Antes de começar, eu realmente PRECISO chamar a atenção para a diferença entre a capa americana do jogo (essa aí em cima) e a capa europeia do mesmo (abaixo). Se você precisar explicar os anos 90 culturalmente em apenas uma ideia, as capas do comilão (como foi dublado no Brasil no cartoon de 1982) fazem o trabalho por você.
Isso sendo dito, para o nosso jogo número 628 desse blog, temos a entrada mais... aleatória de todas até então. Eu só não digo "surpreendente" porque eu aluguei esse jogo quando era criança uma vez e nunca mais encontrei ele. Todo fim de semana eu voltava na locadora e procurava esse jogo e nenhum sinal dele na prateleira. E dada a natureza bizarra desse jogo, eu considerei possível que ele jamais tivesse existido e eu apenas imaginei ele na minha cabeça, seria a explicação mais plausível.
VOCÊ IMAGINANDO COISAS NA SUA CABEÇA COM TANTA CONVICÇÃO QUE CHEGARIA ATÉ O PONTO DE CONVERSAR COM ELAS, NÃO CONSIGO VISUALIZAR UMA COISA DESSAS...
E não é? Hmm, agora me ocorre que eu podia simplesmente ter perguntado ao funcionário, mas eu nunca tinha realmente considerado isso sequer uma possibilidade. Algumas coisas nunca mudam, afinal. Mas então, o que esse jogo tem de tão único, tão bizarro, tão randomico que é realmente plausível eu achar que tinha imaginado ele do o jogo simplesmente existir?
Bem, eu não realmente preciso explicar Pac-Man, certo? Todo o universo observável e pelo menos as 8 dimensões vizinhas a nossa sabem do que se trata o grande sucesso dos arcades dos anos 80:
Mesmo para os padrões do Atari isso é horrendo |
Entretanto, nem tudo funciona tão bem assim. Mesmo sem essas mudanças de humor selvagens, a ausência de um controle direto sobre o dude pode ser frustrante as vezes. Várias vezes eu estava clicando furiosamente no que pensei ser uma instrução clara para olhar para cima ou para baixo apenas para o jogo interpretá-lo como uma instrução para ir para a direita ou para a esquerda. Outras vezes, eu apertava desesperadamente o botão "olhar" para um objeto de interesse apenas para que Pac o ignorasse, apenas reconhecendo sua existência quando ele estava precisamente no pixel certo (e com o humor certo para isso).
Não que seja o maior problema do mundo, já que este não é um jogo em que você "morre". No máximo quando o Pac-Man se estrepa o jogo reinicia a tela e dá a você outra chance, embora com Pac ficando cada vez mais deprimido. Não é muito dificil achar coisas para melhorar o humor dele, então é mais um incoveniente do que uma dificuldade mesmo.
O que torna o jogo dificil mesmo, e aí sim é meu problema com ele, é a solução dos puzzles. As duas primeiras fases são faceis, você precisa ir até a vaca pegar leite para o Pac-Baby e na segunda precisa ir pegar flores para seu Pac-Pimpolho dar de presente de aniversário para a crush dele (Pac-Man, pai/wingman).
Propaganda zoando, pelo que eu pude deduzir, Sonic, Bubsy, Earthworm Jim, Mario e Donkey Kong. |
Na terceira fase é que as coisas complicam. Vc precisa recuperar uma guitarra do Pac Jr que foi roubada pelos fantasmas e a forma de fazer isso é absolutamente aleatória: você tem que estar com o Pac-Man full pistola, fazer ele interagir com um hidrante três vezes seguida e na terceira ele vai ficar tão puto que vai passar fita tape na porra toda. A água represada então vai acumular e explodir a boca do esgoto, abrindo passagem para ir até a fabrica onde os fantasmas se esconderam.
A partir daí o jogo passa a exigir mais uma par de vezes que você esteja num humor especifico para interagir repetidas vezes com um objeto aparentemente aleatório para progredir. O que, num jogo até então para crianças é um tiro no pé do tamanho de maracangalha.
Pac-Man andando no modo full pistola |
Enfim, este é um jogo difícil de resumir.
Por um lado, esta é uma abordagem interessante e única de um personagem conhecido. Teria sido muito fácil para a Namco só ter inventado qualquer porcaria levemente diferente e ter chamado de Pac-Man 2, mas essa é uma ideia original e até mesmo complexa de ser executada em 1994 - não é uma época conhecida pelo seu gerenciamento de inteligencia artificial, afinal. Por outro lado, clicar nas coisas com o Pac-Man em movimento as vezes é frustrante, ele não reconhecer seus comandos também cansa e a solução de puzzles pula do completamente obvio para o "não tem como jogar sem walkthroug" do nada.
E no modo felicidade máxima |
Ainda sim, eu não quero ser critico demais com esse jogo. Podia ser melhor, com certeza, mas eu me diverti jogando, vendo todas as coisas que dá para interagir e com o Pac-Man reage a elas. Claramente muito esforço e pensamento foi colocado nesse jogo e isso é algo que eu respeito.
Afinal este é um dos jogos mais originais que joguei nesse projeto e eu acho que a experiencia vale, se mais nada, pela criatividade da coisa. Até porque, o que mais eles poderiam fazer de diferente com Pac-Man?
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 072