quinta-feira, 20 de julho de 2023

[#1139][Set/96] X-MEN: Mojo World


Existe um motivo bem simples pelos quais eu não falo de jogos de portateis aqui nesse blog. Nem é tanto pq eles são praticamente infinitos (tá, por isso tb), mas sim é que a imensa vasta escalafobética maioria deles são jogos apenas "ah, tanto faz, faz qualquer porcaria aí, é pra portátil mesmo". Isso quer dizer que tipo 95% dos jogos lançados para Game Boy e Game Gear não são exatamente bons nem ruins, e sim uma imensa marrom que mais ou menos só existe e isso é isso.

Em outras palavras, eles majoritariamente não são bons, mas também não são ruins o suficiente para eu ter algo interessante para dizer a respeito deles. Eles apenas... estão lá. Mas até aí tudo bem, eu não me meto com eles, eles não se metem comigo e todos vivemos bem com isso em perfeita harmonia...

O grito de "SEGA" tirado diretamente dos comerciais é algo que eu não esperava

... até que a nação da Tec Toy atacou. Pq se tem algo que a Tec Toy é proficiente em fazer, é em portar jogos do Game Gear para o Master System para continuar ordenhando seu console 8 bits leeeeeeevemente defasado em 1997. Enquanto eles definitivamente não sabem fazer um jogo minimamente funcional do zero mesmo que sua vida dependa disso (eu posso afirmar, sofri CASTELO RA-TIM-BUM e FÉRIAS FRUSTRADAS DO PICA-PAU), os ports de jogos do Game Gear para Master System feitos pela Tec Toy eram completamente funcionais (como LUCKY DIME CAPER, por exemplo).

Então nisso a Tec Toy não fez absolutamente nada errado, o que é bom. O que é ruim é que isso não faz um jogo massa marrom pastosa de Game Gear deixar de ser um jogo massa marrom pastosa.


A premissa do jogo é baseada em um dos arcos dos Homem-Xis que eu mais gostava no antigo desenho animado: Mojo é um alien que transmite seu canal multidimensionalmente, e para manter as coisas interessantes faz uns reality shows as vezes. E por "reality show" entenda-se abduzir pessoas incautas e as colocar em um desafio mortal de sobrevivencia. Se elas tiverem poderes, melhor para o programa.

E por algum motivo tem a Spiral, que é uma das personagens mais trágicas da história das HQ da Marvel, mas isso não é importante para o jogo de hoje.

Enfim, seja como for o jogo aqui tem os X-Men presos no Mojo World, onde eles têm a tarefa de competir por sua liberdade. No início do jogo, você pode escolher jogar como um dos dois membros dos X-Men: Wolverine ou Vampira... que é uma escolha inusitada, tenho que dar isso ao jogo. A Vampira não tem exatamente os poderes mais chamativos ever e é uma escolha pitoresca para um jogo de plataforma.


Claro, vc poderia imaginar que eles fariam uma parada estilo KIRBY SUPER STAR em que ela rouba poderes dos inimigos e isso seria awesome... só que não. Aqui a Vampira apenas voa, mas mais sobre isso dentro em breve.

Seja como for, ao terminar uma fase (da 1 a 4), você pode resgatar outro membro dos X-Men com o qual pode jogar. Cada membro tem uma vida e não há vidas extras. Isso significa que se você for morto como Wolverine, não poderá mais escolhê-lo. E se você ficar sem membros dos X-Men, o jogo termina O que essencialmente funciona como em X-MEN: Mutant Apocalypse


Mas tá, vamos então começar adereçando o elefante branco na tela: os inimigos não tem nenhum tipo de feedback para indicar quando ou mesmo SE você acertou eles. Sério, eles não piscam, não dão knockback, nem soltam um "ai Jorjão, para". Tudo que você pode fazer é massacrar o botão de ataque e torcer para estar acertando e quem sabe o inimigo desaparecer do nada.

Se isso não parece a descrição de alguma coisa remotamente divertida... bem, você está começando a entender o meu problema de jogos "whatever tanto faz" de portateis.


Além de poder andar e socar (sem saber se está pegando ou não, apenas reiterando), o jogo também tem poderes especiais para os personagens e isso deveria ser o ponto de venda do jogo, certo? ... CERTO?

Então...


Vamos colocar assim: o jogo tem seis personagens, mas eu gostaria que tivesse menos pq aí eles poderiam se focar mais em criar poderes interessantes do que apenas essencialmente trocar os sprites dos personanges. O que eu quero dizer com isso é que existem apenas dois tipos de poderes: Vampira e Wolverine causam mais dano quando seu poder está ativado, enquanto Gambit, Ciclope, Havok e Lasca tem um ataque de projeteis. Tá, eu tenho que admitir que Havok e Lasca são uma escolha bastante alternativa como personagens (o que faz desse provavelmente o único dos X-Men jogo da segunda metade dos anos 90 sem a Psylock com as pernas de fora), mas não adianta muito se não tem muita diferença entre eles.

O que volta ao meu ponto que o jogo se beneficiária com menos personagens só que mais únicos.De diferente, diferente mesmo é só que a Vampira voa, Wolverine recupera HP beeeeem lentamente (o que faz esse um dos dois unicos jogos que o fator de cura dele é usado, junto com X-MEN CHILDREN OF THE ATOM)... e é isso.


Mas aí é que está, tirando a coisa do jogo não dar feedback algum para informar se você acertou ou não o adversário... esse jogo não é terrível. Mas também não é bom, ele apenas é um enorme picolé de chuchu - como um clássico jogo de Game Gear que é.

Você vai para a direita, ataca uns inimigos (torce pra que esteja acertando), tem um "ataque especial" que não tem muita coisa de especial realmente... e é isso. Tipo "vc queria algum jogo dos X-Men então a gente lançou algum jogo dos X-Men, não importa muito o que" e é isso que esse jogo é.

O que não é ruim, até pq dadas as limitações do hardware em que se encontra, fiquei impressionado com X-Men: Mojo World. Este jogo parece visualmente muito melhor do que 80% da biblioteca do NES, basta olhar o quão identificavel cada um dos sprites dos X-Men é. 

Esse jogo tem uma das melhores motivações que eu já vi em um jogo pra não tomar Game Over: puta merda como o Mojo é feio pra caceta!

X-Men: Mojo World é um jogo com mecânica básica e design de nível okay. É um pouco curto e apenas dois dos seis personagens jogáveis são vagamente interessantes, mas então pelo menos é melhor que o jogo dos X-Men para o Nintendinho (se mais nada, pq não foi feito pela LJN, o que sempre ajuda). O jogo parece uma aventura dos X-Men e é isso que você terá. Desde que você desligue o volume e vá ouvir outra coisa, pq o som desse jogo dá saudade do chip de som pavorosamente tosco do Mega Drive.

E talvez isso seja a coisa mais impressionante a respeito desse jogo.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 132 (Outubro de 1998)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 046 (Janeiro de 1998)