quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

[3DO] STAR CONTROL 2: The Ur-Quan Masters (Setembro de 1994)[#633]



Nossa história de hoje começa numa manhã de terça-feira de novembro de 1994, no quartel general da Ação Games essa cena aconteceu:


Após meses e meses de passar vergonha futura por defender arduamente um console que não ia dar em nada, depois da editora chefe da revista abrir uma exceção e fazer um editorial (algo que eles nunca fizeram antes e não lembro de voltarem a fazer) dizendo o quanto o 3DO era fantástico e era o futuro, depois de elogiar uma pilha inenarravel de jogos bosta que nada mais eram que minigames de Atari vendidos por 60 dolares... depois de tomar como sua causa, sua bandeira, seu partido tudo isso... finalmente aconteceu.

A arvore frutífera pagou dividendos e temos então pela primeira vez, em um evento inédito e único... O PRIMEIRO "THE BEST OF" PARA UM JOGO DE 3DO! Meu deus está acontecendo, é real, o sonho virou realidade e aqueles que riram da Ação Games por defender com unhas e dentes essa ideia agora chorarão lágrimas de tungstênio! Os humilhados serão exaltados!

A AÇÃO GAMES NÃO FEZ MATÉRIA SOBRE ESSE JOGO.

... mas como é que é?

ISSO MESMO, A AÇÃO GAMES NÃO FALOU SOBRE ESSE JOGO EXCETO POR UM PREVIEW

... cê tem que estar de sacanagem comigo... eles enchem o saco por meses defendendo a porra dessa merda cara e sem jogos, e na hora que sai um jogo bom para o 3DO, verdadeiramente bom... eles não falam porra nenhuma sobre esse jogo?


Ah mas vão a merda viu... eu não sei porque eu tento... mas antes de continuarmos eu preciso dizer: sim, eu sei, esse jogo originalmente foi lançado para PC em 1992 mas esse jogo nunca foi portado para consoles até a versão de 3DO em 1994. Então se você quiser jogar com um joystick na sua televisão (a única forma moral e digna de jogar videogames, todo mundo sabe disso), então essa é sua única real opção.

Tirando isso do caminho, vamos então falar do jogo em si. E para explicar o que é Star Control 2, talvez a melhor forma de fazer isso como esse jogo veio a existir. Em 1990 a Toys for Bob (que hoje é mais conhecida por não saber o que fazer com tanto dinheiro que eles ganham dos jogos/bonequinhos colecionaveis Skylanders) decidiu fazer um jogo de luta... com naves.

Funcionava assim: o jogo como Asteroids para dois jogadores, em que cada jogador controlava uma nave com inércia e tentava atirar um no outro.


Se você nunca ouviu falar do primeiro Star Control... bem, não acho que algum juri no mundo o condenaria por isso realmente. Porém esse jogo tinha algo que será muito importante para nossa aventura: as naves desse jogo (representando diferentes raças alieníginas) eram assimétricas. O que quer dizer que algumas eram melhores, outras eram piores, elas tinham tipos de tiros, velocidade e pesos diferentes.

Aí então criadores do jogo - Fred Ford e Paul Reiche III - ficaram olhando aquelas naves, aqueles aliens, e começaram a imaginar como seria a relação entre eles naquele universo fictício.

Se não for pra ser o império do Ricardão, eu nem levanto da cama

Por exemplo, os Ur-Quan tinham as naves maiores e mais pesadas, então eles seriam um tipo de raça vilanesca conquistadora. Os Spathi eram uma nave que atirava para trás, então eles imaginaram que foi criada por uma raça covarde tão acostumada a fugir que desenhou suas naves de acordo as suas necessidades. E assim por diante.

Antes de ser designer de jogos, Paul Reiche III trabalhou na TSR - a então empresa responsavel pelo RPG Dungeons & Dragons - e fazer esse exercicio de imaginar mundos era algo que vinha naturalmente para ele, já que esse é meio que o trabalho de uma editora de RPGs depois que os livros de regras são lançados, criarem cenários para serem usados pelos jogadores.

Nada disso é realmente importante para o jogo, está apenas no manual e em aquela narrativa super superficial de videogames do começo dos anos 90. É basicamente um jogo de luta com naves. Então porque isso é importante se o primeiro Star Control é um jogo tão esquecível? Bem, porque os dois criadores passaram os próximos dois anos ruminando isso: cara, eles criaram um universo tão interessante no papel com as raças interagindo entre si e criando um universo organico... porque eles não faziam um jogo sobre isso realmente?

