é Esmagador de Bolas Flamejantes? Quer dizer que ele ateia fogo nos genitais dos inimigos antes de esmaga-los com as próprias mãos? Cara, o futuro é realmente brutal...
E por fim, mas não menos importante, pulamos 170 outros City Sweepers que jamais serão menciondos e nos encontramos com a obrigatória personagem feminina fraca porém ágil que todo beat'm up dos anos 90 tinha que ter.
Variando do tema de marginais (justamente acusados ou não), Rosinha não tem passado criminoso nenhum. Ela busca vingança pela morte do seu namorado, porque o teste de Bechdel mandou um Patbeijo para os anos 90.
Dos três, Rosa é a que dá mais vibe que poderia ser realmente uma policial disfarçada. 7/10 pelo conceito.
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| Neste jogo: poste de concreto versus cyberbabes pernetas |
Os controles básicos são os de sempre: Y ataca, B pula, A um movimento especial que gasta energia e L ou dois toques para frente corre. A velha rotina. Undercover Cops no Super Nintendo é como qualquer beat'm up típico. O primeiro estágio é o estágio industrial genérico e você pode bater em caras que usam todos as mesmas roupas. Grande coisa, né? Bem, a boa noticia é que este jogo faz algumas coisas para se distinguir dos demais.
Primeiro, vamos falar sobre as armas que você pode pegar. Algumas são comuns, como caixotes e tambores de óleo. No entanto, algumas armas que você usa são ... peculiares. Por exemplo, você pode atirar um atum congelado em seu oponente! Aposto que ele não esperava por isso (ninguém espera levar um atum congelado na cara, verdade seja dita)! Minha arma favorita no jogo, entretanto, é um poste de concreto de 3 metros de altura.
Eu não estou zoando, a arma mais iconica desse jogo (provavelmente a cena pela qual ele é mais lembrado) é que você pode arrancar uma viga de concreto no chão e esfacela-la na fuça dos seus inimigos. Agora isso é uma elegancia que eu não via desde TWO CRUDE DUDES - e isso é um grande elogio, eu sempre respeito jogos que te permitem arrebentar postes de concreto em seus algozes.
E se as armas são peculiares, permita-me dedicar um momento para abordar alguns dos itens que você pode pegar para reabastecer a sua vidas. O que? Frangos em barris? Maçãs? Saladas? É isso que você espera? Bem, que tal então animais vivos fugindo por suas vidas, por exemplo! Galos, porcos, pintinhos, ratos, peixes, sapos e caracóis são seus se você puder pegá-los. Eu estou falando sério, eles ficam correndo pela tela e vc tem que correr atrás deles, juntar do chão e cair de boca. É assim que nossos policiais disfarçados rolam.
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| Pintinhos andando por aí? Junte do chão e dê uma dentada! |
O que, novamente, tenho que dizer que casa com a proposta do jogo. Ninguém, e eu te garanto que absolutamente ninguém, vai desconfiar que o cara que acabou de arrancar um poste de concreto do chão e bateu em cyberpunks até esmigalhar o concreto para logo em seguida catar um caracol do chão e come-lo é na verdade um policial disfarçado. É um procedimento bem pouco esperado da força policial, devo dizer.
Outra coisa notável sobre estes policiais disfarçados são os chefes. Eles parecem saídos diretamente de OVAs de anime super obscuros e criados a base de uma combinação atroz de drogas. Sério, acho que esse é o único jogo de Super Nintendo (ou em qualquer sistema, na verdade) que parece ter se inspirado em Apocalypse Zero... e não procure imagens disso no Google, é um aviso de amigo.
Por exemplo, o chefe do segundo estágio é uma mulher punk rock imensamente obesa que cada vez que você a acerta e derruba ela, ela chora como um bebê grande e gordo. É... um humor bastante japonês, vamos dizer assim. Devo dizer que todos os chefes neste jogo são bastante... únicos.
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| Dafuq, man... |
Mecanicamente o jogo responde muito bem - a hit detection é boa e os efeitos sonoros dão uma sensação satisfatória quando você acerta alguém. Infelizmente, tirando uma estranheza inicial, a maioria dos inimigos que você enfrenta e os estágios que você visita não sejam nada dignos de nota, - o que torna esse jogo sólido, porém regular.
E mais infelizmente ainda, o jogo tem problemas maiores que esse que puxam a sua nota para baixo. Acima de todas as outras coisas, eu espero que um beat'em up tenha opção de jogo cooperativo de dois jogadores e isso está faltando! Sério, Irem?
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| Capa da versão americana, que acabou sendo cancelada e nunca lançada |
Eu entendo FINAL FIGHT ter sido lançado em 1991 sem opção de coop porque foi literalmente a primeira fornada de jogos de SNES, os caras não sabiam como fazer as coisas direito. Não gosto, mas entendo. Só que esse jogo foi lançado em 1995, então existe absolutamente nenhum bom motivo para esse jogo não ser um coop. Além disso o jogo tem slowdown às vezes bem feia quando tem muitos inimigos na tela, o que é igualmente inaceitável em um jogo de SNES de 1995.
Além disso, alguns dos inimigos podem ficar muito trapaceiros ao ponto da frustração - até mesmo alguns dos inimigos do nível 1 podem drenar toda sua vida apenas por ficarem em cima de você e te bater quando você tenta se levantar. Então esse jogo pode ser bem injusto as vezes.
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| I mean, really, dafuq man... |
Então Undercover Cops é um beat'm up mediano com algumas ideias realmente legais (além da criatividade de power ups, o jogo é repleto de buracos para jogar os inimigos e dá até pra matar um chefe assim!) e outras que são inaceitáveis para a época que foi lançado. Not bad, but not great.
Agora, o interessante é que em esse jogo foi lançado no ocidente apenas em 2021. Sim, 2021, VINTE E SEIS ANOS DEPOIS. Pq eu não faço ideia, mas quem tem um Super Nintendo guardado pode tirar ele do armario e jogar esse jogo vendido pela Retro Bit numa edição de colecionador - que vem com um box super maneiro, manual traduzido, poster, chaveiro, um funko da Rosa e vários adesivos.
Quer dizer, é uma coisa legal, é definitivamente uma edição de colecionador bem feita, tenho que dizer isso, mas... pq Undercover Cops especificamente? Parece uma escolha bem aleatória de fazer essa produção toda para desenterrar quase três decadas depois um jogo que é basicamente mediano.
Vai entender. Alias, agora que me ocorreu: se o plano era só entrar dando porrada em todo mundo, pra que eles precisavam ser policiais disfarçados em primeiro lugar? Quer dizer, que diferença faz?
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 017
MATÉRIA NA GAMERS
Edição 004
