quarta-feira, 13 de setembro de 2023

[#1156][Dez/97] DUAL HEROES


Se ontem nós falamos sobre um jogo de luta do Nintendo 64 que milagrosamente não é uma pilha fumegante de sofrimento e dor, FIGHTERS DESTINY, hoje é dia da realidade chamar de volta e mostrar como se faz as coisas por aqui.

Ou ao menos é o que a internet diz, e mais expressivamente ainda a Nintendo Power da Australia que elegeu esse o pior jogo de luta do Nintendo 64 e vamos dizer que não é exatamente muito bem avaliado em nenhum outro país realmente.

Mas será mesmo o caso e este é um dos piores jogos de luta de todos os tempos, ou é apenas o seu jogo de luta medíocre de Nintendo 64 padrão?

VOCÊ NEM CONSIDERA A POSSIBILIDADE DESSE JOGO SER BOM, NÉ?


Mas vamos lá... Então, a história desse jogo é que...


JESUSMARIAJOSÉ!


Sério caras, eu não tenho nada contra ler em jogos - com efeito, Disco Elysium é um dos meus jogos favoritos da vida - mas aqui os caras tão de palha assada. A história do jogo é "contada" através desse paredão de texto que passa mais rápido que meu salário no começo do mês.

Olha, eu sei que os cartuchos de Nintendo 64 tem limitação de espaço e tal, mas eu não acho que socar tudo e passar o texto correndo seja a melhor opção realmente.

E caso vc esteja se perguntando, não, isso não é uma coisa exclusiva dessa tela, por alguma razão todos os backgrounds do jogo são exibidos dessa forma como se eles estivessem pagando por hora um negócio desses:


Wow, slow down tetas de mel, calma essa bacurinha ae! Mas bem, uma vez que você consegue passar pelo paredão de texto no time attack, saiba que esse jogo não é apenas escrito como dirigido por Keita Amemiya - um dos grandes nomes do Tokusatsu, tendo sido roteirista e diretor de séries bastante iconicas do metie como Jetman, Jiban e Garo.

E, saiba você (embora talvez você não saiba devido a esse texto apressado), a história desse jogo é interessante até: há 120 anos atrás havia a previsão de que aconteceria um fenomero geologico na Terra e que as placas tectonicas fariam todo mundo ir jogar no Vasco. A humanidade até tentou se preparar para isso e migrar para estações espaciais, mas o “Dia do Juízo Final” tava com tanta pressa quanto o texto desse jogo e chegou antes mesmo de metade da população ter fugido para o espaço. 


Após 100 anos, as únicas áreas habitáveis limitavam-se à área ao redor do novo Oceano Pacífico e de um novo continente criado pelo cataclisma. Porém nem tudo é desgraça, já que no meio da nova formação geologica se descobriu o "Gaiathyst", um mineral que libera uma energia semelhante à gravidade e que servia como uma nova fonte de energia infinita.

... o que levou os países a entrarem em guerra por isso, então é, acho que tudo é desgraça sim. SEJE como for, as armas convencionais se tornaram inúteis contra a tecnologia Gaiatista e para lutar nessas condições, os trajes usados para minerar Gaiatista foram aprimorados para o combate. 

ENTÃO ESSE JOGO É SOBRE A "GUERRA GAIATISTA" E CADA LUTAR REPRESENTA UM PAÍS E TAL?

Hã... então, não. Tem mais coisa ainda. A guerra gaiatista teve um fim abrupto quando forças invasoras do Império Zodgierra vieram do espaço sideral.

ESPERA, TEM ALIENS AGORA?

Obviamente. Após conquistar as nações, o Imperador ZORR cria o "SAP", um satélite capaz de disparar raios de supergravidade. Orbitando sobre o novo continente, a supergravidade do dispositivo proíbe seres que não usam traje de força de existir sob ele e com isso ele pode controlar toda vida na superficie.

Assim sendo, resta a alguns valorosos guerreiros usando trajes de combate gaiatista - feitos para não serem afetados pela gravidade, afinal - resistirem para derrotar o ZORR. Mas como eles também são de países que estão em guerra uns com os outros, eles vão primeiro aproveitar a oportunidade para autoesbofetear-se a si mesmos... e ufa, agora é isso.

UAU, ESSA É UMA HISTÓRIA... BASTANTE AMBICIOSA PARA UM JOGO DE LUTA DO NINTENDO 64, TENHO QUE DAR ISSO A ELES.

Com efeito, Jorge, em um RPG ou mesmo um jogo de ação seria uma história bastante interessante e memorável a altura do pedigree de Keita Amemiya. Porém, então, eu preciso te lembrar novamente que nesse jogo ela é meio que... isso:

Bem, é um grande desperdicio de boas intenções... felizmente, não é um desperdicio completo pq ao menos esse contexto serve para o jogo ter como tema a coisa que Keita Amemiya mais entende nessa vida: super sentai. Sim, a coisa de "trajes especiais antigravidade" é meio que para dar o tom tokusatsu do jogo e... cara, eu tenho que dizer que um jogo de luta com temática Tokusatsu não é uma ideia a qual eu me oponho. Na verdade, parece uma grande ideia!


