segunda-feira, 4 de julho de 2022

[#918][SAT] LEGEND OF OASIS (ou "The Story of Thor 2" na Europa) [Abril de 1996]


Há muito tempo, na ilha de Oasis, dois homens estavam em guerra um com o outro, Reharl e Agito, com a ajuda de braceletes mágicos. Agito tinha o Bracelete de Prata e o usava para fazer coisas muito, muito malvadas, enquanto Reharl tinha o Bracelete Dourado, que tinha a capacidade de convocar diferentes espíritos e o usava para impedir Agito de fazer mais coisas muito, muito malvadas. 

No final, Reharl derrotou Agito, e os habitantes do Oasis viveram felizes para sempre. Fim. Ou seria, até até agora. Ordan, um velho de aparência foda, tropeçou no Bracelete Dourado e, sendo o homem sábio que é, imaginou que, se o Bracelete Dourado tinha sido encontrado, o outro também teria sido descoberto a essa altura. 


Temendo que uma nova guerra viesse sobre a ilha, mas sabendo que levar espadada no lombo dói, Ordan deu o Bracelete Dourado para seu filho, Leon, e o mandou procurar e usar os Espíritos Elementais, e enfrentar aquele com o Bracelete de Prata.

OW OW OW OW, ESPERA, ESPERA, TEMPO, TEMPO. VOCÊ JÁ FALOU DESSE JOGO, É BEYOND OASIS, UM ACTION RPG PARA MEGA DRIVE!

De fato, meu observador amigo imaginário Jorge, esse é o plot de BEYOND OASIS - que por sua vez é um quase grande jogo para o Megão da Massa. Porém agora estamos no futuro, estamos no Sega Saturn e é hora de falar da sequencia Legend of Oasis! E se a história parece a mesma do jogo anterior, saiba você que não é pois este jogo é uma prequel do primeiro!

PARECE EXATAMENTE A MESMA COISA PRA MIM.

Mas é aí que você se engana: naquele jogo quem encontra o bracelete dourado é o principe Ali (fabulous he), agora o nome é Leon!

...

Tá, tenho que admitir que essa não será a última coisa que parece que só deram um CTRL+C CTRL+V do jogo de Mega Drive. Na verdade, essa é a menos importante que fizeram isso...


Então, armado com o Golden Armlet e uma espada curta, você viaja para o deserto do Oasis neste action RPG de visão de cima, lutando contra soldados blindados, ratos gigantes, zumbis e outros inimigos malignos do mal tentando matá-lo. 

Como no jogo do Mega Drive, essa sequencia que se passa antes é mais um beat'm up do que um THE LEGEND OF ZELDA: A Link to the Past da vida - o que não é surpresa, dadp que esse ainda é um jogo do time de Yuzo Koshiro, mundialmente eternizado pela série STREETS OF RAGE.


Então cortar e chutar seu caminho através desses inimigos geralmente fará o trabalho, mas quando as coisas ficarem pesadas você pode usar movimentos especiais inserindo comandos de jogo de luta no d-pad. No entanto, você não saberá quais são esses movimentos especiais imediatamente, e terá que acabar procurando por Obeliscos (pedras altas e pretas) para descobrir os movimentos escritos neles. 

O movimento que você quer realmente aprender, entretanto, é o backflip slash. Como seu próprio nome diz tudo, você executa um backflip e faz um slash no processo e você pode fazer isso até três vezes seguidas - o que é o seu melhor movimento e drena muita vida dos inimigos.

... o que é exatamente como você joga BEYOND OASIS também.


The Legend of Oasis é uma sequencia de dungeons intercaladas com uma visita a uma única cidade onde não realmente tem muita coisa para fazer nela (definitivamente o jogo está mais para GAUNTLET do que THE LEGEND OF ZELDA: A Link to the Past). Nas dungeons você fará coisas simples como chutar traseiros e "resolver quebra-cabeças" (se você considerar ativar switchs e rolar bolas sobre interruptores de chão como puzzles). 

E, claro, como a maioria dos jogos, você terá que lutar contra um chefe ameaçador (ao menos ele deveria ser) no final de cada dungeon. No caso de TLoO, você estará lutando contra "coisas" como uma criatura marinha gigante e verde que usa vários tipos de ataques de água ou um monstro de areia que usará movimentos como um tornado de areia e "múmias de areia" em você. 


Depois de derrotar esses incômodos, você será recompensado com um Espírito Elemental. Há seis ao todo, e cada um possui uma habilidade única. Efreet, por exemplo, é um espírito do fogo que pode usar poderes como um sopro de chamas e destruir árvores para abrir caminho, ou espirito da água que pode congelar água e transforma-las em plataformas.

O que também é o que você faz em BEYOND OASIS.

