Nossa história de hoje começa com um dos nomes mais proeminentes e relevantes da industria dos videogames: Masahiro Sakurai.
O FAMOSO... QUEM?
Então, Sakurai pode não ser um nome tão popular assim ao publico leigo em videogames, mas seu principal jogo é algo que de forma alguma pode ser ignorado: ele é o homem por trás do sucesso intrapangalactico de Smash Bros. Sim, o jogo de luta da Nintendo (que não é exatamente de luta) que vende bilhões de copias, é alvo de torneios e que ter um personagem convidado para ele é como entrar para o hall da fama dos videogames (como o Solid Snake de Metal Gear, Sephiroth de Final Fantasy 7, o Ken de Street Fighter ou o Joker de Persona 5). Se o seu jogo tem um personagem que foi convidado para estar no Smah Bros, você é alguém na fila do pão.
Hã, eu não faço ideia do pq a capa japonesa do jogo é uma tabua de churrasco mas okay, i guess? |
A coisa é, entretanto, que com o tempo Sakurai e o time da Hal se apegaram a pequena bolinha fofa e decidiram não substituir ele. Assim nosso herói ganhou bracinhos e perninhas, e pronto, nascia assim Popopo! Quando Sakurai levou a ideia até a Nintendo, entretanto, eles gostaram do aspecto friendly do pequeninho mas sugeriram que fosse usado um nome menos infantil - o visual do personagem já era amigavel o suficiente para crianças, dar um nome como "Popopo" ficaria muito over.
Não é realmente claro da onde veio o nome "Kirby", o próprio Sakurai já foi perguntado sobre isso e ele diz que não lembra. As duas possibilidades mais levantadas é que é uma referencia a uma marca de aspiradores de pó que era popular no Japão na época e que existe até hoje - dado que o movimento principal de Kirby é sugar os inimigos.
... a outra possibilidade é uma homenagem a Jack Kirby, o advogado que defendeu a Nintendo quando a Universal processou a Big N acusando Donkey Kong (o arcade original de 1981) ser uma violação de direitos autorais do seu King Kong. O que é uma história bastante interessante, na verdade:
Não é claro realmente claro a origem do nome, mas o que é claro que a pequena bolinha rosa que comia tudo em seu caminho se tornou um dos maiores sucessos do Gameboy e posteriormente do Nintendinho. Eventualmente Kirby ganhou a habilidade de não apenas engolir seus inimigos, como copiar as habilidades dele - tipo Mega Man... se o bombardeiro azul engolisse seus inimigos ainda vivos para isso. Ish, Kirby não dá desconto...
De qualquer forma, apesar de todo seu sucesso minha relação com Kirby é praticamente inexistente dado que o primeiro jogo de plataforma do Kirboleta para Super Nintendo saiu realmente tarde na vida do console: março de 1996, quando não apenas o PS1 e a Saturn já estavam na praça como o próprio Nintendo 64 já havia tomado os holofotes da Nintendo.
O que eu sabia sobre o jogo, bem por cima, era que era uma coleção de pequenos jogos do Kirby - alguns de plataforma, alguns de minigame. O que, saiba você, é uma descrição realmente errada do jogo. Sim, eu sei que 98% dos reviews de internet dizem isso pq é isso que está escrito na capa, mas se você pegar para jogar o jogo vai ver que não são "8 jogos diferentes" (que na verdade são 9) e sim que é o mesmo jogo que apenas tem um stage selection de uma forma diferente. Dizer que Kirby são "8 jogos diferentes" é o mesmo que dizer que um jogo do Mega Man são "8 jogos diferentes" pq vc escolhe as fases.
Porém, como um grande jogo de plataforma, cada mundo do jogo tras algo diferente para a mesa. Não apenas é uma mudança de tema do cenário, mas cada mundo de jogo tem um pequeno twist nas suas mecanicas exclusiva aquele mundo. Nada radical para ser chamado de "outro jogo", como eu disse, mas o suficiente para ser interessante por si próprio.
Spring Breeze é essencialmente um remake do jogo original de Game Boy, Kirby's Dream Land, só que para o Super Nintendo e acrescentando a habilidade de copiar habilidades dos seus inimigos, algo que inexistia no original (no primeiro jogo vc só sugava e cuspia os inimigos como armas).
Dyna Blade, por outro lado, é um jogo do Kirby não realmente diferente do Dream Land, apenas com fases inteiramente novas e não um remake.
Revenge of Meta Knight adiciona um fator time-attack ao nível: nesse mundo em específico existe um timer rolando a cada fase, algo que inexiste em todos os outros mundos.
Milky Way Wishes é meu favorito: ao contrário de ganhar habilidades consumindo os inimigos, você desbloqueia elas explorando as fases e ganhando power-ups. Isso adiciona um elemento metroidvania ao jogo já que as habilidades afetam o cenário. Vc pode quebrar pedras com o cut ou colocar fogo no pavio que vai disparar o canhão. As habilidades já pegas podem ser ativadas a qualquer momento selecionando elas em um menu, o que dá um feeling bem Mega Man ao jogo mesmo.
