domingo, 16 de fevereiro de 2020

[AÇÃO GAMES 040] CAPTAIN PLANET AND THE PLANETEERS (Mega Drive, 1993) [#319]


Durante os anos 80, o presidente amricano Ronald Reagan fez uma mudança radical na forma que desenhos animados eram pensados: a partir de então foi permitido que desenhos animados fossem veículo direto de propaganda de brinquedos - com a condição que os desenhos tivessem um conteúdo educativo.

Isso desencadeou a leva de comerciais de meia hora disfarçados de desenhos animados e que se tornaram a marca mais iconica da programação infantil daquela época. Cartoons como My Little Pony, Transformers, G.I. Joe, He-Man e por toda sorte de tralhas desse calibre. Porém, para atender a legislação e ter um conteúdo educativo, os desenhos tinham aquela famosa sessão de "lição de moral" no fim do episódio, alguns bastante... coloridos, por assim dizer...



A obra máxima das lições de moral dos cartoons foi o especial "Cartoon All-Stars to the Rescue", onde todos os personagens populares entre as crianças da época em um especial de meia hora de panfletagem contra as drogas.


Desnecessário dizer que esse cartoon é dolorosamente ruim, e a introdução do presidente George Bush (o pai) com a esposa e o cachorro da familia presidencial não foram nem a pior parte disso.

A cara do doguinho de não querer estar ali é a melhor coisa desse desenho
Apesar desse cartoon ser um lixo nuclear radioativo, a audiencia foi excepcional afinal prometeram Tartarugas Ninja, Muppet Babies, Looney Toons, Caça-Fantasmas, DuckTales e muitos outros. Claro que as crianças iam assistir não importa o que fosse.

Esse sucesso mandou a mensagem para os executivos que havia publico para desenhos que fossem uma enorme lição de moral, e isso os fez revirarem as gavetas atrás de projetos que atendessem essa "demanda" das crianças.

A mais iconica dessas tentativas foi "Capitain Planet and the Planeteers", o cartoon menos sutil jamais produzido a querer passar uma mensagem para as crianças. Foi um cartoon bastante... único, por assim dizer.


E um cartoon de sucesso nos anos 90 implicava em um videojogo correspondente, é claro. Pensando bem nem precisava ser de sucesso, só precisava ser um cartoon - como WIDGET por exemplo. Alias, pensando melhor ainda, sequer precisava ser um cartoon de verdade - como o desenho dos X-Men que nunca foi lançado mas ganhou um jogo de arcade mesmo assim. Uau, esse pessoal não deixava passar nada mesmo.

Agora, a única pergunta que cabe ser feita é: "o quão ruim é esse jogo?", porque não existe possibilidade dele ser bom. Bem, a resposta a essa pergunta é bastante simples: esse jogo nunca foi lançado no Japão ou nos Estadps Unidos. Apenas os mercados de segundo ou terceiro escalão da época foram punidos por este jogo, como a Europa, o resto da Asia, a Australia e é claro, o Brasil-sil-sil.

Isso nunca é um bom sinal.



Capitão Planeta e os Planetistas é uma bagunça horrível (quase) na forma de um jogo em que você controla quatro dos cinco Planeteiros porque um deles é o Ma-ti e seu poder retardado de falar com animais. Porque nosso representante da Amazonia só se fode nessa merda, ele tem que ter o anel mais inútil ao ponto que nem apra esse jogo bosta chamaram ele (sim, eu sei que o anel dele tem o poder de controlar as pessoas, mas ter um anel que ou é inutil ou você é um escroto se usar não torna as coisas melhores, realmente). 

A fase inteira é igual a essa tela, só que repetida. Sem mentira.
Enfim, nossos jovens descolados ultradinamicos decidem se enfiar em esgotos e lugares similares porque é isso que jovens maneiros fazem, eu suponho. Eu sei lá. E porque diabos eles não chamam o Capitão Planeta logo de cara é outro mistério também... se bem que se você pretende combater a poluíção, ter um herói cuja fraqueza é justamente poluição talvez não seja a escolha mais eficiente. Seria o equivalente a ter o Super Homem como herói e a missão da sua vida fosse ser geologo de pedras kriptonianas. Enfim, desenho estúpido com personagens estúpidos, whatever.

