Hoje, em pleno 2023, é completamente desnecessário dizer que a Microsoft é um dos grandes players da industria dos videogames. Todo mundo e a mãe de todo mundo sabe que videogames são a Sony, Microsoft e a Nintendo, isso é o básico do básico sobre videojogos.
MAS contudo todavia entretanto... não foi sempre assim. Houve um tempo, e nem era um tempo tão longe assim em que...
NA VERDADE JÁ FAZEM MAIS DE 25 ANOS ISSO, FOI UM TEMPO BEM LONGE ASSIM SIM
Carai biridim, to velho mesmo.. mas enfim, eu diria que em 1997 a Microsoft era praticamente um monopolio no campo do sistema operacional... como é hoje... assim como nas funções de trabalho como o Office. Em videojogos, entretanto, a Microsoft era uma SEM HOURA nulidade. Hoje isso pode parecer paradoxal, mas na época a Microsoft era vista como uma empresa de tecnologia de tiozões caretas que não entendiam nada de fazer coisas maneiras como VIDJAGUEIMS.
Visão essa, alias, que foi uma das coisas que levou a criação do Xbox, mas isso é assunto para outro dia. O que importa para o momento é que uma empresa tão gigantesca na informática que dia sim e outro tb tomava processo do governo americano por monopolio, não manjava nada de joguinhos. Buuuuh, SEUS CARETAS QUADRADÕES!
... bem, não manjava nada exceto por duas notórias exceções. Um dos raros casos em que a Microsoft se aventurou no mundo dos videojogos e se deu bem foi com sua série de simuladores de aviões, Flight Simulator, que é uma sacada bem curiosa: ele não é um jogo de corrida ou nada assim, ele é literalmente um jogo para emular a fisica da aviação o melhor que for possível - na verdade até a palavra "jogo" não cabe aqui, já que ele é um software de simulação.
Mas como simuladores não são o meu biscoitinho, eu não vou falar dele aqui. O que eu VOU falar, entretanto, é o outro jogo pelo qual a Microsoft era famosa antes da era do Xbox: a Era dos Impérios. Que também é uma sacada bem inteligente, ainda que em um sentido diametralmente oposto a Flight Simulator e é isso que veremos hoje.
Bem, a ideia geral da coisa é a seguinte: vou assumir que todos estejamos familiariazados com o conceito de SID MEYER'S CIVILIZATION, certo? Quer dizer, eu escrevi tanto sobre SID MEYER'S CIVILIZATION como SID MEIER'S CIVILIZATION 2, mas a ideia geral da coisa é que os jogos da série Civ são essencialmente jogos de tabuleiro na forma de videogames.
E por isso eu quero dizer que o jogo não apenas tem a estrutura de turnos e outros gists de jogos de tabuleiro, mas sim que ele tem a preparação necessária de um jogo de tabuleiro ao ponto que é recomendado você ler o manual de dezenas de páginas para aprender tanto como jogar o jogo, mas mesmo como ganhar ele. Sério, não é só ligar e sair mexendo nas coisas, vc tem que realmente entender o jogo - tanto que o meu post de SID MEYER'S CIVILIZATION é essencialmente explicando o básico dele.
O que, pessoalmente, eu gosto muito. Ambos Civilization que eu joguei foram uma ótima experiencia no que eles se propõe a fazer, uma vez que você entende o que ele se propõe a fazer. O problema, e é aqui que entra a visão sagaz da Microsoft, é que o que ele se propõe a fazer não é para todo mundo.
Civilization é um jogo de tabuleiro por turnos, e como você pode imaginar, essa proposta não é tão tesãozante para todo mundo. Especialmente para gamers americanos que só queriam sair apertando botões e coisas acontecerem e zaz. O que, eu suponho que preciso deixar claro, é totalmente okay: para algumas pessoas videogames são apenas sobre apertar botões e ver coisas acontecer na tela, não sobre planejamento, turnos, ou ler um manual de 80 páginas para entender o jogo e está tudo bem com isso.