Eu tenho um plano, hã, okay, 12% de um plano

Quer dizer, um RPG espacial que desenvolva plenamente esse universo com raças interessantes é o que eles realmente queriam fazer, e esse foi o jogo que eles fizeram!

Nossa história começa no idilico ano de 2135, onde a Terra não apenas já começou a exploração espacial como faz parte da Aliança das Estrelas Livres junto com outras raças alieniginas. Mas porque esse nome, especificamente? Ora, porque nenhuma galaxia de ficção que se preze está livre de um maligno império do mal e este daqui não é exceção. O grande bully intergaláctico aqui são os Ur-Quan e sua Hierarquia dos Servos de Batalha, e por "servos de batalha" leia-se escravos.

E, como não poderia deixar de ser, a Terra e seus aliados estão tomando um sufoco dos aliens. Porém não é aqui que você entra nessa história, não ainda. Isso existe uma colonia terraquea nos cafundós do Judas galacticos tão isolada que os Ur-Quan sequer cogitam a sua existencia, o que é bom. O que é menos bom é que com a guerra a colonia ficou isolada da Terra e não faz ideia de a quantas anda a guerra pelos próximos 20 anos.



Não que nossos colonos estivessem desocupados, porque em um puro acaso de sorte eles encontraram uma caverna nessa colonia que levava a um cidade subterranea. Essa cidade havia sido construida milhares de anos antes pelos Precursores, uma raça ultra avançada que em algum ponto colonizou a galaxia toda até desaparecer misteriosamente sem deixar rastros cerca de vinte mil anos atrás.

Melhor ainda, a "cidade" Perdida dos Precursores na verdade era um estaleiro para construir naves. Os colonos não tinham a mão recursos para completar uma nave inteira, mas depois de 20 anos conseguiram construir o suficiente para pelo menos chegar até a Terra e saber que fim levou a guerra... se é que a guerra terminou, e se é que ainda existe uma Terra.

Essa é a sua nave, e é aqui que o jogo começa. Sua primeira missão é chegar ao sistema solar para descobrir que a Terra  achou que ser azul é totalmente milenio passado e agora é um planeta vermelho-magenta porque isso que é chique!


Bem, eis o que acontece aqui: ao subjulgar uma espécie, os Ur-Quan dão uma de duas escolhas ao derrotado: jurar lealdade ao Ur-Quan e servir como seus lacaios de batalha, ou então abdicar inteiramente da vida galactica e ficar eternamente fechado dentro do seu planeta natal em um campo de força vermelho. Ao ser derrotada pelo Ur-Quan, a Terra escolheu a segunda opção e eis então a situação que chegamos com a Terra fechada em um campo de força.

Seu objetivo final é, obviamente, erradicarr o império escravagista Ur-Quan e para isso você tem uma nave especial de uma tecnologia super avançada alienígina, certo? Em qualquer outro jogo, sim, isso seria o jogo. Nave chosen one, império do mal, simples.


A reação do seu crush quando você finalmente se declara

Porém Star Control 2 não é o seu jogo qualquer. Se você quiser você pode ir até o coração do império Ur-Quan e atirar em todo mundo até satisfazer o seu coração, mas eu fortemente não recomendaria isso.

Primeiro porque você não faz ideia da onde isso é (você pode chutar que seja "no meio da galaxia", mas o meio da galaxia é um lugar muito grande). Segundo porque você não tem combustível para isso. E terceiro, mesmo que você soubesse onde ir e tivesse combustível para isso... o mais simples batedor Ur-Quan vai lavar o chão com a sua nave protótipo. Então comofas?

E é aqui que Star Control 2 realmente brilha. 


Hã, agora você está me deixando EXTREMAMENTE desconfortável, eu preferia quando os Vux apenas achavam os humanos hediondamente horrorosos

A proposta de SC2, em sua essencia, é essa: ser um grande sandbox galactico onde você constrói a sua história, administra os seus recursos e vai mapeando a galaxia aos poucos. Com efeito, você precisa de bem pouco para terminar o jogo realmente - o melhor speedrun dele é por volta de meia hora, mas para saber o que precisa fazer leva várias e várias horas porque há muito o que ver, muito que fazer. E, honestamente, até hoje eu nunca vi um "simulador de vida galactica" tão bom quanto esse. Mesmo Mass Effect, que é o primeiro nome que se pensa hoje em dia quando se fala no tema, pode-se notar que foi muito, mas muito mesmo, inspirado em Star Control 2.