E não apenas uma grande ideia, como uma que eu não lembro de já ter sido executada a não ser pelos jogos de luta dos Power Rangers (como MIGHTY MORPHIN POWER RANGERS: The Fighting Edition, que não é um jogo lá muito memorável), então apesar da escolha terrível de apresentação, sua escolha de tema está realmente okay comigo.

Mais do que isso, na verdade, pq apesar de todos personagens serem guerreiros de colant de super sentai, eles são tão visualmente distintos quanto um jogo de N64 permitiria ser em 1997. O que quer dizer que o character design é bom, foi feito o que dava pra fazer com a proposta... cara, até aqui não vejo pq esse jogo figura frequentemente na lista de piores jogos de todos os tempos. Com certeza o gameplay das lutas é bastante genérico e mal feito e...


Espera, o jogo tem um ataque faz o adversário entrar na FEBRE DO DISCO e dançar coreograficamente com vc como parte dos seus golpes? ISSO - É - AWESOME!!!

E isso não é tudo! O jogo não apenas tem golpes que você totalmente veria tirado do "monstro da semana" de um tokusatsu, como eu arrisco dizer que ele tem os melhores gluteos de colant de toda biblioteca da quinta geração! Não, é sério:


Gluteos 3D de qualidade, é pra isso que eu jogo NINTENDO SIXTY-FOUR!!!

Tá, mas vamos falar sério por um momento (embora sejam gluteos de séria qualidade aqui) e dizer que o jogo é bastante simples: A ataca, B defende, Z permite movimento livre e chutes Cbaixo chuta. Pressionar defesa duas vezes e manter o botão pressionado faz com que seu personagem faça sua pose Sentai e entre em um modo especial que concede propriedades especiais a seus ataques por um curto período, alem de um ataque especial com defesa, defesa+soco, defesa e chute. No entanto, este Super Mode só pode ser usado uma vez em uma partida, e você precisa encontrar uma abertura, pois demora um pouco para sua pose decolar


Como dá pra ver, não é nada revolucionário, meio que todo jogo de luta faz algo nesse sentido, mas também não é nada terrivelmente quebrado. Novamente, não grandioso, mas para estar nas listas de piores jogos de todos os tempos? Menos, gente, já vi pior isso. Tipo DOLOROSAMENTE pior que isso.

Defeitos DEFEITOS de verdade esse jogo só tem duas coisas que me incomodam.  Em uma estranha mudança de ritmo, bloquear ataques na verdade recupera sua saúde. Não é algo comum em jogos de luta, e não creio que seja a melhor ideia do mundo já que pode tornar as batalhas desnecessariamente longas - e pior ainda, recompensa uma abordagem desinteressante do combate.


Mas eu meio que entendo pq essa mecanica existe, já que os ataques especiais super sentai são lentos para executar facilita a vida para encaixar o especial que o adversário esteja parado defendendo. Então vá lá... agora, o que realmente me fode a vida nesse jogo é que esse é um jogo de luta 3D e quando o oponente sai da sua frente (seja pq deu um sidestep, seja pq vc errou um golpe), o jogo não automaticamente realinha um de frente pro outro como acontece como os outros jogos 3D.

Aqui vc tem que segurar Z e MANUALMENTE reposicionar os personagens um de frente para o outro, o que torna esse jogo desnecessariamente clunky. É muito chato ter que o tempo todo ficar recalibrando os personagens manualmente para que eles fiquem de frente um para o outro e esse é o REAL problema desse jogo. 


Eu arriscaria dizer até que se não fosse essa coisa muito irritante que o jogo faz ele seria até BOM. Pelo menos pra mim, que aprecio um bom tokusatsu tanto quanto qualquer pessoa digna de respeito. Os personagens são interessantes, os golpes variados e o combate é muito simples, mas funcional. Ou quase funcional, não fosse essa coisa chata.

E, honestamente, eu esperava MUITO pior que isso pelo que é dito a respeito desse jogo. Mesmo na época as revistas desceram a lenha nesse jogo, mas eu não vejo o pq disso tudo. É um jogo BOM? Não, não realmente, mas não é uma catastrofe. Um pouco mais de polimento e poderia ter sido um bom jogo de luta para o N64 (o que nem tem uma barra tão alta assim também).



Sei lá, talvez eu apenas esteja realmente entorpecido por todos os jogos de luta ruins que eu joguei até aqui, ou então eu apenas seja otaku de tokusatsu demais, mas eu realmente acho que vale a pena dar uma olhada no jogo se você gosta de personagens Sentai, porque esses personagens realmente parecem cools e as animações são flashy o suficiente para compensar a falta de profundidade no gameplay.

Ou, o mais provavel, é o caso de ser as duas coisas...

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 048 (Março de 1998)