Mas hey, isso é uma coisa boa, certo? Quero dizer, BEYOND OASIS foi um jogo muito legal do Mega Drive, então repetir o que ele fez é garantia que esse será um bom jogo, certo? ... certo? 

Infelizmente, e surpreendentemente, esse jogo é mais um downgrade quando comparado ao seu antecessor. Você pensaria que, estando em um console mais poderoso, os desenvolvedores tirariam vantagem das capacidades do Saturn. Em termos de gráficos, eles meio que fazem: a animação parece mais suave aqui do que em BO, mas é um salto gigante, é mais apenas um passo. O que quer dizer que ou o jogo anterior arrancava o couro do que o meguinha conseguia fazer, ou esse aqui nem arranha o potencial do Saturn... embora provavelmente deve ser os dois juntos.


Além disso, a música poderia finalmente decolar dado que o chip de som do Saturn não é mais composto por duas castanholas e um Lango-Lango como era no Mega Drive... mas não. Ela é apenas esquecível, sendo generoso.

Isso não quer dizer que eles não tenham usado as capacidades maiores do Saturn em alguma coisa, e isso aqui seria que as dungeons são muito maiores que no Mega Drive... o que não é uma coisa boa. A falta do mapa e da bússola de Zelda é bastante dolorosa, pois você pode facilmente se perder ou, mais importante, deixar passar algo que você precisa. Em BEYOND OASIS as dungeons eram pequenas, então não era o fim do mundo não ter um mapa. Mas aqui estamos falando de uma, duas horas de dungeon o que aqui fica cansativo.

Ajudaria se ao menos os puzzles envolvessem usar os elementos de formas criativas (como no primeiro jogo as vezes você precisava criar seu proprio fogo para poder invocar o espirito de fogo), mas tudo aqui parece bastante protocolar e desinspirado. Tem uma goteira, invoque o espirito de agua. Tem uma tocha, invoque o espirito de fogo. Tem uma planta, invoque o espirito da terra... tudo bem basicão mesmo.


O jogo tem alguns bons puzzles, mas a grande maioria mesmo são apenas uma questão de backtracking até o outro lado da dungeon para obter uma habilidade que você precisa. O jogo se apóia nessa ideia com muita frequência e isso realmente arrasta o ritmo do jogo. Isso passava no jogo de Mega Drive onde, como eu disse, as dungeons não eram tão grandes assim e de qualquer forma eram apenas 4 elementos. Agora com 12, isso virou um problema.

O combate funciona de forma quase idêntica ao primeiro jogo, mas com alguns tweaks e não dá pra dizer que não tem coisas melhores. A maior mudança é que o gerenciamento de inventário foi abandonado, aleluia irmão é pra glorificar de pé igreja, e em vez de armas quebráveis você tem 4 armas principais que você sempre tem - o que é legal porque você pode escolher seu estilo. 

Pelo aspecto negativo da ausencia de inventário, entretanto, itens de cura agora são consumidos imediatamente, exceto que você pode carregar uma única poção. O que não seria um problema exatamente per se... exceto que se você tocar em outra poção, ela substitui seu item atual sem aviso prévio. Você perderá constantemente seu full-HP para um full-MP, o que nunca deixa de ser irritante. 


Você ainda sube de nível enquanto luta para obter mais HP e pode encontrar pedras opcionais para aumentar seu MP (que dessa vez são escondidas nas dungeons, vc não depende de drop aleatório dos inimigos - o que é bom), embora o sistema de level up aqui seja... estranho.

Você não sobe de nível exatamente derrotando inimigos, mas recebendo dano e curando. Isso não apenas é extremamente fácil de explorar, como resulta que não tem muito sentido lutar contra inimigos depois que você percebe isso. O resultado disso é que o combate parece bom no começo, mas rapidamente os inimigos se tornam apenas um aborrecimento que você quer evitar - especialmente porque os inimigos respawnam infinitamente enquanto você tenta resolver os puzzles.


Legend of Oasis tenta ser uma sequencia maior e melhor de BEYOND OASIS, mas maior nem sempre é melhor. Aqui definitivamente não é, ele apenas parece mais inchado e arrastado, e seus criadores não pareciam muito inspirados além do "ah, vamos fazer uma versão pra Saturn pq tem que fazer, né?". Considerando o quão desgraçadamente dificil era programar para o Saturn, eu não posso dizer que realmente os culpo.

Enfim, Legend of Oasis é um jogo okay-ish se você considerar a biblioteca do Sega Saturn, embora isso não quer dizer muita coisa, mas definitivamente BEYOND OASIS é um jogo muito melhor.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 028 (Julho de 1996)


Edição 029 (Agosto de 1996)

MATÉRIA NA GAMERS
Edição 012 (Outubro de 1996)