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quarta-feira, 23 de março de 2022

[#846][SCD/PS1] LUNAR 2: Eternal Blue [Dezembro de 1994]

Essa contracapa limpa da versão americana de PS1 é algo que definitivamente deveria ser feito mais vezes

Nos mundo dos RPGs japoneses, o termo "continuação" é usado de forma muito vaga. Muitas vezes, o único elo real entre dois jogos em uma série é o título e algumas referências mais ou menos obscuras lançadas aqui e ali. Muitas vezes eles acontecem em mundos diferentes (assumimos) e apresentam personagens, enredos e temas que têm pouco ou nada a ver com as edições anteriores.

Não é muito dificil imaginar o porque disso: jRPGs usualmente duram dezenas de horas e como tal contam histórias completas com começo, meio e fim. De modo que os seus criadores sentirem que já disseram tudo que queriam dizer sobre aquele mundo não é realmente surpreendente. 


Isso é parte do que torna Lunar 2 interessante: ao contrário de tantas outras franquias de RPG, Eternal Blue não deixa o mundo original ser consumido pelas areias do tempo. Embora a continuação não dê uma data exata (tem uma referencia que te permite calcular que se passa 16 gerações depois, ou seja aproximadamente 400 anos) Alex, Nall e amigos não foram esquecidos. 

Ao viajar pelo novo mundo de Lunar, você notará alguns marcos familiares, cruzará as mesmas cidades e até encontrará alguns descendentes dos heróis originais. Visitar a loja de Ramus em Meribia ou a família Ausa na mansão Vane. A oeste de estão as ruinas de Vane fica o Pico de Taben, que é na realidade as ruínas da Grindery. Existem até participações especiais de alguns dos personagens de Silver Star Story que fazem sentido ainda estarem vivos 400 anos depois.

Mesmo para os padrões dos jRPGs esse é um chefe final... único, vamos dizer assim

Com efeito, as melhores partes desse jogo e as que mais me emocionaram foram as referencias ao jogo original - como uma cena onde aparece uma Luna já idosa, tendo vivido uma vida longa e feliz. E enquanto esse tipo de coisa realmente me fez feliz, também acendeu o alerta amarelo para esse jogo: se as melhores partes dele são as referencias ao original, algo errado não está certo.

Lunar 2 passa um feeling bastante de A Lenda de Korra, que você assiste para ver as referencias ao original apenas para perceber que não está se importando tanto com as coisas novas introduzidas - e quando isso acontece mesmo alguém que é totalmente contra fechar seu coração para novas experiencias por causa do bullshit de "antigamente tudo era melhor", algo que eu abomino... então definitivamente algo errado não está certo aqui.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

[SEGA CD] LUNAR: The Silver Star (Junho de 1992)[#635]


Em 1994  a Squaresoft lançou um dos jogos mais ambiciosos e revolucionários até então, um jogo que mudou não apenas os RPGs mas a própria forma de pensar videojogos: uma aventura épica baseada em mais desenvolvimento dos personagens do que na aventura em si e por isso mesmo tão épica e poderosa. Estou falando, é claro, de FINAL FANTASY 6.

Porém, na emoção desse estupendo e formidável jogo, é fácil esquecer que não é preciso reinventar a roda para fazer um RPG excepcional. Pelo contrário, é possível acertar fazendo um jogo modesto, até mesmo extremamente simples e convencional. Pode dar funcionar, desde que esse básico do básico seja feito com o coração. E essa é a história de Lunar: The Silver Star Story.

domingo, 6 de janeiro de 2019

[AÇÃO GAMES 014] ALISIA DRAGOON (Mega Drive, 1992) [#180]



Assim como filmes, livros e músicas, alguns jogos são um fracasso absoluto no seu lançamento e apenas muitos anos depois são descobertos como perolas dos videogames. Afinal, se Van Gogh e Lovecraft morreram pobres e acreditados como fracassos, porque um videojogo também não seria incompreendido no seu lançamento?

Tem um exclusivo de PS3, por exemplo, que foi atirado no mercado japones sem muito marketing e a distribuição ocidental do jogo foi dada quase de graça para a Atlus porque o presidente da Sony achou que aquele jogo era uma pilha modorrenta de lixo. Um jogo dificil demais, com um sistema novo de combate mas sem tutorial e sem narrativa discernível? Para o inferno que eles iriam afundar dinheiro distribuindo essa barca furada, ora bolas!

Esse jogo, por acaso, é Demon's Souls - cuja maioria das pessoas só ouviu falar da continuação, Dark Souls - e é um dos jogos mais influentes de todos os tempos, certamente o mais influente da geração passada.

Então, é, as vezes as pessoas cometem erros de julgamento - tanto o publico quanto os distribuidores - e alguns jogos são varridos para debaixo do tapete da história sem de fato merecer tal destino. Estou falando disso porque o jogo de hoje é um jogo que afundou rapidamente no esquecimento na época do seu lançamento, mas hoje não existe uma única review desse jogo na internet que não diga que ele é uma perola escondida na biblioteca do Mega Drive - e eu realmente procurei. Mas nenhuma MESMO.

Mas então, será que Alisia Dragoon é isso tudo mesmo?