Mas verdade seja dita, Mateuzão da Massa, tu não esta perdendo nada  ao ficar fora dessa lambança, porque todos personagens são mecanicamente iguais - muda apenas a cor do raiozinho que eles disparam. E eles nem disparam tanto assim, já que por algum motivo idiota sua "munição" é limitada e praticamente não existem itens de recarga. Sem mentira, eu joguei esse jogo até o fim e vi TRÊS itens de carregar seu disparo o JOGO INTEIRO.

E não é como se você tivesse outro ataque, então te fode aí nerdão.

eu não sei como explodir baratas e ratos com bolas de fogo se enquadra em "salvar o meio ambiente", pra mim eles faziam parte do meio ambiente na verdade. Mas o que eu sei da vida, né?
Os controles são rigidos como se o seu joystick fosse embebido em concreto, a disposição dos inimigos é simplesmente absurda: seu personagem é grande e lento demais, não tem como desviar dos tiros dos inimigos. E os inimigos não morrem com apenas um dos seus poucos disparos (sem mentira, um inimigo comum leva NOVE tiros para morrer!), então matar eles antes que eles atirem em você não é uma opção.

Como faz então para evitar tomar dano? Não faz, simples assim. Porque foda-se você.

O que são os inimigos desse jogo está além de mim dizer
Os gráficos são do nível dos primeiros jogos do Mega Drive de 1989 (ou seja, DE QUATRO ANOS ATRÁS) e a trilha sonora é aquele bom e velho conhecido efeito de uma versão mais aguda e alta de um modem de conexão discada. Jogue sem som.

O level design é de uma preguiça que empalidece os desenvolvedores de Amiga: a maior parte das fases é feita copiando e colando trechos já utilizados. Tem um corredor com uma plataforma e dois inimigos? Espere ver essa cena mais três vezes copiada e colada uma do lado da outra no mesmo corredor, esse é o nível de como esse jogo é feito. 

Barreira, plataforma, plataforma
Na sequencia do corredor, a mesma configuração, seguido por...
Eu juro que isso é outra parte do mesmo corredor, eu não estou sacaneando com vocês!


No total essa cena é reutilizada quatro vezes nesse corredor, mas o jogo inteiro é montado dessa maneira inacreditavelmente bizarra e preguiçosa. Mas TODO o jogo! Olha, eu não sou um homem religioso, mas se existe um inferno, com certeza é assim que ele é. Quando você faz coisas que o AMIGA teria vergonha de fazer, é porque alguma coisa errada não está certa aí.

A única coisa pior do que o design das fases, é o design da última em que você controla o personagem título. Você voa pela fase atirando nas coisas como em um shmup, sendo que seu alvo aqui é uma plataforma no meio do mar...


... que acontece de ter uma usina nuclear sobre ela.


Sabe, eu não sou um especialista em segurança nuclear mas desconfio que uma das piores coisas que você pode fazer é disparar raios de energia nessa estrutura. A menos que seu objetivo seja causar o maior desastre ambiental da história da vida marinha no planeta Terra - se for esse seu objetivo então continue atirando.

Eu realmente não posso dizer que tenho certeza se o Capitão Planeta está ajudando o melhor interesse do meio ambiente aqui, desconfio que não. O que eu posso dizer é que um jogo de plataforma merda virou um shmup triplamente merda, e isso não é pouca coisa a se dizer sobre esse jogo porque desgraça pouca é bobagem.

Por fim, para encerrar com chave de bosta esse jogo, eu tenho que falar sobre o sistema de vidas desse jogo. Mais especialmente porque não existe um - você pode tentar quantas vezes quiser em cada fase, o que te limita é O LIMITE DE TEMPO PARA TERMINAR O JOGO.


Sim, quando inicia o jogo começa um timing de uma hora e isso é o que você tem para terminar o jogo. Mas puta merda, quem foi o sacripantas que achou que isso seria divertido? Em que universo? Sério, apenas... pq?

Pq esse jogo aconteceu, é algo que eu me perguntarei até o fim dos tempos