domingo, 17 de setembro de 2023

[#1158][Jan/98] MARVEL VS CAPCOM: Clash of Superheroes


Se tem algo que é o sonho molhado de qualquer produtora de jogos é emplacar uma franquia anual. Basicamente a ideia é que você faz o investimento de tempo e recursos apenas uma vez, e então a partir disso apenas vende o mesmo jogo que vc já tem pronto de novo a cada ano - apenas dando uma atualização de leve pra dizer que não é a mesma coisa. Vender 5, 6 vezes o mesmo jogo é algo com que muitas produtora sonham, mas poucas dominaram essa arte como a Capcom.

Sim, o post de hoje é sobre o "patch de update relançado como jogo novo" número 5874 da Capcom.

Veja, a Capcom inaugurou essa engine nova de jogos de luta com bonecos maiores, mais rápida e golpes mais espalhafatosos com X-MEN CHILDREN OF THE ATOM e então atualizada com MARVEL SUPER HEROES. O próximo passo dessa evolução foi absorver sem a menor vergonha a moda que estava fazendo um sucesso em THE KING OF FIGHTER'S 95 e fazer o seu jogo de luta com Tag Team.

Nascia assim X-MEN VS STREET FIGHTER, que deu um sopro de vida totalmente novo a franquia ao não apenas usar o formato de ter um time de dois personagens que podiam ser alternados durante a luta, como os personagens de Street Fighter foram reimaginados com golpes mais estrombólicos para fazer frente aos homens e mulhers X.


A iteração seguinte dessas atualizações foi... bastante desapontante, para dizer o minimo. MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER apenas copiou e colou na cara dura os personagens de X-MEN VS STREET FIGHTER e adicionou os bonecos de MARVEL SUPER HEROES do jeito que eles estavam. Tirando uma ou outra arrendondadinha no código, não parece estranho dizer que esse jogo foi feito em 5 minutos já que muita coisa MESMO funciona na base do copiar e colar.

Adicione a isso que o jogo foi lançado nos arcades junto com THE KING OF FIGHTERS 97 e vc cconsegue imaginar o tamanho da traulitada que a Capcom tomou nas vendas, alem de olhares atravessados dos fãs. Isso nos leva ao momento atual, que era hora da Capcom colocar nas ruas a atualização do seu jogo para 1998 e eles estavam numa sinuca de bico.

Por um lado, tava todo mundo marcando eles depois da decepção que foi MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER, então apenas copiar e colar DE NOVO seria um tiro no pé, na mão e na bundinha. Por outro lado, eles não realmente queriam ter o trabalho (e por consequencia o mais importante, o custo) de REALMENTE fazer um jogo novo.

Então como fazer para voltar as boas graças dos fãs, mas sem ter muito trabalho com isso? Questão dificil. E era bem isso que a Capcom estava debatendo no seu CapQG sobre isso quando alguém levantou um ponto muito importante:

- Escuta, mas a gente não tem tipo um bazilhão de personagens pra usar num jogo de luta?
- Cara, a gente já usou todo mundo da Marvel que os fãs se importavam em MARVEL SUPER HEROES e X-MEN CHILDREN OF THE ATOM.
- Não, você não entendeu, A GENTE, NÓS, CAPCOM, não temos um bazilhão de personagens pra usar?
- ... olha, era umas, heim...

Nascia assim então Marvel Vs Capcom, que não faz nada RADICALMENTE espetacular pelo lado da Marvel dado que a única real adição é o Venom. Embora o jogo tecnicamente tenha o War Machine como personagem novo, ele é exatamente o mesmo boneco do Homem de Ferro do jogo anterior apenas com outra cor, então não conta. 


Mas é na parte da Capcom que pegou todo mundo com as calças na mão. Senão vejamos o elenco da Capcom nesse jogo:

Isso realmente deu um ar novo ao jogo e apazigou os fãs, pq ninguem esperava que a Capcom fosse desenterrar personagens como STRIDER ou colocar um personagem de CYBERBOTS: Full Metal Madness com seu robozão da porra. Mas eles fizeram.