A Microsoft viu nisso uma grande oportunidade, pensando então o seguinte: "E SE, veja bem, E SE eu fizesse uma versão de Civilization só que para as pessoas que não tem paciencia pra jogar Civilization?". E foi exatamente o que ela fez, Civilization para quem não tem paciencia de jogar Civilization, e esse veio a ser Age of Empires.
Isso quer dizer que enquanto no papel a premissa de ambos jogos soe bastante parecida (começar uma civilização do zero, reunir recursos e dominar o mundo), na prática sua execução não poderia ser mais diferente.
Ao invés de um jogo de tabuleiro por turnos, AoE é um RTS. O que quer dizer que tudo acontece freneticamente em tempo real e definitivamente é mais ao gosto das pessoas entediadas por menus e turnos. Olhando por cima, com efeito, o jogo parece ter mais em comum com WARCRAFT 2: Tides of Darkness do que com SID MEYER'S CIVILIZATION, então da onde eu tirei essa comparação?
Isso pq ao contrário de WARCRAFT 2: Tides of Darkness, o jogo aqui conta com comercio, diplomacia e ciência... teoricamente... e teoricamente é possível vencer uma partida com bem pouco pew-pew-pow-pow. Agora, você pode argumentar que ter arvores de pesquisa para desenvolver sua civilização e ver gráficos de recursos entrando para tomar decisões táticas não combina muito ação em tempo real e o pipoco comendo... ao que Age of Empires concorda.
Ao menos nessa primeira versão, as opções diplomáticas importadas do Civ estão aqui mais em nome do que utilidade, e o jogo claramente foi feito pensando em fazer soldados e microgerenciar a porra toda pra tacar fogo em tudo pelo caminho.
E esse talvez é meu problema com o jogo: ele tenta fazer duas coisas ao mesmo tempo, e por isso mesmo não faz nenhuma de forma incrível. Por um lado, ele tenta ser um jogo de desenvolver tecnologias, exploração, comercio e diplomacia como SID MEYER'S CIVILIZATION... mas uma versão rasa disso que possa ser jogada sem ninguém precisar ler manual nenhum. Tem governo, tem religião e tem comércio... pero no mucho. Tem, mas é raso. Tanto que as outras formas de ganhar o jogo sem ser macetar os coleguinhas - algo que é mister na estrutura de Civ - estão ali para fins burocráticos, raramente uma partida caminha pra esse tipo de final.
Ao mesmo tempo, ele tenta ser um RTS de tiro porrada e bomba como WARCRAFT, mas não tem as unidades variadas, magias e veiculos diferentes o suficiente para isso. Com efeito, eu diria que se cansa antes cedo do que tarde. Uma montanha de mapas e objetivos não consegue disfarçar o fato de que você está jogando com o conjunto limitado de possibilidades, as mesmas não tantas assim unidades e prédios em todas as campanhas. Quando terminar o tutorial egípcio, você já vai ter visto tudo que o jogo tem a oferecer. Se você entrar na campanha Rise of Rome ou jogar como a dinastia japonesa Yamato em uma escaramuça aleatória, você ainda seguirá os mesmos movimentos e colocará em campo exércitos idênticos.
Veja, eu não estou dizendo que esse jogo é ruim ou mal feito em qualquer sentido, mas a verdade é que em 1997 existiam opções muito melhores de RTS. Se vc quer tiro porrada e bomba, Age of Empires não oferece nada que se compare a ação de um WARCRAFT 2: Tides of Darkness ou COMAND AND CONQUER: Red Alert. Se vc quer profundidade e infinitos cenários possiveis ao desenvolver uma sociedade começando do zero, então esse jogo sequer amarra o cadarço de ID MEIER'S CIVILIZATION 2.
Ainda sim, eu diria que é um começo decente para a primeira franquia da Microsoft. O ritmo de coletar, construir e gerenciar seu império é gostosinho, apenas perde força rapidamente porque não tem muito o que fazer nesse jogo realmente. Algo que certamente será resolvido em uma futura continuação, mas hey, todo mundo tem que começar por algum lugar né?
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 125 (Março de 1998)