Claro que o combate é infinitamente melhor e os gráficos nem podem ser discutidos, mas em sua essencia, no coração dos corações o que se nota é que Mass Effect é inspirado em Star Control 2 e a diferença entre os dois é a diferença entre uma homenagem e o clássico original.

Quando você começa no sistema solar, sua nave mal tem condições de ir até a estrela mais próxima - seja porque você não tem combustível para isso, seja porque sua nave não é rápida o suficiente para fugir das ameaças que espreitam no espaço entre os sistemas solares. Para fazer isso você tem que minerar recursos nos planetas para adquirir upgrades  que permitam sua nave sobreviver a aventura cósmica.

Essa lua tá pegando fogo, bicho! (não, mas sério, esse é um lugar até okay pra minerar, existem planetas muito piores)

O que rola é que a mineração é um minigame a parte dentro do jogo: nem todos os minérios tem o mesmo valor, e os planetas tem ameaças a sua pequena sonda de exploração - sejam eles fauna nativa hostil, terremotos, tempestades elétricas ou temperatura impiedosa. Em alguns planetas sua sonda dura apenas poucos segundos na superficie antes de ser destruída - custando combustível e tripulação, os dois recursos que você deve administrar.

O que você realmente quer é um planeta abundante em materiais raros (como antimatéria) mas com uma superficie tranquila com pouca ou nenhuma ameaça. O que é basicamente procurar um unicórnio, mas é uma busca que vale a pena. E conforme você minera, você vai pouco a pouco abrindo seu leque de possibilidades e mapeando a galaxia a partir do sistema solar.

APENAS SAIR POR AI MINERANDO ALEATORIAMENTE NÃO PARECE TÃO INTERESSANTE ASSIM, NA VERDADE.

E não é. É aí que entram as quests, porque não demora muito sua exploração te leva a novas formas de vida, as quais você quer convencer a entrar em sua cruzada contra os Ur-Quan já que ultimamente você precisa de uma frota para tal. Como você pode imaginar, muitas das raças escravizadas pelos Ur-Quan não estão realmente felizes com seus mestres (algumas estão, já que ser um thug galáctico é atraente para alguns de personalidade menos... nobre) porém não vão pular numa tentativa suicida de rebelião quando os Ur-Quan podem extinguir suas espécies com pouco esforço.

Então você, obviamente, precisa fazer quests para esses aliens e ganhar o favor deles. O mais interessante é que eles te recompensam das mais diferentes formas: alguns fornecerão naves para serem incorporadas a sua armada, alguns fornecerão tecnologia para novos upgrades e ainda os que trarão melhorias de vida a sua rotina galactica.

Ao recrutar as Syreen para sua causa, elas contribuem com naves para a sua frota, as... Penetrators. Sim, essas são as naves (obviamente fálicas) dela. Pois é.

A quest dos Arilou, por exemplo, te dá acesso ao quasispace, uma dimensão paralela repleta de buracos de minhoca que você pode usar para atravessar a galaxia em poucos segundos gastando quase nenhum combustível. A quest dos Shofixti envolve trazer a espécie de volta da beira da extinção, literalmente você encontra o último macho da espécie e sua missão é recuperar as últimas femeas shofixti para (voluntariamente, o jogo faz questão de esclarecer) repovoar a espécie. Como recompensa você tem o custo de recrutar novos membros diminuido pela metade já que essa é uma raça conhecida pela sua... fertilidade, digamos assim.

O mais legal é que quase todo esse conteúdo é inteiramente opcional, então sua campanha no jogo é narrativa emergente totalmente sua. Dificilmente você vai conseguir fazer tudo sem seguir um guia, mas esse não é o ponto do jogo. O ponto do jogo é talhar a SUA história, a SUA experiencia, e isso realmente é uma sensação muito boa.

Sim, isso é uma opção de resposta real para o dialogo XD

E não é apenas utilitarismo, as sidequests expandem sua compreensão do universo já que o jogo usa bastante um estilo de abordagem de narrativa ambiental. Em algumas estrelas você vai encontrar planetas em pedaços, chamados de "Shattered Worlds". É apenas através de uma quest que você consegue juntar as peças e entender o que são os Shattered Worlds, do contrário você termina o jogo sem saber o que aconteceu.

