segunda-feira, 11 de setembro de 2023

[#1155][Jan/98] FIGHTERS DESTINY

Depois de sermos agraciados com um jogo fodendamente bom e relevante a história dos videojogos, chegou a hora de pagar o preço por jogar um jogo bom e isso significa chafurdar em um charco negro e desesperançado que atende pelo nome de... eu tremo em apenas só em dizer... jogos de luta do Nintendo 64. Boy, oh boy, taí uma coisa que não foi feita pra trazer felicidade, Nintendo SIXTY-FOUR e jogo de luta é só terror e putaria.

Sério, é um console que o ponto alto dos jogos de porradaria é nada menos que MACE: The Dark Ages, daí pra frente é só ladeira abaixo... o que esperar então de um jogo que tem a pachorra de abrir com o nome mais gen... não, espera, eu já joguei um jogo de luta chamado VS., esse não é o nome mais genérico da história dos jogos de luta... com um jogo que TENTA ter o nome mais genérico da história dos jogos de luta e falha até nisso?

Taqueopareo, já começamo bem mesmo. Mas bem, pelo menos...


...
...
...
Vc teria a capa europeia desse jogo no seu quarto? Dormiria com esse cara te olhando?

... sim, é claro que esse é um jogo da Ocean, É óbvio ululante que seria um jogo da Ocean pq como não poderia ser, né? Ótimo, apenas fodendamente ótimo, um jogo da LJN europeia em um genero e sistema incapazes de produzir um jogo verdadeiramente bom mesmo que a vida deles dependesse disso. Jogo de luta no Nintendo 64 já é terrível, jogo de luta no Nintendo 64 da Ocean é claramente uma violação dos direitos humanos segundo a convenção de Genebra!

É bem a minha sorte mesmo... mas enfim, vamos começar logo pra terminar logo e...


É O QUE, MEU AMIGO?

O jogo simplesmente mete "NINGUEM SABE QUEM É O ESPECIAL. DESAFIO." Hã, okay, não entendi nada, mas suponho que as próximas telas da abertura esclarecerão alguma coisa!


DEFENDER. DERROTA COM...

Olha, enquanto todos aguardamos ansiosamente pelas próximas palavras, eu sou obrigado a apontar minha preopação de que a pessoa que escreveu isso não realmente fala inglês. Apenas um palpite.


HABILIDADE. PODER. VELOCIDADE.

Então, recapitulando nosso lore até aqui: "NINGUEM SABE QUEM É O ESPECIAL. DESAFIO. DEFENDER. DERROTA COM HABILIDADE. PODER. VELOCIDADE.". Fighters Destiny, senhoras e senhores, o mais puro suco do ENGRISH. G-ZuZ, já to vendo que esse vai ser mais um daqueles. Se eu tinha alguma esperança nessa vida que esse jogo ia dar certo, ele morreu com  DERROTA COM HABILIDADE. PODER. VELOCIDADE. Ai, ai, tem dia que é noite, viu...

Mas adiante, é um jogo de luta, deve ter personagens, certo? Quer dizer, deve ter, mas é o jogo "DERROTA COM HABILIDADE. PODER. VELOCIDADE.", nada está descartado. Mas divago, tem sim.


Nosso protagonista é o tradicional Ryu japonês, sendo o diferencial aqui que o Ryu desse jogo é mais  Ryu que o Ryu da Capcom. Lembra de quando Ryu era ruivo em STREET FIGHTER 1? A Capcom esqueceu disso na continuação, mas Fighters Destiny lembra. Pontos extras por ele se chamar "Ryuji", pq os advogados da Ocean não temem processinho nenhum.

O resto dos personagens é mais ou menos a coleção de estereotipos nacionais que vc poderia esperar de um jogo de luta que segue a cartilha SF: o wrestler americano, um pierrot francês chamado Pierre, um brasileiro lutador de vale-tudo (que estava na moda antes de virar o MMA, e o Brasil meio que fundou a bagaça através da familia Grace) chamado Bob (pq esse é um nome super brasileiro, afinal), a chinesa clone da Chun-Li que obviamente se chama Meiling (embora depois do brasileiro chamado Bob, eu não me surpreenderia com uma chinesa chamada Patricia) e por aí vai. Se eu tivesse que coroar a cereja do bolo, entretanto, minha escolha seria obvia e indiscutivelmente o ninja japonês chamado...


... Ninja. Uau, um ninja chamado Ninja. Aí tu vê que esse jogo não tá de brincadeira.

E já aproveitando essa tela de pontos, vamos explicar como o jogo funciona. Bem, é um jogo de luta para o Nintendo 64, produzido pela Ocean, com personagens feito com o livro de Street Fighter embaixo do braço. Qual a chance de sair daí um gameplay diferente, esse jogo ser algo diferente e não apenas o bilionésimo fracasso na história fracassada dos jogos de luta para N64?


Surpreendentemente, bem altas, pq é isso que o jogo é. Eu diria até que esse é o jogo de luta mais inovador que eu vejo em... bem, centenas de jogos de luta (nossa, já estamos chegando em 200 jogos de luta nesse blog, olha só...). Papo sério.

