sábado, 2 de julho de 2022

[#917][PS1] KILLING ZONE [Julho de 1996]


Okay, vou começar hoje com uma pergunta realmente dificil: algum de vocês meninos e meninas do meu Brasil subatomico lembra de BATTLE MONSTERS? Eu disse que era uma pergunta dificil, pq eu joguei esse jogo esse ano e minha memória é pouco mais do que "oh, aquele clone de Mortal Kombat com caras fazendo cospobre de monstros?". Meio pq é tudo que tem para lembrar sobre esse jogo, verdade seja dita.

Mas bem, o que você não é sabia... além do fato que BATTLE MONSTERS existe... é que seus velhos folks old pals da Scarab realmente acreditavam em si mesmos, pq aquele jogo de luta doentemente esquecível teve um sucessor espiritual só que agora surfando na moda do momento: os jogos de luta 3D. Então ao invés de termos um clone de Mortal Kombat com tema de monstros, agora temos um clone de Virtua Fighter com tema de monstros. O que possivelmente poderia dar errado, não é meusmo?

É meusmisson!


Killing Zone é um jogo de luta no mesmo sentido que que esfregar violentamente um ralador de queijo contra sua virilha é fazer amor - imagine, se você ousar, um cruzamento entre BATTLE ARENA TOSHINDENDARKSTALKERS: The Night Warriors, uma pilha em chamas de lixo hospitalar e gráficos 3D que em 1996 já pareciam datados. Voilá, você acabou de visualizar essencialmente o que Killing Zone é.

A capa proclama que o jogo é um "Sensational 3D Fighter", e como nojo e frustração são de fato sensações, suponho que seja uma afirmação precisa.


Falando na capa, vamos nos debruçar sobre ela um pouco mais, sim? Como você pode ter percebido na boxart francamente estelar, Killing Zone é um jogo de luta com tema de monstros. Tem um esqueleto com uma pélvis deformada que parece magro mesmo para alguém feito de ossos, um minotauro de aparência chapada e um sujeito grande e verde que eu acho que deveria ser uma múmia. A múmia está estendendo a mão com garras, não como um gesto de agressão, mas sim como um aviso. "Pare", suas ações parecem dizer, "não jogue este jogo, pois forças terríveis estão em ação aqui que um mero mortal como você não pode esperar suportar!" 

Bem, dane-se, sua grande aberração verde: eu joguei VIRTUOSO, eu não vejo o que possivelmente vocês podem jogar em mim que eu não esteja preparado!


... hã, eu totalmente não devia ter dito isso, né?

Então, nosso elenco aqui é composto por monstros clássicos do tipo Halloween e... por algum motivo, alguns da mitologia grega, pq deve ser a mesma coisa né? Enfim, nada de mendigos mestres de karatê vestidos de kimono ou wrestlers russos aqui. O que me parece um bom momento para apreciamos cada um deles, não é mesmo?

Gush é o lobisomem, embora mais precisamente ele é mais homem do que lobis. Ok, tecnicamente ele pode se transformar em um lobisomem - eu vi o computador fazer isso uma vez, eu juro - mas pela minha vida eu não consegui descobrir como. Isso será um tema recorrente com os golpes em Killing Zone. E bem, suponho que ele seja o tipo Ryu desse jogo, pq não?


É claro que temos a seguir um esqueleto! Obviamente.

Uma coisa que Killing Zone tem sobre DARKSTALKERS: The Night Warriors é a inclusão de um esqueleto, um monstro que certamente conquistou seu lugar ao lado dos vampiros, bruxas e fantasmas no imaginário popular de terror... embora eu tenha que dizer, nunca entendi realmente o pq: o que eles vão fazer com você que alguém com carne não poderia? 

Mas bem, pelo menos esqueletos sempre parecem tão alegres... talvez seja a falta de rosto para esconder os dentes... e seja como for esse aqui é um modelo full-Spinal, pq é claro que alguém teria que copiar KILLER INSTINCT aqui. 


Em seguida temos mais um tradicional monstro do terror... o Minotauro! Ele se chama Batch, aparentemente. Como eu disse, eu não sei por que Scarab decidiu misturar monstros da mitologia grega com os de terror... embora eu tenha que admitir que não fica realmente tão destoante. E de qualquer forma eles já tinham feito isso em BATTLE MONSTERS onde tem até medusa no fervo e funciona tematicamente.

Então bolinho pra vocês, Scarab, pelo menos essa vocês acertaram...