Ou então toda vez que você encontra os Ur-Quan, eles não falam diretamente com você e sim usam pequenos cerebros falantes para serem seus cerebros falantes. O que existe uma grande chance de você deixar passar batido é que existe uma história muito interessante sobre da onde vieram esses "talking pets" que os Ur-Quan usam.

Melhor ainda porque as coisas que você faz não resultam apenas em recompensas, mas em mudanças na própria ecologia da galaxia. Depois que você conhece uma raça, o mapa da galaxia mostra as zonas do espaço dominadas por cada raça.


A coisa realmente interessante disso é que esse mapa não é estático, dependendo do que você faz ou deixa de fazer as areas de influencia das raças mudam. É possível fazer uma raça declarar guerra contra a outra, ou até mesmo começar uma guerra civil e dividir uma raça em duas facções. É muito legal mesmo ver o universo reagindo a sua interferencia, mesmo hoje não é tão comum assim um jogo que o mundo do jogo reage tanto assim as suas ações.

Não apenas isso, mas melhor ainda: o universo tem a sua própria agenda, e conforme os meses passam dentro do jogo eventos acontecem saiba você deles ou não. Se você não fizer absolutamente nada, por exemplo, a area de influencia do Ur-Quan cresce até se tornar impossível navegar na galaxia sem ser atropelado por frotas Ur-Quan o tempo todo. Algumas raças também vão tentar sua própria insurreição contra os Ur-Quan, porém sem a sua ajuda você pode acompanhar a area de influencia deles se mover em direção ao inimigo e então ser obliterado. É um mundo que passa realmente a sensação de estar vivo.

Sensação essa que é amplificada pelo quão boa é a escrita desse jogo. 


Hã, calma cara, eu só tinha perguntado o seu nome...

Ou então em dado momento você aprende que os Androsynth estavam mexendo com seres interdimensionais, quando você chega na area deles encontra esses caras que totalmente não são criaturas de outra dimensão usando os corpos dos Androsynth de uma forma bastante desajeitadas dado que eles não estão acostumados a essa realidade:


Totalmente não são.

Os aliens desse jogo são uma homenagem a todos os aliens da ficção que você puder imaginar. Temos aliens superinteligentes depressivos a lá Douglas Addams, a divisão entre o Pkunk e o Yehat é baseada na divisão entre os Vulcanos e os Romulanos em Star Trek, só que ao invés de serem ultrarracionais os Pkunk na verdade são hippies que parecem dublados pelo Monty Python e que não são tão de boas quanto eles querem parecer ser


Temos uma raça que é basicamente o Krang das Tartarugas Ninja, temos as moçoilas aliens atiradinhas da série clássica de Star Trek, uma raça que é baseada nos Alpha Centauri de Doctor Who e assim por diante. O melhor é que os aliens não são apenas homenagens, eles são referencias mas que adicionam suas próprias ideias tornando cada raça única e memoravel por seus trejeitos e a forma que suas falas são escritas.

Até mesmo os vilões são aliens interessantes, para esse propósito. Sim, os Ur-Quan são a sua raça 'maligna' padrão de ficçao, inegavelmente. Eles escravizaram a Terra, junto com a maioria das outras espécies na galáxia e aqueles que se recusam a servi-los são obliterados. Eles parecem centopéias gigantes, em cores verdes e pretas (as cores das coisas más, na fantasia) vivas para representar suas duas facções. Eles devem ser destruídos! De uma vez só!

E sim, sim, eles devem. Mas parte do Star Control II é sobre aprender que os Ur-Quan não são tão ruins quanto parecem. Para começar, se eles te conquistarem você pode escolher retornar ao seu mundo natal e esse acordo é adoçado pelo fato de que o escudo que o mantém lá também mantém o resto da galáxia fora. Quando questionados do motivo, os Ur-Quan explicam que existem coisas muito piores do que eles lá fora - o que é uma suposição razoavel, vai saber que horrores lovecraftianos existem adormecidos no espaço entre as estrelas. Supostamente essas coisas dos quais os Ur-Quan queriam proteger a galaxia seriam o tema do terceiro jogo, porém ele nunca foi feito - não por seus criadores, pelo menos. Então na cabeça deles, eles estão fazendo uma coisa boa.

Hã, eu acho que essa luta é um pouco mais do que eu estava preparado então podemos todos apenas rir desse grande mal entendido e fingir que isso nunca aconteceu?

"Evil" é geralmente um ponto de partida desinteressante para qualquer personagem ou raça da ficção, principalmente porque é difícil escrever outra coisa que não seja mal apenas pelo prazer de ser mal. Mas Star Control 2 realmente tenta.

