quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

[AÇÃO GAMES 025] MORTAL KOMBAT (Arcade, 1992) [#312]



Estamos no ano de nosso Senhor de 1992 e os meninos da nação só pensavam em uma coisa, e uma coisa apenas:


Não, seu pedubó! Estou falando de 1992, me25ninos que jogavam videogame só seriam legalmente permitidos falar com mulheres dali a 30 anos (45 se você estiver esperando as catgirls loli para uso doméstico, o que é uma escolha bem realista). É claro que eu estou falando de Street Fighter 2.

Street Fighter 2 estava em toda parte: nas revistas, nos gibis piratas que nunca pagaram 1 real de licenciamento a Capcom, nos chaveirinhos, nas conversas corridas que vc podia ter na escola porque apesar de dizerem que é um lugar de "interação social" com pessoas da sua idade em 95% do tempo não é permitido falar e vc tem que se agarrar a 15 minutos o tempo que você não toma nem um banho como se fosse algo significativo, enfim, em todo lugar.

Todo lugar, inclusive nos escritórios da Midway na California onde dois funcionarios da empresa trabalhavam em fazer máquinas de pinball para a Midway. Ed Boon era engenheiro de pinballs, John Tobias era artista dos aparelhos. Enquanto fumavam maconha e trabalhavam em alguma coisa que até hoje os dois não conseguem lembrar porque estavam chapados demais, em uma TV ao fundo passava "O Ultimo Dragão" branco no equivalente californiano da Sessão da Tarde. Provavelmente se chamava "Sessão da most bodalicious Tarde, dude".



Só de zoeira, um dos dois (novamente, dorgas demais para lembrar quem) sugeriu que eles totalmente deveriam fazer um jogo baseado no Van Damme. Felizmente para eles, aquela não era uma ideia tão absurda assim quanto dois maconheiros californianos poderiam achar e por dois motivos.

O primeiro é que, aquele ponto, a Midway já tinha alguma experiencia em fazer jogos com fotografias digitalizadas. Você sabe, a coisa de ao invés de desenhar cada quadro de animação do seu personagem, colocar um ator 9a categoria fazendo cosplay, tirar fotos dele e usar isso no seu jogo.

Pit Fighter podia ser um jogo bem bosta, mas seus gráficos de imagens digitalizadas abalavam os sonhos dos meninos por toda nação
O segundo motivo era que, bem, estamos nos anos 90 e todo mundo tinha o contato do Van Damme. Quer dizer, se até a Gretchen teve uma chance com o Van Damme, não vejo pq nossos amigos maconheiros teriam menos chances.

Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos
Bem, para surpresa de absolutamente ninguém, a ideia de fazer um jogo de luta digitalizado meio filme trash de kung fu do Van Damme não foi para a frente (quer dizer, ele recusou ser o Predador mas aceitou fazer Timecop, é um mistério entender a cabeça desse homem), mas a ideia de um jogo de luta digitalizado meio filme trash de kung fu sem o Van Damme foi.

Então Ed Boon e John Tobias recrutaram um bando de atores desempregados na fila do SINE, colocaram umas fantasias feitas pela tia de um deles e gravaram imagens em chromakey para serem recortadas e usadas no jogo.


Claro que o orçamento deles era de dois torrones e uma bala Xaxá, então o que deram para reaproveitar dos recursos eles reaproveitaram. Scorpion e Subzero, por exemplo, são o mesmo ator só que aplicando uma paleta de cores diferente. E que seus movimentos são capturados pelo mesmo ator que fez o Liu Kang, Shang Tsung e o Raiden. Hasbroagem legal nisso.


Entretanto, John e Ed ainda tinham um problema: mesmo que seu jogo saísse do papel, eles teriam que competir com Street Fighter 2 pela atenção dos garotos no fliperama.  Então eles pensaram em como eles possivalmente podiam fazer isso, já que eles sabiam que jamais entregariam um jogo tão mecanicamente polido quanto o sucesso da Capcom.

Hm, o que garotos adolescentes e pré adolescentes podem gostar que você possa colocar em um jogo para atrai-los que não envolva habilidades estrondosas de programação de videogames?


... yeah... magumbos totalmente funcionariam, exceto que os Estados Unidos são um país ultra conservador e você não pode colocar tetas em um produto para crianças e esperar se sair bem disso. Você pode, entretanto, colocar doses cavalcantes de violencia que isso é totalmente bem aceito - porque algum motivo decotes são mais visualmente ofensivos que alguém ter a cabeça arrancada com a coluna vertebral junto, vai entender os US and A.

Agora, é uma pena para Ed Boon e John Tobias que eles não podiam colocar doses monstruosas de violencia no seu jogo por que... por que... espera um minuto, porque eles não poderiam fazer isso mesmo?



Videogames, de um ponto de vista jurídico, não são filmes e em 1992 não existia nenhuma legislação dizendo que eles não podiam colocar toda violencia que quisessem nos seus jogos! De fato, não existia legislação nenhuma sobre videogames, já que eles eram uma coisa relativamente nova.

