segunda-feira, 15 de novembro de 2021

[#772] THE ADVENTURES OF BATMAN & ROBIN (Agosto de 1995)

 A história do desenho do Batman, o cavaleiro das trevas, o homem morcego, o cruzado embuçado, já foi contada na versão desse jogo para Super Nintendo, THE ADVENTURES OF BATMAN & ROBIN. Ocorre que a versão de Mega Drive é um jogo completamente diferente de um genero diferente, então vamos ver isso com mais detalhe.

Esse jogo é conhecido por basicamente dois motivos, o primeiro bastante interessante: esse é um dos, senão o, jogos mais impressionantes do Mega Drive. Isso porque os caras da Clockwork Tortoise (criada por ex-funcionários da Malibu Interactive e que fez apenas este jogo) cortaram um dobrado para fazerem efeitos visuais que a priori são impossíveis no Mega Drive. 

O Mega Drive, como é bem sabido, não possui capacidade de fazer efeitos simples de imagens que o Super Nintendo fazia como rotacionar e redimensionar sprites, e obviamente efeitos 3D estavam completamente fora do escopo do console já velhinho (em 1995 o Mega Drive já tinha 7 anos)da Sega. Entretanto jogando esse jogo parece que ele faz todas essas coisas, especialmente os efeitos pseudo-3D do jogo parecem impressionantes:


Mesmo jogos de sistemas mais avançados como o 3DS não fariam isso com detalhes como os carros passando lá embaixo. Mas então, como os caras fizeram esses pequenos milagres no Meguinha?


Basicamente eles usaram efeitos simples de paralaxe e desenhos feitos a mão com a sensação de 3D para gerar os cenários. Não tem nenhuma mágica aqui, foi tudo na ponta do lápis mesmo!
 

Se vc reparar parece que os prédios estão inclinados, dando um efeito bastante legal. Mas não tem nenhuma tecnologia nisso, é apenas o desenho que foi feito assim mesmo. Kudos onde kudos são devidos, parabéns aos envolvidos. Esse jogo chama muita atenção justamente pelos gráficos e os caras fizeram tudo na raça.

O outro aspecto desse jogo, e pelo qual ele é mais conhecido, é um bastante simples: ESSE JOGO É INJOGÁVEL DE TÃO DIFICIL. Simples assim. Porque não é um jogo publicado pela Sega se eles não pegarem algo bom e cagarem na dificuldade pra "fazer render", é STREETS OF RAGE 3 e DYNAMITE HEADDY tudo de novo.

Diferente do jogo de SNES, que é um beat' up de plataforma, o jogo de Mega Drive é um run'n gun, Mais ou menos na medida de CONTRA: Hard Corps, só que feito sob medida para os apreciadores de Contra chorarem. O que é uma ideia curiosa: existem jogos de todas as cores e sabores do Batman, se me disserem um Batman Kart Racing eu acredito, mas como fazer um run'n gun do Bátima?


Simples: transformar os batirangues em uma metralhadora. O que parece estúpido, mas depois que fizeram o Batman Nindja Gaiden em BATMAN: THE VIDEO GAME não é a coisa mais absurda ever. O que é absurdo de fato é a dificuldade desse jogo, que é todo o ponto da coisa aqui.

Deixa eu resumir a coisa: você vai chorar. Você vai atirar pelo menos um controle na parte. Você pode até estrangular o seu coleguinha se estiver jogando de dois (se ele não estrangular você primeiro). É dificil assim. Aqueles de vocês que amaldiçoaram Ninja Gaiden no Xbox fariam bem em evitar este título a todo custo, para não correr o risco de afogar seus entes queridos em um dilúvio de palavrões e fúria incontrolável. Sem um Game Genie você nunca vai terminar a primeira fase desse jogo. Me chame do que quiser, mas simplesmente não tem como terminar uma fase inteira sem ele. A outra opção é terminar o jogo com apenas seis continues, sendo que jogando de dois eles são divididos entre os dois jogadores (não seis pra cada). 


Esse jogo é basicamente um bullet hell em que você precisa memorizar onde estar em cada segundo do jogo, pixel a pixel. E nunca ficar parado, pq os inimigos spawnam infinitamente apenas porque foda-se você. Mas talvez o pior é que tirando a dificuldade astronimica, o jogo não oferece muita coisa realmente. Ele tem quatro fases espalhadas ao longo de uma hora de jogo, o que quer dizer que a coisa duuuuuuura infinitamente sem muita variação de gameplay como uma versão de Contra do homem pobre. Pra vc ter uma ideia, o jogo tem uma fase de shmup (a dos prédios ali em cima) que a navezinha passa 20 minutos atirando em inimigos ininterruptamente.

Pra não dizer que esse jogo não tenta nada diferente, ele usa um sistema de carregamento de tiro: enquanto você não atira a barrinha enche, se ela estiver cheia seu tiro sai mais forte. A pegadinha é que você tem que dar seus pulos pra aguentar os poucos segundos até a barra encher sem atirar, ou atirar o tempo todo com o tiro mais fraco. É um gamble interessante na teoria, na prática vc nunca tem tempo para utilizar o carregado.



De jeito nenhum este jogo pode ser vencido, nem mesmo o primeiro conjunto de níveis. Não é justo e nem mesmo finge ser; nunca joga um osso para o jogador na forma de um nível fácil ou continua de nível médio. Uma reserva de 2 vidas é tudo que você tem para lutar seu caminho através dessas maratonas assassinas disfarçadas de '' níveis '', e 2 vidas estão longe o suficiente. Você vai queimar sua reserva e, em seguida, voltar ao início do nível para morrer um pouco mais e repetir o padrão agonizante.

Então é uma pena que todas as pirotecnias visuais que eles conseguiram, com todos os méritos, puxar nesse jogo terminam em um gameplay repetitivo e, mais importante, em que nenhuma habilidade, prática ou horas dedicadas conseguirão te fazer aproveitar o jogo. Batman e Robin não é simplesmente "dificil". Por mais triste que seja, à luz de tudo que você poderia amar neste jogo potencialmente magistral, ele é simplesmente escandalosamente brutal para o seu próprio bem.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 086

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Edição 133 (Novembro de 1998)




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