Eita porra, mas não dá pra elogiar né?

Vamos lá, tente adivinhar o que "Sherry" aqui deveria ser. Uma harpia? Um cupido pq nada é mais aterrorizante que ser obrigado pelos deuses a se apaixonar? Apenas uma moça usando um cocar na pior demonstração de apropriação cultural ever? Nenhuma das anteriores? 

Bem, eu vou te dizer o que ela deveria ser: ela é presumivelmente destinada a ser a personagem "sexy" do jogo, pq todo jogo de luta tem que ter uma é anos 90 afinal... embora eu tenha que dizer que esse efeito que é um pouco prejudicado pelo fato de ela parecer ter sido montada a partir de caixas de papelão. Molhadas.


De todos os nomes que um egipicio poderia ter, Rem parece o menos apropriado para uma múmia ever. A textura de bandagens está até okay para um jogo de PS1, mas uma múmia chamada Rem? Sério?

VOCÊ SABE QUE O REMI MALEK É EGIPCIO, NÉ? PARECE UM NOME CULTURALMENTE ADEQUADO.

Hã, olha só, aprendi algo novo hoje. E saber é metade da batalha, eles dizem.


Rerner parece muito um nome japones mal traduzido, mas de qualquer forma fechando o lado mitológico das coisas temos uma gorgona, e kudos a Scarab por voltar a incluir uma personagem jogável que não tem pernas. Infelizmente para ela, na época em que KZ foi criado a tecnologia de jogos necessária para retratar com precisão um corpo semelhante a uma cobra não existia, então da cintura para baixo ela parece um montoado de salsichas roboticas.

Embora eu tenha que observar que apenas reaproveitaram a textura da múmia para o corpo, acharam mesmo que algo escaparia do meu olhar sempre vigilante?


E por fim, temos a obrigatória Criatura. Sim, pq se vocês acham que eu vou chamar ele de Frankenstein estão completamente enganados, aqui é um blog de cultura e bom gosto e eu não cometo esse tipo de gafe!

AQUI É O BLOG ONDE VOCÊ PASSOU BRUTAL: Paws of Fury RECLAMANDO DA FALTA DE FURRIEZICE DO JOGO.

Hã... seguindo adiante, esse é o elenco todo do jogo, aos quais não é dado nenhum motivo particular pelo qual eles devem lutar entre si senão o fato que eles são monstros e é o que monstros fazem. O que é uma colocação bem racista da Scarab, embora eu entenda eles não quiserem se dar ao trabalho de colocar uma história nesse jogo. Na verdade, eles não quiseram colocar quase nada nesse jogo. Definitivamente nem diversão, isso é certo.


Como mencionei, Killing Zone é um jogo de luta 3D feito pq essa era a moda do momento, e isso quer dizer todos os clichês do genero: as lutas acontecem em uma arena quadrada no meio do nada, você tem dois botões de chute, dois botões de soco e um botão de defesa, e você pode vencer também empurrando o adversário para fora. 

O que é incrivelmente genérico. O que diferencia Killing Zone de qualquer outro jogo de luta, entretanto, é o fato de ser um dos piores jogos de luta já feitos em todos os tempos. Eu nunca disse que um diferencial precisava ser um BOM diferencial.



Vamos começar, como parece justo, com a jogabilidade. É ruim, claro, mas por quê? O que torna a experiência de jogar KZ apenas um pouco menos dolorosa do que substituir o disco do jogo por seus órgãos genitais e fechar a tampa? 

Infelizmente, é uma combinação de praticamente todos os fatores que constituem um videogame. Os controles são pegajosos e sem resposta. Os personagens se movem com toda a velocidade de uma geleira com particularmente excesso de peso, até você correr, o que parece fazê-los se teletransportar. A detecção de colisão ... kkkkkkk ... as hitboxes parecem existir em uma realidade  quantica que apenas ocasionalmente interage com a nossa e o sistema de ring-out frequentemente buga e você apenas atravessa o chão quando cai. 

Embora teoricamente pareça haver movimentos especiais no jogo (eu vi a máquina fazendo eles, então eles devem existir), não consegui descobrir como fazer nenhum deles e você pode apostar que não tem lista de comandos ou modos de tutorial neste jogo.



No entanto, acho que minha coisa favorita sobre a jogabilidade disso aqui é sua incrível IA, e estou usando "incrível" no sentido de que é honestamente incrível que uma IA tão tosca possa existir em um videogame lançado depois de 1979. 

