Todo gamer já ouviu falar do grande crash de 83, o temível ano em que os videogames morreram no ocidente, porém muito menos gente esta familiariazada com o grande cochilo de 92. Porque sério, nas últimas duas edições da Ação Games eu joguei um jogo de console bom (não espetacular, mas bom) que é Magical Quest Staring Mickey Mouse mas fora disso é apenas dor em cima de dor. Os jogos de PC e Arcade estão indo ok, mas os consoles domesticos estão em uma entresafra de dar pena. Talvez as publishers estão guardando munição para o natal (as edições que eu me refiro são de outubro e novembro de 1992), talvez a Ação Games esteja com o dedo podre mesmo. Eu não sei.
O que eu sei é que não está fácil. O que, estranhamente, acabou sendo algo bom para este jogo. Se tivesse sido jogado em uma sequencia de grandes jogos, as boladonamente grandes aventuras de Harley teriam sido recebidas com bem menos entusiasmo. Mas como estamos em tempos de vacas magras, um jogo de plataforma apenas certinho sem nada de particularmente especial acaba sendo bem vindo.
Isso é por comer meu pijama, Mr Bumpy! |
Ok, talvez eu esteja sendo injusto dizendo que o jogo não tem nada de especial, já que seus gráficos são feitos de massinha de modelar digitalizada. Quando Pit Fighter teve a ideia de ao invés desenhar bonequinhos no jogo, digitalizar fotografias para usar como personagens (isso é, com tiozões cosplayzados fazendo os movimentos para serem transpostos para o jogo), algumas outras produtoras tiveram ideias parecidas.
A Visual Concepts (que hoje é mais conhecida pelas séries anuais NBA 2k e WWE 2k) teve a ideia de que talvez eles pudessem fazer isso com massinha de modelar. Então algum nepomuceno fez os bonequinhos em todas as posições, tiraram-se muitas fotos, se escaneou a porra toda tá aí os gráficos do jogo
Considerando a capacidade de resolução do Super Nintendo, ficou bastante bonitinho até e muitos inimigos parecem ter saído de um episódio de Mr. Bumpy. Uau, eu consegui citar Mr. Bumby em uma review de jogo dentro do contexto! Já posso riscar isso da minha lista de coisas a fazer antes de morrer, agora só preciso de um jogo que me permita falar de Jayce and the Wheeled Warrios. Sabia que esse cartoon teve animações feitas pelos estúdios de anime Sunrise e Shaft? Sim, antes de Madoka Magica e Bakemonogatari, eles pagavam as contas fazendo animações ocidentais sobre carros que enfrentavam veículos naturebas. Anos 80.
... mas quem eu estou querendo enganar? Eu nunca vou conseguir falar de Jayce aqui. Talvez de M.A.S.K. (que era o Comandos em Ação do menino pobre), mas nunca de Jayce. Prossigamos.
No episódio de hoje, conhecemos Harley. Gênio, cientista, playboy e filantropo... ai meus feels, que filme, gente, que filme... mas caham, eu dizia que nosso uber descolado genio está prestes a embarcar em uma fantastica aventura devido a suas totalmente descoladas experiencias... afinal estamos nos anos 90 e tudo tem que ser uber descolado e maneirão ou senão você tem que voltar três casas. Essa é a lei.
Nosso herói de massinha de modelar digitalizada está fazendo alguma experiencia no que parece ser um rádio que também é uma bobina de Tesla. Só o fato dele estar conseguindo ouvir Katinguelê nessa coisa sem a estática da eletricidade interferir depõe a favor da sua genialiadade.
Mas de quanta genialidade estamos falando aqui, afinal?
Não o suficiente, aparentemente.
Oh noes! Um acidente faz o encolhedor dar errado e encolher Harley antes de explodir em pedaços! Quer dizer, eu suponho que a parte do explodir em pedaços seja o que deu errado já que o encolhedor ter encolhido Harley supostamente fez o que deveria fazer, a julgar pelo nome da coisa.
Provavelmente ele desenvolveu essa máquina para encolher o seu corpo exceto os orgãos genitais e fazer o seu pinto parecer maior em comparação. Não olhem assim, não é a ideia mais estupida que um homem já teve sobre esse assunto, tá?
Agora Harley é um homem com uma missão: recolher os pedaços da máquina encolhedora para encolher mais ainda, ir até o reino quantico e voltar no tempo para impedir que eu escale o Vanderlei nessa ultima rodada do Cartola. Melhor uso de viagem no tempo EVER.
Enfim, daí para frente temos a boa e velha aventura de plataforma onde Harley enfrenta perigos cotidianos com tamanho reduzido. O que era algo relativamente comum na época desde que todo mundo achou "Querida, Encolhi as Crianças" como a coisa mais incrível de todos os tempos.
... pois é, teve uma época que a gente achava o Rick Moranis engraçado. Vai entender o que se passava na nossa cabeça.
Notinha da EGM sobre o jogo. |
O jogo não faz nada especialmente incrível, mas também não faz nada de terrívelmente errado também. Os pulos não são particularmente awesomes, mas também não são ruins, você tem um arsenal bastante variado de armas a sua disposição com ataques que parecem diferentes uns dos outros e o level design é até interessante. Embora as fases sejam grandes como fases do tipo labirinto que você tem que achar a saída, o que eu detesto esse tipo de jogo, o layout é bastante linear e você provavelmente não vai se perder ou ficar rodando minutos tentando descobrir onde termina a fase.
Mas enquanto o jogo é regularmente bom, as coisas também não são perfeitas. Enquanto o salto de Harley é bom, você sempre pula a mesma altura não importa como você aperte o botão. Isso faz com que os sessões de plataforma sejam mais estranhas do que você poderia esperar e ocasionalmente vai esbarrar em inimigos que não deveria. A habilidade de Harley de controlar a trajetória após o salto compensa isso até certo ponto. Finalmente Harley, enquanto se movendo rápido, tende a fugir do centro da tela tornando bastante possível que você esbarre em inimigos antes mesmo de perceber que eles estão lá. O resultado é que o jogo é mais lento do que poderia ser porque frequentemente você avançar bem timidamente para evitar uma batida barata ou um pitfall repentino.
Eu acho engraçado que todo pulo ele faz essa pose de "mas DUUUUDE!!" |
Este não é um grande jogo por qualquer meio. Nem mesmo uma "perola escondida" do SNES. Talvez nem mesmo um bom jogo, se você for mais exigente. Mas é jogável e agradável. É polvilhado com alguns truques interessantes e níveis suficientes para entretê-lo por um fim de semana. Não é particularmente difícil, embora algumas etapas exigem algum tentativa e erro.
Visualmente, o jogo tem algum destaque por sua claymation. Embora seja um pouco prejudicada por seus cenários de fundo meio genéricos. A animação é insconstante. Em geral os inimigos são bem animados, mas Harley poderia usar mais quadros de animação adicionais. As músicas não são memoráveis e meio que apenas estão lá.
Dude, minha única fraqueza: a forma mais esquisita possível de guardar talheres! |
Não acho que eu tenha um selo "bonitinho, mas ordinário", mas se um dia eu tiver esse jogo totalmente leva ele. Na época que foi lançado, não tinha muita coisa melhor mesmo...