Diante desta brecha legal que ninguém havia explorado adequadamente, Ed Boon e John Tobias fizeram do seu Mortal Kombat algo que chamaria atenção de qualquer criança passando pelo fliperama na época:


Os gamemaníacos enlouqueceram. De um ponto de vista tecnico, Mortal Kombat não é um jogo muito bom. Os controles são meio travados, os golpes são bem basicões e não tem o sistema de combos ou o balanceamento entre os personagens de Street Fighter 2. Mas tinha atores reais arrancando cabeças e corações uns dos outros, algo jamais visto até então na história desta gamemania!

Foi um sucesso megablasterintergalactico ao ponto que ainda hoje Mortal Kombat é uma grande coisa na industria dos jogos.



E, como não podia deixar de ser, isso teve consequencias, especialmente naquela época. A necessidade humana de querer que outros assumam a roubada que é criar seus filhos por você sempre foi algo que existiu muito forte na sociedade americana, porém se você viu o filme de South Park sabe que nos anos 90 o clamor dos pais de que o governo assumisse a responsabilidade deles foi algo sem precedentes. O senado americano realizou audiencias para determinar o quanto eles deveriam fazer o trabalho dos pais em vários ramos da cultura, e graças a Mortal Kombat (junto com Night Trap e Lethal Enforcers), os pais clamavam que o governo tomasse conta dos videogames também.

Mortal Kombat foi o estopim de um processo que levou os jogos a não serem mais coisa de criança, de um ponto de vista legal. O governo americano deu um ultimato a industria dos videojogos: regulem vocês mesmos o que vocês fazem, ou NÓS vamos fazer isso quer vocês queiram, quer não.

Nasceu assim a Entertainment Software Rating Board,uma associação feita entre representantes das produtoras de jogos e do governo para fazer a classificação etária dos jogos. A ESRB existe até hoje e ainda é uma coisa muito importante, porque grandes cadeias de lojas americanas não vendem jogos classificados como M (17 anos ou mais) ou A (apenas para adultos)

A história da criação da ESRB é um capitulo a parte da história dos videogames, e de como a Nintendo filhadaputamente usou isso como arma contra a Sega já que violencia e apelação para adolescentes sempre foram as armas da casa do Sonic nesta guerra. Sim, isso mesmo, for the first time in forever como já cantava a Frozen Jr, a Sega estava do lado certo da batalha e a Nintendo foi absolutamente asquerosa e filha da puta.

Sim, taí, eu disse. Aconteceu. Nada mais é sagrado neste mundo, nada!

Mas enfim, eu realmente recomendo assistir esse vídeo do Game Historian contando toda treta da ESRB:


No fim, Sega, Nintendo e todas as grandes companhias de jogos do ocidente tiveram que chegar a um acordo com as grandes revendedoras (Walmart, gamestop, Toys'R Us) para trabalhar juntas com a ESRB, dada que a outra opção era o governo apenas censurar o que tivesse vontade porque foda-se. Eu sou sempre contra intervenção do governo em qualquer tempo, por qualquer motivo a qualquer lugar, mas realisticamente considerando as opções, suponho que se chegou ao resultado menos pior que podia ter se chegado. Não tem nada errado em informar ao publico o que eles estão comprando, e desde que isso não envolva censura todos saem ganhando.

E tudo isso, toda essa comoção envolvendo audiencias no senado americano e mudança de toda cadeia de vendas da industria apenas porque dois maconheiros da Califórnia tiveram a ideia de fazer um jogo do Van Damme. Doido, não?

Tudo isso dito e feito, resta agora conferir os personagens desse jogo. Nessa época Mortal Kombat não tinha muita história ainda, sendo só um torneio de luta organizado desde o tempo que o Silvio Santos andava de patinete e atualmente teve sua honra corrompida por um feiticeiro maligno chamado Shang Tsung pq sei lá, ele tinha terminado de maratonar Breaking Bad e não tinha nada melhor pra fazer. Na real o jogo é bastante inspirado em Enter the Dragon do Bruce Lee, com um torneio rolando em uma ilha secreta onde mais paradas ilegais estão rolando simultaneamente

KANO

FATALITY:



FINAL:


RAIDEN


FATALITY:



FINAL:







LIU KANG

FATALITY:



FINAL:




SUB-ZERO

 FATALITY:



FINAL:



SCORPION


FATALITY:



FINAL:

SONYA BLADE


FATALITY:


FINAL:



JOHNNY CAGE



FATALITY:



FINAL:



MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 025



EDIÇÃO 032



PREVIEW DA VERSÃO PARA SNES 
EDIÇÃO 038


MATÉRIA NA EDIÇÃO 041


 



PREVIEW DA VERSÃO PARA MEGA DRIVE
EDIÇÃO 038



VERSÃO PARA SNES E MEGA DRIVE
EDIÇÃO 044










VERSÃO PARA MASTER SYSTEM
EDIÇÃO 047




DICAS PARA MEGA DRIVE
EDIÇÃO 048


VERSÃO PARA SEGA CD
Edição 061



Arcade/SNES/Mega Drive
Edição 001


VERSÃO PARA SEGA CD
Edição 001

Edição 003




VERSÃO PARA PC
Edição 001


Edição 029


Edição 050