Tá, eu uso o palavra "literalmente" levianamente por aqui, mas Pac-Man literalmente tem uma IA melhor do que Killing Zone. O melhor exemplo que posso dar é que, se você acertar um inimigo e se afastar o máximo que puder, seu oponente simplesmente não virá atrás de você para continuar a luta, ele vai continuar parado exatamente onde está golpeando o ar e continuando a luta sozinho.

Isso aí personagem de luta de um jogo pavoroso, mostre sua independencia e que você não precisa de nenhum maldito jogador pra fazer esse jogo de luta, você pode muito bem lutar sozinho! O que é uma metafora para o que você vai fazer durante 98% da sua vida, olha só a profundidade disso...



De qualquer forma, você pode ganhar oitenta por cento de suas lutas acertando o inimigo uma vez, recuando e esperando o tempo acabar. Verdadeiramente incrível.

A jogabilidade é terrível, mas e os gráficos? Você viu os gifs até aqui, mas eu realmente preciso dizer que o jogo parece muito pior em movimento. O principal problema é que os poligonos bugam e entram dentro uns dos outros, com braços subitamente saindo do peito como um jogo de luta não licenciado de ALIEN 3

Em adição a isso, aqui os monstros fazem arremessos que não tocam com seu alvo em nenhum momento durante o movimento (Professor Xavier fighting game, eu posso respeitar isso), os backgrounds são tão sem graça que eu sinto falta de BALLZ 3D: Fighting at its Ballziest, e os menus são ... eu ia dizer inacabados, mas eles sequer parecem ter sido começados.


Na verdade, todo o jogo parece quase niilista em sua teimosia em fornecer algo como entretenimento ou atmosfera. Não tem história, animações pré ou pós-batalha, citações de vitória ou sequer  chefe final. 

Sua "recompensa" por completar o jogo é uma única tela com os nomes de todas as pessoas envolvidas listadas em uma tela preta simples, como uma espécie de memorial de guerra. Esses homens se foram, mas seu legado jamais será esquecido... exceto que foi, pq ninguém remotamente lembra desse jogo hoje em dia.

A unica coisa vagamente interessante a respeito desse jogo é que no começo de cada round o narrador diz "Reach Round!"... o que eu não faço a menor ideia de pq, mas definitivamente é algo que acontece.


Pra não dizer que esse jogo não faz nada de remotamente diferente, entretanto, ele tem um jogo semi-jRPG que é o tal Auto Mode. Não, não é um modo onde o jogo se auto-destrói, embora isso não seria a pior coisa do mundo, e sim que nele você apenas atribui comandos ao personagem como um combate por turnos e o personagem os executa... porcamente.

Se você segurar o botão "atacar", seu monstro geralmente ficará no lugar e agitará seus braços sem efeito. Se você quiser vê-los se mover para trás, mas nunca bloquear, segure o botão "bloquear". Pressionar "Advance" os faz pular no mesmo lugar... por alguma razão. É um modo de jogo que de alguma forma consegue ser mais mal programado que o jogo original, o que eu nem achei que seria fisicamente possível.

E, acredite ou não, isso nem é o pior. No único caso que passa por uma ideia remotamente interessante em Killing Zone, as estatísticas do seu monser aumentam à medida que vencem lutas e, ocasionalmente, até mudam de roupa. Neato, você pode estar pensando, é como um pequeno RPG de luta contra monstros! 

Eu já vi muita coisa nessa vida, mas um jogo de luta que o chefe final é só um mirror match e termina? Damn...

... oh, minha doce criança do verão... Você vê, em sua infinita sabedoria a Scarab negligenciou incluir uma opção de "salvar jogo". É isso mesmo, toda vez que você carrega o jogo você tem que começar do zero, tornando a única ideia interessante neste jogo totalmente inútil. É preciso um tipo especial de jogo para ser tão intencionalmente horrível, e Killing Zone conquistou triunfantemente um lugar entre o Panteão dos Videogames Terríveis. 

Enfim... preciso mesmo fazer uma recapitulação? Killing Zone é ruim, ruim como uma centena de escorpiões furiosos em sua cueca, ruim como um ataque súbito de diarréia em um castelo inflável, ruim como as almas daqueles que você matou assombrando seus sonhos todas as noites até que você não aguenta mais e finalmente se enforce apenas para receber a doce libertação da morte. 

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 028 (Julho de 1996)