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| Esse jogo nunca foi lançado fora da Europa, por isso só tem a capa dos Schtroumpfs |
Sabe, a esse ponto da minha vida eu já vi todo tipo de adaptação para videojogo. Brinquedos, comerciais de segurança, séries de TV, cartoons, filmes e o diabo mascando mariola. E de todas as adaptações que eu já vi em minha longa carreira de 617 jogos, posso dizer sem o menor medo de errar que nenhuma adaptação mais fiel e precisa do que esse "The Smurfs" para o Super Nintendo/Mega Drive.
Nunca um jogo entendeu tão bem o seu material fonte quando esse jogo de 16 bits entende sobre o que Smurfs realmente é. Vamos discorrer um pouco sobre isso, não?
Então, para começo de conversa, o que Smurfs são? Bem, taí algo que eu não sabia até então: Smurfs são basicamente os Minions dos anos 50. Em 1958 o quadrinhista belga Peyo já escrevia a escrevia a 13 anos uma HQ chamada "Johan et Pirlouit" (Johan e Peewit), que é uma série de aventuras de Johan - um pajem do Rei e suas aventuras em uma Europa medieval fantástica.
Em uma das aventuras, Johan e seu sidekick Pirlouit encontraram pequenas criaturinhas azuis da natureza chamadas "smurfs" que viviam em sua própria sociedade isolada do mundo. Tal como os Minions em "Meu Malvado Favorito", os bichinhos fofinhos se tornaram um absoluto favorito entre as crianças da época e acabaram eclipsando inteiramente o seu material fonte a ponto das pessoas esquecerem sequer da onde isso teve origem.
Como eu disse, Minions só que dos anos 50.
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| Eu acho que baixei o filme dos Smurfs errado... |
E enquanto eu não posso falar a respeito dos quadrinhos do Peyo, posso dizer com propriedade que Smurfs se tornaram simplesmente sinonimos dos cartoons dos anos 80... e iaycks, isso definitivamente não é uma coisa boa. Porém é muito pior do que ser uma coisa ruim, é apenas uma coisa que... esta lá. Não é bom, mas também não é RUIM, meio que não é nada realmente, são 8 anos de cartoon dos quais você não consegue tirar absolutamente nada! E eu digo nada de nada mesmo, é até dificil falar sobre esse desenho porque não tem nada o que falar realmente!
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| Hã... isso definitivamente não envelheceu bem... |
Se ao menos fosse terrivelmente ruim ou algo do tipo ao menos seria ALGO para você lembrar, mas pense no desenho mais insosso e esquecível que você pode imaginar. Smurfs é mais água com açucar que isso.
Por isso eu não realmente invejo os roteiristas que tiveram que tirar um filme dessa sopa de tédio para um longa metragem em 2011. Não que o trabalho deles (foram necessários 4 roteiristas para escrever esse filme, apenas um seria uma sobrecarga de nada que humano algum poderia sobreviver) fosse realmente dificil, é apenas pegar a formula de Alvin e os Esquilos e encher linguiça por uma hora e meia com o esquema de "bichinhos de CG falantes no mundo real aprontando todas". Eu seriamente desconfio que esses filmes são escritos por um algorítimo ou, mais provavelmente, por peixes-bois.
Ao assistir o filme dos Smurfs você pode ter algum limiar de esperança já que os protagonistas do filme são atores muito bons, Neil Patrick Harris e Jayma Mays, e nas mãos certas isso poderia salvar um filme. Sério, você poderia muito bem apenas chegar para o Neil e entregar uma folha em branco e dizer "do the thing", que ele provavelmente salvaria o filme. Se ele carregou 8 temporadas de HIMYM, não vejo porque ele não faria isso por uma hora e meia.