Por fim, The Great Cave Offensive trás para a brincadeira vários colecionaveis para você explorar as fases e encontrar. Vc não PRECISA encontrar os tesouros para terminar esse modo, mas tem a opção de ir atrás de todos se vc quiser ser complecionista.
Alem dessas fases principais, ainda existem algumas fases-minigames, não muito diferente de EARTHWORM JIM 2 onde cada fase adiciona um gimmick diferente e volta e meia pinta uma fase que é exclusivamente um minigame.
Aqui, no caso, temos Gourmet Race que é uma corrida contra o Rei Dedede pela fase - igual a fase do próprio EARTHWORM JIM 2 ou de TOY STORY, um minigame de quick draw 1x1, um de Megaton Punch (que é de encher a barrinha) e por fim “a Arena” que é um boss rush (portanto, não é difícil adivinhar no que o All Star Mode do Super Smash Bros. foi baseado…).
Então o ponto é que Kirby SuperEstrela é um jogo muito, muito simples (a jogabilidade base não foge muito das suas raízes do Game Boy, afinal), mas que compensa isso sempre oferecendo algo novo e diferente para manter as coisas interessantes. Dessa forma, combinando simplicidade com variedade não é difícil ver por que Super Star é um dos jogos mais populares do Super Nintendo - inclusive esse jogo foi incluído no disputado line up de jogos que vinham no Super Nintendo Mini.
Bem, okay, não é justo dizer que a mecanica básica não evolui nada deste o Game Boy também. O número de power ups que você pode ganhar engolindo os adversários é enorme, incluindo aí algumas referencias bem sacadas como o ataque de Plasma que é bem ao estilo de Dragon Ball e o ioiô que foi inspirado no outro grande sucesso da Hal Laboraty, EARTHBOUND.
Porém a grande sacada desse jogo, e o que faz ele um biscoitinho acima do normal, é que Super Star também trouxe o cooperativo para a série, já que quando Kirby engole um poder ele pode escolher transformar esse poder em um helper - que pode ser controlado pelo computador ou por outro jogador. E com tantos poderes que vc pode copiar, seu aliado pode estar sempre jogando com uma forma e um poder diferente.
Adicione a isso que o jogo tem um pace bom para dois jogadores e temos o jogo de plataforma cooperativo mais divertido que eu consigo lembrar (não que sejam muitos, fato). Tudo que os jogos de plataforma cooperativos tentaram fazer dando ao segundo jogador um personagem de vida infinita para não atrapalhar a progressão do jogo do "player principal" (já que os consoles da época não conseguiam lidar com dois jogos rodando simultaneamente) falharam em fazer, esse aqui acerta. O que o Tails era pra ser SONIC 2, o helper em Kirby é. Exceto a parte de ser uma raposinha fofa com cheiro de baunilha, mas o que é perfeito nessa vida, não é mesmo?
Sabe, o Super Nintendo sempre teve uma maneira especial de trazer o melhor das franquias mais amadas da Nintendo à vida. Mario abriu a carreira do SNES com um estrondo na forma de SUPER MARIO WORLD – e mais tarde criaria um gênero inteiro com SUPER MARIO KART, antes de levar os jogos de plataforma ainda mais longe com SUPER MARIO WORLD 2: Yoshi's Island e, finalmente, dar nova vida RPG com SUPER MARIO RPG: Legend of the Seven Stars.
Enquanto isso, Zelda e Metroid ambos receberam versões tão definitivas dos seus jogos que os games lançados na época do Super Nintendo serviram de modelo até hoje para os caminhos que as suas séries tomariam a partir daquele momento. THE LEGEND OF ZELDA: A Link to the Past e SUPER METROID raramente falham em frequentar as listas de melhores jogos de todos os tempos. E não vamos esquecer a reinvenção de Donkey Kong que saiu de um arcade esquecido dos anos 80 para uma trilogia inteira empilhar recorde de vendas atraás de venda a partir de DONKEY KONG COUNTRY.
Por isso mesmo não é tão estranho assim imaginar que Kirby, a arma secreta da Nintendo que consistentemente entregou jogos bacanas no Game Boy e no Nintendinho, chegaria ao Super Nintendo com o meu grau de qualidade esbreguética. Verdade que pode ser argumentado que chegou um pouco tarde (chegou apenas dois meses antes de SUPER MARIO 64, afinal) e que nessa época a atenção de todo mundo já estava em outro lugar.
Mas isso não é culpa da bolotinha rosa onívora, o que é culpa dela realmente é ser um jogo de plataforma absolutamente sólido que expande seus predicados com variação a cada mundo de jogo e um dos gameplays coops mais divertidos da história dos videogames - definitivamente "O" mais divertido da geração 16 bits.
É, eu entendo o carinho que o Sakurai tem por esse carinha...
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 110 (Dezembro de 1996)
Edição 029 (Agosto de 1996)