terça-feira, 16 de julho de 2019

[AÇÃO GAMES 024] DEATH DUEL (Mega Drive, 1992) [#248]



Uma expressão que eu gosto bastante é: "se anda como um pato, nada como um pato e voa como um pato... talvez seja um pedófilo extremamente criativo tentando atrair crianças no parque, mas mais provável que seja um pato". Ok, o ditado não é bem esse, mas eu gosto mais da minha versão.

De qualquer forma, o meu ponto é que se um jogo parece histórico de bosta, tem apresentação de bosta e joga como bosta... talvez seja uma pérola incompreendida do seu tempo, mas muito provavelmente é uma bosta mesmo.

Estudo de caso do dia: Death Duel, para Mega Drive.

Death Duel é um jogo criado pela Razorsoft em 1992 para Mega Drive. Mas quem é a Razorsoft? Muito provavelmente você nunca ouviu falar dela, e eu não posso te culpar por isso já que seu legado para a história dos videogames são apenas jogos terrivelmente ruins de Amiga que foram portados para Mega Drive porque a Sega aceitava qualquer coisa que pudesse fazer rodar no seu console. Um deles eu até já falei, aqui: Stormlord (aquele que tem um viking fodão com mulheres a seus pés na capa mas no jogo você controla um véio corcunda com o poder de mijo mágico)


O outro jogo pelo qual eles são conhecidos é "A Língua do Gordão". Não, eu não inventei esse título. Esse é o nome do jogo mesmo, que é um jogo de luta, alias. Pois é. Eu achei isso também. Então embora tecnicamente esse jogo não seja mais uma das porcarias de Amiga portadas para Mega Drive, é feito por uma empresa que tem muita experiencia nisso. Sério a apresentação toda desse jogo tem AMIGA tatuada na testa.

Então, como eu disse: se parece como bosta...


Mas voltemos a falar de Death Duel. Outra coisa que depõe contra esse jogo é que sua premissa dita em voz alta soa muito com aquelas ideias "hmm, talvez exista um motivo pelo qual ninguém tenha feito isso ainda!". Vamos lá: como o nome pode te dar a impressão, Death Duel é um jogo sobre duelos. Aha, aposto que você não imaginava que tinha duelos E morte nesse jogo! Eles podem ser acusados de muitas coisas, mas pelo menos não de propaganda enganosa...

Dito isso, vamos ver o que rola por aqui:


... mas puta merda, não tinha como fazer esse texto MAIS lento? Quem sabe pedir o teu endereço e te mandar por carta uma vez por mês cada palavra do texto uma por uma? Não? Ok, fine, vou resumir para você o que essa porcaria leva DOIS MINUTOS para contar.

No futuro, a Terra faz parte da federação galatica. Tudo ia bem até os aliens decidirem que queriam foder com a nossa vida e tomam controle de todas as rotas comerciais que cercam nosso pálido ponto azul. O que basicamente é a trama do episódio I de Star Wars, uau copiando jogos de Amiga, George Lucas? E eu achando que os Stormtroopers morrendo com pedradas de bichinho de pelucia tinha sido seu ponto baixo...


Enfim, a Terra esta fodida e mal paga. Exceto que nesse universo existe uma regra de que tudo pode ser resolvido no duelo. Então qualquer disputa pode ser resolvida chamando o cara para o x1 e disparando mais balas nele do que o Trevor com cheat de munição infinita. Pode não ser eficiente para manter um império legalmente coeso, mas pelo menos soa divertido.

Então essa é a história do jogo: você, o campeão da Terra, tem que vencer 9 duelos para recuperar as rotas comerciais e garantir que os cientistas da Terra não morram de fome antes de desenvolverem Rikkas Johansson catgirls para uso doméstico. Uma causa nobre, se eu já vi alguma.

Enfim, resumo do plot do jogo: 


A ideia é criativa, verdade, mas passa tão lentamente na tela em um texto tão ruim de ler que eu sou obrigado a dar o segundo shit warning até aqui.