Porém, não. O filme é extremamente fiel ao seu material de origem e se o desenho é uma das coisas mais esquecíveis já concebidas pelo homem, pelos antigos deuses e pelos novos este filme também o será. De modo que Neil é amarrado com um papel incrivelmente burocrático que não tem muito que ele posssa fazer para salvar o filme realmente. O mesmo pode ser dito de Jayma Mays, que foi um dos melhores - senão o melhor - achado de Glee e que tem tanto espaço para fazer algo aqui quanto em um cartoon dos anos 80 que você não conseguiria tirar nada para falar dele mesmo que sua vida dependesse disso.
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| To de olho nessa sociedade sem dinheiro onde você exerce sua função pre-determinada e o estado prove todo o resto |
Isso não quer dizer que o filme não é RUIM (certamente ele é mais coerente que Mulher Maravilha 1984, por exemplo), apenas... ele não é bom também. Aqui e ali tem uma piadinha de quarta parede sobre o quanto tudo aquilo é bem ridiculo para os pais darem um sorrisinho maroto (Grouchy é de longe o melhor personagem do filme), mas meio que é até onde vai.
Pessoalmente eu teria escalado o Neil Patrick como Gargamel e apenas dito "do your thing" e provavelmente esse filme seria melhor. Porém não é esse filme que Smurfs é. Então temos uma hora e meia de piadas do tipo "conhecendo a cidade grande" enquanto o filme atira todo o combo de cliches de filmes família na parede para ver o que cola: a importância da família, a importância de ser verdadeiro consigo mesmo, yada yada yada.
Mais uma vez, não é sequer RUIM o bastante para que você lembre dele, apenas... é.
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| FUN FACT: Eu não reparei que a Smurfette é dublada pela Kate Perry até depois de assistir o filme e pesquisar sobre ele |
E, nesse sentido, eu reitero meu ponto que a versão de Smurfs para a quarta geração de consoles é a adaptação mais fiel que qualquer um poderia possivelmente imaginar de Smurfs, porque o jogo representa com perfeição a experiencia Smurfica: não é ruim o suficiente para ser memoravel, ele apenas... esta lá.
Não, sério, a Infogrames (hoje Atari S.A.) usou o poder de cerca de uma dúzia de consoles para realizar um dos jogos mais comum que o mundo já viu. Você tem um botão que pula, um botão que corre e... é isso, basicamente.
A música é não-ruim, os níveis são coloridos o suficiente. Os controles são alguma coisa decente, não muito mas nada atroz também. A única coisa pela qual esse jogo pode ser lembrado, se alguma e com certa boa vontade, é a aleatoriedade que tudo nesse jogo te causa dano.
Encostou em uma poça d'água no chão? Dano. Tem outro Smurf no seu caminho? Dano. Uma gota d'água caiu do teto da fase? Dano.
Você sabe que sua vida tomou escolhas muito questionaveis quando seu maior momento de diversão no jogo é ficar se surpreendendo com todas as coisas bizarras que podem te causar dano. Mas o que mais eu posso fazer se essa é a coisa mais interessante que acontece nesse jogo?
O curioso é que alguém poderia esperar que esse jogo fosse acessível para crianças (quem mais se interessaria por Smurfs?), mas essa politica de "todas as coisas bizarras te causam dano" acaba tornando mesmo essa proposta inviavel - o que me faz perguntar para quem esse jogo é realmente? Pessoas com nostalgia dos anos 80... que não tinha nem 5 anos que tinha acabado?
No geral, o Smurfs é o seu jogo de plataforma medíocre, do qual existem toneladas durante a batalha de console entre Mega Drive e Super Nintendo. Não é realmente ruim, mas também não é particularmente memorável. A única coisa realmente memoravel a respeito dele é que a combinação de um jogo infantil com um alta de dificuldade não foi a mais brilhante das ideias, afinal.
E, como eu disse, por isso mesmo algo que representa excepcionalmente a essencia dos Pitufos! Sério, o nome em espanhol é a melhor coisa a respeito dessa ideia toda
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 104
Edição 110
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
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Edição 028 (Julho de 1996)