Mesmo a facção mais genocida e bruta dentro da Hierarquia Escravagista, os Kohr-Ah, tem razões e justificativas para querer purificar a galáxia, incluindo sua crença de que qualquer um que eles matem tem uma chance de renascer como Ur-Quan, e um passado traumático como escravos dos psíquicos Dnyarri. Os dois lados, inclusive, contemplam a possibilidade de aceitar que podem estar errados, e Star Control 2 ocorre durante o "Segundo Conflito Doutrinal" - o momento em que ambas as facções lutam entre si para determinar qual delas tem a superioridade moral para remodelar a galáxia.

Este é um jogo de 1992 e faz uma ameaça em escala galáctica melhor do que Mass Effect, na verdade, faz ameaças galácticas melhor do que basicamente qualquer RPG de ficção científica que em todos os tempos. Em termos de gameplay, isso quer dizer que se você levar muito tempo para terminar o jogo a guerra civil entre os Ur-Quan e o Kohr-Ah vai se expandir destruir toda galaxia. Mas mesmo isso não é necessariamente Game Over se você souber o que está fazendo, ainda é possível terminar o jogo. 


Falando em finais, é realmente uma pena que o jogo não tenha multiplos finais conforme a situação da galaxia quando você vence, mas ainda sim é um final bastante satisfatório - especialmente para a época.

Quanto aos aspectos negativos, não são muitas as coisas que eu não gosto nesse jogo. Uma delas é o combate, a coisa de ser Asteroids com naves diferentes é algo que definitivamente não funciona pra mim. A boa noticia é que os próprios desenvolvedores perceberam que o combate é o ponto fraco do jogo (ironicamente, o ponto pelo qual a série começou) e adicionaram uma opção de pular o combate nas opções do jogo.

Com essa opção ativada, o combate é substituido por uma tela que mostra apenas os resultados da batalha com base nos atributos das naves envolvidas.

Eu realmente não me dou com esse combate

Outra coisa que eu não sou tão fã assim é que a versão de 3DO adicionou uma dublagem realmente estupenda e que traduz a essencia das raças como se o jogo tivesse sido pensado para ser dublado desde o começo. Não é essa parte que eu não gosto, au contraire, e sim que eles tiraram as legendas ao fazer isso. O que realmente é um problema porque algumas raças não são muito inteligiveis devido aos efeitos de voz que eles adicionam aos aliens. Não são todos, mas tem algumas raças que você não consegue entender porra nenhuma que eles falam.

E... não tem muito mais que eu possa reclamar, realmente. O que, para um jogo de computador de 1992, é quase inacreditavel.

O segundo relampago na minha nave de mineração foi realmente desnecessário

Sabe, alguns jogos - não tantos assim - são capazes de te fazer chorar. Alguns por que são realmente emocionantes, alguns porque tem uma trilha sonora que é desumanamente linda, outros pela sensação de saudade ao você lembrar que nunca mais vai jogar aquele jogo pela primeira vez na vida... mas Star Control 2 é diferente. SC2 é o jogo que te deixa triste porque ele é muito, muito mesmo o jogo que eu queria ter crescido jogando.

Sério, eu consigo visualizar claramente o pequeno eu tendo um caderno, desenhando mapas, anotando coordenadas, descobrindo o que tem em cada estrela, onde estão os melhores recursos, explorando novos mundos, pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum pequeno C jamais esteve.

Eu não sei se me preocupo mais por você não entender o que está dizendo, ou se você entende

Star Control 2 é um dos melhores jogos de todos os tempos, e o simulador de vida espacial que eu sempre sonhei jogar. É um jogo incrivelmente bem pensado no seu planejamento, nas consequencias das suas ações, nas referencias sci-fi que vão desde Flash Gordo a Star Wars, passando por toda ficção dos aliens verdes baixinhos das revistas pulp a Battlestar Galactica, e em sua escrita que varia em alguma coisa entre Douglas Addams e os point'n click da Lucas Arts.

E o fato do 3DO ter sido o único console para o qual esse jogo foi portado depõe maravilhas a respeito do caixotão de 700 Bidens da Panasonic, eles não poderiam ter começado melhor para um The Best of. Será o 3DO capaz de manter esta boa fase iniciada por este estupendo jogo?

Nah, provavelmente não. Mas por hoje, apenas por hoje, a batalha foi vencida e é isso que importa realmente.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 068



MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 008