A Capcom é safada. Não tem meio termo a respeito disso, é algo que precisa ser dito. A Capcom é uma empresa com muita tradição no meio e sua própria cultura capaz de gerar obras únicas e autorais até os dias de hoje, mas minha nossa senhora do aipim trovejante, como eles são safados.
Se tem uma coisa que eu repeti aqui mais do que qualquer coisa, foi falar sobre os patches de STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR vendidos como um jogo inteiramente novo. Sim, eu entendo que não havia internet naquela época pra Capcom só baixar uma nova season ou um novo patch implementando novos personagens, mecanicas ou ajustes no gameplay. Eu realmente entendo isso, mas cara... a esse ponto na história já haviam sido lançadas QUATRO versões do MESMO jogo.
Cara, qual é o problema desses caras? Olha como a capa japonesa é MUITO mais bonita com o Ken gatão de cabelo comprido, e eles metem aquela arte safada no ocidente, é foda viu |
Mais precisamente, estamos agora em 1995 e um jogo de 1991 já havia sido embalado e vendido de novo QUATRO vezes, sendo o último SUPER STREET FIGHTER 2 TURBO (ou "Super Street Fighter 2 X" no Japão) em 1994. Isso dá MAIS DO QUE UM RELANÇAMENTO POR ANO! E as pessoas hoje ainda fazem meme com Skyrim e GTA V sendo relançado a cada dois anos, olha só...
Verdade seja dita, nesse meio tempo a Capcom tentou experimentar com novas ideias para Street Fighter, mas por fim decidiu optar por criar novas IPs do que apenas fazer mais patch. Foi da onde nasceram jogos como DARKSTALKERS: The Night Warriors e X-MEN CHILDREN OF THE ATOM.
Ok, digam o que disserem desse jogo, mas os cenários são ótimos. Como essa participação especial do Cody (de FINAL FIGHT 2) levando uma bifa por secar as coxonilhas da Chun-li |
MAS ENTÃO O PRÓPRIO STREET FIGHTER PAROU DE RECEBER PATCHES?
Então, Jorge... não. E esse é o ponto que voltamos ao começo do texto: a Capcom é safada. Safadona. Isso porque em 1995 a Capcom tinha um problema: um depósito repleto de placas de arcade paradas e eles queriam tocar aquilo pra frente. De preferencia antes do fim do ano fiscal (que é por volta de agosto no Japão) por razões de impostos, e mais de preferencia ainda ganhando um dinheiro com isso.
Como você faz para desovar rapidamente placas de arcade? Bastante simples, faça um jogo que venda bem. Só que tem uma pegadinha aí: no meio desse depósito tinha tantas placas do antigo modelo CPS1 quanto o hardware atual CPS2 que a Capcom usava em seus arcades, então para desovar ambos eles teriam que fazer um jogo que rodasse tanto no hardware antigo quanto no novo. O que significava que não valia a pena investir muito em desenvolvimento para competir com os jogos atuais, já que ele tinha que caber num hardware ultrapassado também. Ah, e eu mencionei que faltavam apenas três meses para encerrar o ano fiscal?
Um lance interessante é que não tem mais chefão final, cada personagem tem uma luta final de acordo com a sua história. Ken luta contra Ryu como último chefe, por exemplo. |
Então agora uma pergunta pra vc aí bonitão, que tipo de jogo você pode fazer em 3 meses com um hardware antigo mas que mesmo assim você tem certeza que vai vender? EXACTAMUNDO, badabing badabang, é hora de mais um patch de Street Fighter 2!
OKAY, EU ENTENDI A LÓGICA DA CAPCOM, MAS... A ESSA ALTURA AS PESSOAS NÃO ESTAVAM MEIO QUE SATURADAS DE NOVAS VERSÕES DE STREET FIGHTER 2?
Completamente, Jorge. Inteira e totalmente, sim. Então, como você vende uma versão atualizada do mesmo jogo de 4 anos atrás pela quinta vez?
A Capcom simplesmente meteu uma mão de tinta nova no jogo, ou seja novos sprites para os personagens, e vamo que vamo e vamo quicando. Verdade seja dita, de fato as novas artes ficaram bem anime-like e MUITO bonitas, for real.
A arte original do primeiro Street Fighter 2... |
O inglês Birdie agora e em sua primeira versão no SF1 |
Adon contra Sagat no primeiro SF, e agora... |
Como FINAL FIGHT (acima) é um jogo mais recente que o primeiro SF, a adaptação foi mais fácil ainda e a Capcom não precisou ter muito trabalho para o modelo final (abaixo) |
Já Sodom era um chefe em Final Fight (acima), o que quer dizer que precisou de mais trabalho e quadros de animação do que o Guy para o adaptar para SF Zero (abaixo), mas não tanta coisa assim também |
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