O que rola aqui é que Fighters Destiny é mais um esporte do que uma briga de rua realmente (que nunca acontece na rua, sabia que Street Fighter 2 só tem realmente um cenário na rua?) e vence quem atingir a pontuação minima estabelecida no menu de opções do jogo (o padrão é 7).


A pontuação funciona como mostra aquela imagem, encaixar um agarrão vale 3 pontos, chutar para fora do ringue vale 1 ponto, acertar um golpe que estatela o inimigo no chão vale 3 pontos e por aí vai). Nesse contexto, as barras de energia tem duas funções diferentes: a primeira é que se ela esgotar o personagem tonteia e fica vulneravel a tomar algo que custa muitos pontos, a segunta é que se o tempo acabar o jogo dá um ponto pra quem perdeu menos energia.

Isso é... diferente de qualquer outro jogo de luta que eu consigo lembrar, e quer saber? Eu não achei que diria isso de um jogo com o selo da Ocean, muito menos no Nintendo 64, mas... bem, É interessante de facto, olha só.


Mas esse sistema torna Fighter’s Destiny divertido? Bem, sim e não. Por um lado, o sistema de pontos permite mais estratégia durante a partida. Durante a luta você encontrará diferentes situações em que é vantajoso tentar pontuar de diferentes maneiras. Talvez seja mais interessante pressionar o adversário mesmo defendendo pra derrubar ele do ringue, talvez seja mais interessante desviar pra pegar ele por trás e encaixar um agarrão na veia.

E enquanto o jogo se torna variado por conta disso, por outro lado infelizmente o seu arsenal de movimentos para executar essa ações é um pouco limitado e isso arrasta o nível do jogo pra baixo. Você só precisa socar, chutar e bloquear, é meio que tudo que tem em seu arsenal. Cada personagem tem vários movimentos especiais, mas eles são propositalmente difíceis de acertar em um inimigo por causa do valor dos pontos.


Normalmente, eles tambem terminam com você ficando vulnerável a ataques, e o alcance também é um problema. A menos que vc seja pro no jogo, é melhor esperar esgotar a barra de vida do oponente e pegar ele tonteado. Ainda sim, os jogos de luta vivem e morrem pela diversão de seus movimentos especiais, e é isso que realmente segura Fighter’s Destiny. 

Você pode tentar jogar como STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR, mas aprenderá do jeito dificil isso não funciona a seu favor. Em vez disso, o jogo tenta ser mais parecido com VIRTUA FIGHTER, mas o sistema de luta não é tão profundo. Até pq esperar um sistema profundo como o de VIRTUA FIGHTER em um jogo lançado sob a chancela da Ocean já seria forçar demais a amizade.


Os modos de jogo são o que vc poderia esperar de um jogo de luta (não que todos entreguem, mas é o que esperamos) com modo treino, modo história, modo survival e modo lutas isoladas. O mais diferente (e memoravel) desse jogo é certamente o modo rodeio, onde você fica preso no ringue com uma vaca (sim, não um touro, uma vaca) e em vez de vencê-lo, o objetivo é permanecer no ringue o maior tempo possível. Uma estrelinha pela criatividade.

Falando em criatividade, a outra coisa diferentona que esse jogo faz é que alguns personagens têm "ataques mentais", o que não causam efeito algum... a menos que seu oponente esteja usando um Rumble Pack. Nesse caso tomar ataques mental fará com que seu Rumble Pack fique completamente maluco, praticamente pulando das suas mãos!  Okay, isso foi algo criativo e que eu ainda não tinha visto nenhum jogo pensar até então (ou mesmo depois disso)


No fim, esses pequenos gimmicks somados ao criativo sistema de pontos fazem de Fighter’s Destiny o melhor jogo de luta da biblioteca do Nintendo 64 até o momento nesse blog, e provavelmente de todos os tempos... o que não quer dizer muito. Se tivesse sido lançado no PlayStation ou mesmo no Saturn, teria sido um jogo de luta imediatamente esquecido no meio de inumeros jogos de luta muito melhores, tanto em 2D quanto em 3D. 

Então suponho que escolher ser um jogo do N64 foi a escolha certa, e é algo que faz esse jogo ser lembrado ainda hoje... apesar da Ocean, apesar do Engrish da abertura, apesar do elenco terrivelmente generico quando não chupinhado na cara dura de Street Fighter e apesar da falta de golpes especiais... é, ser o melhor do N64 é o melhor que esse jogo poderia realisticamente almejar. O que ainda não é bom o suficiente, mas é decente.

Ganha alguns pontos extras pq até hoje nada se parece realmente com Fighter’s Destiny, para melhor ou para pior, e definitivamente vale a pena jogar pelos elementos únicos - o modo rodeio me fez rir em alguns momentos, é a coisa mais tola (e por isso mesmo genial) que eu já vi em um jogo de luta desde o volei de praia em TEKKEN 3. É, decente é um bom adjetivo para esse jogo, mas longe de ser ótimo.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 125 (Março de 1998)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 047 (Fevereiro de 1998)


Edição 048 (Março de 1998)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 028 (Março de 1998)