E fizeram mais do que isso: além da tradicional troca de personagens no tag team no meio da luta, como já estava estabelecido nessa série VS, como agora vc pode apertar dois botões para chamar um helper que dá uma única porrada e vai embora (o numero de vezes que voce pode fazer isso por luta é limitado).

Nesse aspecto, toma-lhe mais referencias dado que os helpers são:

A coisa é que o helper que vc tem na luta é sorteado aleatoriamente (a menos que você use um código), então isso coloca um elemento aleatório nas lutas já que o golpe de alguns helpers é muito melhor que o de outros. Algumas pessoas que queriam uma competição mais séria não gostaram desse elemento caótico, mas a maioria das pessoas que só queriam meter a porrada por uma ficha estava mais interessada em pegar as referencias do que reclamar.

Com efeito, "refencias" é o tema desse jogo pois ele é abarrotado delas. Não apenas nos cenários, como os próprios golpes dos personagens são repletos de referencias. No agarrão do Capitão Commando, por exemplo, o adversário é jogado pra cima por um membro da equipe dele no jogo. Ou o Mega Man se transforma no X em dado movimento. Ou a Morrigan chama a Lilith para o seu especial. Vc pegou a ideia.

Agora, vc pode ter reparado que eu estou falando basicamente apenas sobre personagens e referencias, mas é pq é essencialmente tudo que esse jogo tem. Seu elenco é realmente bem escolhido e dá um tchãm que destaca o jogo, porém uma vez que você afasta o seu elenco e julga o jogo pelo ponto de vista puramente mecanico esse jogo não faz quase nada diferente de MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER.

O que não deixa de ser impressionante, pq a Capcom no fim do dia conseguiu resolver o problema que eu apontei no começo do texto: eles acharam um jeito de agradar os fãs (dando um elenco suculento de lutadores e muitas referencias), ao mesmo tempo que não tiveram muito trabalho pra fazer isso. Com efeito, esse jogo foi lançado apenas seis meses após MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER - ao invés de um ano, como era o comum.

Isso quer dizer que MvC fez, com efeito, a alegria da moçada pq deu o que todo mundo queria - um jogo de luta com os personagens que já amamos e conhecemos (no MvC 3, por exemplo, virá a ser a Jill Valentine de RESIDENT EVIL, how cool is that) e isso foi excelente para a época.

Agora, pessoalmente... eu lembrava desse jogo como mais do que ele é realmente. O que acontece é que na época eu só tinha jogado o X-MEN VS STREET FIGHTER de PS1, que é um port bem ruim (tão ruim que nem tem como fazer tag team, olha só que bosta) e nem sabia que MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER existia. Por isso o impacto de ver Marvel VS Capcom no fliperama foi gigantesco - até pq esse é um jogo putamente lindo, cada personagem tem um bilhão de sprites diferentes para cada golpe, com direito a cosplays e tudo, uma energia que lembra bastante POCKET FIGHTER).

Porém hoje, tendo acompanhado a evolução dos jogos na integra e sabendo de toda evolução dos patchs de update que eu contei no começo desse texto... esse jogo é bem menos impressionante. Não me entendam errado, é maneiro e tal, mas ele é essencialmente MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER com um elenco melhor e tenho que dizer que isso falhou em me impressionar realmente.


Em todos esses anos nesse projeto eu conheci inúmeros jogos fantásticos que eu sequer sabia que existia, mas o outro lado dessa moeda é que eu revisito alguns que eu lembrava bem melhores do que eles são realmente (né, DOUBLE DRAGON 3?). Marvel vs Capcom não é TÃO incrível quanto eu lembrava dele, ainda que seja um jogo legal no que ele se propõe a fazer (até pq a Capcom não sabia fazer jogo de luta ruim nessa época nem que eles quisessem).

A maior parte dos jogos que eu tinha em alta conta que eu revisito nesse blog acabam se provando dignos de tamanha louvação, e essa - ainda que não ruim - foi uma exceção a regra.

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