Mas então, jogo de duelo, isso. Como funciona? Bem, sabe os arcades de tiro, tipo Terminator 2 que você só controla a mira na tela? Sabe quando tem um chefe nesses jogos e você tem que dar um petabyte de tiros e nas bombas que ele atirar em você? Pois é, Death Duel é basicamente isso. SÓ isso.

Quer dizer, esse tipo de jogo já é bem lixento mas as lutas contra chefes costumam ser o ponto baixo de um tipo de jogo que já não é lá essas coisas. Parece uma ideia ruim, bem ruim quando você diz em voz alta, né?


E esse é seu aviso de bosta número 3.

Se você não saiu correndo desse jogo até aqui, eu não sei como te preparar mais do que isso. Porque quando você junta todas essas coisas em um jogo, o resultado claro que é ...



... surpreendentemente divertido. Espera, o que?!

O segredo aqui é que a Razorsoft aborda sua premissa de uma forma bastante criativa: em cada duelo não basta apenas atirar todos os tiros do reino contra seu oponente, o jogo faz algumas coisas mais inteligentes do que isso. O segredo é que cada adversário tem pontos fracos que podem ser destruídos e isso tem implicações mecanicas uteis no jogo.

Teoricamente você pode apenas concentrar fogo na cabeça (ou o equivalente disso) do inimigo e vencer o duelo, mas isso é muito dificil de fazer porque ele fica se mexendo e atirando de volta em você. Grandes são as chances de que você morra antes dele tomar tiros suficiente no cocoruto.

Então comofas?!? Você pode destruir as pernas, asas ou seja lá o que quer que ele use para se locomover para fazer ele parar quieto. Você também quer destruir os braços, canhões ou o que quer que ele use como arma para que ele, bem, pare de atacar de volta. E quando o inimigo já está full Joseph Climbert, então derrota-lo é apenas uma questão de ter munição e tempo sobrando o suficiente.

Esse conceito por si só já torna o jogo alguma coisa interessante, dado que como os inimigos são muito alieniginas não é sempre fácil achar o que pode ser destruído ou não.

Hey, você devia ter uma cabeça! Não é justo!
Adicione-se a isso valores de apresentação bastante bons e temos alguma coisa aqui. O jogo é bastante violento para sua época, e mesmo para os padrões mais relaxados da Sega em relação a isso do que a Nintendo. Isso significa que ao ter um membro do inimigo decepado a tiros, somos brindados com uma quantidade bastante satisfatória de sangue e gore.


O jogo ainda oferece uma variedade bastante grande de armas, que são importantes por uma questão estratégica: armas mais fortes causam mais dano (dã), mas vem em menor quantidade. E ficar sem munição (junto com acabar o tempo e perder toda energia) são formas de tomar game over. Então você vai gastar seu limitado orçamento se preparando com dois misseis que custam o mesmo que 60 balas comuns? É uma escolha a ser feita.

Você pode ter três tipos de armas (um para cada botão do controle do Mega Drive) e pode comprar até três pacotes de munição para cada (as balas vem de 30 em 30, por exemplo). Não é algo que se diga "minha nossa, estou jogando Civilization!", mas para um jogo do seu genero é bastante impressionante que sequer exista um fator estratégico a ser considerado.


Não dá para dizer que Death Duel é objetivamente um bom jogo porque ele escolheu um genero bem merda para existir. Porém, quando você coloca isso de lado e considera o que dava para fazer dentro do genero escolhido, acaba se saindo uma grata surpresa com bastante criatividade e tripas de aliens.

Quer dizer, não tem como não ter um pouco de respeito por um jogo sobre duelos onde a anunciadora da partida faz trocadilhos com os faróis acesos, né?


Adicionalmente, Death Duel também pode se orgulhar de ter a tela de Game Over mais elaborada da história do Mega Drive. E de todos os tempos, na verdade. Porque não basta fazer você sentir que falhou no jogo, é preciso deixar claro que você falhou, é uma desgraça e todos te odiarão para sempre por ter fracassado seu pedaço de merda molibidenica!


Intenso, né?